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Junguiana
Print version ISSN 0103-0825
Junguiana vol.37 no.2 São Paulo July/Dec. 2019
EDITORIAL
A obra de Carlos Byington tem sido prolífica ao incentivar a produção de muitos pensadores junguianos que tiveram contato com os pressupostos teóricos da Psicologia Simbólica Junguiana nos cursos de formação dos Institutos de Psicologia Analítica, na América Latina. A profundidade dessa obra reitera a pujança do mestre e a sua importância para a divulgação da obra de Carl Gustav Jung. Não somente pela fidelidade ao pensamento do autor suíço, mas principalmente pelas contribuições inquestionáveis feitas pelo analista paulistano, as quais consistem em acréscimos e revisões dos principais conceitos da obra canônica, e também pelos diálogos com outros arcabouços psicológicos como as produções de Erich Neumann e da Psicanálise, além dos escritos do filósofo Martin Heidegger e das neurociências.
O Conselho Editorial da Revista Junguiana 37/2 selecionou artigos que foram desenvolvidos tendo os postulados de Byington como substrato teórico. Como abertura a esses textos, publicamos dois depoimentos afetivos. No primeiro, Maria Zélia de Alvarenga opta pela forma estilística de um pequeno memorial ao resgatar as lembranças do professor "inspirado, pensador profícuo" e a importância do seu vigor na forja do seu processo de individuação como analista junguiana. Em dicção convergente, Ana Maria Cordeiro, atual presidente da SBPA, testemunha em "A última lição do mestre" os últimos anos de exposição pública do fundador da instituição que lidera, dando relevo às imagens poéticas e associações simbólicas suscitadas pela vitalidade das suas aulas.
No texto "O arquétipo da alteridade em época de Big Data", Maria Helena M. Guerra revisa historicamente momentos decisivos do Self cultural no ocidente, com o intuito de abordar as expressões criativas e sombrias dos arquétipos matriarcal, patriarcal e de alteridade. Sobretudo, a correlação entre a sombra da alteridade e os avanços tecnológicos. Anna Beatriz Sanchez Barbosa, Fábio Augusto do Prado Marmirolli e Fernanda Gonçalves Moreira amplificam o célebre poema eliotiano "The Hollow Men" ("Os Homens Ocos"), marco da literatura modernista em língua inglesa, correlacionando as imagens contundentes do texto com a importância da dimensão arquetípica de alteridade na humanização dos arquétipos parentais. Em "El Perdón como Función Estructurante", a colega chilena M. Susana Toloza Gallardo discute a função ética do perdão e os limites humanos que são inerentes a esse trabalho de alma.
Continuando nossa homenagem escolhemos uma entrevista concedida a Liliana Liviano Wahba, e publicada originalmente na Junguiana 22, em que Byington, teórico em constante indagação e pesquisa sobre a natureza humana, nos explicita algumas reformulações da teoria por ele solidificada. Para finalizar, dois textos do mestre: o delicado "A alma masculina e a função estruturante da sensibilidade" e "As principais diferenças entre a Psicologia Analítica e a Psicologia Simbólica Junguiana", documento com finalidade didática, concebido no final da vida, no qual o autor objetiva facilitar a compreensão das modificações sugeridas pela Psicologia Simbólica Junguiana para alguns conceitos formulados por C. G. Jung.
Esperamos que esses artigos contribuam para a divulgação de tão instigante obra e, pelas evidentes virtuosidades, mantenham vivo o legado de um criador inquieto, honorável e de carisma inegável.
Boa leitura!
Os Editores