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Revista Psicopedagogia

Print version ISSN 0103-8486

Rev. psicopedag. vol.41 no.126 São Paulo Sept./Dec. 2024  Epub Dec 16, 2024

https://doi.org/10.51207/2179-4057.20240041 

ARTIGO DE REVISÃO

Socialização parental e agressão em crianças com autismo: Revisão sistemática

Parental socialization and aggression in children with autism: Systematic review

Mírian Carla Lima Carvalho1 

Cleonice Pereira dos Santos Camino2 

Lilian Kelly de Sousa Galvão3 

1Mírian Carla Lima Carvalho – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil

2Cleonice Pereira dos Santos Camino – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil

3Lilian Kelly de Sousa Galvão – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil


Resumo

O objetivo geral deste estudo foi avaliar sistematicamente a produção bibliográfica, dos últimos 20 anos, sobre a relação entre socialização parental e os comportamentos agressivos de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Os critérios de inclusão dos artigos foram: publicações dos últimos 20 anos, dentro da temática escolhida e tendo como amostra crianças com o diagnóstico de TEA. Já os critérios de exclusão utilizados foram: teses, dissertações e artigos duplicados. A partir da busca realizada, foram analisados 25 artigos. De acordo com os artigos selecionados, o comportamento agressivo não é um critério diagnóstico do TEA, mas um comportamento que pode surgir em decorrência de algumas características relacionadas ao transtorno, como déficits na comunicação, déficits sensoriais e padrões comportamentais. Sobre as práticas de socialização utilizadas por pais e mães de crianças com TEA, prevaleceram as estratégias de proteção e controle excessivo e o pouco uso de regras e disciplina. No que tange à relação entre comportamentos agressivos e práticas de socialização, foram encontradas associações significativas entre disciplina e castigo duro e comportamentos agressivos. Acredita-se que os resultados encontrados ajudarão a planejar novas pesquisas e intervenções que incluam cuidadores e crianças com TEA.

Unitermos Agressão; Práticas Parentais; Crianças; Transtorno do Espectro Autista

Summary

The general objective of this study was to systematically evaluate the bibliographical production, over the last 20 years, on the relationship between parental socialization and aggressive behavior in children with Autism Spectrum Disorder (ASD). The inclusion criteria of the articles were: publications from the last 20 years, within the chosen theme and with children diagnosed with ASD as a sample. The exclusion criteria used were: theses, dissertations and duplicate articles. From the search performed, 25 articles were analyzed. According to the selected articles, aggressive behavior is not a diagnostic criterion for ASD, but a behavior that may arise as a result of some characteristics related to the disorder, such as communication deficits, sensory deficits and behavioral patterns. Regarding the socialization practices used by fathers and mothers of children with ASD, excessive protection and control strategies and little use of rules and discipline prevailed. With regard to the relationship between aggressive behavior and socialization practices, significant associations were found between discipline and harsh punishment and aggressive behavior. It is believed that the results found will help to plan new research and interventions that include caregivers and children with ASD.

Keywords Aggression; Parenting Practices; Children; Autistic Spectrum Disorder

Introdução

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um termo utilizado para designar um transtorno do neurodesenvolvimento, que se caracteriza por uma díade diagnóstica: (1) déficits na comunicação e interação social e (2) padrões de comportamento restritos e repetitivos (American Psychiatric Association, 2022).

A socialização parental é o processo de interação pais-filhos numa perspectiva educativa, que envolve práticas utilizadas em situações específicas, as quais podem ser denominadas de práticas parentais (Alvarenga & Piccinini, 2001; Hoffman, 1994; Macarini et al., 2010; Plant et al., 2017). O conjunto dessas práticas e atitudes utilizadas na relação educativa dos pais para com os filhos pode ser denominado de estilos parentais (Lawrenz et al., 2020).

A agressão pode ser definida como um comportamento intencional, que se manifesta por meio da raiva, da hostilidade, da agressão física e da agressão verbal (Buss & Perry, 1992), geralmente, de modo externalizante ou dirigida ao outro (heteroagressão) (Maljaars et al., 2013; Mazurek et al., 2013). No entanto, em pessoas com TEA é comum se observar a autoagressão, que se refere à agressão dirigida a si mesmo, como o bater no próprio rosto, socar ou bater na própria cabeça, morder ou beliscar a si mesmo (Devine, 2014).

Em crianças com desenvolvimento típico é comum relacionar práticas parentais de socialização coercitivas ao aumento de manifestações de comportamentos agressivos nos filhos (Colpo et al., 2021). Um estudo, por exemplo, verificou que as crianças sujeitas a punições físicas, a brigas e a programas violentos apresentaram mais agressões do que as crianças que viviam em ambientes mais saudáveis (Vieira et al., 2010).

Dada essa relação entre ambiente familiar e comportamentos agressivos em crianças com desenvolvimento típico, julga-se relevante fazer uma investigação sistematizada sobre como é essa relação, de acordo com as pesquisas publicadas, em famílias de crianças com diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista. Mais precisamente, esse trabalho tem como objetivo geral avaliar sistematicamente a produção bibliográfica, dos últimos 20 anos, sobre a relação entre socialização parental e os comportamentos agressivos de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). E, como objetivos específicos: (1) Investigar as características metodológicas dos estudos; (2) Descrever as pesquisas que relatam os comportamentos agressivos em crianças com TEA; (3) Descrever os estudos que abordam as práticas parentais utilizadas com crianças com TEA; e (4) Analisar a relação entre a agressividade na criança com TEA e as práticas parentais utilizadas.

Método

A revisão sistemática é um tipo de pesquisa secundária que condensa evidências cientificas sobre estudos primários, de forma metódica, clara, avaliando criticamente os estudos analisados (Galvão & Pereira, 2014). Para nortear a presente revisão sistemática, adotou-se o protocolo PRISMA (Moher et al., 2009).

Tendo como referência os processos acima requeridos para uma revisão sistemática, os descritores foram calibrados no DeCS (Descritores de Ciências da Saúde)/Mesh (Medical Subject Headings) e BVSpsi (Biblioteca Virtual em Saúde – Psicologia Brasil) no dia 9 de abril de 2022, sendo considerados os termos na língua inglesa. Neste caso, foram utilizados os descritores: (1) Autism Spectrum Disorder and socialization or processos de socialização and Children; (2) Autism Spectrum Disorder and socialization and Children and Aggression.

Durante a busca, foram aplicados os seguintes critérios de inclusão dos artigos: publicações dos últimos 20 anos, dentro da temática escolhida e tendo como amostra crianças com o diagnóstico de TEA. Já os critérios de exclusão utilizados foram: teses, dissertações e artigos duplicados.

A coleta dos artigos foi realizada no periódico da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), sendo aplicados os filtros: revisados por pares e em 20 anos (2002 a junho de 2022). Buscou-se ampliar a revisão para outras bases de dados como Scientific Electronic Library Online (SciELO), Periódicos Eletrônicos em Psicologia (Pepsic), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e PubMed. Porém, nenhum artigo foi encontrado.

A partir do periódico CAPES foram selecionados os artigos que continham os termos-chave no título ou resumo. Nessa primeira etapa, foram encontrados 1.828 artigos, entre os anos de 2002 a 2022. Após a análise dos títulos e/ou resumos, selecionaram-se 43 artigos que continham os descritores e os sinônimos relativos ao Transtorno Autista (Transtorno do Espectro Autista, Autismo, Asperger), a agressão (agressividade e agressivos), e a socialização parental (práticas ou estilos parentais). Em seguida, a partir da análise do resumo, foram selecionados para análise integral 30 artigos que pareciam estar dentro dos critérios de inclusão. Salienta-se que havia estudos que tinham em sua amostra crianças e adolescentes conjuntamente.

Observou-se, após a análise integral, que alguns artigos estavam fora da temática, e, nessa última etapa, foram eleitos 25 artigos para serem analisados. Esse processo de identificação, triagem e elegibilidade dos artigos pode ser visualizado na Figura 1.

Fonte: Baseado no Prisma.

Figura 1 Fluxograma da busca nas fontes eletrônicas, João Pessoa, PB, 2022 

Resultados e Discussão

Os conteúdos dos artigos encontrados serão discutidos a partir de quatro categorias temáticas: (1) Características metodológicas dos estudos; (2) Comportamentos Agressivos da pessoa com TEA; (3) Práticas adotadas pelos pais na educação de seus filhos diagnosticados com TEA; e (4) Práticas parentais e agressão de crianças com autismo.

Características metodológicas dos estudos

Dentre os 25 artigos selecionados para leitura integral e síntese, a maioria foi publicada no ano de 2013 (24%; n=6), seguido pelos publicados no ano de 2018 (20%; n=5), depois pelos publicados em 2020, 2019, 2017, 2012 e 2010 (8%; n=2) e, por fim, pelos publicados em 2021, 2016, 2014 e 2011 (4%; n=1).

Essas publicações, em sua maioria, foram feitas por autores provenientes de universidades dos Estados Unidos (56%, n=14), seguidos pelas publicações provenientes do Reino Unido (12%, n=3), Bélgica e Canadá (8%, n=2). Os demais países, Itália, Nova Zelândia, Finlândia, Indonésia, Portugal, Espanha, Brasil, Grécia, Turquia e Rússia, obtiveram uma porcentagem de 4% cada (n=1). Vale ressaltar que existiram estudos multicêntricos. Sobre esse dado, diferentes pesquisas revelam que as variáveis socialização e comportamentos agressivos na população em desenvolvimento típico são sensíveis à influência cultural (Macarini et al., 2010). Nesse sentido, a pouca variabilidade cultural é uma limitação a ser sanada em estudos futuros.

No tocante ao delineamento metodológico dos estudos, a maioria é correlacional (52%, n=13), seguido por de cunho bibliográfico (16%, n=4), experimental (8%, n=2), estudos de caso (8%, n=2), de natureza exploratória (8%, n=2), observacional (4%, n=1) e descritiva (4%, n=1). Esses dados revelam que pesquisas com estratégias metodológicas mais robustas precisam ser realizadas para favorecer uma compreensão mais ampla do tema (Field, 2021).

Uma parte significativa dos estudos elegeu, para sua amostra, a infância e a adolescência de forma conjunta (40%; n=10), o que pode ser considerado uma limitação dessas pesquisas, tendo em vista que são amostras heterogêneas, que apresentam características diferentes em termos físicos, cognitivos e psicossociais (Papalia & Martorell, 2022). Além disso, alguns desses estudos havia um quantitativo amostral pequeno, o que restringe a capacidade de generalização dos dados (24%, n=6).

Nos estudos que informavam a distribuição amostral das pessoas com autismo por gênero, verificou-se uma maior tendência de mais pessoas do sexo masculino do que do sexo feminino (Kaartinen et al., 2014; Sener et al., 2019), o que é coerente com os dados estatísticos atuais que demonstram uma prevalência maior entre pessoas do sexo masculino diagnosticadas com TEA, 3,8 para 1 (Maenner et al., 2023), mas que, por outro lado, favorece uma compreensão enviesada do tema.

Em relação aos instrumentos utilizados, notou-se que 44% (n=13) dos estudos, que se referiam à temática da agressão dos filhos, obtiveram seus dados por meio de observações sistematizadas, de aplicação de questionários, escalas e baterias. Note-se que o uso desses instrumentos é comum em pesquisas sobre a temática com crianças e adolescentes em desenvolvimento típico (Kaartinen et al., 2014; Kane & Mazurek, 2011), mas que não foram adaptados para a realidade de crianças diagnosticadas com TEA.

Particularmente, no tocante aos estudos que incluíram as práticas parentais, a maioria (20%, n=5) avaliou essa variável a partir da percepção das mães, e os demais relataram pais e mães (12%, n=3) ou pais e mães com seus filhos (12%, n=3). O fato dessa participação nas pesquisas ser, em sua maioria, com mães pode estar relacionado ao fenômeno do abandono paterno de crianças atípicas e/ou da falta de apoio dos pais para com as mães de crianças com TEA (Pinto et al., 2016).

Comportamentos agressivos da pessoa com TEA

Os tipos de comportamentos agressivos apresentados nas crianças com TEA foram listados em dois estudos. No estudo bibliográfico de Devine (2014), os comportamentos de autoagressão de crianças com TEA encontrados na literatura foram: bater em seu próprio rosto, bater na sua cabeça, morder-se e beliscar-se. Já no estudo de caso realizado por Randall et al. (2018), com uma menina de 11 anos, diagnosticada com TEA e DI, os comportamentos agressivos apresentados foram: pressão sobre o olho do outro, bater, empurrar e puxão de cabelo. Esses dois estudos demonstram que há o interesse acadêmico sobre os comportamentos agressivos no TEA tanto de heteroagressão como de autoagressão.

A grande maioria dos estudos analisados, que serão descritos a seguir, centrou-se na investigação das possíveis explicações para emissão de comportamentos agressivos no TEA. Particularmente, Farmer et al. (2014), em pesquisa de delineamento correlacional, realizada com 414 crianças com TEA, com de idade média de 7,67 (DP=4,51), e 243 participantes sem diagnóstico, com idade média de 7,1 (DP=3,68), verificaram que a gravidade da agressão era maior na amostra com indivíduos sem diagnóstico de TEA que estavam em atendimento em clínica com abordagem comportamentalista. Além disso, as crianças com TEA eram consideradas sem reação no que se refere a agressão verbal e ao bullying, o que faz sentido visto que a pessoa TEA tem déficits na comunicação (American Psychiatric Association, 2022). Todavia, acerca da hostilidade, essas crianças eram mais reativas, já as crianças sem diagnóstico eram mais proativas.

No estudo correlacional de Farmer et al. (2014), a variável idade teve pouco efeito na agressão. No entanto, Mazurek et al. (2013) em um estudo correlacional, com 1.584 participantes, na faixa etária de 2 a 17 anos, identificaram que havia maior probabilidade de agressão em crianças de idade menor, sobretudo entre 2 e 4 anos. Resultados semelhantes foram encontrados em crianças em desenvolvimento típico, no entanto, a agressão física tendeu a diminuir e a agressão verbal a aumentar com o avanço da idade (Meque, 2011).

No tocante à variável sexo, em uma pesquisa experimental, com 70 participantes, na faixa etária de 7 a 17 anos, cuja maioria era do sexo masculino, Kaartinen et al. (2014) verificaram que os meninos com TEA tinham reações mais graves de agressão do que os meninos sem TEA; enquanto as meninas com TEA tinham reações menos agressivas do que as meninas sem TEA. Da mesma forma, Kane e Mazurek (2011), em um estudo de caráter correlacional, realizado com 1.380 participantes, na faixa etária de 4 a 17 anos, diagnosticados com TEA, sendo 86,6% do sexo masculino, identificaram que o comportamento agressivo era igual tanto em meninos como em meninas. Dentro do desenvolvimento típico, esta comparação é antiga com dados controversos (Buss & Perry, 1992; Paiva et al., 2021; Zequinhão et al., 2016). Uma possível explicação para esses achados conflitantes seria que a percepção de agressão passa por uma questão cultural de gênero.

Também no estudo realizado por Kane e Mazurek (2011) foi constatado que o nível de renda alta foi um preditor significativo da agressão entre os participantes com TEA, e os autores consideraram que esse resultado poderia ser explicado pelo fato de que os pais com renda mais alta tinham mais acesso a intervenções que poderiam contrariar as vontades de seus filhos com TEA e ocasionar reações agressivas.

Kane e Mazurek (2011) ainda verificaram outros fatores preditivos da agressão na pessoa com TEA: problemas sociais e de comunicação relacionados ao TEA (conforme relatados pelos pais), e comportamentos repetitivos (medidos pelo instrumento da pesquisa). Por outro lado, o estado civil dos pais, o nível de escolaridade dos pais e a gravidade relacionada aos sintomas do TEA não foram preditores significativos da agressão.

Em um outro estudo correlacional, realizado por Mazurek et al. (2013), com uma amostra de 1.584 crianças e adolescentes, foi identificado que a heteroagressão estava significativamente associada às seguintes características: autolesão, problemas de sono, problemas sensoriais, problemas gastrointestinais, déficits na comunicação e nas habilidades sociais. Salienta-se que os casos de autolesão estavam associados a casos mais graves de TEA e que problema no sono foi considerado preditor da agressão.

Também, nos estudos revisados, foi verificada relação entre o Quociente de Inteligência (QI) e a agressão. Conforme o estudo Farmer et al. (2014) com 414 crianças com TEA e 243 crianças sem TEA, na faixa etária de 1 a 21 anos, o QI foi positivamente relacionado à agressão verbal e à agressão encoberta; também verificaram que, independentemente do diagnóstico, quanto melhor a comunicação menor o envolvimento com comportamentos agressivos. Em contraposição, no estudo de Kane e Mazurek (2011), realizado com 1.380 crianças e adolescentes diagnosticados com TEA, na faixa etária de 4 a 17 anos, os autores observaram que o nível de funcionamento intelectual e a capacidade de linguagem não foram preditivos de comportamentos agressivos.

Sobre as possíveis explicações acerca dos comportamentos agressivos na criança com TEA, destacam-se nos estudos até aqui analisados a relação da emissão dos comportamentos agressivos com: menor volume do tronco cerebral, déficits nas habilidades sociais e na comunicação, dificuldades sensoriais, estereotipias, dificuldades no sono, problemas gastrointestinais, QI. Algumas variáveis, como idade, renda e sexo apresentam resultados não conclusivos, ou, por vezes, contraditórios, assim como acontece com crianças em desenvolvimento típico. Outra variável significativamente associada aos comportamentos agressivos é a estratégia de socialização parental que será abordada neste artigo em uma seção específica.

Os comportamentos agressivos também foram estudados na relação com a ansiedade e com o funcionamento cognitivo infantil. Niditch et al. (2012) verificaram em um estudo correlacional, com 231 crianças com diagnóstico de TEA, de 2 a 9 anos, que a relação entre funcionamento cognitivo e ansiedade era explicada pela presença de maior compreensão social e maior agressividade em crianças pequenas.

Duas pesquisas verificaram a relação dos comportamentos agressivos infantis com o bem-estar materno. Na primeira, Hodgetts et al. (2013), em uma pesquisa exploratória, realizada com nove famílias de indivíduos com TEA, na faixa etária de 6 a 29 anos, identificaram dificuldades dessas famílias conviverem em ambientes sociais devido aos comportamentos agressivos de seus filhos. Esses comportamentos também interferiam na rotina e no bem-estar de outros membros da família, bem como promoveram exaustão física e emocional e dificuldades das famílias de descansarem. Na segunda, Totsika et al. (2013) realizaram um estudo correlacional, com 132 crianças (nas faixas etárias de 9 meses, 3 e 5 anos) e não encontraram evidências de correlação entre bem-estar materno e comportamentos problema. Este resultado contraditório entre esses dois estudos pode estar associado a diferenças nas faixas etárias, tamanho amostral e delineamentos utilizados.

Práticas de socialização de crianças diagnosticadas com TEA

De acordo com a revisão de literatura realizada por Chaidi e Drigas (2020), a presença participativa da mãe na educação dos seus filhos com TEA é alta, enquanto a dos pais é baixa. Em consonância com esse resultado, Jones et al. (2013) identificaram em uma pesquisa correlacional que existia nas mães um maior nível de responsabilização pelos filhos.

Essa participação materna ativa na educação de crianças com TEA também foi verificada em uma pesquisa descritiva realizada por Utami et al. (2018), com 5 mães e 3 professoras de crianças com TEA. Os resultados indicaram que o papel materno para as crianças com TEA, em idade escolar, era importante para estimular o desenvolvimento da criança e contribuía para o processo de ensino das habilidades de comunicação e socialização.

Em outro estudo, de caráter exploratório, com 83 mães com filhos diagnosticados com autismo, na faixa etária de 3 a 13 anos, constatou-se que os níveis de sintomas depressivos materno e a rigidez familiar estavam relacionados a interações parentais frustrantes, enquanto o funcionamento familiar coeso estava relacionado com a percepção materna de interações parentais positivas (Pruitt et al., 2016). Por outro lado, em uma pesquisa experimental com 66 mães e 4 pais de filhos com TEA de 3 a 18 anos, não foi encontrada relação entre estresse materno e os estilos parentais avaliados (permissivo, autoritário e autoritativo) (Clauser et al., 2020).

Outro estudo que não encontrou relações significativas entre a parentalidade e diferentes variáveis foi a pesquisa correlacional desenvolvida por Caplan et al. (2019). No estudo com 176 crianças, na faixa de 4 a 7 anos, o Quociente de Inteligência da criança, a linguagem e o nível de gravidade do autismo não se relacionaram com o envolvimento de suporte dos pais. Também, as características familiares e dos pais, como a renda familiar e a escolaridade, não se associaram aos domínios de parentalidade responsiva.

Por outro lado, o estudo correlacional de Baptista et al. (2019), com 59 mães, na faixa etária de 27 a 41 anos, e os seus filhos de 3 a 6 anos, identificou que o estilo materno menos responsivo foi relacionado positivamente com a idade intelectual das crianças, porém, não se relacionou com os problemas emocionais e comportamentais dos filhos. Dois outros estudos avaliaram a responsividade parental e encontraram associação com habilidades sociais em crianças com TEA, o primeiro, com 77 crianças na faixa etária de 28 a 39 meses (De Froy et al., 2021) e o segundo com 176 crianças na faixa de 4 a 7 anos (Caplan et al., 2019).

Também, Maljaars et al. (2013), em um estudo correlacional, com 989 mães de crianças com TEA e sem TEA, que estavam na faixa etária de 6 a 18 anos, verificaram que as mães de filhos com TEA obtiveram pontuações significativamente mais baixas em regras e disciplina e mais altas em parentalidade positiva do que as mães de filhos com desenvolvimento típico. Corroborando e complementando esses dados, um estudo correlacional, com 26 pais, cujos filhos estavam na primeira infância e foram diagnosticadas com autismo de nível de suporte 1, demonstrou a presença de um estilo de “hiperproteção dominante”, que se caracterizava por práticas de proteção e controle excessivo, medo do crescimento do filho e baixo nível de cobrança e autonomia (Beltyukova et al., 2021).

De um modo geral, ao se avaliar as pesquisas encontradas nesta revisão sistemática sobre práticas de socialização de crianças com TEA, observa-se que diferentes construtos (parentalidade responsiva, práticas parentais, estilos parentais, parentalidade positiva, etc) são avaliados por meio de delineamentos e instrumentos diversificados. De qualquer forma, o que parece comum entre alguns estudos é a predominância do baixo nível de controle e cobrança pelos pais e mães de crianças com TEA. Chama a atenção também que muitas variáveis testadas, como estresse materno, quociente de inteligência da criança, linguagem, nível de gravidade, renda familiar e escolaridade não se associaram de forma significativa com a parentalidade avaliada. Por outro lado, merece destaque que a responsividade parental encontrou associação com habilidades sociais em crianças com TEA e que o funcionamento familiar coeso estava relacionado com a percepção de interações parentais positivas, o que demonstra que essas práticas precisam ser estimuladas.

Práticas parentais e agressão de crianças com autismo

Na revisão sistemática realizada por O’Nions et al. (2017), de 15 artigos referentes a estudos de caso, eles observaram que as estratégias parentais utilizadas para mediar e prevenir os comportamentos problemáticos na pessoa com TEA são complexas, uma vez que cada criança apresenta demandas específicas e, por vezes, requer estratégias individualizadas. Algumas dessas estratégias foram listadas: evitar fazer algo que a criança não goste para escapar dos comportamentos problemas; fazer atividades em hora e dia de melhor funcionamento da criança e de acordo com o interesse da criança; retornar mais cedo, caso saíssem, ou limitar as atividades e passeios com as crianças; evitar estímulos sensoriais aversivos; informar antecipadamente sobre qualquer mudança na rotina; distrair a criança para retirá-la do comportamento problema; utilizar a contenção física em casos graves de agressão.

Além dessas estratégias, conforme o estudo correlacional de Maljaars et al. (2013), com 989 mães de crianças com TEA e em desenvolvimento típico, as mães de crianças com TEA foram mais propensas a utilizar estratégias de adaptação do ambiente (como o bloqueio de estímulos que atrapalhassem a atenção da criança) e a estimular o desenvolvimento saudável de seus filhos que realizavam comportamentos agressivos (ao comunicarem-se com os filhos utilizando-se de perguntas e instruções verbais simples ou através do uso de comunicação aumentativa). Esses dados demonstram que os comportamentos agressivos apresentados pelas crianças com TEA podem requerer práticas parentais preventivas e individualizadas.

Também com o objetivo de encontrar explicações sobre que práticas parentais contribuem com a manifestação de comportamentos agressivos, o estudo de caso realizado por Randall et al. (2018), com uma menina de 11 anos, diagnosticada com TEA e DI, indicou que a criança permanecia com comportamentos agressivos porque esses comportamentos tinham sido reforçados positivamente e, em outros momentos, eram mantidos por reforço negativo. Um outro estudo de caso de abordagem teórica e metodológica semelhante, com duas crianças, na faixa etária de 7 anos, diagnosticadas com TEA, verificou que a agressão acontecia porque as crianças queriam ter acesso a objetos utilizados para a execução de comportamentos estereotipados (White et al., 2011).

Baker et al. (2018) realizaram um estudo correlacional com 40 participantes, na faixa etária de 4 a 11 anos, por meio de medidas psicofisiológicas e atividades previamente estabelecidas, e identificaram que a atitude crítica dos pais foi positivamente associada a problemas de externalização (comportamentos manifestos para o ambiente, sendo um deles a agressão) da criança com autismo. De forma semelhante, Maljaars et al. (2013) encontraram, em uma pesquisa realizada com 989 mães de crianças com TEA e com desenvolvimento típico, na faixa etária de 6 a 18 anos, que os problemas de externalização dos filhos (comportamentos manifestos no ambiente, inclusive o de agressão) se correlacionaram positivamente com a disciplina e o castigo duro aplicado pelas mães.

A partir dos resultados elencados, salienta-se que as práticas parentais mais severas também podem constituir fator de risco para os comportamentos agressivos na pessoa com TEA, ainda que possa ser em nível menor que nas pessoas típicas (Campbell et al., 2010; Kane & Mazureck, 2011).

Considerações

De um modo geral, pode-se dizer que os objetivos do estudo foram alcançados. Sobre o primeiro objetivo (investigar as características metodológicas dos estudos), pôde-se perceber que havia uma variabilidade cultural, o público amostral com TEA tendia em sua maioria ser do sexo masculino e identificou-se a necessidade de outros delineamentos mais robustos.

Em relação ao segundo objetivo (descrever as pesquisas que relatam os comportamentos agressivos de crianças com autismo), constatou-se que o comportamento agressivo não é critério diagnóstico do TEA, mas um comportamento que pode surgir em decorrência de algumas características relacionadas ao TEA, como déficits na comunicação, déficits sensoriais, rigidez cognitiva e estereotipias. Também foi possível notar, a partir dos estudos encontrados, o impacto emocional e social que esses comportamentos têm nas famílias com crianças diagnosticadas com TEA e, por isso, a necessidade de práticas parentais eficazes que amenizem esses efeitos.

Em relação ao terceiro objetivo específico (descrever as pesquisas que relatam as práticas parentais utilizadas com crianças com autismo), verificou-se que os estudos privilegiaram em suas análises as práticas maternas de socialização em detrimento às paternas, o que parece denunciar uma sobrecarga sobre a figura feminina na criação dos filhos com TEA. Sobre as práticas de socialização utilizadas por pais e mães de crianças com TEA, não há um consenso a esse respeito. Mas, prevaleceram aqueles estudos que demonstraram que crianças com TEA são socializadas predominantemente por meio de práticas de proteção e controle excessivo, ou, em outros casos, através do pouco uso de regras e disciplina. Essas estratégias parentais podem estar associadas à percepção de que crianças com TEA precisam de um cuidado especial ou que têm pouca compreensão.

Sobre o quarto objetivo específico (verificar se a literatura aborda alguma relação entre a agressividade na pessoa com autismo e as práticas parentais que foram utilizadas), constatou-se que as práticas parentais mais severas podem ser fator de risco aos comportamentos agressivo na pessoa com TEA. Além disso, os estudos revelaram que a família para lidar com os comportamentos agressivos infantis costumam utilizar estratégias individualizadas, preventivas e adaptativas em relação ao comportamento problema.

De um modo geral, pode-se dizer que a realização desta revisão sistemática contribuiu para o entendimento dos comportamentos agressivos em criança com TEA e sua relação com as práticas de socialização parental. Contudo, com base nos dados que foram sistematizados, sugere-se que outras pesquisas, com delineamentos mais robustos, com amostras maiores e mais diversificadas, que incluam outros cuidadores e outras faixas etárias, sejam realizadas para esclarecer o impacto das práticas de socialização no comportamento agressivo da pessoa com TEA, bem como sugere-se que planos interventivos sejam elaborados. Por fim, indica-se que outros estudos de revisão, com a inclusão de outros descritores, como Asperger, estilos parentais e condutas delitivas, sejam realizados.

Referências

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Recebido: 05 de Setembro de 2023; Aceito: 23 de Março de 2024

Correspondência Mírian Carla Lima Carvalho, Universidade Federal da Paraíba Jardim Cidade Universitária – João Pessoa, PB, Brasil – CEP: 58.051-900. E-mail: mirianclcarvalho@gmail.com

Trabalho realizado na Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil.

Conflito de interesses: As autoras declaram não haver.

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