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Psicologia Clínica

versión impresa ISSN 0103-5665versión On-line ISSN 1980-5438

Psicol. clin. vol.35 no.3 Rio de Janeiro sept./dic. 2023  Epub 11-Oct-2024

https://doi.org/10.33208/pc1980-5438v0035n03a04 

Artigo

POR ENTRE AS TRAMAS FAMILIARES: AVÓS JUDEUS E SEUS NETOS POR ADOÇÃO

BETWEEN THE FAMILY TIES: JEWISH GRANDPARENTS AND THEIR GRANDCHILDREN BY ADOPTION

POR ENTRE LAS TRAMAS FAMILIARES: ABUELOS JUDÍOS Y SUS NIETOS POR ADOPCIÓN

(1)Psicóloga e psicoterapeuta individual, de família e casal. Doutora em Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-8861-3762 — email: gizele.bakman@gmail.com


RESUMO

Este artigo apresenta uma pesquisa realizada com avós judeus que têm netos por adoção, que buscou perceber como eles construíram suas famílias, visto que é considerado judeu aquele que nasce de ventre judeu, tornando, em princípio, o laço sanguíneo uma marca importante na transmissão do judaísmo. A adoção, aceita pela lei judaica, ainda não é tão comumente realizada nessa comunidade. Foram entrevistados dez avós e três avôs. As inspirações metodológicas manejadas foram a Cartografia e a História Oral. O pertencimento ao judaísmo fez parte das narrativas por meio de uma identidade judaica que se apresenta multifacetada. Mesmo quando a família não se percebia ligada ao judaísmo praticante, os netos por adoção, em sua maioria, realizaram cerimônias religiosas, rituais desempenhados para fortalecer valores, como continuidade e pertencimento. Um fator importante na adoção é a realização do projeto parental dos filhos. Para os avós judeus por adoção, os laços familiares são tecidos na convivência e no afeto, embalados e reforçados pelas tradições do povo judeu, seus costumes e valores.

Palavras-chave família; avós; adoção; judaísmo

ABSTRACT

This article presents an investigation carried out with Jewish grandparents who have grandchildren by adoption, which sought to understand how they built their families, since it is considered a Jew one who is born from a Jewish womb, making, in principle, the blood bond an important mark in the transmission of Judaism. Adoption, accepted by Jewish law, is not yet commonly done in this community. Interviews were conducted with ten grandmothers and three grandfathers. The methodological inspirations employed were Cartography and Oral History. Belonging to Judaism was part of the narratives through a Jewish identity that is multifaceted. Even when the family was not perceived to be linked to practicing Judaism, the grandchildren by adoption, for the most part, performed religious ceremonies, rituals carried out to strengthen values, such as continuity and belonging. An important factor in adoption is the realization of the children’s parental project. For Jewish grandparents by adoption, family ties are woven in coexistence and affection, wrapped and reinforced by the traditions of the Jewish people, their customs and values.

Keywords family; grandparents; adoption; Jewishness

RESUMEN

Este artículo presenta una investigación realizada con abuelos judíos que tienen nietos por adopción, que buscó entender cómo construían sus familias, ya que es considerado judío el que nace de vientre judío, haciendo, en principio, el lazo sanguíneo como una marca importante en la transmisión del judaísmo. La adopción, aceptada por la ley judía, todavía no se realiza comúnmente en esta comunidad. Se entrevistaron diez abuelas y tres abuelos. Las inspiraciones metodológicas manejadas fueron la Cartografía y la Historia Oral. La pertenencia al judaísmo formó parte de las narrativas a través de una identidad judía que se presenta multifacética. Aún cuando la familia no se percibía ligada al judaísmo practicante, los nietos por adopción, en su mayoría, realizaron ceremonias religiosas, rituales desempeñados para fortalecer valores, como continuidad y pertenencia. Un factor importante en la adopción es la realización del proyecto parental de los hijos. Para los abuelos judíos por adopción, los lazos familiares se tejen en la convivencia y el afecto, envueltos y reforzados por las tradiciones del pueblo judío, sus costumbres y valores.

Palavras chave familia; abuelos; adopción; judaísmo

Introdução

O que é uma família? Quem é família? Perguntas aparentemente simples, mas que suscitam diferentes embates nos dias de hoje, seja nas bancadas políticas, nas querelas judiciais, nos textos acadêmicos ou nas conversas de botequim. É um assunto que perpassa nossas vidas, pessoais e profissionais. Como incluir numa definição algo que abarca tão diversas experiências? Como colocar palavras numa vivência tão banal, mas cujas descrições têm consequências? O que torna alguém família? Seria família aquela que está escrita nas certidões? Inserida nas fotos? Presente nos momentos de dor? Dividindo alegrias? Buscando sonhos?

Diante de tamanhas possibilidades, Sarti (2003) sugere pensar “... a noção de família como uma ‘categoria nativa’, ou seja, de acordo com o sentido a ela atribuído por quem a vive, considerando-o como um ponto de vista” (Sarti, 2003, p. 26, grifo da autora). Para acolher essa ideia, e na intenção de enriquecer essa discussão, foi realizada uma pesquisa de doutorado que entrevistou avós judeus com netos por adoção (Bakman, 2019), na busca do sentido atribuído por eles a ser família e dos elementos que contribuem para a construção dos laços entre seus membros.

A adoção é um tema atual e importante no Brasil, visto que há um número grande de crianças e jovens institucionalizados, sob responsabilidade do Estado, à espera de serem reinseridos na vida familiar. A adoção é uma das formas possíveis, e cada vez mais comum, de se formar famílias, tornando-se um cenário profícuo, como nos aponta Ramírez-Gálvez (2011), para inúmeras reflexões:

A adoção de crianças mostrou-se um universo rico de interpretações sobre concepção de família, sobre o que significa pertencer ou configurar uma família, como também sobre os valores colocados em jogo com relação ao sangue, à transmissão genética, acerca do que se tolera ou não quando o filho é “um estranho”. (Ramírez-Gálvez, 2011, p. 63)

Os laços familiares por adoção põem em evidência a importância dada, em nossa sociedade ocidental, à herança por laços de sangue. Herança que carrega consigo bem mais do que características fenotípicas ou carga genética, mas também o acesso a patrimônios menos visíveis, como traços de personalidade, de caráter, de pertencimento a uma determinada linhagem, e que alcança, assim, certo campo de direitos.

A adoção é uma prática antiga que, como a família, em cada tempo e lugar assume diferentes nuances, mas que tem alcançado, felizmente, maior visibilidade na contemporaneidade. Credito essas mudanças, nas camadas médias, das quais trato nesta pesquisa, ao trabalho das Varas de Família e aos grupos de apoio no fomento de uma forte e presente cultura da adoção (Rinaldi, 2010), bem como às famílias homoparentais e monoparentais (Machin, 2016), que, em busca de construir suas tramas familiares fora dos modelos hegemônicos, têm derrubado os muros dos preconceitos e permitido maior inserção dos filhos por adoção, nos mais diversos contextos.

Todos e qualquer um inventam, na densidade social da sociedade, na conversa, nos costumes, no lazer – novos desejos e novas crenças, novas associações e novas formas de cooperação. Cada variação, por minúscula que seja, ao propagar-se e ser imitada, torna-se quantidade social, e assim pode ensejar outras invenções e novas imitações, novas associações e novas formas de cooperação. Nessa economia afetiva, a subjetividade não é efeito ou superestrutura etérea, mas força viva, quantidade social, potência psíquica e política. (Pelbart, 2011, p. 138-139)

Para buscar um olhar diferente, esta pesquisa foi realizada, não a partir do par filho/filha–pai/mãe, bastante focalizado em textos e pesquisas sobre adoção, mas pelo olhar de membros da família extensa, mais precisamente dos avós1. Eles não estão diretamente relacionados à tomada de decisão de serem avós, ou mesmo avós por adoção, mas são afetados diretamente por essas escolhas, pois são partes integrantes do convívio, das relações, dos cuidados e dos afetos em família (Paixão & Morais, 2016; Ramos, 2014).

A escolha por avós pertencentes à comunidade judaica justifica-se porque tradicionalmente, no judaísmo, há uma valorização da herança pelos laços de sangue, já que, segundo a lei tradicional do Velho Testamento, aceita pelos judeus nos últimos 3.300 anos, qualquer pessoa que nasce de ventre judeu é judia. Tal definição é baseada numa lei religiosa, mas mais do que isso, se tornou algo potente, uma verdade, fortalecida por ser a herança sanguínea um forte valor na sociedade ocidental que nos rodeia.

A adoção é aceita pela religião judaica2: a criança é vista como um judeu convertido, com algumas diferenças nessa trajetória. A conversão para adultos é um procedimento longo de estudos e obrigações, que tem regras rígidas e é concluída pela passagem por um tribunal rabínico. Nas crianças adotadas pequenas, sua inserção acontece de forma mais “natural”. Ela realiza as cerimônias religiosas, que são comuns a todos os demais integrantes da religião, mas espera-se uma forma de confirmação dela dessa escolha ao entrar na maioridade religiosa, para dar continuidade à sua vida adulta como judia.

Os valores religiosos permeiam fortemente o campo das relações familiares, a construção de sua cultura e sua noção de pertencimento. Assim, ao abordar o judaísmo, a intenção da pesquisa não foi promover uma discussão religiosa ou identitária, mas por meio dela acionar importantes forças que ora se entrelaçam, ora se superpõem, ora se confundem, em muitas vidas e grupos, como sangue, cultura, relações, herança, pertencimento, família, grupo, identidade, comunidade, convivência e afeto. É importante frisar que a busca pelas famílias por adoção não teve o sentido de contrapor laços biológicos a laços adotivos, numa lógica binária ou de exclusão, mas sim destacar as tensões que poderiam se tornar visíveis nessa configuração e ajudar a compreender o que está em jogo quando se considera pessoas como família.

Método

Delineamento da pesquisa

As inspirações metodológicas manejadas nesta pesquisa foram a Cartografia e a História Oral, unidas pela valorização e pelo reconhecimento das entrevistas como um recurso primordial, que abre e aponta caminhos, levanta ideias e produz saberes. A Pesquisa Cartográfica confia na potência dos encontros estabelecidos no processo de pesquisar. Há uma aposta na construção coletiva do conhecimento entre pesquisadores(as) e pesquisados(as) (Kastrup & Passos, 2014). Como método de pesquisa-intervenção, este procedimento não se faz de modo prescritivo, e tem como diretriz estar sempre atento ao percurso, considerando os efeitos do pesquisar.

A História Oral, por sua vez, é uma metodologia que pretende amplificar as vozes dos entrevistados e levá-las ao espaço público do discurso e da palavra. São as vozes das memórias, do tempo das lembranças, que “... nos conta menos sobre eventos que sobre significados” (Portelli, 1997, p. 31, grifos do autor), que diz respeito a versões do passado, moldadas de diversas formas pelo meio social, mas lembradas de forma pessoal.

As entrevistas são, então, a mola mestra que faz funcionar o todo da pesquisa. Elas exigem dos participantes uma interação na experiência, uma entrega, uma cumplicidade, em que as emoções precisam estar presentes, permitindo as trocas. “Fazer passar os afetos: é isso que parece gerar brilho” (Rolnik, 2014, p. 47, grifo da autora).

Participantes

Na pesquisa foram entrevistadas dez famílias, dez avós e três avôs, com idades entre 69 e 80 anos, com netos por adoção entre 4 e 45 anos, pertencentes às camadas médias do Rio de Janeiro. Nove dessas famílias também têm outros netos por laços de sangue. A maior presença de entrevistadas mulheres é comum em outras pesquisas com avós (Barros, 1987; Schneider et al., 2005), e geralmente é explicada pela longevidade e pelo interesse de falar de suas vidas.

Procedimentos das entrevistas

As entrevistas duraram de 1 a 5 horas e foram gravadas com gravador digital. Tiveram lugar nas casas dos entrevistados, o que proporcionou à pesquisadora penetrar na vida dos participantes de forma bastante íntima. Por meio da mobília, das fotos, dos ruídos e dos quitutes oferecidos em cada residência, fui compondo meu mapa cartográfico e dando materialidade ao campo. Fui conhecendo meus entrevistados, suas famílias e suas histórias. Fui me tornando parte. “Se a mobilidade e a contingência acompanham nosso viver e nossas interações, há algo que desejamos que permaneça imóvel, ao menos na velhice: o conjunto dos objetos que nos rodeiam. (...) falam à nossa alma em sua doce língua natal (...)” (Bosi, 1994, p. 441).

As conversas foram densas, narrando tocantes histórias de vida, com passagens de superação, de conquistas, mas também de perdas, de conflitos e de decepções. Ouvi histórias sobre eles próprios, seus antepassados, filhos e netos. Discorremos sobre o passado, o presente e o futuro. Falamos também do cotidiano, que faz nossas vidas acontecerem a cada dia, fio por fio. Os diários de campo foram parte fundamental da pesquisa porque, além de colocar neles toda a minha emoção, a experiência e as nuances, me permitiram também ter sempre um atalho de volta a cada um desses encontros, que me fazia estar de novo sentada naqueles sofás, ouvindo aquelas vozes, usufruindo das lições de vida e da circulação de afetos – por vezes rindo, outras com os olhos mareados. Assim, aprendi que os diários são:

(...) peças vivas, portais, que quase por magia permitem o acesso a um fluxo contínuo de afetos e pensamentos. Um encontro que nunca fecha, que sempre acontece novamente e permite novos olhares e outras escutas. Um recontar de muitas e infinitas histórias. (Bakman, 2019, p. 154)

Estes encontros também semearam minhas memórias familiares: me levaram às minhas próprias lembranças, às histórias da minha família, às saudades dos meus avós maternos, sua casa, seus cheiros, acionados tanto pelas semelhanças, como pelas diferenças, mas especialmente pela circulação de afeto, pela intimidade construída, pelo encontro entre as gerações: eu como ouvinte, participando, buscando, mas, especialmente, desfrutando dessas vidas e desses territórios. “(...) é sempre pelo compartilhamento de um território existencial que sujeito e objeto da pesquisa se relacionam e se codeterminam”. (Alvarez & Passos, 2010, p. 131).

Resultados e discussão

Ao iniciar a pesquisa, então, trazia muitas interrogações sobre o familiar: Como os laços familiares são tramados quando há adoção? Como a religião adentra (ou não) essa tessitura? Qual o lugar dos avós nas famílias nos dias atuais? Como se faz o ser família por cada grupo? O que um olhar geracional nos diz sobre nosso tempo e nossas relações? Apesar de família ser um tema aparentemente antigo e corriqueiro, tenho a certeza de estar num território que se expande em inúmeras direções e possibilidades, um terreno ainda fértil para muitos e importantes questionamentos. Partia de uma necessidade de compreender, expandir e firmar ideias a respeito desse amplo e rico leque de experiências.

Nas entrevistas, antes de ligar o gravador, como no telefonema, me apresentava e explicava a pesquisa, pedia que lessem e assinassem o TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido)3. A minha primeira intervenção “oficial” era: “Me conta sobre sua vida” – uma pergunta aberta, que permitia aos avós fazer seus relatos, partindo dos pontos que desejavam, mesmo sabendo, pelo contato telefônico e pela apresentação inicial, quais eram os temas da minha pesquisa: seus netos por adoção e sua família.

Os avós me contaram a respeito de seus pais, seus avós e sua família extensa. Falaram de conquistas pessoais e profissionais, mas também de dificuldades diversas. Descreveram seus cotidianos familiares com filhos e netos, que emergiram entremeados às vivencias do judaísmo em suas vidas. Traçaram suas próprias histórias, geralmente, desde o passado, tocando no presente e visando o futuro.

Falar da família do passado mostrou-se imprescindível para descrever o viver em família e para adensar a narrativa de suas experiências pessoais. A transmissão da cultura, da história e das tradições é central no povo judeu, que, mesmo espalhado pelo mundo, manteve na tradição oral, durante longo tempo, um importante pilar. O que torna a história dos antepassados vital para dar sentido à continuidade de sua cultura e da memória do seu povo. “Chamamos de tradição... o conjunto de representações, imagens, saberes teóricos e práticos, comportamentos, atitudes etc. que um grupo ou uma sociedade aceita em nome da continuidade necessária entre o presente e o passado.” (Hervieu-Léger, 1993, p. 127, grifos da autora).

Uma importante discussão presente nos estudos sobre adoção é justamente o lugar da história da criança, das informações sobre sua origem e de sua família biológica (Fonseca, 2012), tema conectado ao âmago desta pesquisa, no que diz respeito à sua inserção numa cultura e religião que são, possivelmente, diferentes dos contextos de onde nasceu ou viveu os primeiros dias, meses ou anos de vida. O direito ao acesso às informações nos processos de adoção está garantido à criança ou jovem, quando atinge a maioridade, desde a Lei Nacional de Adoção nº 12.010/2009 (Brasil, 2009), conhecida como Nova Lei da Adoção.

Num enorme contraste com a importância do passado, falar ou saber da história dos netos anterior à adoção não era necessário ou desejado pelos avós entrevistados. Muitos mostraram que pouco sabiam a respeito. A ausência de circulação de informações ou comentários sobre as origens das crianças e suas famílias naturais pode ser compreendida por diferentes ângulos: pela dificuldade de falar de um passado que geralmente tem marcas de abandono, miséria ou maus tratos (Paiva, 2004), fruto da desigualdade social do nosso país; pela real falta de informações a respeito; por não ser um assunto abordado dentro da própria família; ou justamente por ser “um assunto de família”, que deve ficar protegido de olhares mais estrangeiros, como o meu.

Apesar do silêncio ter sido a tônica relativa à história dos netos por adoção nesta pesquisa, há nos dias de hoje cada vez mais um movimento de não negar o passado das crianças. O segredo e a ideia de revelação, que assombravam as famílias por adoção, pertencem a tempos mais distantes. Hoje, felizmente, as famílias cuidam de lidar com respeito e dar integração às histórias das crianças e jovens nascidos em outras famílias. Um passado que também precisa ser incluído e valorizado, mesmo que seja ainda difícil para parte dos envolvidos.

Na maioria das famílias da pesquisa, a adoção foi alternativa à infertilidade, como é relatado na literatura da área (Reppold & Hutz, 2003; Rinaldi, 2014; Schettini et al., 2006). A possibilidade de ver o filho(a) alcançar seu projeto de parentalidade é o motivo que torna a adoção bem recebida pelos avós pesquisados. “O desejo por um filho biológico e o desejo de adoção não são, a priori, incompatíveis: eles se unem, de fato, no desejo de parentalidade, qualquer que seja o modo de acesso a essa parentalidade”4 (Nizard, 2009, p. 61). Assim, constituir uma família com filhos é um valor que fica acima da imposição ou desejo de que sejam gerados biologicamente. Para os avós, ter netos é ter e dar continuidade.

As dinâmicas dos pais por adoção, nas famílias pesquisadas, são bem distintas: há mãe que adotou sozinha, casal homoparental e casal heteroparental. Desses, há casais com filho único, com filho biológico nascido após a adoção, com filhos maiores de outro casamento de um dos cônjuges. São uma amostra que reflete a multiplicidade das famílias que buscam a adoção nas Varas de Família.

As diferenças físicas entre os membros é outro traço marcante nas famílias por adoção, e o fato não foi indagado por mim de forma direta. Foram relatados, por vezes, quando eu perguntava se eles haviam vivido algum tipo de preconceito em relação ao neto por adoção. Assim, não formaram um todo consistente na pesquisa, o que me impede de estender e entender o assunto com o devido cuidado. São fios importantes à espera de novas investidas. É interessante esclarecer que, na maior parte das famílias pesquisadas, só tive conhecimento de como eram as crianças fisicamente ao ver suas fotos (por vezes, no final da entrevista).

(...) retratos antigos e recentes são retirados de gavetas ou apontados em lugares expostos na casa, trazendo aos relatos um tom mais concreto como se, através dessa amostragem, eu, enquanto pesquisadora, pudesse ser apresentada a todos esses familiares dos quais ouvi falar durante algumas horas. (Barros, 1989, p. 35)

Importante salientar que, apesar de haver um imaginário social dos judeus como um bloco homogêneo, com determinadas características físicas, há judeus de origens diversas e biótipos variados, com liturgias e costumes diferentes, espalhados em diversas comunidades pelo mundo e em Israel: há judeus oriundos da Europa, da Península Ibérica, dos Países Árabes, do Continente Africano; judeus brancos, negros, altos, gordos, loiros, morenos – uma múltipla heterogeneidade.

O judaísmo é um complexo e intricado mundo, onde identidade, religião, cultura e povo se entrecruzam fortemente. Segundo Grin e Gherman (2016), há uma interessante discrepância entre o que a própria comunidade quantifica, cerca de 90 mil, e os dados censitários5, o que aponta para uma diferença entre os que se declaram judeus e os que professam a religião, reforçando quão complexa é a questão dessa identidade.

A complexidade do judaísmo está em ser um pouco de tudo que não é: não é religião, não é filosofia, não é cultura, não é etnia, não é estado, não é terra. É tudo ao mesmo tempo. (...). A definição, no entanto, seja nos estatutos, seja na memória popular, é que somos uma família. (Bonder, 2001, p. 13)

Em seu aspecto religioso, há diferentes correntes, como as ortodoxas, mas também linhas que consideram o judaísmo uma herança cultural e histórica, uma ética, uma forma de viver, uma tradição, sem o cumprimento de preceitos religiosos. Mas em todos os grupos há uma forte valorização da inserção comunitária. Há uma enorme gama de instituições que proporcionam tal pertencimento: escolas, clubes, organizações de mulheres, de idosos, grupos de jovens, de universitários, centros culturais, sinagogas – espaços onde a vida, a educação e a cultura judaicas se misturam, com cunho religioso ou não.

A família foi descrita pelos entrevistados, principalmente, por seus aspectos positivos. Roudinesco (2003) afirma que, apesar de todas as mudanças ocorridas nos últimos anos, a família continua a ser reivindicada como o único valor seguro ao qual ninguém quer renunciar. Segundo a autora, a família “(...) é amada, sonhada e desejada por homens, mulheres e crianças de todas as idades, de todas as orientações sexuais e de todas as condições” (Roudinesco, 2003, p. 198). Apesar das mudanças nos padrões de relacionamento, estabelecidas pelas melhores condições socioeconômicas, do aumento das distancias geográficas, da valorização da individualidade, ainda é possível perceber a valorização da família como rede de apoio, sustento, cooperação.

Os encontros familiares tornaram-se menos frequentes por múltiplas razões: as pessoas têm menos tempo, moram mais longe e podem se comunicar por diversas outras vias – mas não se tornaram menos importantes. Ao contrário: segundo os avós pesquisados, é onde as relações se constroem, se fortalecem e se perpetuam.

Para acionar as tensões entre pertencimento, religião e consanguinidade, perguntei aos meus entrevistados se eles consideravam seus netos por adoção judeus. A maior parte dos avós mostrou-se surpresa diante de tal questionamento, como se não houvesse dúvida sobre isso, ou como se nunca tivessem se interrogado a esse respeito. Era algo que sabiam e que sentiam a respeito de seus netos; mas, questionados por mim, foram em busca de respostas para explicar as certezas de que seus netos eram judeus: são criados num lar judaico, numa família judia, que se reúnem nas festas, realizaram cerimônias religiosas e, além disso, vários frequentam (ou frequentaram) as escolas judaicas, os movimentos juvenis e/ou as sinagogas, como os demais integrantes da comunidade.

Nizard (2017), em sua pesquisa com famílias judias com adoção realizada na França e em Israel, apontou para uma direção semelhante, pois os pais por adoção das crianças estão convencidos de que elas, ao se tornarem seus filhos, tornam-se judeus como eles, pois são parte de si, mesmo que tal fato não seja reafirmado pela lei religiosa mais estrita. Segundo os avós, não depende de vínculos biológicos a incorporação do neto à genealogia familiar; por isso, não faz diferença se chegaram por adoção ou não. O pertencimento ao judaísmo, para eles, se promove pela educação, pelas práticas religiosas, pela inserção comunitária, ou simplesmente “pela casa”. Segundo Nizard (2010, p. 2), estamos, assim, diante de “(...) uma linhagem simbólica que passa pelo conhecimento, o estudo, o ensino e a transmissão das leis”6.

Os netos por adoção das famílias pesquisadas, em sua quase totalidade, realizaram cerimônias religiosas, mesmo quando a família não se considera ligada ao judaísmo praticante. Rituais realizados para fortalecer valores como continuidade e pertencimento, como ocorre em parte significativa da comunidade judaica carioca, que os perpetua por tradição, e não por religião, por costume e celebração. Assim, como visto por Nizard (2004), a conversão, que é originalmente um ato religioso, se torna uma forma de fortalecer a adoção, ligando a criança a um passado e construindo uma segurança para seu futuro, dando-lhe um status e uma legitimidade.

Portanto, pelo olhar dos avós não são os rituais que tornam os netos judeus, mas por serem judeus devem passar pelos rituais, como todos os demais integrantes da família. Essa inversão, se podemos chamar assim, é uma potente pista para entender o que se configura, nesta pesquisa, como uma família judia. Os avós desejam, mas não impõem, que seus netos por adoção sejam judeus, mas se for de sua escolha, preferem que todos os seus familiares sejam judeus, porque valorizam o judaísmo, seus princípios, costumes e o sentimento de pertencimento que ele provoca entre seus membros. Sem uma forma prescrita porque, como já explicitado, quando se fala em judaísmo, o que se tem é uma paleta de possibilidades.

Há três famílias que se destacaram das demais nesse aspecto: Uma em que a adoção ocorreu recentemente e o neto já é adolescente, praticante de outra religião, mas mesmo assim há um desejo de que ele conheça as raízes judaicas da família para poder “fazer parte” (sic). Outra, embora a avó considere que o neto não se sinta judeu, pelas dificuldades sociais que teve no ambiente escolar, é mediante os encontros do Shabat, o ritual judaico das sextas-feiras à noite, que a família se reúne e que os laços continuam a ser tecidos entre todos. E uma terceira família, em que o avô não considera o neto judeu, pois não vive num lar judeu: seu filho é casado com uma mulher não judia, e afastou-se da vida comunitária. Como é comum certa tensão e paradoxo no que tange à identidade judaica, relatou com orgulho que esse mesmo filho mantém a tradição de fazer um completo e perfeito jantar de Páscoa judaica em sua casa.

É interessante salientar que, em muitas dessas famílias, são justamente os netos por adoção que mantêm com os avós uma relação mais estreita e frequente. Porque se articulavam dois aspectos importantes: ser neto e ser o menor, ser neto e ter sido o primeiro, ser neto e estar mais por perto, ser neto e precisar de apoio, ser neto e ser o caçula, ser neto e ter afinidades em comum, ser o único e esperado neto! Então, as condições de apego podem variar no tempo, na distância, mas não estão atreladas à natureza dos laços.

Conclusão

As linhas tecidas nas conversas com os avós entrevistados mostraram-se imbricadas de tal forma que falar de um tema é falar de muitos outros. Origem, memória, legado, tradição, identidade, cotidiano, afetos, afinidades e convivência são alguns dos fios que se cruzam nas conversas e se esparramam de forma não linear, formando um rizoma (Deleuze & Guattari, 1997) ao se falar sobre a vida em família – um emaranhado onde, por vezes, uma ponta se faz mais visível e outra mais furtiva, que, num momento seguinte, pode se sobressair ou se cruzar. Afirmar que as tramas familiares se apresentam como um rizoma é apontar um diagrama onde não há unidade, nem hierarquias, mas multiplicidade, um entremeado que cresce e transborda, tornando-se, assim, de difícil desmonte ou totalização, pois família é ação que se faz ao viver, sentir e prosseguir, sempre em movimento.

Familiar é verbo. Para os avós desta pesquisa, ser família é, principalmente, cuidar e se preocupar com o outro, manter uma relação de afeto e apoio. Família é ter e cultivar espaços para se reunir, compartilhar histórias e semear valores. Dessa forma, os encontros familiares mostraram-se uma espécie de pilar – o cerne onde é tecida a costura das relações na família extensa.

Os avós pesquisados mostram-se fundamentais na montagem desta trama, porque são eles, justamente, os responsáveis pelos (re)encontros familiares, geralmente à mesa7, na continuidade das tradições, familiares e religiosas, mas especialmente na semeadura dos afetos. Eles são os guardiões das memórias, os contadores das lembranças, os detentores dos segredos culinários, que vão tecendo as histórias, que se entremeiam desde seus próprios avós e bisavós, e enlaçam netos e bisnetos.

O afeto e a convivência são os principais fios presentes na tessitura das tramas familiares das famílias pesquisadas, independentemente da natureza dos laços. Costuras que acontecem pelo (re)viver e conviver, estes sim, fios determinantes na teia que se realiza entre seus membros. O judaísmo é um fio que adensa a experiência do viver junto. Ele se entremeia na costura por meio de uma herança que vem ao longo dos anos sendo cultivada, ampliada e transformada, mas que mantém a importância das histórias pessoais, das lembranças, dos costumes, que dão fortes sensações de continuidade e pertencimento.

A despeito de ter encontrado, na pesquisa, uma ideia uniforme do que é ser família, elas são sempre verbo, ação e mudança. Não é possível, nem desejado, que se restrinja ou prescreva um modelo estanque, duro, que deve ser seguido, e sim valorizar e compreender o que é vivido por cada um, em seu meio, em sua própria trajetória. Não há como totalizar essa experiência numa única e simples definição.

Assim, novamente, afirmo que há muitas famílias na palavra família. Então, o que há dentro da palavra famílias para os avós judeus por adoção desta pesquisa? Afeto, aceitação, cotidiano, convivência, continuidade, comunidade, comida, cultura, dificuldades, encontros, festas, proximidade, religião, tradição, união, valores... Parece muito, mas talvez se resuma num cheiro gostoso, num som (re)conhecido, num gesto caloroso, num baú cheio de lembranças, antigas, novas, vividas ou inventadas.

Preciso terminar agradecendo às avós, aos avôs, e indiretamente às suas famílias, que me receberam em suas casas e em suas vidas, me presenteando com suas lembranças e afetos. Além de aprender com eles sobre ser família, objeto da minha pesquisa, também pude voltar a ser neta, pular nos sofás, comer os biscoitos, ouvir as risadas, sentir os doces e saudosos cheiros da minha infância.

Notas

1Para facilitar o fluxo da leitura, se usará “avós” ou o masculino das palavras como plural genérico, abrangendo masculino e feminino, segundo as normas da língua.

2

As informações relativas às leis de adoção são provenientes de uma conversa com um rabino reformista, da leitura de jornais religiosos, de informações provenientes da minha própria inserção comunitária e de alguns sites:

https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/2510683/jewish/Adoo-Procedimentose-Complicaes.htm

https://www.jewishvirtuallibrary.org/adoption

https://www.jewishencyclopedia.com/articles/852-adoption

https://www.jlaw.com/Articles/maternity4.html

3A pesquisa foi inscrita no Plataforma Brasil (CAE 57974016.0.0000.5282) e todos os entrevistados assinaram o TCLE, exigência da Resolução 510/2016 do CNS.

4No original: “Le désir d’un enfant biologique et le désir d’adoption n’étant pas a priori incompatibles, ils se rejoignent en effet dans le désir de parentalité, quel que soit le mode d’accession à cette parentalité”.

5A população judaica no Brasil é de cerca de 107 mil, o que corresponde a 0,06% da população brasileira: https://sidra.ibge.gov.br/tabela/137 (na dimensão “Religião”, selecione “Judaísmo”, então clique “Visualizar”).

6No original: “(...) une lignée symbolique qui passe par la connaissance, l’étude, l’enseignement, la transmission de la loi”.

7Comida é um ingrediente muito presente na cultura judaica. É uma marca indelével, pelos pratos típicos de cada festividade, pela abundância, pelas recordações a elas vinculadas de costumes, melodias, anedotas, entes queridos, lugares perdidos no tempo: afetos, traduzidos em cheiros e gostos.

Não se declararam fontes de financiamento.

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Recebido: 22 de Março de 2021; Aceito: 21 de Março de 2024

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