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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641Xversão On-line ISSN 2175-3601

Rev. bras. psicanál vol.58 no.3 São Paulo  2024  Epub 28-Mar-2025

https://doi.org/10.69904/0486-641x.v58n3.04 

Temáticos

Ventura e desventura na procura do prazer autêntico1

Ventura y desventura en la busca del placer auténtico

Fortune and misfortune in the search for authentic pleasure

Chance et malchance dans la recherche du plaisir authentique

Cecil José Rezze2 

Doutor em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

2Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP). Analista didata do Instituto de Psicanálise Durval Marcondes da SBPSP. São Paulo


Resumo

O estímulo inicial para o estudo deste tema - prazer autêntico - proveio de vivências clínicas de uma cliente que afirmara que o autor precisava da dor para trabalhar. Ele ressalta que o prazer autêntico surge clinicamente como possibilidade que complementa a dor, o que se insere no conceito universal de que prazer e dor fazem parte da existência humana. O prazer autêntico não é um estado de contemplação, embora possa sê-lo; não é um estado de êxtase, embora possa sê-lo; não é um estado de dor, embora possa sê-lo; não é um insight, embora possa sê-lo. Esses fatos desencadearam a necessidade de precisar o conceito de prazer, no que o autor foi acompanhado por Platão, que nega sua importância, e Aristóteles, que o destaca como essencial à vida feliz. Muitos séculos depois, Baumgarten introduz a sensibilidade nos estudos filosóficos. Kant enfatiza que o sentimento de prazer, por ocasião do encontro com uma representação bela, é desinteressado, universal, final e necessário. A apreensão do belo introduz a dimensão estética desde o nascimento, como elemento essencial ao desenvolvimento mental. Na atualidade, a psicanálise entrelaça os conceitos de prazer e prazer autêntico, estética e arte, no que vai requerer nosso extremo interesse.

Palavras-chave: prazer; dor; estética; desinteressado; arte

Resumen

El estímulo inicial para estudiar este tema -el placer auténtico- surgió de las experiencias clínicas de una cliente que decía que el autor necesitaba el dolor para trabajar. Él destaca que el placer auténtico surge clínicamente como una posibilidad complementaria al dolor, lo que se inscribe en el concepto universal de que el placer y el dolor forman parte de la existencia humana. El placer auténtico no es un estado de contemplación, aunque puede serlo; no es un estado de éxtasis, aunque puede serlo; no es un estado de dolor, aunque puede serlo; no es un insight, aunque puede serlo. Estos hechos desencadenaron la necesidad del autor de precisar el concepto de placer, en lo que le acompañaron Platón, que negaba su importancia, y Aristóteles, que lo destacaba como esencial para una vida feliz. Muchos siglos después, Baumgarten introdujo la sensibilidad en los estudios filosóficos. Kant subraya que el sentimiento de placer ante una representación bella es desinteresado, universal, final y necesario. La aprehensión de la belleza introduce la dimensión estética desde el nacimiento, como elemento esencial del desarrollo mental. En la actualidad, el psicoanálisis entrelaza los conceptos de placer y placer auténtico, estética y arte, lo que requerirá nuestro extremo interés.

Palabras clave: placer; dolor; estética; desinteresado; arte

Abstract

The initial stimulus for studying this topic - authentic pleasure - came from the clinical experiences of a client who said that the author needed pain to work. He points out that authentic pleasure emerges clinically as a possibility that complements pain, which is inscribed in the universal concept that pleasure and pain are part of human existence. Authentic pleasure is not a state of contemplation, although it can be; it is not a state of ecstasy, although it can be; it is not a state of pain, although it can be; it is not an insight, although it can be. These facts triggered the need to specify the concept of pleasure, in which the author was accompanied by Plato, who denied its importance, and Aristotle, who highlighted it as essential to a happy life. Many centuries later, Baumgarten introduced sensibility into philosophical studies. Kant emphasizes that the feeling of pleasure when encountering a beautiful representation is disinterested, universal, final and necessary. The apprehension of beauty introduces the aesthetic dimension from birth, as an essential element of mental development. Today, psychoanalysis intertwines the concepts of pleasure and authentic pleasure, aesthetics and art, which will require our extreme interest.

Keywords: pleasure; pain; aesthetics; disinterested; art

Résumé

Le stimulus initial pour l’étude de ce sujet - le plaisir authentique - est venu des expériences cliniques d’une cliente qui a dit que l’auteur avait besoin de la douleur pour travailler. Il souligne que le plaisir authentique émerge cliniquement comme une possibilité qui complète la douleur, ce qui correspond au concept universel selon lequel le plaisir et la douleur font partie de l’existence humaine. Le plaisir authentique n’est pas un état de contemplation, bien qu’il puisse l’être ; ce n’est pas un état d’extase, bien qu’il puisse l’être ; ce n’est pas un état de douleur, bien qu’il puisse l’être ; ce n’est pas un insight, bien qu’il puisse l’être. Ces faits ont déclenché la nécessité de préciser le concept de plaisir, ce en quoi l’auteur a été accompagné par Platon, qui en niait l’importance, et Aristote, qui le soulignait comme essentiel à une vie heureuse. Bien des siècles plus tard, Baumgarten introduit la sensibilité dans les études philosophiques. Kant souligne que le sentiment de plaisir face à une belle représentation est désintéressé, universel, définitif et nécessaire. L’appréhension de la beauté introduit la dimension esthétique dès la naissance, comme un élément essentiel du développement mental. Aujourd’hui, la psychanalyse entrelace les concepts de plaisir et de plaisir authentique, d’esthétique et d’art, ce qui nécessitera notre plus grand intérêt.

Mots-clés: plaisir; douleur; esthétique; désintéressé; art

Algumas ideias sobre dor desencadeavam, em minha experiência, impressões de perplexidade quando as confrontava com vivências de natureza diversa, mas que eu não conseguia discriminar com clareza.

Tive preciosa ajuda de uma cliente, cujo comentário, numa sessão, despertou o meu interesse e curiosidade para rumos com os quais eu já estava me debatendo: ela afirmou que “o analista assinala a dor porque necessita dela para trabalhar”, complementando que “é o seu desejo [do analista], ele assinala somente aquilo que traz dor”.

O próximo impulso me foi dado pela temática do Congresso Brasileiro de Psicanálise de 2011, Objetivos da análise: prazer possível? realidade possível?, em que se propõe como objetivo da análise o prazer (possível) como indagação, com a qual eu também já estava me debatendo. Ainda mais, com o tema que me coube, Limites: prazer e realidade, pude encaminhar as ideias em duas direções: a primeira foi considerar que prazer e realidade não são opostos, ou seja, o prazer faz parte da realidade humana; a segunda foi diferenciar princípio de prazer de prazer - este tem significados diversos, o que me permitiu avançar para a ideia de prazer autêntico.

Essa ideia nos põe num universo conceitual novo e, para lidar com essa situação, propus uma linha teórica, com o conceito de teorias fracas (Rezze, 2010/2021a), e uma linha clínica, desenvolvida com a teoria fraca do mata-borrão, que desembocou na manifestação do cliente que fica surpreso e ri intensamente: “É mesmo!”. Esses fatos deram substrato para o que considero o prazer autêntico.

O próximo passo foi a apresentação de “Prazer autêntico: mudança de paradigma”, em Ribeirão Preto,3 em companhia de Luiz Tatit e Abram Eksterman.

Começo com uma citação de Bion, que se refere ao escritor Herman Melville, o qual destaca que a única forma de ler adequadamente um livro é com encantamento (awe) (citado por F. Bion, 1981).

A seguir, faço uma descrição. Outro dia, no café da manhã, estavam minha neta e a mãe conversando, não me lembro do quê. A menina, de 5 anos, se manifestava com doçura sobre o que a mãe lhe dizia. Tive uma dessas raras oportunidades na vida de enternecimento profundo e um desejo de que o momento fosse perene, embora me viesse ao fundo a sensação imprecisa de um futuro, colorindo o presente.

Essa vivência afetuosa entre mãe e filha permitiu que intuitivamente eu afirmasse: o prazer autêntico não é um estado de contemplação, embora possa sê-lo; não é um estado de êxtase, embora possa sê-lo; não é um estado de dor, embora possa sê-lo; não é um insight, embora possa sê-lo.

Prossigo com um fragmento de sessão, no qual o cliente vive um insight e contentamento, o que aproximo ao prazer autêntico.

Em direção diferente, considero que Bion, em “Uma teoria sobre o pensar” (1962/1994), assinala que a realização, que permite transformar a pré-concepção em concepção, é vivida com satisfação.

Para os trabalhos do início desta série, apresento dois vídeos que facultam criar um estado emocional que sensibilize os participantes para o tema do prazer autêntico. Primeiro, uma tela de Sandro Botticelli, O nascimento de Vênus (c. 1484), obra-prima desse pintor, que sempre se dedicou ao tema religioso e produziu um dos mais importantes nus do Renascimento, em que a deusa simbolizaria não o amor, mas o ideal da verdade (Gênios da pintura, 1962/1970). Esse nu não se destaca pela força da sexualidade, mas por sentimentos que Villada (2010) traduz assim: “Sua inegável formosura ficou preservada da erosão do tempo pelo pincel de Botticelli, ao colocá-la como figura central neste quadro, transformando-a em um mito, um corpo perfeito, que transmite a vulnerabilidade da juventude”. Contrastando com essa visão, apresento um quadro televisivo, um programa de calouros, no qual uma mulher de 80 anos nos surpreende e sensibiliza com sua maravilhosa e poderosa voz, e com uma personalidade humilde e autêntica.

Nutrido pelos desenvolvimentos semióticos de Luiz Tatit (2007), volto a Ribeirão Preto no segundo semestre de 2014 e apresento “Prazer autêntico - o belo - estesia: ideias embrionárias”,4 que prossegue no exame da estética, já esboçado no trabalho anterior.

Faço uma introdução com duas situações que ficaram sem incorporar para mim - dor e cura - e discorro sobre a minha experiência clínica, na qual muitas vezes os estados de criatividade e satisfação do cliente são substituídos pelos de dor, conseguidos das mais diversas formas, como apresentar situações familiares insolúveis ou lembranças terríveis do passado, sentir o analista como cruel, e assim por diante.

Introduzo o prazer estético e logo uma citação de Greimas, quando descreve a vida de um náufrago sobrevivente em uma ilha deserta:

Robinson - o de Michel Tournier -, que até este momento havia conseguido ordenar sua vida segundo o ritmo das gotas de água que caíam uma a uma de uma clepsidra improvisada (relógio de água), encontrou-se de repente despertado pelo “silêncio insólito” que lhe revelou o ruído da última gota a cair na bacia de cobre. Voltando a cabeça, verificou que a gota seguinte aparecia timidamente sob o garrafão vazio, adotava um perfil piriforme, hesitava depois, como se desencorajada, tomava sua forma esférica, “renunciando decididamente a cair”, chegou mesmo a “esboçar uma inversão no curso do tempo”. Robinson se recostou para saborear durante alguns momentos esta inesperada suspensão do tempo. (2002, p. 23)

É a fratura que acontece em tempo mínimo, e Greimas encarece a importância de fatos dessa natureza para o cotidiano da existência.

Meltzer e Williams (1995) proporcionam a aproximação com o belo quando consideram que, ao nascer, a criança se depara com o belo rosto e seio da mãe comum, que são a base de seu desenvolvimento.

Prazer autêntico: novos rumos

Após a apresentação da ideia de prazer autêntico em jornadas, seminários, publicações e conversas pessoais, comecei a ter o retorno de colegas de diferentes formas. Alguns se debruçaram sobre o texto e levantaram questões a respeito do significado da expressão, solicitando esclarecimentos que envolvessem uma teorização profunda e consistente de minhas afirmações. Muitos colegas passaram a comentar que suas experiências e vivências, em variados momentos, eram as do prazer autêntico e, às vezes, afirmavam isso em clima amistoso e brincalhão.

Esses fatos me fizeram refletir sobre como teriam lido ou ouvido minhas comunicações e como elas teriam repercutido em seu espírito, pois as observações eram as mais variadas, sugerindo usos e aplicações diferentes dos que corresponderiam aos que eu esperava de meus escritos e apresentações.

Isso me levou a considerar que estava frente a uma abertura maior do que o prazer autêntico, ou seja, eu ouvia a comunicação de diversas formas de prazer, que expandiram o campo e que me lançaram em horizonte novo e desconhecido, fazendo-me indagar qual seria esse campo com o qual eu estava me defrontando.

A dor, breve apanhado

Tenho salientado que o prazer autêntico surge clinicamente como possibilidade que se contrapõe à dor, o que se insere no conceito universal de que prazer e dor fazem parte da existência humana. Assim, antes de prosseguir, proponho um breve apanhado sobre a dor.

A leitura de Meltzer e Williams (1995) estimula considerações entre dor mental e conflito psíquico, estendendo o conceito de dor para o de maior amplidão, como equivalente à angústia. Assim, já no caso do pequeno Hans, o conflito entre os sentimentos amorosos em relação à mãe e os hostis em relação ao pai desencadeia a angústia de castração diante de cavalos. Em Melanie Klein, surgem as angústias esquizoparanoides e depressivas, ligadas às vicissitudes diante do conflito entre bons e maus objetos internos, com vivências persecutórias na primeira posição, e de culpa, preocupação e cuidados com o objeto na segunda posição. Lá está a dor psíquica em ambas as situações.

Para Meltzer e Williams (1995), apesar das contribuições de Bion sobre os vínculos de amor, ódio e conhecimento, sendo esse último equiparado como emoção, e a contraparte negativa desses vínculos, ele não se afasta da ligação entre dor mental e frustação, até o capítulo 10 de Atenção e interpretação, onde introduz a ideia de mudança catastrófica.

Em geral o paciente está descrevendo algo que, tenho certeza, existe - a dor mental. Quando é física, pode-se indagar: “Que tipo de dor é essa?”. Com o gênero de paciente que temos, precisamos ser capazes de reconhecer os diferentes nomes que são dados à dor: ansioso, assustado, aterrorizado, embaraçado, envergonhado, e assim por diante. Representam, todos eles, modalidades distintas de dor. (Bion, 1978/2000)

A estética

Com as contribuições de Greimas e de Meltzer e Williams, e o recurso da estética, pude ampliar o conceito de prazer autêntico no que se refere à ruptura do sistema utilizado pelo cliente, e também por considerar que a importância disso é permitir a possibilidade de mudança de visão de mundo e de si mesmo, bem como o inesperado de perceber a graça e o encantamento de viver no cotidiano da existência.

A nossa investigação é sobre o prazer autêntico. Com a introdução da apreensão estética não aparece a qualidade explícita - prazer.

O prazer se expande

Além do retorno obtido dos colegas frente ao tema do prazer autêntico, pude aprofundar o estudo com indagações que surgiram em seminários teóricos que desenvolvo no instituto da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP). Proposto o tema com a apresentação de trabalho, surgiram indagações sobre o que era o prazer autêntico e como se manifestava: prazer numa gostosa refeição, na audição de uma música, no ato sexual, no deslumbre súbito de uma visão da natureza, na visualização ou audição de uma obra de arte, na leitura de um livro, no pensamento, no fazer bem uma atividade que desenvolvemos, em fazer o bem a uma pessoa, em fazer o mau a alguém - e as questões se desdobraram amplamente. Em trabalho anterior, eu já havia sugerido de forma intuitiva um campo introdutório sobre o prazer autêntico: “Prazer diz desde a satisfação dos sentidos até a satisfação do espírito ou da alma, como o prazer estético ou ético” (Rezze, 2021b, p. 308).

Platão e Aristóteles

Platão e Aristóteles são marcos essenciais no surgimento da filosofia no mundo ocidental, desenvolvendo aspectos diferentes de pensamento, os quais foram alvo de estudo por filósofos ao longo de centenas de anos. A minha aproximação a eles se deve ao fato de terem se ocupado do prazer de maneira profunda, aumentando sua discriminação e seu significado. Fizeram-no de forma oposta, Platão (c. 360 a.C./1974) negando sua importância, e Aristóteles (c. 335 a.C./1991) destacando-o como essencial à vida feliz.

À proposta de Filebo sobre o prazer ser um bem - “O que Filebo afirma é que, para todos os seres animados, o bem consiste no prazer e no deleite e tudo o mais do mesmo gênero” -, Sócrates refuta:

De nossa parte, defendemos o princípio de que talvez não seja nada disso, mas que o saber, a inteligência, a memória e tudo o que lhes for aparentado, como a opinião certa e o raciocínio verdadeiro, são melhores e de mais valor que o prazer, para quantos forem capazes de participar deles, e que essa participação é o que de mais vantajoso pode haver para os seres em universal, presentes e futuros. Não foram esses pontos, Filebo, mais ou menos, que cada um de nós defendeu? (Platão, c. 360 a.C./1974, p. 105, grifos meus)

Chamou-me a atenção a veemência da reação de Sócrates, o que me levou a investigar e a concluir que, na época, haviam se vulgarizado na Grécia as teorias hedonistas, cujo fundador, Aristipo de Sirene, era contemporâneo de Sócrates.

Aristipo de Cirene (c. 435-335 a.C.), contemporâneo de Sócrates, é considerado o fundador do hedonismo filosófico. … Segundo ele, o prazer, independentemente da sua origem, tem sempre a mesma qualidade, e o único caminho para a felicidade é a busca do prazer e a diminuição da dor. Ele afirma inclusive que o prazer corpóreo é o próprio sentido da vida. (“Hedonismo”, 2024)

Antes de fazer esclarecimentos sobre o prazer autêntico, devemos considerá-lo uma forma de prazer que se inclui nas indagações antes mencionadas e, para estas, temos um amplo campo de desenvolvimento, fornecido por Aristóteles.

Os prazeres são diversos

Ao descrever as diferentes atividades que o homem desenvolve, Aristóteles considera que a cada uma corresponde um prazer determinado e introduz a noção de que os prazeres diferem entre si por assim diferirem as atividades. Proposição filosófica fundamental é a de ato ou atividade (conforme a tradução). Para o viés que estamos estudando, citemos a referência de como será utilizado o conceito de atividade.

Dir-se-ia que todos os homens desejam o prazer porque todos aspiram à vida. A vida é uma atividade, e cada um é ativo em relação às coisas e com as faculdades que mais ama: por exemplo, o músico é ativo com o ouvido em referência às melodias, o estudioso com o intelecto em referência a questões teóricas, e da mesma forma nos outros casos. … já que sem atividade não surge o prazer, e cada atividade é completada pelo prazer que a acompanha. (c. 335 a.C./1991, p. 225)

A citação nos esclarece sobre algumas questões levantadas na introdução. Assim, os comentários “em clima amistoso e brincalhão” parecem denotar o prazer que os colegas tiveram na atividade de pensar sobre o prazer autêntico, e as questões levantadas pelo grupo de estudos ampliam o campo do termo prazer.

Aristóteles oferecerá um precioso auxílio para discriminar as diversas formas de prazer. No mesmo contexto, podemos estabelecer outra diferença entre os prazeres, considerando alguns superiores a outros.

Assim, pois, como diferem entre si as atividades, também diferem os prazeres correspondentes. Ora, a vista é superior ao tato em pureza, e o ouvido e o olfato ao gosto; portanto, os prazeres correspondentes também são superiores, e os do pensamento estão acima de todos estes. E dentro de cada uma das duas espécies alguns são superiores a outros. (p. 227, grifo meu)

Verificamos diferenças entre uma e outra atividade dos sentidos e a do pensamento, considerando-a superior às dos sentidos.

Prossigamos com as diferenças de prazer e consideremos minha proposição de trabalho anterior: “À palavra prazer acrescentei autêntico. Prazer diz desde a satisfação dos sentidos até a satisfação do espírito ou da alma, como o prazer estético ou ético” (Rezze, 2021b, p. 308). Sobre os sentidos que estivemos analisando, vamos destacar o prazer ético, que no texto de Aristóteles faz parte do significado moral.

Ora, assim como as atividades diferem com respeito à bondade ou maldade, e umas são dignas de escolha, outras devem ser evitadas e outras ainda são neutras, o mesmo sucede com os prazeres, pois cada atividade tem o seu prazer próprio. O prazer próprio a uma atividade digna é bom, e o próprio a uma atividade indigna é mau. … discutir a hipótese de ser a atividade a mesma coisa que o prazer. (No entanto, o prazer não parece ser o pensamento ou a percepção. Isso seria estranho; mas, como nunca andam um sem o outro, alguns julgam que sejam a mesma coisa. (p. 227, grifo meu)

A citação faz duas afirmações distintas. De início, continua diferenciando as espécies de prazer, relacionando-as com a atividade, a bondade e a maldade. Além disso, salienta que o prazer segue à atividade, mas não se confunde com ela.

Pudemos observar várias formas em que Aristóteles destaca as diferenças do prazer.

Baumgarten e Kant

Segundo Baumgarten (1750/1993), estética é a capacidade da estesia, ou seja, de sentir o belo.

Outra contribuição importante vem de Kant, a qual me foi introduzida por Pedro Costa Rego no trabalho “Conhecimento e prazer na estética de Kant” (2007), que se inicia assim:

A tese fundamental da “Crítica da faculdade do juízo estética”, primeira parte da Crítica da faculdade do juízo, de Kant, é a de que o juízo reflexionante estético, pelo qual expressamos nosso sentimento de prazer por ocasião do encontro com uma representação bela, é desinteressado, universal, final e necessário. (p. 33, grifos meus)

Nessa passagem, há um esclarecimento da existência do sentimento de prazer quando surge uma representação bela, ou seja, concluo que a contribuição da estética para a psicanálise está ligada ao sentimento de prazer diante de uma representação bela ou do belo, porém a minha consideração do prazer autêntico atinge áreas mais extensas.

A citação a seguir distingue entre a faculdade de conhecer e a de sentir:

Ora, o argumento de que Kant se serve para distinguir, antes de mais nada, o juízo de gosto do juízo de conhecimento, vale dizer, do juízo determinante de conhecimento teórico, é o de que, enquanto aquele tem num sentimento de prazer sua razão determinante, esse último não é acompanhado de modo necessário por um sentimento de prazer. (pp. 34-35, grifos meus)

Neste momento, não vou enfatizar a distinção que Kant faz entre os dois juízos, mas destaco a ideia de que “o juízo de gosto … tem num sentimento de prazer sua razão determinante”. Isso se refere à diretriz central de todo o meu trabalho do prazer autêntico. Quando se introduz a estética em psicanálise, isso corresponde, em geral, a uma polifonia das artes, em que estas aparecem em fragmentos de múltiplas formas, como poesia, prosa, pintura, escultura, cinema e teatro. Como o prazer autêntico é uma experiência e conceito que se origina da experiência clínica frente à dor, no dualismo da vida em que sentimos prazer e dor (Aristóteles, c. 335 a.C./1991; Meltzer & Williams, 1995), aqui surge a afirmação de que ele é determinante no juízo de gosto, o qual se relaciona com a estética. Portanto, o prazer é determinante na estética, o que corresponde à minha experiência de detectar na experiência clínica um fator que dá clareza ao que acontece diante de uma experiência estética. Esse fator - prazer autêntico - vai além da experiência estética, quando o prazer entra em diálogo com a dor na experiência clínica.

Volto ao momento anterior, agora enfatizando a diferença de juízos, e introduzo uma contribuição de Kant: “Na condição de reflexionante, o juízo estético puro é fundamentalmente distinto do juízo de conhecimento (teórico ou prático), o qual, por referir representações dadas a um conceito do entendimento ou da razão, recebe o nome de determinante” (p. 34, grifos meus).

Nesse trecho, temos uma distinção clara entre o juízo estético puro e o juízo de conhecimento (teórico ou prático), separando as emoções e o campo de entendimento ou conhecimento. Kant introduz um acréscimo bastante importante a seguir, assinalando que, ao empreendermos o trabalho de conhecimento sobre a natureza - poderia ser sobre qualquer conhecimento, teórico ou prático -, o prazer deve ser considerado.

Nós já não pressentimos mais qualquer prazer notável ao apreendermos a natureza [an der Fasslichkeit der Natur] e a sua unidade da divisão em gêneros e espécies, mediante o que, apenas, são possíveis conceitos empíricos, pelos quais a conhecemos segundo as suas leis particulares. Mas certamente esse prazer já existiu noutros tempos, e somente porque a experiência mais comum não seria possível sem ele, foi-se gradualmente misturando com o mero conhecimento sem se tornar mais especialmente notado. (Kant, citado por Rego, 2007, p. 35, grifo meu)

Kant assinala o prazer que acompanha ter o conhecimento, porém este foi se misturando gradualmente com o mero conhecimento, sem se tornar mais especialmente notado. Isso é algo central em meus trabalhos sobre o prazer autêntico, nos quais ressalto que tanto o trabalho clínico quanto as teorias pertinentes em geral salientam a dor, enquanto a satisfação, a alegria e o prazer envolvidos e presentes na atividade psicanalítica ficam soterrados por uma avalanche de hábitos, convenções, teorias psicanalíticas, temor reverencial… Por outro lado, Kant desenvolve o interesse por esse prazer que acompanha o conhecimento, aproximando-o das diversas descrições feitas por Aristóteles sobre a variedade de prazeres.

Vicissitudes da estética

O conceito de estética vai variar extensamente no tempo e no domínio da arte, ou seja, na história das artes. A beleza ou o belo não são mais essenciais a esse conceito, o que não interfere no ganho que tivemos com o estudo de Kant. Também devemos considerar que autores atuais, como Ariano Suassuna (2012) e Meltzer e Williams (1995), mantêm a importância da concepção da beleza na estética.

Em 1898, Liev Tolstói, na obra O que é arte?, reivindica para a estética o direito de não se ocupar da noção de belo, pois o estudo do belo constituía uma perversão da arte, característica do Renascimento (Azevedo e Castro, 2013).

O impressionismo, o realismo, o simbolismo, o cubismo e o fauvismo contêm, na sua sucessão, a expressão que se atribui a Charles Lalo (1877-1953), “a falta da beleza” (citado por Azevedo e Castro, 2013, p. 24).

Em 1953, Mikel Dufrenne, na obra Fenomenologia da experiência estética, define assim o objeto estético: “Nós evitaremos invocar o conceito de belo. … é uma noção que pela extensão que lhe damos parece inútil ao nosso propósito ou perigosa” (citado por Azevedo e Castro, 2013, p. 24).

Arte/estética e psicanálise

O objetivo deste tópico é considerar que os conceitos de arte e estética passaram a ser usados largamente em psicanálise, sendo necessária a discriminação entre eles e o prazer autêntico.

A estética e a arte têm marcado presença no cenário da psicanálise. Vamos tentar compreender como isso é possível - de início, com o auxílio de João Frayze-Pereira e seu livro Arte, dor: inquietudes entre estética e psicanálise: “Com efeito, trabalhando especificamente no campo das artes plásticas, a psicanálise que exercitamos, compatível com a arte, não é aplicada, mas implicada, isto é, derivada das artes ou engastada nelas” (2010, p. 23).

Com a palavra implicada e seu conceito, Frayze-Pereira expande a temática do livro, do qual vou pinçar uma citação que nos introduzirá a uma das possibilidades de relacionar a arte e a psicanálise em sua conexão com a dor, como diz o título:

Em outras palavras, pensar psicanaliticamente implica escutar, mais ou menos intensamente, as questões singulares e comoventes, isto é, ambíguas, e por isso mesmo perturbadoras, daquele que sofre. Portanto, daquele que vive. Nesse processo, cabe ao psicanalista, junto a seu outro, dar forma à dor do inarticulado que, por seu próprio modo de ser, excede toda tentativa de representação. Não é muito diferente o que se passa no plano do fazer artístico. Considerando que é próprio do artista pôr no mundo um ser que jamais foi visto, nunca foi ouvido ou tocado antes dessa instauração, pensar esteticamente supõe fazer contato com esse campo de passagem entre o não ser artístico e a forma perceptível, assim como o pensar psicanalítico implica transitar entre o não dito e o dizível. (p. 24)

Num evento psicanalítico acontecido na SBPSP, uma das participantes, Mirian Malzyner (2022), observou:

Quando a proposta desta mesa chegou até mim - Arte e Psicanálise: Uma Utopia? Um Ateliê? -, eu aderi à proposta do ateliê. … Lugar do fazer, do ofício, da troca, do aprendizado e da descoberta, da experimentação de linguagens. Um lugar de liberdade. … Penso que o campo da estética e a linguagem poética parecem ser o mais adequado para abarcar a complexidade dos fenômenos humanos, que é o nosso foco.

Ideia que suponho do todo do artigo

Escrevi artigos (Rezze, 2021b) que me pareciam mais descritivos sobre o prazer autêntico. Daí eu sentir a necessidade de expandi-lo em conversa com outros que estivessem estudando o mesmo tema. Não o encontrei em pesquisas de vários tipos que empreendi na psicanálise, mas fui contemplado pelos filósofos que se dedicaram ao prazer: Platão e Aristóteles na Antiguidade, com muita modernidade, e Kant, quando se refere ao prazer no estudo da estética, que fora introduzida por Baumgarten, os dois últimos considerando a beleza, vista como o centro das artes.

Denodadamente tentei encontrar o prazer como tema de estudo, qualquer que fosse. Encontrei a descrição de estética e arte, correlacionadas ou não, de forma extremamente livre na época atual, período que na história das artes é chamado de pós-modernidade.

Nos meus trabalhos, de diversas maneiras, equivali a ideia de prazer autêntico à de prazer estético e, assim, pude prosseguir nos meus estudos, com muita inquietude por não ter algo que se aproximasse de um conceito.

Já maturando essas questões, atendi uma cliente que me levou a considerar que o que eu tinha em mira não se opunha à estética e à arte, nem a seu uso em psicanálise, mas provinha da pesquisa inicial quanto à falta de equilíbrio entre prazer e dor, prevalecendo o interesse na segunda, tanto na clínica quanto na teorização.

Volto a meus trabalhos iniciais, às afirmações de natureza intuitiva, e assim me aproximo da formulação de um conceito, sentindo que as investigações realizadas foram necessárias para meu desenvolvimento e o dessas ideias.

Retornando

No entanto, após esses desdobramentos, eu me vi na necessidade de considerar que a ideia de prazer autêntico proveio da clínica, e a ela percebo que preciso retornar. Para prosseguir nestas reflexões, apresento o fragmento clínico a seguir.

Deita-se. Está francamente aborrecida.

“Você quer saber? Eu não queria vir aqui hoje.”

A seguir, faz a descrição de uma série de problemas que teve com os familiares. Levanta ligeiramente o tronco, vira o rosto e olha diretamente para mim, com um olhar firme (ou intenso), e em seguida volta a se recostar no divã. Diz uma coisa ou outra e depois, com emoção e certo ímpeto, observa:

“Quer saber, vou falar! Pronto! [Ela mostra-se muito enfática.] Foi com meu filho. Estourei com ele e dei um prazo de dois meses para que ele arrumasse dinheiro, um emprego…”

Prossegue descrevendo o desentendimento com a nora:

“Ele que pague a ela, e não quero mais ficar vendo a cara dela em minha casa. Não aguento mais.”

Repete o mesmo gesto de levantar o tronco e mostra-se furibunda, mas não dá a impressão de que seja comigo. Nada digo. Ela fica mais empolgada e brava na narrativa.

“Sabe? Foi uma gota d’água. Eu venho para São Paulo e saio às 12h30…” Segue-se a descrição de um desentendimento direto com a nora.

É por isso que eu não quero mais vir aqui. Você me entende? Eu venho fazer análise, tenho que lidar com as diversas situações, tenho que refletir, faço um enorme esforço para melhorar. E melhorar para quê? Para entender isso? Para ficar suportando a situação? Melhorar para ficar com essas pessoas, suportando, ajudando e passando por isso?!

Levanta o tronco e me olha enfurecida. A seguir se deita. Não tenho a impressão de que ela se sinta enfurecida comigo. Observo:

“Diga-me uma coisa: de onde você tirou que eu quero que você melhore?”

Levanta o tronco, me olha estupefata, olhos arregalados, e começa a rir de forma intensa e incontida. Difícil descrever o impacto da situação. Ri um pouco mais, porém de maneira mais tranquila, ou mais sossegada, ou menos intensa - é difícil descrever. A seguir diz:

“Você sabe, eu tive um grande alívio.”

“Sim. Você estava crente que você viria para melhorar e servir na situação que você temia, estava crente que esse era meu intuito e que poderia ser dobrada por mim. Então, não queria vir.”

“É mesmo [enfaticamente].”

A intervenção do analista é feita de forma direta e pessoal - “Diga-me uma coisa…” -, o que ocasiona surpresa, espanto e perplexidade.

Assim, na situação clínica - “Levanta o tronco, me olha estupefata, olhos arregalados, e começa a rir de forma intensa e incontida. Difícil descrever o impacto da situação” - parece-me adequado o termo prazer autêntico, onde a primeira impressão é a de ruptura do campo em que vinha operando anteriormente, na descrição dos problemas familiares. Difícil dizer que há uma explosão de sentir o belo, mas o prazer é intenso e manifesto.

O conceito de prazer autêntico se originou da clínica e difere de prazer estético (ou experiência estética, ou transformação estética), embora eu tenha me servido deste para ampliar meu campo de reflexão - mas é necessário fazer a discriminação.

Assim, retorno aos inícios deste trabalho, em que ensaio o conceito de prazer autêntico.

O conceito de prazer autêntico

“Prazer diz desde a satisfação dos sentidos até a satisfação do espírito ou da alma, como o prazer estético ou ético. Autêntico confere diversas conotações ao termo prazer” (Rezze, 2021b, p. 308).

Como indicado antes, o prazer autêntico não é um estado de contemplação, embora possa sê-lo; não é um estado de êxtase, embora possa sê-lo; não é um estado de dor, embora possa sê-lo; não é um insight, embora possa sê-lo.

Com o evoluir da pesquisa tivemos os desenvolvimentos a seguir.

1) Prazer autêntico e contemplação. Outro dia, no café da manhã, estavam minha neta e a mãe conversando, não me lembro do quê. A menina, de 5 anos, se manifestava com doçura sobre o que a mãe lhe dizia. Tive uma dessas raras oportunidades na vida de enternecimento profundo e um desejo de que o momento fosse perene, embora me viesse ao fundo a sensação imprecisa de um futuro, colorindo o presente (Rezze, 2021b).

2) Prazer autêntico e estado de êxtase. Fui visitar o Museu de Arte Moderna de Nova York e, ao passar do andar de baixo para o de cima, havia um patamar no qual subi com a atenção voltada para a escada. Ao levantar os olhos, tive fortíssima impressão ao contemplar o quadro A noite estrelada (1889), de Van Gogh, imagem que ganhou morada privativa em minha mente (memória).

3) Prazer autêntico e dor. Um pequeno trecho de trabalho apresentado por Edilaine Serra (2023):

Gina parece se entristecer. Em um tom baixo, ela diz: “Minha mãe era prostituta… Edilaine, eu sou filha de uma puta!”. Ela ri do que falou, mas o choro prevalece. No mesmo tom dela, eu digo: “Sim, Gina, você é filha de uma puta. E isso te deixa muito assustada!”. Gina chora silenciosamente. Sinto que somos tomadas por um clima de profunda emoção. Também me ocorreu que fomos tomadas por um clima emocional que eu compreendo como sendo o de prazer autêntico.

Aquilo que emerge na dupla analítica que é intenso e impactante: um encontro! Seja num estado de êxtase, dor, contemplação ou insight - ou nada disso. Mas um estado de mente que, quando estamos diante dele (ou nele), sabemos do que se trata.

4) Prazer autêntico e insight. O analista5 vive situações profundas de emoções com a cliente e faz a reflexão a seguir:

Ao terminar a sessão, ela pega a bolsa com tranquilidade e, ao sair, olha para mim com um olhar que identifico como intimidade. Ela se despede, entro na minha sala, sento-me na poltrona, e por alguns momentos sou tomado por forte emoção e com a gratidão de poder compartilhar de uma situação tão comovente. Foi através dessa vivência que me ocorreu a ideia de que essa experiência se inscreve, para mim, numa dimensão que aproximo com o conceito de prazer autêntico, extraído das entranhas de um vínculo emocional psicanalítico.

O corolário desses desenvolvimentos foi o conceito de prazer autêntico.

O conceito de prazer autêntico refere-se a uma disciplina que acompanha o psicanalista clínico. Em qualquer circunstância de trabalho, é o operador que age no campo clínico, capacitando o analista a detectar o prazer com a qualidade de autêntico. A importância disso é permitir a possibilidade de mudança de visão de mundo e de si mesmo, bem como o inesperado de perceber a graça e o encantamento de viver no cotidiano da existência.

1Apresentado na 16ª Jornada Psicanálise-Bion, Ousarei perturbar o universo?, em 24 de maio de 2024, na Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.

3Movimentos na Psicanálise Atual: Expansões e Rupturas - a Linguagem Estética na Psicanálise, programa ocorrido em 15 de março de 2014, na Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto.

4Trabalho apresentado em reunião científica da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto, em 8 de agosto de 2014. Uma versão anterior desse artigo foi publicada em Transferência, transformações, encontro estético (Rezze, 2016).

5Darcy Portolese, a quem agradeço autorizar a publicação.

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Recebido: 12 de Agosto de 2024; Aceito: 26 de Agosto de 2024

Cecil José Rezze cjrezze@gmail.com

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