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Revista Psicopedagogia

Print version ISSN 0103-8486

Rev. psicopedag. vol.41 no.124 São Paulo  2024  Epub Sep 06, 2024

https://doi.org/10.51207/2179-4057.20240020 

EDITORIAL

100 anos de Estudos em Defectologia de L. S. Vigotski e seus desdobramentos contemporâneos

Daniele Nunes Henrique Silva1 

Ana Paula de Freitas2 

Fabrício Santos Dias de Abreu3 

Luciana Barros de Almeida4 

1 Universidade de Brasília

2 Universidade São Francisco

3 Centro Universitário Estácio de Brasília

4Associação Brasileira de Psicopedagogia. Conselheira Vitalícia da ABPp


Com satisfação e entusiasmo apresentamos ao público esta Edição Especial, o dossiê temático “100 anos de Estudos em Defectologia de L. S. Vigotski e seus desdobramentos contemporâneos”. O dossiê foi organizado pela Associação Brasileira de Psicopedagogia – ABPp, por intermédio da Editora Responsável pela Revista Psicopedagogia, Luciana Barros de Almeida, coordenado pelos professores e pesquisadores, estudiosos, da Teoria Histórico-Cultural, Daniele Nunes Henrique Silva (Universidade de Brasília), Ana Paula de Freitas (Universidade São Francisco) e Fabrício Santos Dias de Abreu (Centro Universitário Estácio de Brasília).

Importa-nos salientar que os textos defectológicos de Vigotski incluem estudos que abarcam desde os fundamentos teóricos às pesquisas realizadas pelo autor no âmbito das deficiências sensoriais (surdez, cegueira e deficiência intelectual) até casos na área da psicopatologia. Em todos eles, observamos a constitutiva ênfase conceitual da relação entre deficiência e cultura com forte impacto nas intervenções educacionais e clínicas.

Vigotski fez muitas descobertas ao trabalhar nesta área; o conceito geral de desenvolvimento humano; as transformações fundamentais e estruturais - segundo as quais o processo de desenvolvimento deve ser concebido; as leis de desenvolvimento das funções psíquicas superiores; a educação como desenvolvimento artificial; o papel fundamental do ensino para o desenvolvimento; a cultura como condição de desenvolvimento; e a relação dialética entre desenvolvimento físico, biológico, por um lado, psíquico, por outro, são frequentemente desenvolvidas a partir de seu trabalho clínico e educacional com crianças deficientes. Mais tardiamente, o interesse voltou-se para investigações com adolescentes e adultos que possuíam desenvolvimento peculiar.

Desde seus primeiros trabalhos, em 1924, ele desenvolveu suas primeiras hipóteses que o ajudaram a conceber sua abordagem instrumental que tomou forma no final dos anos 20. Tal abordagem permitiu a Vigotski especificar e refinar sua concepção de trabalho com crianças deficientes, ao questionar os conceitos sobre o que seria a própria ideia de normalidade e o papel da educação social na promoção de inclusão dessas pessoas em atividades educativas e laborais. Entre 1930-1933, seu trabalho pedológico e a abordagem semiótica foram alimentados por seus estudos em psicopatologia que, por sua vez, foram aprofundados por suas abordagens renovadas que incluíam uma revisitação crítica das questões relacionada à deficiência já discutidas por autores de sua época como: Kurt Lewin, Edouard Séguin, entre outros. Seu último trabalho no âmbito da defectologia foi publicado em 1935 denominado: Problemas de Retardo Mental. Este texto está diretamente ligado a fase de construção teórica mais sistematizada: a elaboração de uma teoria psicológica mais geral e conceitualmente mais profunda.

Um dos princípios que incansavelmente orientaram seu trabalho e o torna vigorante até os dias atuais é a ideia de que as leis de desenvolvimento de pessoas normais e deficientes são as mesmas. Ou seja: é sempre a atividade social e a educação que constituem a fonte do desenvolvimento de processos psíquicos superiores. Estas afirmações gerais merecem atenção porque afetam diretamente as compreensões contemporâneas sobre as possibilidades de desenvolvimento dessas pessoas que se encontram, na maioria das vezes, em situação de vulnerabilidade. Problematizar cientificamente essa questão é o objetivo e da referida publicação.

Por isso, os textos aprovados nessa publicação, perseguem este objetivo e estão apresentados a seguir:

Na categoria – Artigo Especial, temos “Interregulação, consciência e atenção compartilhadas: Despatologizando o TDAH” - Interregulation, shared awareness and attention: Depathologizing ADHD , de Jairo Werner Júnior e Thales Albuquerque Reynaud Schaefer, que tratam desde classificações iniciais como “Lesão Cerebral Mínima” (1947) e “Disfunção Cerebral Mínima” (1962), até a nomenclatura atual de TDAH (desde 1987). Passou-se quase um século na busca pela definição do fundamento biológico e genético do quadro descrito. A despeito do avanço tecnológico, o diagnóstico do TDAH continua sendo exclusivamente clínico. Para Vigotski, o diagnóstico clínico, entretanto, pode significar apenas nomenclatura médica para sintomas, sem atender adequadamente às demandas reais da criança, da família e da escola. A partir da perspectiva histórico-cultural, o objetivo deste trabalho é analisar criticamente o constructo psicopatológico “TDAH”, cuja concepção e critérios diagnósticos são fundamentados unilateralmente no indivíduo.

Na categoria – Artigo Original, “A constituição da criança com autismo: Diagnóstico e suas implicações” - The constitution of children with autism: Diagnosis and its implications , de Daniel Novaes e Ana Paula de Freitas. Este artigo tem por objetivo compreender como a questão do diagnóstico do desenvolvimento infantil é tratada por Lev Vigotski em seus estudos sobre a deficiência e, a partir daí, refletir sobre como o diagnóstico de autismo tem sido produzido historicamente e seus impactos na constituição da subjetividade da criança que o recebe. O estudo fundamenta-se em textos de Vigotski acerca do diagnóstico e dos modos de constituição humana. Os resultados permitem apreender dois movimentos: o primeiro diz respeito ao modo como a temática é trabalhada em textos de Vigotski; o segundo sinaliza a construção histórica do diagnóstico de autismo em práticas sociais escolares e não-escolares por meio da palavra do outro.

Ainda na categoria – Artigo Original, “O coletivo, a criação e os processos compensatórios na inclusão” - The collective, creation and compensatory processes in inclusion , de Fabiana Luzia de Rezende Mendonça; Daniele Nunes Henrique Silva; Kátia Oliveira da Silva; e Pedro Henrique Mendonça de Souza. O artigo, baseado na teoria histórico-cultural, discute o contexto de sala de aula inclusiva e o trabalho pedagógico coletivo como promotor de novos ciclos desenvolvimentais. Os dados construídos, a partir de análise microgenética, destacam que o trabalho coletivo, quando envolve atividades criadoras, mobiliza processos compensatórios importantes para a formação de novos ciclos desenvolvimentais. A conclusão do estudo orienta o olhar às mediações pedagógicas que precisam ser direcionadas pelo viés da criação, proporcionando aos alunos vivências não convencionais na sala de aula, promovendo novas conexões interfuncionais, processos compensatórios e a reorganização do sistema funcional psíquico.

Também na categoria – Artigo Original, “Dispositivos geradores de fala: Instrumentos culturais de comunicação” - Speech-generating devices: Cultural tools for communication , de Fabiana Ferreira do Nascimento; Mara Monteiro da Cruz; Cátia Crivelenti de Figueiredo Walter; e Thatyana Machado Silva. O presente estudo descreve uma investigação cujo objetivo foi fazer um levantamento, em uma loja virtual, dos aplicativos desenvolvidos para pessoas com autismo ou com dificuldades acentuadas na linguagem que as caracterize como pessoas com necessidades complexas de comunicação. Pesquisas como esta podem favorecer o acesso e a popularização deste tipo de recurso, evidenciando os possíveis benefícios de seu uso no processo de inclusão social e educacional.

Por último na categoria – Artigo Original, temos “Avaliação Psicopedagógica na perspectiva da Teoria Histórico-Cultural de Vigotski”, - Psychope dagogical assessment from the perspective of Vigotski’s Historical-Cultural Theory, de Ana Caroline Nunes Costa, tem como objetivo apresentar um modelo de avaliação psicopedagógica estruturado a partir da perspectiva da Teoria Histórico-Cultural. O estudo se propõe a romper com uma visão que classifica e padroniza o comportamento humano e as formas de aprender que ainda prevalecem em muitas avaliações escolares e psicopedagógicas de crianças. Vigotski inverte a ordem da análise que era realizada e que tinha como ponto de partida o defeito. Ao fazer do defeito o objeto de análise, cria-se uma grande limitação para o estudo do desenvolvimento infantil. O modelo de avaliação que parte dos princípios da teoria histórico-cultural almeja encontrar os caminhos de compensação para o autodesenvolvimento da criança.

Na categoria – Artigo de Revisão, “Estudos de L. S. Vigotski sobre deficiência: Desdobramentos para a psicologia e pedagogia na atualidade” - Studies on disability by L. S. Vygotsky: Developments for psychology and pedagogy today , de Luana de Melo Ribas; Raquel Rodrigues Capucci; Avany Rodrigues Teixeira dos Santos; e Anna Maria Lunardi Padilha. O presente artigo tem como objetivo apresentar criticamente as relações entre o “normal” e o “patológico” articulando os seguintes conceitos: o papel do “meio” no desenvolvimento; a importância do “coletivo” no desenvolvimento; o problema do “defeito”; “compensação biológica” vs . “compensação social”; e o papel do “diagnóstico” para o desenvolvimento humano, além de compreender acerca da “educação social”, abordados na obra póstuma de Vigotski que compõe o Tomo V - Fundamentos da Defectologia. A partir de uma análise bibliográfica revisada dos estudos defectológicos, foi possível concluir que compreender as ideias do autor de forma contextualizada e crítica é fundamental, especialmente tensionando a contradição entre o normal e o patológico e os demais conceitos ao questionar a construção social em torno da deficiência.

Na categoria – Artigo de Revisão, “Transtornos Específicos da Aprendizagem: Uma análise crítica à luz da Teoria Histórico-Cultural” - Specific Learning Disorders: A critical analysis in the light of Historical-Cultural Theory, de Bruna Mares Terra-Candido e Ana Paula Xavier Marques da Cruz. As autoras abordam o processo de avaliação e intervenção da queixa escolar baseada na Teoria Histórico-Cultural buscando entender o não-aprender na escola como um processo multifatorial, realizando uma investigação que supera a descrição do fenômeno e buscando explicar a causa das dificuldades no processo de ensino-aprendizagem, compreendendo a criança a partir do método materialista, histórico e dialético. Percebe-se que essa perspectiva teórica possui uma concepção crítica sobre os sintomas que a criança apresenta na escola e levanta preocupações sobre a atual produção de diagnósticos que individualizam o processo de ensino-aprendizagem ao sujeito que não aprende e medicaliza, sem considerá-lo em movimento com a sociedade em um processo de desenvolvimento que envolve diversos personagens.

Dentro da categoria – Artigo de Revisão, “A escolarização de crianças autistas: Contribuições da Teoria Histórico-Cultural” - The schooling of autistic children: Contributions from Historical-Cultural Theory, de Maria Creusa Mota e Sandra Ferraz de Castillo Dourado Freire. Esse presente estudo teve por objetivo apresentar reflexões sobre a escolarização de crianças com o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista, tendo como contribuições teóricas a perspectiva da Teoria Histórico-Cultural. Almejou-se, assim, contribuir para o adensamento teórico das questões que versam sobre o transtorno em comento, explorando as noções de desenvolvimento e linguagem, e como tais conceitos contribuem para uma práxis exitosa com os sujeitos autistas.

Na categoria – Artigo de Revisão, “Educação inclusiva, atendimento educacional especializado, intersetorialidade: Os direitos sociais do estudante com deficiência” - Inclusive education, specialized educational assistance, intersectorality: The social rights of students with disabilities , de Jandira Dantas dos Santos. O presente artigo traz uma reflexão sobre a educação inclusiva e a inclusão de pessoas com deficiência na escola regular tomando por base a necessidade do Atendimento Educacional Especializado e os entraves para a sua promoção, dentro de uma reflexão da Pedagogia Histórico-Crítica. Tendo em vista os obstáculos para a concretização desta inclusão, sugere-se uma articulação intersetorial capaz de conjugar políticas públicas de acesso aos direitos civis e sociais conquistados na Constituição de 1988 e reforçados na Lei nº 13.146/2015 – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.

Na categoria – Artigo de Revisão, “Vigotski em seu tempo e hoje: Na contracorrente da hegemonia” - Vigotski in his time and today: Contradicting the standard point of view , de Mônica de Carvalho Magalhães Kassar. Este artigo propõe-se a situar a posição de Vigotski em contraposição às perspectivas hegemônicas de seu tempo e analisar aspectos da produção do autor a respeito do desenvolvimento humano e da deficiência [Defectologia], como ancoragem de uma proposição de uma educação mais promissora até os nossos dias. As análises indicam que o foco voltado ao desenvolvimento cultural confere ao processo educativo relevância determinante ao desenvolvimento humano e que esta perspectiva pode sustentar práxis pedagógicas contemporâneas mais promissoras.

Ainda na categoria – Artigo de Revisão, “A defectologia de Vigotski e os diagnósticos de TEA na escola” - Vygotsky’s defectology and ASD diagnoses at school , de Luciane Maria Schlindwein; Olívia Milléo; e Jackeline Claudete Pinheiro. Este trabalho tem por objetivo problematizar a ampliação dos diagnósticos e dos laudos atribuídos às crianças com TEA, com base nos estudos de Lev S. Vigotski, nos campos da pedologia e da defectologia, entre os anos de 1924 e 1935. Foram analisadas pesquisas produzidas no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina, na linha Educação Infância, discutindo os estudos que se apoiam na perspectiva histórico-cultural de Vigotski.

Na categoria – Artigo de Revisão, “Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA): Abordagem sociointeracionista unindo para incluir” - Universal Design Learning (UDL): Socio-interactionist approach uniting to include , de Fabiani Ortiz Portella; Marliese Christine Simador Godoflite; Thiele Araujo Pereira; e Renato Ventura Bayan Henriques. Os autores apresentam uma pesquisa com o objetivo de uma revisão das publicações científicas dos últimos cinco anos, que relacionam o Desenho Universal para a Aprendizagem com os processos de aprendizagem e experiências de implementação dessa abordagem inclusiva em ambientes educacionais, sendo esta uma estratégia pedagógica que busca atender às necessidades diversas dos estudantes, independentemente de suas habilidades, dificuldades ou características individuais.

Também na categoria – Artigo de Revisão, “Educação de surdos e Teoria Histórico-Cultural: Os paradigmas presentes na obra de L. S. Vigotski” - The deaf people education and Historical-Cultural Theory: The paradigms present in the L. S. Vigotski’s work , de Simone Aparecida dos Santos Silva; Fabrício Santos Dias de Abreu; e Regina Lúcia Sucupira Pedroza, que propõem, neste artigo, analisar a obra de L. S. Vigotski, desenvolvida na primeira metade do século XX, com o intuito de evidenciar que o autor antecipou uma abordagem inovadora em relação às questões linguísticas e de desenvolvimento dos surdos. A completude dos textos vigotskianos sobre a surdez apontam para proposição de um modelo educativo único, sem distinção entre os sujeitos, organizado sobre os princípios da educação social inspirados pela concepção marxista de indivíduo e sociedade.

Fechando a categoria – Artigo de Revisão, “Envelhecimento e pessoas com deficiência nas perspectivas vigotskiana e life-span ” - Aging and people with disabilities from a Vygotskian and life-span perspective , de Margaret da Conceição Silva e Isabelle Patrícia Freitas Soares Chariglione, que objetivaram realizar uma análise à luz da perspectiva life-span de Baltes e da Defectologia de Lev Semionovich Vigotski que, mesmo (naquele momento) não contemplando o envelhecimento nas suas discussões, acredita-se que traz uma importante concepção de desenvolvimento ao longo da vida, especialmente em se tratando de pessoas com deficiência. A discussão apresentada destaca a relevância do tema abordado, o surgimento de interesse dos pesquisadores pelo campo de estudo do envelhecimento e a importância da inclusão das pessoas idosas com deficiência nos estudos do desenvolvimento humano. Conclui-se que ambas as perspectivas contribuem para os estudos do desenvolvimento das pessoas idosas com deficiência.

Na categoria – Reflexões (exclusivo nessa edição), “Vigotski: Contribuições para a práxis psicopedagógica” - Vygotsky: Contributions to psychopedagogical praxis, de Laura Monte Serrat Barbosa, contém reflexões sobre a teoria histórico-cultural de Vigotski, referente ao desenvolvimento cultural, mais especificamente aos estudos sobre a defectologia e o talento. A partir delas, a autora aborda a forma como os estudos sobre essa teoria provocaram desequilíbrios e avanços em sua forma de fazer e de pensar a aprendizagem (impossibilidades, dificuldades e possibilidades). Ela também destaca algumas pesquisas e um ensaio desenvolvidos por Vigotski, os quais sustentam sua forma de conceber a aprendizagem e seu fazer psicopedagógico na atualidade.

Na categoria – Relato de Experiência, “Inclusão educacional, laudo médico e TEA: Estudo de caso à luz do conceito de defectologia de Vigotski”, - Educational inclusion, medical report and ASD: Case study in light of Vygotsky’s concept of defectology, Priscila dos Santos Rodrigues Silva Pincos e Jacqueline de Souza Gomes apresentam um estudo de caso fruto de situação vivenciada, em 2019, destinado a crianças de 6 a 12 anos, no turno inverso ao escolar, em uma unidade do SESC RJ, na Baixada Fluminense. Diante do compartilhar da luta e do luto simbólico de uma mãe face ao recebimento de um diagnóstico/laudo para o seu filho de 7 anos, participante do projeto, refletem o impacto que um laudo médico pode ocupar na simbologia do processo de aprendizagem de uma criança recém diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e sobre os possíveis desdobramentos desse diagnóstico nos ambientes frequentados pela criança e sua família. Para tanto, como fundamentação teórica, as autoras trabalharam em diálogo com os estudos de defectologia de Vigotski.

Na categoria Entrevista, temos “Entrevista com Anna Maria L. Padilha: História pessoal e trajetória acadêmica entretecidas pelos estudos defectológicos de Vigotski” - Interview with Anna Maria L. Padilha: Personal history and academic trajectory intertwined by Vygotsky’ s defectological studies , feita por Ana Paula de Freitas; Daniele Nunes Henrique Silva; e Fabrício Santos Dias de Abreu. Trata-se de uma das pioneiras no adensamento de temáticas abordadas por Vigotski sobre a deficiência, como, por exemplo, seu estudo sobre a constituição do sujeito simbólico, comprometido pela deficiência mental, que desvela as possibilidades desse sujeito em atribuir sentido ao mundo ao seu redor. Além disso, vale salientar a relevância de seu nome para compreensão dos desafios da educação especial numa perspectiva inclusiva.

Ainda na categoria Entrevista, “Educação e Saúde: “Eu não queria ser simplesmente um profissional que patologizasse, que medicalizasse – Uma entrevista com o psiquiatra e educador Jairo Werner Júnior” - Education and Health: “I didn’t want to simply be a professional who pathologized, who medicalized” – An interview with psychiatrist and educator Jairo Werner Júnior , feita por Daniele Nunes Henrique Silva; Fabrício Dias de Abreu; e Ana Paula de Freitas. Jairo Werner Junior é graduado em Medicina pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com mestrado em Educação pela mesma instituição e doutorado em Saúde Mental pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atualmente, exerce a função de Professor Titular na Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense, ministrando disciplinas nas áreas de Neuropsiquiatria Infantil, Psiquiatria Infantil e Desenvolvimento Infantil. Além disso, nessa faculdade, ocupa a posição de coordenador do Setor de Psiquiatria da Infância, Juventude e Família. Seu engajamento profissional está centrado no campo da saúde mental e desenvolvimento humano, explorando a perspectiva histórico-cultural de Vigotski como base para suas práticas e abordagens.

Finalizando essa edição, na categoria Relato de Caso, “Fatores socioculturais como potencializadores das amizades de crianças com autismo” - Socio cultural factors as enhancers of friendships of children with autismo , de Camila Sena Valle e Gabriela Mietto, que trazem os fatores sociais e culturais como fonte do desenvolvimento humano. A mediação do outro, para a Teoria Histórico-Cultural, é extremamente importante para a significação de fatores externos para a pessoa. A relação de amizade é um fenômeno social que traz diversos benefícios para a vida de todos, e quando se trata das amizades de crianças com autismo é necessário ter atenção para diferentes formas de se relacionar, comunicar e de necessidades de apoio. Pretende-se discutir como a mediação do outro em ambiente escolar pode favorecer, ou não, o desenvolvimento e manutenção de amizades de crianças com autismo.

Apreciem essa leitura!

Assinam conjuntamente esse editorial:

Triênio 2020-2022 / 2023-2025

Editora-Responsável da Revista Psicopedagogia

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