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Estudos de Psicanálise

versão impressa ISSN 0100-3437

Estud. psicanal.  no.38 Belo Horizonte dez. 2012

 

 

Sobre o sentimento de culpa. Que culpa é essa?

 

About guilt. What fault is that?

 

 

Denise Maria de Oliveira Lima

Faculdade Social da Bahia
Faculdade São Bento

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente artigo trata da contribuição freudiana à questão da culpa, que se manifesta, em primeiro lugar, no sentimento de fracasso daqueles que, ao terem sucesso na realização de seu desejo, sucumbem ao colapso mental. Freud recorre à literatura para ilustrar a derrota daquela que, durante anos, com obstinada perseverança, lutou para que seu marido se tornasse rei, à custa do assassínio de seu rival: lady Macbeth, personagem terrível e maligna de Shakeaspeare; e, de Ibsen, sua personagem Rebecca, inescrupulosa mulher que, para ter o homem por quem havia se apaixonado, induz sua esposa ao suicídio. Em segundo lugar, Freud nos traz a instigante hipótese dos “criminosos por sentimento de culpa”, em que esta não advém do crime perpetrado, mas o antecede.

Palavras-chave: Sentimento de culpa, Complexo de Édipo, Desejo, Inconsciente.


ABSTRACT

This paper deals with the Freudian contribution to the question of guilt, which manifests itself primarily in the sense of failure of those who succeed in the accomplishment of his desire, succumb to mental breakdown. Freud turns to literature to illustrate the loss of what, for years, with dogged perseverance, fought for her husband to become king, at the expense of the murder of his rival: Lady Macbeth, terrible and evil character of Shakespeare, and Ibsen, her character Rebecca, unscrupulous woman, to have the man who had fallen in love, induces his wife to suicide. Secondly, Freud brings us to the intriguing hypothesis of "guilt by criminals", in that it not comes from de crime committed, but precedes it.

Keywords: Guilty, Edipo´s complex, Desire, Unconscious.


 

 

O sentimento de culpa está presente em quase todas as culturas. Os antropólogos, historiadores e outros cientistas sociais poderão dizer se este é um sentimento universal. Perscrutando-se os três principais textos sagrados, a Bíblia, do cristianismo, o Torá, do judaísmo e o Alcorão, do islamismo, lá encontramos a culpa.

Antes de tratar da contribuição freudiana a esta questão, é preciso não perder de vista os condicionamentos sociais a que estamos todos submetidos.

Pierre Bourdieu, com seu conceito de habitus, pode explicar como adquirimos socialmente o esquema de percepções, “sistema de esquemas adquiridos que funcionam em estado prático como categorias de percepção e de apreciação ou como princípios de classificação ao mesmo tempo princípios organizadores da ação” (BOURDIEU, 1988, p.26). O habitus é estruturado através de processos de socialização, provenientes principalmente da família e da escola, marcadas pela posição que ocupam no espaço social. Trata-se de um sistema adquirido de preferências, de estruturas cognitivas e afetivas duradouras – e de esquemas de ação que orientam a percepção da situação e a resposta adequada – que se constituem em diferenças nas práticas e nas opiniões expressas, e que se tornam diferenças simbólicas, portanto, uma linguagem.

Norbert Elias nos ensina que o habitus é saber socialmente incorporado, se expressa como um modo social de ser, com identidade, língua e sentimentos comuns, de um determinado povo, em uma determinada época; é constituído no decurso dos processos de longa duração – que compreendem os processos de interdependência, interpenetração e figuração social, ou seja, composição de indivíduos orientados recíproca e mutuamente – que dependem da fase específica do desenvolvimento da nação-estado. Diz Elias que “torna-se logo evidente que o habitus nacional de um povo não é biologicamente fixado de uma vez por todas; antes, está intimamente vinculado ao processo particular de formação do Estado a que foi submetido” (ELIAS, 1986, p.16).

Após essa breve apresentação dos conceitos de habitus – a título de recomendação à consulta aos que desejam se aprofundar neste estudo – elaborados de formas diferentes em Bourdieu e em Elias, os quais podem nos ajudar a entender como se dá a incorporação social de sentimentos de culpa, passemos à finalidade deste artigo, que é mostrar como a psicanálise pode contribuir para a compreensão dessa complexa questão.

Freud, em seu segundo dos três textos1 sobre Alguns tipos de caráter encontrados na prática psicanalítica (1916), intitulado “Os que fracassam no triunfo”, trata disso. Inspirando-se na tragédia de lady Macbeth, de Shakespeare, ele suscita interessantes discussões a respeito deste tema.

Do que fala Freud?

De início, ele afirma que o trabalho psicanalítico revelou que as pessoas adoecem neuroticamente devido à frustração, à privação da satisfação dos desejos. Mas o surgimento da neurose só se dá pelo conflito entre os desejos libidinais e a parte do Eu que os condena, que os reprime. Embora essa tese não seja assim tão simples, pois inclui o conceito de formação de compromisso entre as partes em conflito, esta seria a primeira condição para o surgimento da neurose: a privação de uma real satisfação. Mas não é absolutamente a única condição, nos diz Freud.

Tanto maior será a surpresa, mesmo a confusão, quando o médico descobre que às vezes as pessoas adoecem justamente quando veio a se realizar um desejo profundamente arraigado e há muito tempo nutrido. É como se elas não aguentassem a sua felicidade, pois não há como questionar a relação causal entre o sucesso e a doença (FREUD, 2010, p.261).

O primeiro caso descrito por Freud trata de uma mulher, finamente educada, que deixou a casa paterna para se aventurar pelo mundo, até conhecer um artista que a acolheu em sua casa, com quem teve anos relativamente felizes de vida em comum. Para ser mesmo feliz, faltava à mulher sua reabilitação na sociedade – segundo os padrões morais da época – e o reconhecimento de sua família. Quando o amante afirmou sua pretensão de torná-la sua legítima esposa e conseguiu reaproximá-la dos pais, ela negligenciou a casa da qual seria a senhora, sentiu-se perseguida pelos parentes que decidiram aceitá-la na família, prejudicou as relações sociais do companheiro, até impedir o seu trabalho artístico por causa de um ciúme absurdo, sucumbindo à neurose.

Outro caso citado diz respeito a um respeitável professor universitário, que por muitos e muitos anos acalentara o desejo de suceder o seu mestre na cátedra. Quando soube que, finalmente, fora indicado para ocupá-la, após o afastamento do seu antecessor, ficou indeciso, declarou-se indigno de assumir tal posição e caiu numa melancolia que o afastou de qualquer atividade.

Esses dois casos coincidem em um ponto: a enfermidade aparece quando o desejo pode se realizar, pondo fim à sua fruição. Como entender isso?

Freud faz uma distinção entre uma frustração externa e uma interna: a primeira diz respeito à falta do objeto na realidade – que, por si só, não é patogênica – e a segunda é a frustração que se origina do Eu, que proíbe o acesso ao objeto externo. Quando uma frustração externa se avizinha e a ela se junta uma frustração interna, surge o conflito e a possibilidade de um adoecimento neurótico, pela satisfação substitutiva do inconsciente reprimido.

Nos casos em que as pessoas adoecem com o sucesso, com o êxito, a frustração interna atua por si, aparecendo depois que a frustração externa deu lugar à realização do desejo. Isso não é tão surpreendente se pensarmos que não é incomum o Eu tolerar um desejo quando está somente na fantasia, distante de se realizar!

Freud vai averiguar a natureza e a origem das “tendências julgadoras e punitivas” (FREUD, 2010, p.263) que aparecem onde não esperávamos encontrá-las, em personagens da literatura, pois atribuía aos escritores um profundo conhecimento da alma humana e da sociedade. Pensava mesmo que os autores literários estavam muito adiante das pessoas comuns – entre elas cientistas e psicanalistas – porque bebiam em fontes para nós inacessíveis (FREUD, 1973, p.1286).

Uma personagem que entra em colapso após alcançar o êxito buscado com muita persistência é lady Macbeth, de Shakespeare. Nela não se vê, a princípio, nenhuma hesitação, nenhum empenho senão a sua obstinação de vencer os escrúpulos do marido ambicioso, para levá-lo a matar seus oponentes ao trono da Escócia e, assim, cumprir sua ambição de ser rei. E, consequentemente, ela se tornar rainha.

Freud cita Shakespeare, e vale a pena reproduzir alguns fragmentos, pela força terrível e maligna desta mulher, que não hesita em sacrificar sua feminilidade para seu propósito de ser rainha e de tornar seu marido rei:

(Ato I, cena 5):
Vinde, espíritos sinistros
Que servis aos desígnios assassinos!
Dessexuai-me [...]
[...] Vinde a meus seios de mulher
E tornai o meu leite em fel, ó ministros do assassínio!
2

Antes do ato criminoso, ela é tomada por um breve movimento de relutância, talvez por um lampejo de consciência por ter influenciado e encorajado tão decisivamente seu marido a cometer o assassinato:

(Ato II, cena 2):
Se no seu sono não lembrasse tanto
Meu pai, tê-lo-ia eu mesma apunhalado!

Quando se torna rainha, após o assassínio de Duncan, ela mostra um desapontamento, não sabemos por quê.

(Ato III, cena 2):
Tudo perdemos quando o que queríamos,
Obtemos sem nenhum contentamento:
Mais vale ser a vítima destruída
Do que, por a destruir, destruir com ela
O gosto de viver.

Ainda assim ela persiste! E encoraja novamente seu marido:

(Ato V, cena 1)
Por quem sois, meu senhor, que vergonha! Um soldado
com medo? – Por que havemos de recear que alguém o saiba, se ninguém nos pode pedir contas?

Mas o arrependimento deixa-a prostrada, depois enlouquece e finalmente se suicida.

O que “quebrantou esse caráter, que parecia feito do mais duro metal?” (FREUD, 2010, p.266) se pergunta Freud. Como tornar inteligível esse colapso?

Antes de tentar responder a essa pergunta, Freud analisa, longamente, os nexos sutis no interior da peça, os motivos da reviravolta no caráter de Macbeth e de sua esposa, a evolução trágica de suas personagens, a técnica do poeta, cotejando-a à crônica de Holinshed (1577) da qual Shakespeare retirou o material de Macbeth, trazendo-nos interessantes questões que, embora relevantes, não cabem nesse texto. Para mencionar apenas uma: Freud recorre a um estudo sobre Shakeaspeare, de Ludwig Jekels (1917), o qual diz que é frequente este poeta decompor um caráter em dois personagens, sendo cada um incompreensível até que os juntemos num só. Assim poderia ser o caso de Macbeth e a esposa, que se completam: ele comete o crime desejado e instigado por ela; o medo que aparece em Macbeth na noite do crime se desenvolverá em sua lady; foi ele que teve a alucinação do punhal, mas ela é quem sucumbe a uma enfermidade psíquica; ele fica sem ação, com as mãos ensanguentadas, mas é ela que lava as mãos sujas de sangue.3

Em seguida, Freud examina uma obra de Ibsen, na qual Rebecca Gamvik, personagem que despreza a moralidade fundamentada na fé religiosa, após ter sido acolhida em Rosmersholm, onde vivem o pastor Rosmer e sua esposa, decide, por amor a este homem de alta linhagem, tê-lo para si, executando um ardiloso e criminoso plano que culmina no suicídio da mulher que está no seu caminho.

Quando Rebecca alcança seu objetivo e é pedida em casamento por Rosmer, ela rejeita peremptoriamente sua proposta. “Como pôde acontecer que a aventureira de vontade livre e ousada, que sem escrúpulos pavimentou o caminho para a realização de seus desejos, agora se recuse a colher, quando lhe é oferecido, o fruto do sucesso?” (FREUD, 2010, p.275).

Rebecca tem um passado. Foi criada por um pai, do qual pensava ser filha adotiva. Era também amante deste homem. Quando descobre que era filha biológica deste que a adotou, após a morte de sua mãe, ou seja, que viveu com ele uma relação incestuosa, é acometida de um avassalador sentimento de culpa que lhe impede qualquer fruição: o caminho para a felicidade é obstruído pelo próprio passado. Tornar-se sucessora da mãe junto a este homem deve ter lhe produzido imensa impressão: ela estava sob o domínio do complexo de Édipo, ainda que não soubesse que essa fantasia tinha se tornado realidade. Quando foi acolhida em Rosmersholm, a força interna desta primeira vivência edípica a impulsionou a provocar a mesma situação que já lhe ocorrera: eliminar a mãe/esposa, a fim de tomar o lugar dela junto ao pai/marido. Ou seja, sua paixão por Rosmer e a hostilidade à sua mulher já eram uma reprodução de seus laços com a mãe e o pai, consequência do complexo de Édipo.4

Em poucas palavras, diz Freud (2010):

O trabalho psicanalítico propõe que as forças da consciência que levam a adoecer com o sucesso em vez da frustração, como em geral acontece, acham-se intimamente ligadas ao complexo de Édipo, à relação com o pai e à mãe, como à nossa própria consciência de culpa. (FREUD, 2010, p.283 – Grifo da autora).

No terceiro texto de Alguns tipos de caráter encontrados na prática psicanalítica (1916), intitulado “Os criminosos por sentimento de culpa”, Freud diz que se viu solicitado a um estudo mais completo de incidentes relatados por pessoas muito respeitáveis e de elevada moralidade que confessaram ter praticado, em sua juventude, ou até depois, atos ilícitos, como furtos, fraudes, incêndios.

O trabalho analítico trouxe então o resultado surpreendente de que tais ações foram realizadas sobretudo porque eram proibidas e porque sua execução se ligava a um aliviamento psíquico para o malfeitor. Ele sofria de uma opressiva consciência de culpa, de origem desconhecida, e após cometer um delito essa pressão diminuía. Ao menos a consciência de culpa achava alguma guarida (FREUD, 2010, p. 284).

Diz Freud que, por mais paradoxal que pareça, o sentimento de culpa não se origina do delito, mas o precede e, por isso, ele os chama de criminosos por consciência de culpa, cuja preexistência é demonstrada por toda uma série de manifestações.

A primeira questão a responder é de onde vem esse obscuro sentimento de culpa anterior ao ato. O trabalho psicanalítico demonstra que vem do complexo de Édipo, é uma reação aos dois grandes intentos criminosos, matar o pai para ter a mãe. Lembra-nos Freud que o parricídio e o incesto são os dois maiores crimes humanos, os únicos abominados, proibidos e condenados nas sociedades primitivas, dos quais a humanidade adquire sua consciência que surge como força psíquica, através do complexo de Édipo. E comparados a esses crimes, os outros praticados para racionalizar o sentimento de culpa significariam um alívio.

A segunda questão a responder é se a culpa tem uma maior participação nos crimes. Freud diz que observamos frequentemente crianças que se tornam desobedientes, desafiadoras e ousadas, a fim de provocar um castigo, ficando mais tranquilas depois deste.

Outra pista do sentimento de culpa que faz procurar o castigo: com exceção daqueles que cometem crimes sem sentir culpa, que não desenvolveram inibições morais, grande parte dos criminosos poderia ter como motivação a culpa. Tal hipótese poderia contribuir para o estudo da psicologia do criminoso.

Freud termina este ensaio dizendo que um amigo chamou a sua atenção para o fato de que “o criminoso por sentimento de culpa” já era conhecido por Nietzsche. No discurso de Zaratustra “Sobre o pálido criminoso” podemos vislumbrar a preexistência do sentimento de culpa e o recurso ao ato para a sua racionalização. “Deixemos que as investigações futuras decidam quantos dos criminosos se incluem entre os `pálidos`” (FREUD, 2010, p.286).

E termino este artigo esperando que, ao recorrer a Freud, possamos contribuir para o estudo do sentimento de culpa que acomete os indivíduos em sua vida, consciente ou, principalmente, inconscientemente!

Mas antes de dar por concluído este artigo, devo mencionar Lacan, que, em sua tese de doutorado, em 1932, quando ainda era psiquiatra, fez um rigoroso estudo de caso de uma sua paciente, denominada Aimée, que tentou matar uma atriz de teatro, para conseguir uma punição, com a qual ficou aliviada. Conclui Lacan (1987) que, ao ser presa e considerada culpada pela lei, ela experimenta a satisfação de um desejo cumprido.

 

Referências

BOURDIEU, P. Cosas dichas. Buenos Aires: Gedisa, 1988.         [ Links ]

ELIAS, N. Os alemães. A luta pelo poder e a evolução do habitus nos séculos XIX e XX. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986.         [ Links ]

FREUD, S. Introdução ao narcisismo, ensaios de metapsicologia e outros textos (1914-1916). In FREUD, S. Obras completas, v.12. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.         [ Links ]

FREUD, S. El delirio y los sueños en la Gradiva de W. Jensen. In FREUD, S. Obras completas de Sigmund Freud. Tomo II, Madrid: Biblioteca Nueva, 1973, p.1286.         [ Links ]

LACAN, J. Da psicose paranoica em suas relações com a personalidade. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1987.         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência
Rua Clementino Fraga, 31/202 – Ondina
40170-050 – Salvador/BA
Tel.: (71)9135-4807
E-mail: deniselima05@uol.com.br

RECEBIDO: 14/08/2012
APROVADO: 19/08/2012

 

 

Sobre a Autora

Denise Maria de Oliveira Lima
Graduação em Ciências Jurídicas e Sociais (PUCC/Campinas/SP), em Psicologia (UFBA/BA), mestrado em Comunicação e Cultura Contemporâneas (FACOM/UFBA) e doutorado em Ciências Sociais (UFBA). É professora da Faculdade Social da Bahia e da Faculdade São Bento, onde coordena o Serviço de Psicologia.

 

 

1Os outros dois são intitulados “As exceções” (ou dos que se julgam excepcionais) e “Os criminosos por sentimento de culpa”.
2Paulo César de Souza, tradutor de Freud, recorre aqui à versão de Macbeth por Manuel Bandeira, citada conforme a edição da Brasiliense (São Paulo, 1989).
3Este estudo de Freud pode ser rica fonte para o entendimento da questão do duplo.
4Diz Freud que Rosmersholm é a maior das obras de arte que tratam dessa fantasia das garotas.