Em um keypaper intitulado Psicanálise na era da desorientação: do retorno do oprimido, apresentado no 49º Congresso da ipa, em 2015, Christopher Bollas (2015), entre várias questões intrigantes, apresenta indagações sobre opressão, homogeneização e visiofilia. Um trabalho que teve como propósito suscitar debates. As formulações contidas nessa palestra foram expandidas e publicadas no livro Meaning and melancholia: life in the age of bewilderment (2018).
Por inúmeras vezes nos sentimos oprimidos, mas, enquanto a repressão instaura movimentos para eliminar da consciência conteúdos mentais específicos, o efeito da opressão do outro sobre o self, em vez daquele resultante da própria autocensura, refere-se a uma alteração não dos conteúdos da mente, mas das capacidades da mente, isto é, da maneira pela qual os pensamentos se formam. Agrega-se a isso a homogeneização e a visiofilia: a erradicação das diferenças e fabricação de uma mentalidade coletiva que pode funcionar como um sonífero psíquico, e o uso da visão (sight) para evitar o insight (Bollas, 2015).
Dois episódios da série Black mirror auxiliam na reflexão sobre essas questões lançadas por Bollas, relacionadas a uma forma de percepção, pensamento e comunicação.
Nosedive. Queda livre
Black mirror, criado pelo inglês Charlie Brooker, apresenta em cada episódio um elenco diferente, um set diferente e um aspecto diferente da realidade, enfocando, por meio de ficção especulativa, temas sombrios, e muitas vezes satíricos, que examinam a sociedade moderna, especialmente no que diz respeito às consequências imprevistas das novas tecnologias.
Queda livre, terceiro episódio da primeira temporada, apresenta um mundo distópico em que a reputação do sujeito é qualificada por meio de pontos gerados graças a avaliações alheias feitas com base em cada passo que se dá, cada compra, cada olá ao outro, quer seja no trabalho, no caixa do supermercado, no elevador, no táxi, no posto de gasolina.
Esses pontos são utilizados para descontos em aluguéis, filas preferenciais de aeroportos, atendimento com melhores médicos, ou seja, para se obter privilégios. Quantos mais pontos se possui, mais fácil é o acesso à elite.
Não fica difícil perceber que angariar pontos exige interações artificiais e caricatas. As atitudes são radicalmente superficiais e pasteurizadas, escondendo e aprisionando o que cada um tem de genuíno. Para não ser marginalizado, pontuação menor do que 2,5, há que se encenar a todo momento uma postura padrão e não se aproximar daqueles que têm baixa pontuação.
Nesse mundo de gentilezas postiças, a dinâmica do jogo da reputação inclui cativar pessoas com classificações melhores. Aproximar-se de pessoas com pontuação menor pode baixar a própria pontuação. Os mais mal ranqueados fizeram algo de ruim, e aproximar-se deles indica, de alguma forma, compactuar com seus erros, o que causa mau julgamento de outras pessoas.
No início do episódio há longas cenas com Lacie, a protagonista, ensaiando sorrisos e gentilezas em frente ao espelho. Um artifício imprescindível para aumentar a pontuação. Esse padrão fica explicitado pelo figurino em tons pastel: rosa, bege, nude.
A cega submissão às normas e aos padrões do grupo fica nítida na cena em que um colega de trabalho lhe oferece a Lacie um shake de frutas a fim de subir a própria pontuação. Ao aceitar, ela é repreendida por um colega, que a informa: “não estamos falando com o Ches, ele e Gordon terminaram. Nós estamos do lado do Gordon”. Diante disso, ela apenas concorda, sem questionar o porquê, como um peixe que segue o cardume para sustentar sua boa pontuação.
Acontece que Lacie está em busca de uma casa em um bairro melhor para morar com seu irmão. Nessa altura de sua vida e graças a muitos sorrisos, gentilezas e adulações, ela já possuía uma ótima pontuação: 4,2, de um máximo de 5,0.
Lacie encontra a casa dos sonhos, mas o aluguel está fora de seu alcance orçamentário, exceto pelo fato de que um ganho de 0,3 em sua pontuação lhe daria um generoso desconto.
Um profissional especializado em aumentar pontuações sugere que em pouco tempo poderá alcançar mais 0,3, se aumentar o seu rol de contatos com pessoas com acima de 4,5.
Lacie, numa manobra estratégica, envia mensagens para uma amiga de infância muito bem “conceituada” e consegue ser convidada para fazer um discurso em seu casamento. Fica radiante. No espelho, lê várias vezes o que dirá na ocasião. Testa o tom de voz, o sorriso, a hora que deverá se mostrar mais emocionada. Está convicta de que todos se comoverão, irão às lagrimas e de que rapidamente sua pontuação vai aumentar.
Lacie está imbuída de achar uma solução para si mesma. Só lhe interessa alugar a casa e ascender socialmente. Não há tempo para pensar. Há urgência em encontrar uma solução rápida para aumentar sua pontuação.
Centrar-se no que funciona pode parecer inteligente, mas nesse novo utilitarismo testemunhamos a emergência de um niilismo difuso, em que o sujeito humano bem como o complexo processo do pensamento são vistos implicitamente como um obstáculo à implementação bem-sucedida de programas que possam depender da pessoa. No mundo interior, conflitos inconscientes e pensamento reflexivo são claramente demasiado lentos, e revelam-se um entrave para aquela que se pretende uma era de resolução de problemas, mas que é, de fato, uma época cada vez mais dedicada à redução da dimensão humana. (Bollas, 2015, p. 56)
No entanto, no aeroporto, Lacie não consegue manter o recato. Ao saber do cancelamento de seu voo, inviabilizando a participação no casamento, começa a falar alto, reclamar, indispor-se com a funcionária. Imediatamente é avaliada negativamente por todos que estavam a seu lado.
Lacie tenta ir ao casamento de carro, mas consegue somente um modelo ultrapassado, pois devido a seu mau comportamento no aeroporto sua pontuação abaixou consideravelmente. O carro alugado era tão obsoleto, que não foi viável abastecê-lo. Pega carona com uma caminhoneira, mulher despojada que há tempos deixara de se preocupar com pontuações. E quando isso ocorreu sua reputação despencou em queda livre.
Há ainda um longo caminho a percorrer até o local do casamento, mas nesse ínterim sua “amiga” lhe ordena não comparecer à cerimônia, devido à queda brusca em sua pontuação.
- Volte pra casa! Não me apareça aqui!
Lacie não desiste. Chega ao local onde acontece o casamento com a roupa suja, desarrumada, despenteada, contrastando absurdamente com todos os presentes, em especial, os noivos. Tudo impecavelmente arrumado: as mesas, as flores, o altar, os discursos dos padrinhos, as roupas, as madrinhas, todas de vestido rosa, os padrinhos, de branco e azul.
Desgrenhada, Lacie passa a denunciar toda a futilidade daquele baile de máscaras, daquele mundo de aparências que tem como objetivo pertencer à elite.
Numa situação extrema de opressão, subjugada ao culto da artificialidade e comportamento pasteurizado, a fim de alcançar boa reputação e benesses, Lacie é a metáfora de uma mentalidade coletiva, homogeneizada, com extrema erradicação das diferenças. Uma peça da engrenagem de uma gigantesca máquina para fabricar indivíduos em contato permanente uns com os outros, mas não próximos: “em vez de comunicação profunda, o que temos são espetáculos provenientes das porções superficiais da mente” (Bollas, 2015, p. 53).
O episódio termina com Lacie na prisão. Um aposento muito limpo e envidraçado de onde avista um homem negro encarcerado na cela ao lado. Trocam todas as espécies de xingamentos.
Mas, antes de iniciarem a exasperada e rápida troca de insultos, eles se observam de forma provocativa:
- O que você está olhando!
- Eu estava pensando a mesma coisa.
- Não pense!
- Não quer que eu pense?
- Não!
- O mundo seria enfadonho sem pensamentos.
- Estou pouco me fodendo para o seu mundo.
Queda livre mostra em tons exacerbados a trajetória da opressão vinda de fora. Retrata a censura organizada contra o direito de ser do self, que ganha força no mundo digital.
Resulta daí enorme impedimento em articular a própria expressão idiomática, aquilo que constitui o cerne do ser. Para Bollas (1989/2021), o idioma humano é uma peculiaridade da personalidade que encontra seu próprio jeito de ser, uma singular configuração de ser, por meio de uma particular seleção e uso do objeto (uma miríade de objetos humanos, culturais, artísticos) como um tipo de léxico para liberar o idioma de cada pessoa, a fim de dar expressão viva ao verdadeiro self (fingerprint).
A utilização do mundo digital retratada em Nosedive mostra uma espécie de canibalismo da criatividade do ser humano, naquilo que Bollas (1889/2021) ressalta como o talento de articular a própria expressão idiomática, através de um processo em que é dada ao self a possibilidade de desdobrar-se no mundo.
O mundo de Lacie vai em direção oposta à do Movimento Antropofágico, de 1927, com Oswald de Andrade clamando aos artistas brasileiros por originalidade e criatividade.
A proposta da antropofagia cultural de Oswald de Andrade promovia o canibalismo da cultura estrangeira. Essa metáfora propunha simbolicamente que a influência cultural de outros países deveria ser devorada e assimilada. Assim, a arte brasileira contaria com esses elementos, ressurgindo não como um reflexo cultural externo, mas como uma identidade brasileira multicultural e original.
Dessa forma, Oswald de Andrade tanto homenageou o autor estrangeiro como demonstrou que o Brasil conseguia se reinventar e criar, devorando a cultura externa e a transformando em uma arte brasileira criativa e miscigenada.
Um movimento essencial para a cultura brasileira ao promover novos pensamentos e estimular a criatividade nacional. Fez isso somando elementos externos e reinventando a arte de nosso país.
A cega submissão de Lacie às normas e padrões do grupo evidencia o uso de objeto mundo que não oferece condições para a evolução de seu idioma, para estabelecer sua personalidade de forma que possa sentir-se pessoalmente real e viva, e para articular os muitos elementos de seu verdadeiro self (Bollas, 1989/2021).
Ao contrário do Movimento de 1927, o mundo de Lacie promove uma vida de experiências empobrecidas e relações esvaziadas, impossibilitando o verdadeiro self de desdobrar-se.
O idioma da pessoa não é, pois, um roteiro oculto, enterrado nas prateleiras do inconsciente à espera de revelação através da palavra; é mais um conjunto singular de potencialidades pessoais específicas de um indivíduo, e sujeitas, em suas articulações, à natureza vivida no mundo real. A vitalidade do verdadeiro self é encontrada na experiência do indivíduo enquanto ele vivencia o mundo. O idioma que somos encontra sua expressão através das escolhas e usos de objetos que estão disponíveis no ambiente. (Bollas, 1989/2021, p. 30)
A abundância de insultos entre os dois prisioneiros no final do episódio evidencia um excesso de palavras afastadas de uma expressão idiomática própria em decorrência de um verdadeiro self esmagado, impossibilitado de transformar conteúdos e gerar algum insight.
Nesse cenário, vale explorar Toda a sua história, o terceiro episódio da terceira temporada do Black mirror. Nesse episódio, a problemática da visiofilia exacerba nossa imaginação e instiga diferenciação entre sight e insight.
The entire history of you. Toda a sua história
Um pequeno dispositivo chamado Grão permite armazenar tudo aquilo que se faz, vê e ouve e permite também que aqueles que possuem esse dispositivo (a maioria das pessoas tem) reproduzam suas lembranças na frente de seus olhos ou em tela.
O uso do Grão possibilita arquivar memórias com a intenção de obter o controle total sobre elas. Cada memória arquivada pode ser vista quantas vezes for necessário. A imagem pode ser imobilizada em um determinado ponto, pode ser ampliada, pode-se fazer leitura labial. Um processo conhecido como re-do.
O episódio inicia com Liam, um jovem advogado, participando de uma entrevista de emprego. Sente que não se saiu bem. Passa e repassa a memória arquivada algumas vezes tentando avaliar se ocorreu, mesmo, uma frase supostamente insincera do entrevistador.
Em seguida, Liam vai a um jantar oferecido por alguns amigos de sua esposa Ffion e a vê falando com um homem que ele não reconhece. Trata-se de Jonas, um amigo de sua esposa, de tempos atrás. Perguntam a Liam como se saiu na avaliação e sugerem que ele ponha na tela um replay de sua memória na entrevista, para que todos possam dar suas opiniões.
Um dos convidados alerta quanto a não se poder confiar nas lembranças produzidas pela mente e por isso ser tão importante implantar o Grão. Assim, a pessoa terá certeza absoluta de tudo que aconteceu com ela, podendo fazer o replay quantas vezes quiser.
No jantar, Jonas fala cada vez mais francamente sobre sua vida pessoal e também sobre masturbação por meio de re-dos de seus relacionamentos sexuais anteriores. Ao longo da refeição, Liam fica incomodado com o jeito com que Ffion parece estar olhando para Jonas, e rindo de todas as suas piadas.
Em casa, cada vez mais convencido de que há algo errado, Liam passa e repassa a memória arquivada, paralisando uma determinada imagem e utilizando o zoom na busca de evidências da infidelidade de sua esposa.
Vê as próprias memórias e obriga Ffion a lhe mostrar as dela.
De manhãzinha, embriagado, Liam vai até a casa de Jonas, o confronta sobre sua relação com Ffion e o ameaça violentamente. Caso não apagasse todas as imagens deles do arquivo-memória, arrancaria fora o Grão de seu pescoço.
Em casa, Liam faz novamente o replay de suas últimas lembranças e fica cada vez mais convicto de que sua esposa o traiu.
Quando Jonas projetou na tela da parede sua lembrança com Ffion, antes de apagá-la, Liam notou que havia um arquivo provando que Jonas e sua esposa tiveram sexo há dezoito meses. Esse período coincide com a época em que sua filha foi concebida.
Interrogada, Ffion admite ter traído Liam quando se separaram temporariamente após uma briga.
Liam exige que ela faça o re-do. O vídeo deixa fortemente implícito que Ffion e Jonas não usaram um preservativo.
Nas últimas cenas do episódio, Liam é visto vagando em torno de sua casa, agora vazia, enquanto assiste aos re-dos de memórias felizes com sua esposa e filha, antes de ir para o banheiro e começar a arrancar, com o uso de uma lâmina e um alicate de cutículas, o Grão instalado trás de sua orelha.
A tela fica instantaneamente negra
Ver pode ser acreditar, mas significa conhecer? Chamemos o fenômeno que utiliza a visão [sight] para evitar o insight de “visiofilia” [sightophilia]. A pessoa que, de forma singular, é levada a ver (em vez de pensar) será um “visiófilo” [sightophile].
(Bollas, 2015, p. 58)
Ver, perceber, reprimir, recordar são movimentos mentais que propiciam insight e elaboração. Emanações daquilo que foi reprimido surgem na sala de análise por meio de formas multifacetadas de linguagem, trazendo à tona fantasias e lembranças extremamente complexas. Estabelece-se, assim, um direcionamento para o mundo interior e para a psicodinâmica do próprio ser, proporcionando transformações do vivido em imaginação, sonho, pensamento.
De uns anos para cá, não raro, ao relatar lembranças de uma interação com familiares e amigos, alguns analisandos interrompem a conversa e introduzem, na sala de análise, mensagens do WhatsApp, um vídeo, uma foto, com a expectativa de encontrar certezas e soluções para seus conflitos.
Certa vez uma analisanda, quando relatava uma vivência em uma festa, levantou-se abruptamente do divã pegou o celular que estava na bolsa e me mostrou um vídeo que continha os arquivos daquele acontecimento.
- Veja! Você acha que estou sendo muito exibida? De manhã a L. (colega de trabalho) me mandou um Whats com este vídeo e me aconselhou a ser mais discreta, que aquele meu comportamento não pegava bem, blá-blá-blá... Veja e me diga! Veja se estou muito exibida!
Semelhantemente a Liam, disse-me que durante a tarde passou e repassou o vídeo. Ora achava que estava muito exibida, ora avaliava que a colega estava sendo maldosa. Além disso, não parava de visualizar o Face, onde publicou algumas fotos da festa, para ver quantas curtidas e comentários estava recebendo.
Presa em seu arquivo e oprimida, tal como Lacie, pela “pontuação” que iria receber, não conseguia ir além do sight, além do que via. O excesso de visibilidade cristalizou suas ideias e passou a impedir o aprendizado além do fato arquivado.
Vale, aqui, considerações de Antonio Sapienza (2004) sobre memória-sonho e memória-arquivo.
A memória-sonho surge de modo espontâneo no decorrer da sessão analítica e propicia conexões inesperadas e valiosas. A memória-arquivo diz respeito a um acúmulo de memórias que impede a abertura de novos significados e tende a alimentar preconceitos e estereotipias.
Após me mostrar o vídeo, mais de uma vez, a paciente voltou para o divã com o celular na mão.
- Me diga! O que achou?
Comuniquei-lhe que estava tão aprisionada naquele vídeo, que não conseguia mais pensar.
- Então você acha que devo apagar o vídeo e bloquear essa colega? Mas, se eu bloqueá-la, vai pegar mal, né?
Vemos aqui um exemplo do que Bollas (2015) definiu como pensamento refrativo, uma característica da visiofilia:
A refração lança pensamentos nos objetos; os objetos, porém, não servem como recipientes para tais pensamentos (recuperáveis na memória), mas apenas como uma superfície que leva à dispersão dos vestígios de iluminação, até que o conteúdo de um pensamento seja finalmente eliminado. A habilidade refrativa seleciona uma característica de menor importância de uma comunicação e a destaca, fazendo com que a comunicação principal seja esquecida. (p. 58.)
Utilizando-se de pensamento refrativo, minha analisanda, naquele momento, não era capaz de refletir sobre o principal de minha comunicação: o aprisionamento no vídeo estava impedindo-a de pensar.
Nesse contexto, não há um processo de escolha (consciente e inconsciente) do que se vê, uma particular seleção, absorção, assimilação do que se vê e que empurra em direção ao idioma que somos e a uma estética particular.
Diante da saturação mental que o re-do produzia restava-lhe, como solução imediata, deletar, bloquear uma ou mais pessoas, “arrancar com lâmina e alicate” as memórias daquele acontecimento conflituoso, numa tentativa de deixá-las na escuridão do apagamento.
Recorro, aqui, às elaborações de Green (2000) sobre o trabalho do negativo. O negativo está na base da atividade psíquica e diz respeito à própria constituição do psiquismo e sua evolução. A coexistência entre o Sim e o Não, Ausência e Presença propicia a repressão acompanhada de um religamento no inconsciente. Quanto mais o trabalho do negativo instaura uma dinâmica que se afasta da repressão, mais se constata a operação de defesas, tal como a rejeição radical. O resultado é um buraco vazio na mente, que não só atua como um vazio interno, mas também tem o poder de atrair todos os conteúdos mentais ou pensamentos ligados ao tópico principal, central, de espaço vazio. Uma atividade de apagamento que nada tem a ver com a repressão como censura, e sim com a supressão radical do que ocorre na mente.
O re-do é um elemento novo proveniente do mundo digital que se tem inserido na sala de análise, incitando reflexões sobre formas outras de fabricação da opressão, da mentalidade coletiva, sobre o predomínio da memória que pode ser arquivada em aplicativos, vista e revista inúmeras vezes, dando oportunidade à degradação dos movimentos entre sight e insight, entre ver, acreditar e conhecer.