SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.45Contributions to a Psychopolitical Analysis of PopulismInto the storm: Perceptions of Amazonian riverine people about COVID-19 author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Services on Demand

article

Indicators

Share


Psicologia: Ciência e Profissão

Print version ISSN 1414-9893On-line version ISSN 1982-3703

Psicol. cienc. prof. vol.45  Brasília  2025  Epub Feb 24, 2025

https://doi.org/10.1590/1982-3703003277438 

Artigo

Intervenção em Aconselhamento de Carreira por meio da Maturidade para a Escolha Profissional

Intervention in Career Counseling based on Maturity for Vocational Choice

Intervención en la Orientación de la Carrera a partir de la Madurez para la Decisón Profesional

Marco Antônio Silva Alvarenga1 

Marco Antônio Silva Alvarenga

Professor Adjunto do Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), Coordenador do Laboratório de Pesquisa, Ensino e Extensão da Cognição, Cotidiano e Desenvolvimento (CODE.Lapex), Programa de Pós-Graduação em Psicologia, PPG-PSI (UFSJ), São João del-Rei – MG. Brasil.


http://orcid.org/0000-0002-1168-5733

Carollina Souza Guilhermino2 

Carollina Souza Guilhermino

Carollina Souza Guilhermino (Guilhermino, C. G.), Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia: Cognição e Comportamento, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte – MG. Brasil.


http://orcid.org/0000-0003-3434-9449

Tiago Geraldo de Azevedo1 

Tiago Geraldo de Azevedo

Doutorando do Programa de Pós-graduação em Psicologia, membro do Laboratório de Pesquisa, Ensino e Extensão da Cognição, Cotidiano e Desenvolvimento (CODE.Lapex), Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), São João del-Rei – MG. Brasil.


http://orcid.org/0000-0002-0392-3463

Amanda Furlan Marques1 

Amanda Furlan Marques

Mestre em Psicologia, Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), São João del-Rei – MG. Brasil.


http://orcid.org/0000-0003-1084-3290

Tatiana Cury Pollo1 

Tatiana Cury Pollo

Professora Associada do Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), Vice coordenadora do Laboratório de Pesquisa, Ensino e Extensão da Cognição, Cotidiano e Desenvolvimento (CODE. Lapex), Programa de Pós-Graduação em Psicologia, PPG-PSI (UFSJ), São João del-Rei – MG. Brasil.


http://orcid.org/0000-0002-8673-2821

Paulo Miguel da Silva Cardoso3 

Paulo Miguel da Silva Cardoso

Professor Associado da Universidade de Évora (UE), Évora, Portugal.


http://orcid.org/0000-0002-7069-594X

1Universidade Federal de São João del-Rei, São João del-Rei, MG, Brasil.

2Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil

3 Universidade de Évora, Évora, Portugal.


Resumo:

A Teoria Life-Span/Life Space (LSA) foi desenvolvida a partir da suposição de que assumimos diferentes papéis ao longo do ciclo vital, fundamentais para o desenvolvimento da identidade vocacional. A maturidade para a escolha profissional é um dos processos identificados no desenvolvimento de carreira. No entanto, tomar decisões sobre a carreira constitui uma tarefa complexa ao lidar com muitas dúvidas. Por este motivo, o aconselhamento de carreira (AC) pode auxiliar jovens e adultos no planejamento da vida profissional. Deste modo, esta pesquisa objetivou verificar o efeito do AC sobre a maturidade para escolha vocacional em estudantes do terceiro ano do ensino médio (N = 130) de escolas públicas e particulares. Os participantes eram predominantemente do sexo feminino (70%), com idades entre 16 e 18 anos (M = 17,13; DP = 0,589). Tratou-se de uma pesquisa com desenho pré e pós-intervenção nas modalidades individual ou em grupo. Foram utilizados a Escala de Maturidade para Escolha Profissional (EMEP) e um questionário de percepção sobre as intervenções. Os dados foram tratados por meio de análises descritivas, comparação entre grupos, correlação e regressão. Os resultados evidenciaram a diminuição do efeito das variáveis sociodemográficas sobre a maturidade após a intervenção, além de mudanças significativas (p < 0,001) produzidas na maturidade (d = 0,56) e em suas dimensões (d = 0,55; 0,39; 0,36; 0,31 e 0,23 respectivamente para determinação, conhecimento da realidade, autoconhecimento, responsabilidade e independência). Pesquisas na área devem prosseguir considerando estudantes de outras séries do ensino médio ou períodos do desenvolvimento como adultos.

Palavras-chave: Orientação Profissional; Aconselhamento de Carreira; Maturidade Vocacional; Estudantes do Ensino Médio.

Abstract:

The Life-Span/Life Space Approach was developed under the assumption we take different roles throughout our life cycle, which are fundamental to the development of vocational identity. Maturity for professional choice is one of the processes in career development. However, making decisions about career is a complex task which requires addressing many doubts. For this reason, career counseling can assist young people and adults in making decisions and planning their professional lives. This study aimed to investigate the effect of career counseling on vocational choice in senior high school students (N = 130) from public and private schools. Participants were predominantly girls (70%) who were aged from 16 to 18 years (M = 17.13, SD = 0.589). This pre- and post-intervention design was applied either individually or in groups. The Maturity Scale for Professional Choice and a questionnaire on perceptions relating to the interventions were used. The data were processed using descriptive analysis, comparison between groups, correlation, and regressions. Results evinced a reduction in the effect of sociodemographic variables on vocational maturity after the intervention and significant changes (p < 0.001) in maturity (d = .56) and its dimensions (d = .55, .39, .36, .31, and .23, for determination, awareness of reality, self-knowledge, responsibility, and independence, respectively). Research in the field should continue to examine students from other high school grades or periods of development such as adults.

Keywords: Vocational Guidance; Career Counseling; Vocational Maturity; High School Students.

Resumen:

La teoría Life-Span/Life Space (LSA) se desarrolló partiendo del supuesto de que asumimos diferentes roles a lo largo del ciclo vital, fundamentales para el desarrollo de la identidad ocupacional. La madurez para la elección profesional es uno de los procesos identificados en el desarrollo de la carrera. Sin embargo, tomar decisiones sobre la carrera es una tarea compleja que requiere hacer frente a muchas dudas. Por este motivo, el asesoramiento para la carrera (AC) puede ayudar a jóvenes y adultos a tomar decisiones y planificar su vida profesional. Este estudio investiga el efecto del AC sobre la elección profesional en estudiantes de bachillerato (N = 130) de enseñanza pública y privada. Los participantes eran predominantemente mujeres (70%), con edades comprendidas entre los 16 y 18 años (M = 17,13, DE = 0,589). Se trataba de un diseño pre- y post-intervención, individual o en grupo. Se utilizó la Escala de Madurez para la Elección Profesional y un cuestionario sobre percepciones relativas a las intervenciones. Los datos se procesaron mediante análisis descriptivo, comparación entre grupos, correlación y regresión. Los resultados evidenciaron una reducción del efecto de las variables sociodemográficas sobre la madurez profesional tras la intervención, así como cambios significativos (p < 0,001) en la madurez (d = .56) y sus dimensiones (d = .55, .39, .36, .31 y .23, respectivamente para determinación, conciencia de la realidad, autoconocimiento, responsabilidad e independencia). La investigación en este campo debería seguir examinando a estudiantes de otros cursos de secundaria o periodos de desarrollo, como los adultos.

Palabras clave: Orientación Profesional; Asesoramiento de Carrera; Madurez Profesional; Estudiantes Secundarios.

Introdução

A Teoria Life-Span/Life-Space ([LSA] Salomone, 1996; Super, Savickas, & Super, 1996; Super & Jordaan, 1973) é um importante marco na compreensão da forma como os indivíduos escolhem suas carreiras, adaptam-se e se desenvolvem profissionalmente ao longo da vida (Savickas & Savickas, 2019). Fundamentada na psicologia do desenvolvimento, essa abordagem reconhece as mudanças pelas quais as pessoas passam durante seu amadurecimento e enfatiza uma abordagem ao longo do ciclo vital, considerando os comportamentos vocacionais típicos de cada estágio do desenvolvimento (Arthur & McMahon, 2019). Destaca a influência de fatores como o autoconceito, os múltiplos papéis sociais, as necessidades, interesses e valores na escolha de carreira e progresso profissional. Além disso, o ambiente e as experiências de vida são essenciais na formação da identidade vocacional e no desenvolvimento de habilidades e competências profissionais (Hartung, 2019; Super, 1990).

Ao longo de seu trabalho, Super (1957, 1990; Super et al., 1996) desenvolveu modelos e ferramentas para auxiliar os indivíduos no entendimento e planejamento de suas carreiras. Esses modelos incluem o processo de desenvolvimento vocacional, que descreve os estágios pelos quais as pessoas passam enquanto desenvolvem sua identidade vocacional, e o modelo de orientação vocacional baseado no processo de desenvolvimento, que explica como as pessoas podem tomar decisões informadas sobre suas carreiras. Nesse contexto, a carreira é definida como sequência e integração entre todos os papéis que um indivíduo ocupou ao longo do ciclo vital. A análise dos padrões de carreira se baseia na visão de que diferentes tarefas vocacionais são apresentadas às pessoas ao longo do ciclo vital (Anovunga, N-yelbi, & Akpadago, 2021).

O LSA (Super, 1953; Super et al., 1996) divide a vida profissional em cinco estágios principais. O primeiro é o crescimento (ocorre do nascimento até os 13 anos) caracterizado pelo desenvolvimento das necessidades, interesses, aptidões e atitudes associadas ao desenvolvimento do autoconceito e aprendizagem sobre o mundo do trabalho de forma geral. No estágio exploratório (de 14 a 24 anos), as escolhas ocupacionais são estreitadas e o indivíduo busca compreender a si mesmo e encontrar seu lugar no mundo do trabalho. Já o estágio de estabelecimento (de 25 a 44 anos) é caracterizado pela experiência de trabalho associada à escolha profissional feita no estágio anterior. No estágio de manutenção (de 45 a 65 anos), a pessoa se encontra em um processo contínuo de adaptação para melhorar a situação de trabalho. Finalmente, na fase do desengajamento (a partir de 65 anos) há redução da produção de trabalho e eventual aposentadoria.

É necessário destacar que nem todos os indivíduos progridem por esses cinco estágios nas mesmas idades e da mesma forma. Nesse contexto, o conceito de maturidade de carreira se torna central para compreender esse processo. A maturidade pode ser definida como a capacidade que o indivíduo tem para lidar com as tarefas que são exigidas ao longo do desenvolvimento social e biológico (Super, 1990; Super et al., 1996) e diz respeito à prontidão para lidar com as tarefas do desenvolvimento que precedem a escolha. Operacionalmente, é medida pelo grau em que o indivíduo concluiu tarefas de desenvolvimento de carreira adequadas a seu nível em comparação com outras pessoas da mesma idade (Bakari, 2014). A maturidade vocacional ou de carreira é um processo contínuo, dinâmico e inclui as dimensões: capacidade de planejamento, exploração, informação, tomada de decisão e orientação para a realidade (Super, 1983). Esse construto possibilita a avaliação de diversas características a serem desenvolvidas em uma orientação de carreira.

O aconselhamento de carreira (AC) é um processo que auxilia jovens ou adultos, por meio do autoconhecimento e do conhecimento do contexto geral, nas tomadas de decisões, escolhas e planejamento da vida profissional (Savickas, 2019). Entre as finalidades desse processo estão desenvolver escolhas, considerando suas consequências, e aperfeiçoamento contínuo de habilidades para realizar a atividade de interesse (Hopson & Hayes, 2014).

Compreender a maturidade traz vantagens ao aconselhamento de carreira como: a) checar a capacidade de lidar com a dúvida no processo de escolha; b) verificar o nível de flexibilidade sobre os planos estabelecidos; c) refletir sobre a adaptação a novas circunstâncias; d) aferir nível de autoconhecimento e conhecimento da realidade; e) medir coesão e tomada de decisões por si; e f) avaliar capacidade para estabelecer metas, planejamento e execução. Além disso, o construto maturidade é adequado para o contexto da presente pesquisa, por ser útil na avaliação de adolescentes e não com adultos já inseridos em um mercado de trabalho volátil e competitivo, para os quais seria mais indicado avaliar a adaptabilidade (Ham & Lim, 2017).

Apesar do LSA poder ser aplicado a pessoas em diferentes fases do desenvolvimento, geralmente são adolescentes cursando o ensino médio que buscam desenvolver sua identidade profissional e os papéis sociais que pretendem assumir de acordo com essa perspectiva (Neiva, Silva, Miranda, & Esteves, 2005). No contexto brasileiro, poucos estudos utilizaram a LSA e avaliaram o nível de maturidade. Melo-Silva, Lassance e Soares (2004) objetivaram avaliar a influência do processo de AC no desenvolvimento da maturidade para escolha de carreira de 63 estudantes, entre 15 e 19 anos, de ambos os sexos, provenientes do ensino médio de escolas públicas e particulares. Os autores evidenciaram diferenças significativas em todas as dimensões da maturidade para escolha de carreira após as intervenções. O estudo de Neiva (2003) sobre a maturidade vocacional com 506 estudantes do ensino médio indicou não haver diferença significativa da maturidade total para escolha profissional entre sexos. No entanto, foi observado que as mulheres eram mais responsáveis e independentes que os homens. Contudo, os participantes do sexo masculino apresentaram maior conhecimento da realidade educativa e socioprofissional. Nesse mesmo estudo foi observado também um aumento progressivo do nível de maturidade para a escolha profissional ao longo das três séries do ensino médio. Neiva et al. (2005) verificou o nível de maturidade para a escolha profissional de 950 alunos do ensino médio, provenientes de escolas públicas e particulares. Os resultados indicaram diferenças significativas na maturidade para a escolha profissional em função do sexo, do tipo de escola e da série escolar, sendo as mulheres, os alunos de escola particular e os alunos da terceira série aqueles com maior nível de maturidade para a escolha profissional. Esbrogeo (2008) também evidenciou o aumento significativo da determinação, autoconhecimento e maturidade para carreira em 28 estudantes, entre 15 e 19 anos, provenientes do ensino médio e cursos pré-vestibulares. Lassance, Bardagi e Teixeira (2009) evidenciaram um aumento significativo, para todas as dimensões da maturidade de carreira após intervenção desenvolvimentista em 176 adolescentes entre 14 e 22 anos, da terceira série do ensino médio, de escolas públicas e privadas e de nível socioeconômico médio ou alto. Por fim, entre os estudos brasileiros, Junqueira e Melo-Silva (2014) realizaram uma pesquisa com 748 adolescentes, entre 14 e 21 anos, de escolas públicas e particulares, e evidenciaram o aumento do nível da maturidade para a escolha profissional após as intervenções de AC. Outras pesquisas de intervenção com enfoque na mudança da maturidade para escolha profissional também podem ser vistas nos estudos de Sassi e Islam (2020) e Freitas e Resende (2020). Neste último estudo, entretanto, os dados de comparação em relação à maturidade, antes e após a intervenção, não foram claramente apresentados.

Pesquisas relacionais também avaliaram a manifestação da maturidade para escolha profissional em estudantes típicos do ensino médio e em estudantes com superdotação (Cericatto, Alves, & Patias, 2017; Silva, Costa, Farina, Oliveira, & Irigaray, 2021). O estudo de Cericatto et al. (2017) observou 234 adolescentes (M = 16,12 anos; DP = 0,92) de escolas públicas e privadas do Rio Grande do Sul e evidenciou diferença significativa da maturidade para a escolha profissional apenas entre faixa etária do domínio Determinação, tendo os estudantes mais velhos (17 a 19 anos) com valores médios maiores. Contudo, o tamanho do efeito não foi calculado. O estudo de Silva et al. (2021) avaliou adolescentes, com e sem superdotação, respectivamente (M = 16,29 anos; DP = 1,21) e evidenciou diferença significativa para a maturidade para a escolha profissional apenas para a dimensão Realização. O tamanho do efeito também não fora calculado.

O processo de escolha de carreira é uma tarefa complexa enfrentada pelos adolescentes, que requer maturidade para tomar decisões autônomas e conscientes (Junqueira & Melo-Silva, 2014). Contudo, frequentemente essa capacidade não está plenamente desenvolvida, o que pode gerar uma grande incerteza e dúvida em relação a esse momento na vida desses indivíduos.

Além disso, a pressão exercida pela expectativa familiar e social sobre a escolha da carreira (Akosah-Twumasi, Emeto, Lindsay, Tsey, & Malau-Aduli, 2018), aliada a todas as mudanças já típicas dessa fase, pode ser desencadeadora da depressão, estresse e ansiedade (Ambiel, Martins, & Hernández, 2018; Reis et al. 2015; Xu et al., 2020), em especial no período que compreende o final do ensino médio (Xu et al., 2020). Dessa forma, o aconselhamento de carreira seria uma forma de auxiliar o adolescente nas dificuldades e sentimentos emergentes nessa etapa, garantir maior adaptabilidade em um dos períodos de transição mais representativos da vida, a saber, a formação de uma identidade profissional, e servir como instrumento de promoção de saúde mental (Ambiel et al., 2018; Ginevra et al., 2018; Marciniak, Johnston, Steiner, & Hirschi, 2020; Kirdok & Korkmaz, 2018). A prática do AC é de especial importância uma vez que a TheOrganization for Economic Co-operation and Development ([OECD], 2017) apontou que, devido à transição do ensino médio para o superior, os estudantes brasileiros se destacam no ranking mundial de ansiedade escolar.

Nesse sentido, os alunos do terceiro ano do ensino médio, por estarem na fase de encerramento do ensino médio e início de processos seletivos e tomada de decisões, foram escolhidos como população para participarem deste estudo. Este é o público que frequentemente procura pelos serviços de aconselhamento de carreira. Assim, o presente estudo objetivou verificar os efeitos produzidos por um programa de AC na maturidade para a escolha profissional.

Método

Participantes

Participaram do estudo 130 estudantes da terceira série do ensino médio no estado de Minas Gerais, descritos da seguinte forma: idades entre 16 e 18 anos (M = 17,13, DP = 0,589), 91 (70%) do sexo feminino, 97 (75%) provenientes da rede pública. Dos 130 estudantes que iniciaram o processo de aconselhamento, 121 deles completaram a intervenção (idade: M = 17,12, DP = 0,586); sexo feminino 86 (71%), 90 (74%) da rede pública). Ao longo dos dois semestres, 51,5% dos participantes foram atendidos na modalidade individual e 48,5% em grupo.

Esta pesquisa apresenta uma amostra de conveniência e não probabilística, formada por estudantes do terceiro ano do ensino médio, classificado como um estudo descritivo, correlacional e com o desenho pré-pós (Thiese, 2014). A amostra pode ser caracterizada dessa forma pelo fato de convidar jovens que procuram pelo serviço de aconselhamento de carreira, periodicamente ofertado na instituição de origem deste estudo.

Instrumentos

Questionário sociodemográfico

Um questionário sociodemográfico foi desenvolvido com a finalidade de obter dados sobre sexo (feminino, masculino, intersexo), idade, nível de escolaridade do chefe familiar e renda mensal.

Escala de Maturidade para a Escolha Profissional (EMEP)

A EMEP avalia os níveis de atitudes e conhecimentos relacionados à escolha da carreira de estudantes da nona série e do ensino médio. É composta por 45 itens (23 enunciados positivos e 22 negativos para a maturidade) representados em cinco facetas: Determinação, Responsabilidade, Independência, Autoconhecimento e Conhecimento da Realidade Educativa e Socioprofissional. A Determinação se refere à segurança do sujeito a respeito de sua escolha profissional; Responsabilidade à compreensão dos riscos envolvidos na escolha profissional, foco e direcionamento; Independência está relacionada à autonomia do sujeito em relação a sua escolha, a capacidade de minimizar interferências ambientais; Autoconhecimento diz da compreensão sobre seus próprios interesses, competências, habilidades e motivações; Conhecimento da Realidade consiste no conhecimento das próprias competências acadêmicas, os campos de atuação, as possibilidades de inserção profissional e possibilidade de desenvolvimento. As alternativas de resposta estão distribuídas em uma escala Likert, na qual se deve indicar a frequência com que a pessoa atua ou pensa, segundo o enunciado. O diagnóstico de maturidade para escolha profissional é computado a partir da soma de todos os escores obtidos em cada dimensão. A EMEP e suas facetas apresentam níveis de consistência interna aceitáveis (αCronbach = 0,75 - 0,91) (Neiva, 2014).

Questionário sobre o nível de satisfação com o atendimento realizado

Um questionário final sobre o nível de satisfação com o atendimento sobre o aconselhamento de carreira foi criado pelos próprios autores, considerando: a) o quanto se sentiu compreendido pelo(a) conselheiro(a); b) o quanto o processo foi significativo para estabelecer objetivos em relação à carreira; e c) o quanto o processo foi significativo para si. Essa avaliação foi feita por meio de uma escala Likert, que variou entre “1” completamente insatisfeito e “5” completamente satisfeito.

Intervenção

As sessões de intervenção foram realizadas em formato de atividades práticas baseada nos princípios do LSA como um processo de construção da identidade, capacidade de adaptação e autorrealização (Chen, 2003), que influenciam o desenvolvimento da maturidade profissional. A maturidade compreende dois aspectos, a saber: a) a prontidão atitudinal e b) prontidão cognitiva. A primeira se refere ao engajamento para planejar e explorar aspectos profissionais e suas idealizações. A prontidão cognitiva significa possuir conhecimento sobre as ocupações (profissões, carreiras e/ou trabalhos) e a forma como boas decisões de carreira devem ser tomadas (Hartung, 2019).

Nesse sentido, para desenvolver a maturidade de carreira, foram adaptados e implementados os seguintes passos em acordo com o processo de intervenção proposto por Hartung (2019), a saber: a) visualização prévia; b) visualização em profundidade e compreensão do nível de maturidade para carreira e suas dimensões; c) reflexão sobre valores, interesses, habilidades e características pessoais; d) aconselhamento no qual se integra essas informações, estabelece um plano de ação, compreende as prováveis consequências do plano e busca por outras metas e soluções em caso de divergência dos planos, acrescidas de uma última etapa chamada de e) revisão e atualização, na qual se compara a percepção de si antes e ao final do AC, especular sobre a possibilidade de mudança frente a novas descobertas e consolidar maneiras de estabelecer objetivos e planos de efetivação (ver Tabela 1).

Tabela 1 Sessões de Atendimento Individual e em Grupo. 

Sessão Tema(s) Finalidade Duração
(I*/G**)
1 Visualização prévia - Compreender demanda e particularidades da(o)
participante
- Levantar informações sociais, familiares, educacionais
e ocupacionais
- Compreender o significado de carreira e trabalho
1h (I)
1h 30 min (G)
2 Visualização em
profundidade
- Aplicação do EMEP
- Compreender estereótipos e crenças
- Pensar na trajetória pessoal, de interesses e
habilidades
- Montar um mapa pessoal no qual essas observações
podem ser observadas e organizadas
- Ferramentas como descrever a si mesmo ou contar
uma história pessoal em forma de texto ou narrativa
podem ser utilizadas
1h 30m (I)
2h (G)
3 Reflexão - Compreender de forma consciente:
Quem sou eu (forças e fraquezas)
O que eu sei sobre carreiras e profissões
Quais são as características das carreiras e profissões
Quais são meus objetivos de carreira e profissional
Quais são meus planos para alcançá-los
1h 30m (I)
2h (G)
4 Integração - Revisão e integração do autoconceito
- Entender os papéis atuais
- Compreender a diferença entre si e os outros
- Estabelecer como será o contínuo processo de
exploração
1h 30m (I) 2h (G)
5 Revisão e atualização - Avaliar a importância e consequência das escolhas
dentro de um contexto
- Especular sobre eventos futuros e papéis
- Flexibilizar escolhas
- Mapear objetivos
- Planejar ações
- Efetivar planos
- Reaplicação e discussão dos resultados do EMEP
- Avaliar o processo de AC
1h 30m (I) 2h (G)

Nota: *I = atendimento individual, ** G = atendimento em grupo

Procedimentos

Este estudo foi, submetido à, e aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Federal de São João del-Rei (CEPES-UFSJ) (CAAE 08550819.3.0000.5151) e aprovado sob o parecer número 3.382.018. Os procedimentos éticos para a realização de pesquisa com seres humanos constam na Resolução n. 023, de 28 de outubro de 2015 da UFSJ, elaborada conforme as diretrizes da Resolução CSN nº 466/2012 e 510/2016 e de acordo com o Código de Ética da Associação Médica Mundial (Declaração de Helsinque). Os participantes foram informados dos objetivos da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) em duas vias. Quando menores de 18 anos, assinaram o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido e o TCLE assinado pelos pais ou responsáveis legais, ambos em duas vias.

Quatro pesquisadores, ambos psicólogos com tempo de experiência entre 3 e 5 anos na área de aconselhamento de carreira, foram responsáveis pela execução da pesquisa. Um dos pesquisadores com mais tempo de atuação é doutor em Psicologia e professor universitário. Os demais participam ou participaram de um programa de pós-graduação para a obtenção do grau de mestre.

Os pesquisadores responsáveis selecionaram e treinaram uma equipe composta por oito estagiários, que auxiliaram na coleta de dados e realização das intervenções, tanto individual quanto em grupo. O treinamento foi administrado com 20 horas de duração, incluindo exposição ao assunto, leitura de textos, esclarecimento de dúvidas, uso das ferramentas e técnicas de avaliação e intervenção, bem como simulação dos procedimentos. Após o treinamento, os estagiários foram acompanhados em supervisões semanais.

A execução da pesquisa ocorreu ao longo do período letivo dos participantes, atendidos no primeiro ou no segundo semestre de 2019. É importante ressaltar que o recrutamento dos voluntários para a pesquisa também ocorreu em dois momentos, dessa forma os participantes do segundo semestre compreendiam que seriam atendidos. Em ambos os semestres os procedimentos ocorreram da mesma forma. Os participantes puderam escolher de qual modalidade de atendimento desejavam participar, de acordo com os horários disponibilizados.

Os participantes das modalidades individual e em grupo participaram de dez sessões, duas vezes semanais, com duração de aproximadamente 90 minutos para os atendimentos individuais e 120 para os grupos. O questionário sociodemográfico e nível de satisfação com o atendimento foi aplicado coletivamente e o EMEP (aplicação pré e pós-teste) de acordo com o tipo de atendimento escolhido. Os grupos apresentaram entre três e oito participantes cada um.

Análise dos dados

Os dados da presente pesquisa foram analisados por meio do programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 26. Investigou-se escores de assimetria e curtose para determinar o tipo de análise inferencial a ser realizada, considerando valores de coeficiente entre ±2 para distribuição normal dos dados. Os resultados indicaram distribuição normal dos dados, dessa forma, puderam ser utilizadas estatísticas paramétricas.

Análises estatísticas descritivas foram utilizadas, mediante cálculos de média, desvio-padrão, frequência e porcentagem, para descrever as características sociodemográficas da amostra de estudantes do ensino médio e distribuição entre as características de execução da intervenção. Além disso, análises descritivas também foram aplicadas para avaliar frequências e porcentagens dos escores obtidos nos procedimentos de pré e pós-testagem da medida de maturidade e o nível de satisfação com o aconselhamento realizado.

Para investigar a existência de diferenças estatisticamente significativas entre os resultados do pré e do pós-teste de maturidade para escolha profissional, utilizou-se a comparação entre grupos independentes para investigar diferenças significativas entre os grupos comparados. Além disso, para confirmar a interação entre a maturidade e as características tanto sociodemográficas da amostra, quanto de realização da intervenção, foram utilizadas correlação de Pearson e regressão linear múltipla simultânea.

Quando os resultados de médias apresentaram diferenças significativas, foi calculado o tamanho do efeito, utilizou-se o Coeficiente de Cohen, interpretados da seguinte forma: de 0,1 a < 0,3 é considerado pequeno, de 0,3 a < 0,5, moderado e > 0,5, grande (Rice & Harris, 2013).

Resultados

A partir do questionário sociodemográfico constatou-se que a maior parte da amostra apresenta uma renda domiciliar entre 1 e 2 salários mínimos (36,9%) e 3 e 4 salários (31,5%) e 34,6% tinham a pessoa de referência com o ensino médio completo e superior incompleto.

A Tabela 2 indica as classificações no pré-teste para maturidade considerando a amostra geral, da escola pública e particular. Os participantes apresentaram uma classificação de maturidade entre médio inferior a muito inferior em 64,6% dos casos para a amostra geral, 65,3% para a escola pública e 62,5% para a particular. A classificação inferior para a maturidade foi a mais frequente em todos os casos. Estes valores mostram uma distribuição equitativa entre todos os participantes em uma amostra geral e separados pelo tipo de escola. Não houve registro de classificação superior ou muito superior no pré-teste da maturidade para a escolha profissional e suas facetas.

Tabela 2 Classificação da Maturidade Vocacional na Fase de Pré-Intervenção. 

Classificação
do nível de
maturidade
Geral Pública Particular
n % N % n %
Muito inferior 26 20,0 23 23,5 3 9,4
Inferior 43 33,1 31 31,6 12 37,5
Médio Inferior 15 11,5 10 10,2 5 15,6
Médio 41 31,5 29 29,6 12 37,5
Médio Superior 5 3,8 5 5,1 0 0
Superior 0 0 0 0 0 0
Muito superior 0 0 0 0 0 0
Total 130 100 98 100 32 100

Nota. N = 130; n = amostra, e % = porcentagem.

As classificações das dimensões do EMEP seguiram uma distribuição da frequência equitativa em relação à maturidade no pré-teste, com uma exceção apenas. A prevalência de estudantes com classificação abaixo da média (médio inferior, inferior e muito inferior) foi observada para as facetas: Determinação, Responsabilidade Autoconhecimento e Conhecimento da Realidade. Observou-se 60,8% dos estudantes da amostra geral, 61,2% da escola pública e 59,4% da escola particular para Determinação; 54,7; 56,1 e 50,1% para Responsabilidade; 66,9; 66,3 e 68,8% para Autoconhecimento e 51,5; 57,1 e 34,5% para Conhecimento da realidade. No caso desta dimensão, a classificação média foi predominante para a escola particular (56,3%). Um padrão diferente também foi encontrado para a Independência; 46,9% da amostra geral e 53,1% da escola pública foi classificada com desempenho médio; para a escola particular a prevalência foi de 37,5% para desempenhos abaixo da média, 28,1% para a média e 34,4% para classificação médio superior.

Para a escolha do tipo de estatística a ser utilizada nas análises inferenciais, a normalidade das variáveis dependentes (escore global da escala de maturidade para escolha profissional e escores de suas facetas) foi verificada por meio da análise de simetria e curtose e inspeção visual dos gráficos de dispersão. Os resultados indicaram que os dados apresentaram distribuição normal, uma vez que a assimetria e a curtose permaneceram entre ±2, como se observou para maturidade (-0,20 e -0,62), Determinação (0,15 e -0,95), Responsabilidade (-0,45 e -0,53), Independência (0,01 e -0,46), Autoconhecimento (0,30 e 0,42); Conhecimento da Realidade (-0,02 e -0,46). Por esse motivo, optou-se pelo uso de estatística paramétrica.

A comparação de média entre amostras independentes foi realizada considerando a maturidade pré-intervenção, e suas dimensões, e as variáveis binárias como sexo, tipo de escola, semestre e modalidade de atendimento. Encontrou-se diferenças significativas apenas para o Conhecimento da realidade, considerando o tipo de escola (p = 0,009) e a modalidade de atendimento (p = 0,005).

Foram realizadas correlações de Pearson entre a maturidade pré-intervenção e suas dimensões, com a variável idade, e Spearman para associar as variáveis concernentes à maturidade com renda domiciliar e escolaridade da pessoa de referência. Houve correlação significativa apenas entre idade e Determinação nessa fase do AC (r = 0,210; p = 0,017) e não houve correlação alguma entre renda domiciliar e a escolaridade da pessoa de referência e com as demais variáveis.

A análise de regressão linear múltipla simultânea foi realizada para verificar se havia algum preditor para grau de maturidade e suas facetas na fase de pré-teste. As variáveis independentes incluídas no modelo foram: idade, sexo, tipo de escola e semestre de atendimento. O modelo indicou que estudantes mais velhos apresentaram maior nível de maturidade (β = 0,189; p = 0,046), Determinação (β = 0,220; p = 0,020) e Conhecimento da Realidade (β = 0,190; p = 0,040). Além disso, a escola privada (β = 0,193; p = 0,026) e a participação do programa durante o segundo semestre (β = 0,212; p = 0,022) influenciaram o nível de Conhecimento da Realidade.

O mesmo procedimento de análise de diferenças de médias para amostras independentes foi aplicado aos resultados do pós-teste. Não foram encontradas diferenças significativas entre a maturidade considerando sexo, tipo de escola, modalidade e semestre de atendimento (Tabela 3). Quando todas as dimensões da maturidade tiveram seus resultados comparados entre fase inicial e pós-testagem, houve diferenças significativas somente entre as dimensões Responsabilidade (p = 0,03), Autoconhecimento (p = 0,036) e Conhecimento da Realidade (p = 0,05) considerando o semestre de atendimento. Os maiores escores nessas dimensões foram encontrados nas intervenções realizadas no segundo semestre.

Tabela 3 Diferença de Média Considerando a Maturidade Pós-Intervenção e Variáveis Sociodemográficas. 

Variáveis Categorias Análise descritiva Resultado de comparação entre
grupos
N M (DP) t p
Sexo Feminino 86 28,97 (20,2) 2,251 0,260
Masculino 35 19,60 (22,0)
Escola (individual) Pública 35 28,40 (17,6) -0,466 0,643
Particular 31 30,84 (24,0)
Modalidade
(Apenas na escola
pública)
Individual 35 28,40 (17,6) 1,424 0,158
Grupo 55 22,31 (21,0)
Semestre de
atendimento
Primeiro 62 22,85 (21,8) -1,836 0,069
Segundo 59 29,83 (19,9)

Notas. N = 121; n = amostra; M = média; DP = desvio padrão; t = valor de t; p = significância estatística.

Ao analisar a diferença de desempenho produzida pelo efeito do AC sobre a maturidade e suas dimensões, observou-se aumento significativo entre a testagem pré e após a intervenção (Tabela 4). A independência foi a única faceta com o tamanho de efeito pequeno (0,23; p < 0,001). Responsabilidade (0,31; p < 0,001), Autoconhecimento (0,36; p < 0,001) e Conhecimento da realidade (0,39; p < 0,001) apresentaram efeitos moderados. A Determinação e Maturidade revelaram um tamanho de efeito grande, 0,55 (p < 0,001) e 0,56 (p < 0,001), respectivamente.

Tabela 4 Diferença de Média e Tamanho do Efeito da Maturidade Vocacional e suas Dimensões Entre Pré e Pós-Intervenção. 

Dimensões e Maturidade Pré-teste Pós-teste Valores de comparação
M-Max M (DP) M-Max M (DP) p d r
Determinação 13-49 29,12 (8,8) 20-50 39,44 (6,4) 0,000 1,33 0,55
Responsabilidade 24-48 37,74 (6,1) 26-50 41,39 (5,1) 0,000 0,65 0,31
Independência 15-40 27,60 (5,9) 18-40 30,40 (6,0) 0,000 0,47 0,23
Autoconhecimento 11-35 21,77 (5,3) 15-35 25,63 (4,8) 0,000 0,76 0,36
Conhecimento da Realidade 14-43 29,17 (6,5) 20-48 34,53 (6,0) 0,000 0,86 0,39
Maturidade 96-190 145,48 (21,6) 124-212 171,36 (20,1) 0,000 1,24 0,53

Notas. N = 121; M-Max = valor mínimo e máximo; M = média; DP = desvio padrão; p = significância estatística; d = valor do índice d de Cohen; r = tamanho do efeito.

A análise de regressão linear múltipla simultânea foi novamente realizada para verificar se houve alguma variável preditora para o desenvolvimento da maturidade para a carreira e suas dimensões (variáveis dependentes) após a intervenção. As variáveis independentes incluídas no modelo foram: idade, sexo, tipo de escola, semestre e modalidade de atendimento. Esta mesma análise foi reaplicada considerando a diferença entre os resultados da pré e pós-testagem para maturidade e facetas como variáveis dependentes e idade, sexo, semestre de atendimento e quantidade de componentes por grupo como independentes.

O semestre no qual os estudantes foram aconselhados teve efeito sobre o desenvolvimento da maturidade (β = 0,203; p = 0,036), Responsabilidade (β = 0,214; p = 0,029) Autoconhecimento (β = ,229; p = 0,020) e Conhecimento da Realidade (β = 0,217; p = 0,027). Intervenções realizadas no segundo semestre obtiveram escores mais elevados nessas dimensões. O tipo de modalidade de atendimento também demonstrou efeito sobre a Determinação (β = -0,223; p = 0,043). Os estudantes que participaram da intervenção individual demonstraram maiores escores na faceta Determinação e a quantidade de componentes por grupo não influenciou os resultados do EMEP.

A Tabela 5 indica as classificações no pós-teste para maturidade considerando a amostra geral, da escola pública e particular. Os participantes apresentaram uma classificação de média a muito superior em 79,4% dos casos para a amostra geral, 75,5% para a escola pública e 90,4% para a particular. A classificação média para a maturidade foi a mais frequente em todos os casos. As classificações “médio superior” e “superior” foram mais frequentes na escola particular, enquanto apenas na escola pública foi registrada a classificação muito superior.

Tabela 5 Classificação da Maturidade Vocacional Pós-Intervenção. 

Geral Pública Particular
n % N % n %
Muito inferior 2 1,7 1 1,1 1 3,2
Inferior 11 9,1 11 12,2 0 0
Médio Inferior 12 9,9 10 11,1 2 6,5
Médio 59 48,8 43 47,8 16 51,6
Médio Superior 16 13,2 10 11,1 6 19,4
Superior 19 15,7 13 14,4 6 19,4
Muito superior 2 1,7 2 2,2 0 0
Total 121 100 90 100 31 100

Nota. N = 121; n = amostra, e % = porcentagem.

A distribuição da frequência das classificações das facetas no pós-teste demonstrou a prevalência de estudantes com classificação média para cima (médio, médio superior, superior e muito superior) para todas as dimensões. Observou-se 71,9% dos estudantes da amostra geral, 70% da escola pública e 77,4% da escola particular para Responsabilidade; 80,1, 77,8 e 87,2 para Independência; 67, 63,3 e 77,5% para Autoconhecimento e 80,1, 78,8 e 83,9% para Conhecimento da realidade. Um padrão diferente foi encontrado para a Determinação, favorecendo a escola pública: 83,5% da amostra geral, 84,4% de escola pública e 80,7% de particular. Comparando as dimensões, a Independência foi a que obteve maior prevalência de classificações “muito superiores”: 13,2, 11,1 e 19,4%, da amostra geral, de escola pública e particular respectivamente.

Por fim, considerando os 121 estudantes concluintes do AC, constatou-se que 98 (80,1%) ficaram completamente satisfeitos e 18 (14,9%) muito satisfeitos sobre o quanto se sentiram compreendidos pelo(a) conselheiro(a), 101 (83,5%) relataram se sentirem completamente satisfeitos e 19 (15,7%) muito satisfeitos sobre o quanto o processo foi significativo para estabelecer objetivos em relação à carreira, e 101 (83,5%) e 20 (16,5%) relataram, respectivamente, estar completamente e muito satisfeitos sobre o quanto o processo foi significativo para si.

Discussão

Esse estudo teve por objetivo estudar os processos de tomada de decisão e escolha de carreira envolvidos na fase de encerramento do ensino médio. Buscou-se investigar se o aconselhamento de carreira fundamentado no LSA apresenta efetividade para uma amostra de estudantes do terceiro do ensino médio de escolas públicas e particulares, de ambos os sexos e em modalidades de aconselhamento em grupo e individual. Estudou-se também quais dessas variáveis podem estar correlacionadas com o nível de maturidade para a escolha profissional.

Nossa amostra foi majoritariamente feminina. A prevalência de sujeitos do sexo feminino entre os participantes está consoante com outras pesquisas que avaliaram o público que buscou aconselhamento de carreira (ver Cardoso, Janeiro, & Duarte, 2018; Ferrari, Nota, & Soresi, 2012; Junqueira & Melo-Silva, 2014; Maree, 2019; Silva, Coelho, & Taveira, 2017; Souza & Lassance, 2007), apesar de estudantes do sexo masculino formarem a maioria das matrículas desde o primeiro ano do ensino fundamental até o terceiro ano do ensino médio (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira [Inep], 2024). Esse fenômeno pode ser explicado pelo fato de estudantes do sexo feminino apresentarem maior abertura e conscienciosidade, levantando a hipótese de que o sexo feminino pode estar mais comprometido com responsabilidades e tarefas nessa fase do desenvolvimento e ciclo escolar (ver Crabtree & Stephan, 2022; Ocampo et al., 2020; Šverko & Babarović, 2019; Wendling & Sagas, 2020).

Estudantes cujas famílias recebem entre um e quatro salários mínimos são as que mais procuraram o atendimento em aconselhamento de carreira institucional. Esse dado pode ser explicado pela prevalência de participantes oriundos de escolas públicas, além do fato de estudantes de escolas particulares provavelmente buscarem esse tipo de serviço em consultórios particulares. Ademais, no último censo escolar, o Inep (2024) registrou 86,6% dos estudantes do ensino médio matriculados em escolas públicas.

Os resultados do pré-teste indicaram que, apesar da variação de idade entre os participantes ter sido pequena pela inclusão de apenas uma série, os estudantes mais velhos apresentaram um desempenho maior na maturidade para a escolha profissional e das facetas Determinação e Conhecimento da Realidade. Esses resultados corroboram os achados de Neiva (2003) sobre Conhecimento da Realidade, Neiva et al. (2005) para maturidade e Determinação, e Cericatto et al. (2017) para determinação. Segundo Patton e Lokan (2001), há um aumento da maturidade para a carreira conforme a idade avança. No estudo de Neiva (2003), foi observado um aumento progressivo do nível de maturidade para a escolha profissional ao longo das três séries do ensino médio. O estudo de Creed e Patton (2003) indicou que os estudantes mais velhos se mostraram mais engajados na exploração das carreiras e no planejamento de objetivos, e, no estudo de Whiston e Brecheisen (2002), a idade foi uma variável mediadora da maturidade para a carreira.

Estudos realizados na década de 2000 identificaram diferença entre os sexos em relação ao nível de maturidade (Creed & Patton, 2003; Neiva et al., 2005; Balbinotti & Tétreau, 2006). Não obstante, a mesma diferença não foi observada em estudos mais recentes (Cattani, Teixeira, & Ourique, 2016; Junqueira & Melo-Silva, 2014). Nesse sentido, o número de participantes do sexo feminino pode ter influenciado os valores obtidos para maturidade na pré-testagem. Assim, estudos posteriores podem levar em consideração um equilíbrio no número de participantes de ambos os gêneros a fim de produzir um quadro mais preciso dos níveis de maturidade nessa população.

Considerando o tipo de escola, os participantes provenientes da rede particular de ensino obtiveram pontuações maiores no pré-teste, e com diferença significativa, para a faceta Conhecimento da Realidade. Essa diferença pode ser explicada pelo fato de estudantes em colégios privados terem maior acesso informacional quando comparados aos da rede pública de ensino (ver Lima & Gomes, 2013). Banai e Perin (2016) constataram maior definição de carreira em estudantes de escolas particulares do que das públicas em relação às diferenças individuais. Demonstrando, desse modo, que a qualidade do aprendizado durante a fase do ensino médio contribuirá consideravelmente para o sucesso no ensino superior. Esses autores também demonstraram que o tipo de ensino médio cursado atua como o maior preditor de performance acadêmica a longo prazo, quando comparado a outras variáveis individuais, tais como inteligência e personalidade. No entanto, outras pesquisas que envolveram estudantes da mesma faixa etária não estabeleceram comparação entre o desempenho de medidas de conhecimento ambiental e o tipo de escola, por não terem pesquisado amostras com essas duas condições simultaneamente (ver Cardoso et al., 2018; Ferrari et al., 2012; Maree, 2019).

Considerando as análises de correlação que foram feitas para idade, renda domiciliar, escolaridade da pessoa de referência e resultados da EMEP no pré-teste, o resultado significativo entre a idade e Determinação sustentam as concepções de Neiva (2014) de que essa faceta seria a única da escala de maturidade a se desenvolver progressivamente ao comparar as idades de estudantes do ensino médio, independentemente das intervenções. No entanto, a presente pesquisa apresenta como uma clara limitação ter uma amostra formada apenas por estudantes do terceiro ano do ensino médio. Kreibich, Hennecke e Brandstätter (2020) demonstraram a importância da consciência de si (autoconhecimento) para a superação de obstáculos (determinação e intencionalidade), indicando a idade como um fator que interfere na capacidade de buscar por seus objetivos. No entanto, a amostra de Kreibich et al. (2020) foi composta por estudantes universitários. Rupprecht, Dutt, Wahl e Diehl (2019) também demonstraram a relação entre idade, conscienciosidade e determinação. Porém, o estudo incluiu somente pessoas com mais de 40 anos de idade.

Quanto à ausência de correlações entre a EMEP, a escolaridade da pessoa de referência e renda domiciliar, deve-se considerar que outras variáveis importantes tais como o nível de influência dos responsáveis e diálogo sobre a temática não foram avaliadas. Resultados diferentes poderiam ter sido encontrados uma vez que Suryadi, Sawitri, Hayat e Putra (2020) identificaram correlações positivas significativas entre a congruência de profissões dos pais e a orientação de carreira dos adolescentes. Em contrapartida, Cattani et al. (2016) também não encontraram correlações significativas entre o construto maturidade e suas facetas com o nível socioeconômico e a escolaridade dos pais de estudantes do ensino médio.

Em relação ao tamanho do efeito das intervenções, constatou-se um índice considerado pequeno a moderado para a Independência. Há dois aspectos aqui a serem considerados, a saber: a) apesar de este fator ter apresentado maior frequência de classificações “superiores” e “muito superiores”, b) houve menor variação entre os escores dessa faceta. Este fato pode explicar o tamanho do efeito pequeno a moderado para essa faceta. A Determinação mais elevada no pós-teste entre os participantes da modalidade individual sugere que os estudantes possam ter se sentido mais incentivados pelo orientador a implicar-se mais no aconselhamento, para alcançar seus objetivos nesse formato de intervenção, uma vez que têm a atenção plena do orientador (ver Junqueira, 2010; Junqueira & Melo-Silva, 2014; Spokane, 2004). Contudo, no estudo de Silva et al. (2021), evidenciou-se que adolescentes com superdotação já apresentavam médias mais altas nessa dimensão, mesmo sem aconselhamento. Desse modo, faz-se necessário incluir elementos relativos ao desenvolvimento cognitivo como forma de auxiliar melhor os processos de intervenção em AC, especialmente aqueles referentes ao estabelecimento e manutenção dos objetivos profissionais.

Em relação aos semestres de atendimento, diferenças significativas encontradas em Responsabilidade, Autoconhecimento e Conhecimento da Realidade nos indicam que os valores mais elevados para o segundo semestre podem ser explicados pelo possível maior engajamento dos participantes no processo de aconselhamento de carreira em função da proximidade do fim do ensino médio e do ENEM (ver Potulski & Dacroce, 2015).

Ademais, comparando os dados do pré e pós-teste para as classificações de maturidade, observaram-se diferenças qualitativas. No pré-teste, havia alta frequência para resultados para a classificação inferior e muito inferior, sendo ambas duas vezes e meia maiores na rede pública. Além disso, nenhum participante foi classificado como superior ou muito superior em ambas as escolas, nem médio superior para a rede privada. No pós-teste, os resultados para as classificações elevaram consideravelmente. A concentração dos dados foi mais frequente a partir das classificações médias ou superiores. Houve um aumento de classificações médio superior, superior e muito superior. Esses dados corroboram o fato de que a intervenção em aconselhamento de carreira fundamentada no LSA produziu efeitos sobre a maturidade para o desenvolvimento de carreira, corroborando evidências de outros estudos brasileiros (Esbrogeo 2008, Junqueira & Melo-Silva, 2014, Lassance et al., 2009, Melo-Silva et al., 2004; Neiva, 2003, 2005).

Em relação ao questionário final sobre o nível de satisfação com o atendimento sobre o programa de aconselhamento de carreira podemos destacar que a maioria dos participantes se sentiram compreendidos pelo conselheiro e relataram que o processo foi significativo para que eles pudessem estabelecer objetivos em relação à carreira. Esses aspectos são relevantes na avaliação de um programa de AC (Oliver & Spokane, 1988) para identificar possíveis melhorias para futuros programas de intervenção e para obter uma medida da percepção do desenvolvimento dos participantes para além dos instrumentos de avaliação utilizados. Além disso, é uma importante ferramenta para o conselheiro ter um feedback sobre sua forma de atendimento e identificar se os objetivos finais foram alcançados. Esse é um elemento importante tendo em vista que o papel do conselheiro é considerado como central para o desenvolvimento dos participantes (Flynn, 2007).

Limitações e considerações futuras

De modo geral, a pesquisa apresentou poucas diferenças significativas entre os resultados da maturidade, e suas facetas, e idade, sexo, tipo de escola, modalidade e semestre de atendimento. Tampouco, o desenvolvimento da maturidade e facetas foi explicado por todas essas variáveis independentemente, salvo em algumas exceções. Pode-se inferir, desse modo, que a intervenção fundamentada no LSA propiciou uma mudança significativa no amadurecimento em relação às dúvidas sobre carreira, intencionalidade, planejamento, autoconsciência e conhecimento geral do contexto dos estudantes do terceiro ano do ensino médio. Trata-se de uma pesquisa quantitativa e pode-se dizer que as ferramentas e técnicas utilizadas produziram um efeito nesta intervenção, o que o torna válido e aplicável para o AC. Desse modo, este estudo traz novas evidências que se agrupam a estudos anteriores nos quais este modelo de intervenção em AC foi aplicado (Esbrogeo 2008, Junqueira & Melo-Silva, 2014, Lassance et al., 2009, Melo-Silva et al., 2004; Neiva, 2003, 2005).

Entretanto, mesmo com essa contribuição, esta pesquisa apresenta uma série de limitações. A primeira delas por se tratar de uma amostra restrita à terceira série. Seria necessário considerar a primeira e a segunda séries para verificar como se comportam no pré-teste e em relação às variáveis utilizadas neste estudo e quais efeitos esse tipo de aconselhamento produziria em sua maturidade vocacional. As pesquisas, especialmente com enfoque quantitativo, apresentam variabilidade da amostra relativa às séries e até mesmo para adultos que estão ou já se formaram no curso superior.

Apesar de o tamanho dos grupos para o atendimento coletivo não ter interferido no resultado alcançado, não foi possível fazer comparações nesta modalidade de atendimento entre os estudantes das escolas pública e particular. Permanece a questão se um grupo com este perfil teria apresentado os mesmos resultados, o que permitiria verificar se o tipo de escola realmente influencia a manifestação e o desenvolvimento da maturidade e suas facetas. Ainda sobre a amostra, a quantidade de participantes do sexo feminino pode ter influenciado alguns resultados, especialmente sobre o desempenho inicial.

Vale acrescentar que os resultados qualitativos evidenciaram as experiências satisfatórias dos participantes com este processo. E por fim, estudos longitudinais poderiam mostrar se o nível de maturidade desempenhou, de fato, um papel na preparação para e satisfação com as carreiras escolhidas. Desse modo, é possível evidenciar que ainda há muitas lacunas em relação à funcionalidade do LSA para o aconselhamento e subsequente desenvolvimento da maturidade para escolha profissional no contexto brasileiro, lembrando ser este o primeiro estudo quantitativo em solo mineiro.

Referências

Akosah-Twumasi, P., Emeto, T. I., Lindsay, D., Tsey, K., & Malau-Aduli, B. S. (2018). A systematic review of factors that influence youths career choices-the role of culture. Frontiers in Education, 3(58), 1-15. https://doi.org/10.3389/feduc.2018.00058 [ Links ]

Ambiel, R. A. M., Martins, G. H., & Hernández, D. N. (2018). Por que os adolescentes buscam fazer orientação profissional? Um estudo preditivo com estudantes brasileiros. Trends in Psychology, 26(4), 1971-1984. http://doi.org/10.9788/TP2018.4-10Pt [ Links ]

Anovunga, A. A., N-yelbi, J., & Akpadago, J. (2021). Career decision making among young adults in Ghanaian secondary schools using Super’s career choice theory as a lens. International Journal of Psychology and Counseling, 13(3), 41-51. https://doi.org/10.5897/IJPC2021.0651 [ Links ]

Arthur, N., & McMahon, M. (Orgs.). (2019). Contemporary theories of career development: International perspectives. Routledge, Taylor & Francis Group. https://doi.org/10.1002/j.2161-0045.2005.tb00991.x [ Links ]

Bakari, U. (2014). Review on African Literature on Donald Super’s Theory of Vocational Choice: Implications for counseling. Journal of Education and Leadership Development, 6(2), 1-24. [ Links ]

Balbinotti, M. A. A., & Tétreau, B. (2006). Níveis de maturidade vocacional de alunos de 14 a 18 anos do Rio Grande do Sul. Psicologia em estudo, 11(3), 551-560. https://doi.org/10.1590/S1413-73722006000300011 [ Links ]

Banai, B., & Perin, V. (2016). Type of high school predicts academic performance at university better than individual differences. PloS one, 11(10), 1-16. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0163996 [ Links ]

Cardoso, P., Janeiro, I. N., & Duarte, M. E. (2018). Life design counseling group intervention with Portuguese adolescents: A process and outcome study. Journal of Career Development, 45(2), 183-196. https://doi.org/10.1177/0894845316687668 [ Links ]

Cattani, B. C., Teixeira, M. A. P., & Ourique, L. R. (2016). Maturidade de carreira e nível socioeconômico em estudantes do ensino médio. Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia, 9(1), 67-77. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-82202016000100006Links ]

Cericatto, C., Alves, C. F., & Patias, N. D. (2017). A maturidade para a escolha profissional em adolescentes do ensino médio.Revista de Psicologia da IMED, 9(1), 22-37. https://doi.org/10.18256/2175-5027.2017.v9i1.1487 [ Links ]

Chen, C. P. (2003). Integrating Perspectives in Career Development Theory and Practice. The Career Development Quarterly, 51(3), 203-216. https://doi.org/10.1002/j.2161-0045.2003.tb00602.x [ Links ]

Crabtree, L. M., & Stephan, M. (2022). That Exists Today: An Analysis of Emerging Critical Consciousness in a Professional Development Setting.Journal of Science Teacher Education,34(2), 105-131. https://doi.org/10.1080/1046560X.2022.2031479 [ Links ]

Creed, P. A., & Patton, W. (2003). Differences in career attitude and career knowledge for high school students with and without paid work experience. International Journal for Educational and Vocational Guidance, 3(1), 21-33. https://doi.org/10.1023/A:1022674528730 [ Links ]

Esbrogeo, M. C. (2008). Avaliação da orientação profissional em grupo: O papel da informação no desenvolvimento da maturidade para a escolha da carreira [Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo]. Arquivo Digital da Universidade de São Paulo. https://doi.org/10.11606/D.59.2008.tde-20052009-215340 [ Links ]

Ferrari, L., Nota, L., & Soresi, S. (2012). Evaluation of an intervention to foster time perspective and career decidedness in a group of Italian adolescents. The Career Development Quarterly, 60(1), 82-96. https://doi.org/10.1002/j.2161-0045.2012.00007.x [ Links ]

Flynn, R. J. (2007). Evaluating the effectiveness of career counselling: Recent evidence and recommended strategies. Canadian Journal of Counselling and Psychotherapy, 28(4), 270-280. https://cjc-rcc.ucalgary.ca/article/view/58507Links ]

Freitas, J. O. T., & Resende, G. C. (2020). Educar para a Escolha Profissional e de Carreira: Uma Proposta para a Intervenção na Escola.Amazônica-Revista de Psicopedagogia, Psicologia escolar e Educação, 25(2), 431-448. https://periodicos.ufam.edu.br/index.php/amazonica/article/view/7781Links ]

Ginevra, M. C., Magnano, P., Lodi, E., Annovazzi, C., Camussi, E., Patrizi, P., & Nota, L. (2018). The role of career adaptability and courage on life satisfaction in adolescence. Journal of Adolescence, 62(1), 1-8. https://doi.org/10.1016/j.adolescence.2017.11.002 [ Links ]

Ham, K. A., & Lim, H. W. (2017). Career maturity and quality of life in Korean adolescents: A cross‐lagged panel design. The Career Development Quarterly, 65(3), 250-263. https://doi.org/10.1002/cdq.12096 [ Links ]

Hartung, P. J. (2019). Life-Span, Life-Space Career Theory and Counseling. In S. D. Brown & R. W. Lent (Orgs.), Career Development and Counseling: Putting theory and research to work (3rd ed.). Wiley. [ Links ]

Hopson, B., & Hayes, J. (2014). The theory and practice of vocational guidance: A selection of readings. Pergamon. [ Links ]

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. (2024). Censo da Educação Básica 2023: Resumo Técnico (Versão preliminar). https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/estatisticas_e_indicadores/resumo_tecnico_censo_escolar_2023.pdfLinks ]

Junqueira, M. L. (2010). Maturidade para a escolha da carreira em adolescentes de um serviço de orientação profissional [Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo]. Arquivo Digital da Universidade de São Paulo. https://doi.org/10.11606/D.59.2010.tde-29032011-210529 [ Links ]

Junqueira, M. L., & Melo-Silva, L. L. (2014). Maturidade para a escolha de carreira: estudo com adolescentes de um serviço-escola. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 15(2), 187-199. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbop/v15n2/09.pdfLinks ]

Kreibich, A., Hennecke, M., & Brandstätter, V. (2020). The Effect of Self-Awareness on the Identification of Goal-Related Obstacles. European Journal of Personality, 34(2), 215-233. https://doi.org/10.1002/per.2234 [ Links ]

Lassance, M. C. P., Bardagi, M. P., & Teixeira, M. A. P. (2009). Avaliação de uma intervenção cognitivo-evolutiva em orientação profissional com um grupo de adolescentes brasileiros. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 10(1), 23-32. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-33902009000100005Links ]

Lima, L. A., & Gomes, A. C. (2013). Ensino médio para todos: Oportunidades e desafios. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 94(238), 745-769. https://doi.org/10.24109/2176-6681.rbep.94i238.357 [ Links ]

Marciniak, J., Johnston, C. S., Steiner, R. S., & Hirschi, A. (2022). Career Preparedness Among Adolescents: A Review of Key Components and Directions for Future Research. Journal of Career Development, 49(1), 18-40. https://doi.org/10.1177/0894845320943951 [ Links ]

Maree, J. G. (2019). Group Career Construction Counseling: A Mixed‐Methods Intervention Study with High School Students. The Career Development Quarterly, 67(1), 47-61. https://doi.org/10.1002/cdq.12162 [ Links ]

Melo-Silva, L. L., Lassance, M. C. P., & Soares, D. H. P. (2004). A orientação profissional no contexto da educação e trabalho. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 5(2), 31-52. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-33902004000200005Links ]

Neiva, K. M. C. (2003). A maturidade para a escolha profissional: uma comparação entre alunos do ensino médio. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 4(1/2), 97-103. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-33902003000100009Links ]

Neiva, K. M. C. (2014). Escala de Maturidade para a Escolha Profissional (EMEP, 2ª Ed). Vetor. [ Links ]

Neiva, K. M. C., Silva, M. B., Miranda, V. R., & Esteves, C. (2005). Um estudo sobre a maturidade para a escolha profissional de alunos do ensino médio. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 6(1), 1-14. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-33902005000100002Links ]

Ocampo, A. C. G., Reyes, M. L., Chen, Y., Restubog, S. L. D., Chih, Y. Y., Chua-Garcia, L., & Guan, P. (2020). The role of internship participation and conscientiousness in developing career adaptability: A five-wave growth mixture model analysis.Journal of Vocational Behavior,120, e103426. https://doi.org/10.1016/j.jvb.2020.103426 [ Links ]

Kirdok, O., & Korkmaz, O. (2018). Dimensions of personality and emotional intelligence as predictors of high school students’ career decision difficulties. Educational Research and Reviews, 13(12), 495-502. https://doi.org/10.5897/ERR2018.3532 [ Links ]

Oliver, L. W., & Spokane, A. R. (1988). Career-intervention outcome: What contributes to client gain? Journal of Counseling Psychology, 35(4), 447-462. https://doi.org/10.1037/0022-0167.35.4.447 [ Links ]

Organization for Economic Co-operation and Development. (2017). PISA 2015 Results (Volume III): Students’ Well-Being. OECD Publishing. https://doi.org/10.1787/9789264273856-en [ Links ]

Patton, W., & Lokan, J. (2001). Perspectives on Donald Super’s construct of career maturity. International Journal for Educational and Vocational Guidance, 1, 31-48. https://doi.org/10.1023/A:1016964629452 [ Links ]

Potulski, E. R., & Dacroce, M. (2015). Escolha profissional: perspectivas dos educandos do 3º ano do ensino médio da escola estadual do ensino fundamental e médio ensino pipino de sinop/mt frente ao ENEM e vestibular. Revista Internacional de apoyo a la inclusión, logopedia, sociedad y multiculturalidad, 1(4), 105-121. https://revistaselectronicas.ujaen.es/index.php/riai/article/view/4176Links ]

Reis, M., Camacho, I. N. M., Ramiro, L. I. S., Tomé, G. M. Q., Gomes, P., Santos, T. G. S., Canha, L., Simões, C., & Matos, M. M. N. G. (2015). A escola e a transição para a universidade: idades transacionais e o seu impacto na saúde-notas a partir do estudo hbsc/oms. Revista de Psicologia da Criança e do Adolescente, 6(2), 77-92. http://revistas.lis.ulusiada.pt/index.php/rpca/article/view/2315Links ]

Rice, M. E., & Harris, G. T. (2013). Psychopathy and violent recidivism. In K. A Kiehl & W. P. Sinnott-Armstrong (eds.),Handbook on psychopathy and law (231-249). Oxford University Press. [ Links ]

Rupprecht, F. S., Dutt, A. J., Wahl, H. W., & Diehl, M. K. (2019). The role of personality in becoming aware of age-related changes. GeroPsych, 32(2), 57-67. https://doi.org/10.1024/1662-9647/a000204 [ Links ]

Salomone, P. R. (1996). Tracing Super’s theory of vocational development: A 40-year retrospective. Journal of career development, 22(3), 167-184. https://doi.org/10.1177/08948453960220030 [ Links ]

Sassi, L. A., & Islam M. J. A. (2020). Sistema informatizado para a escolha profissional em adolescentes do Ensino Médio. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 21(2), 163-175. https://doi.org/10.26707/1984-7270/2020v21n204 [ Links ]

Savickas, M. L. (2019). Career counseling (2nd ed.). American Psychological Association. https://doi.org/10.1037/0000105-000 [ Links ]

Savickas, M. L., & Savickas, S. (2019). A History of Career Counselling. In J. A. Athanasou & H. N. Perera (Orgs.), International Handbook of Career Guidance (p. 25-43). Springer Cham. https://doi.org/10.1007/978-3-030-25153-6_2 [ Links ]

Silva, A. D., Coelho, P., & Taveira, M. C. (2017). Effectiveness of a career intervention for empowerment of institutionalized youth. Vulnerable Children and Youth Studies, 12(2), 171-181. http://doi.org/10.1080/17450128.2017.1282070 [ Links ]

Silva, V. A. P., Costa, D. B., Farina, M., Oliveira, M. Z., & Irigaray, T. Q. (2021). Indecisão e maturidade vocacional, autoeficácia e personalidade em adolescentes com e sem superdotação.Avaliação Psicológica, 20(4), 475-485. http://doi.org/10.15689/ap.2021.2004.21963.09 [ Links ]

Souza, L. K., & Lassance, M. C. P. (2007). Análise do perfil da clientela de um serviço universitário de orientação profissional. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 8(2), 71-86. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-33902007000200007Links ]

Spokane, A. (2004). Avaliação das Intervenções de Carreira. In L. M. Leitão (Org.), Avaliação Psicológica em Orientação Escolar e Profissional (pp. 455-473). Quarteto. [ Links ]

Super, D. E. (1953). A theory of vocational development. American Psychologist, 8(5), 185-190. http://doi.org/10.1037/h0056046 [ Links ]

Super, D. E. (1957). The psychology of careers; an introduction to vocational development. Harper & Bros. [ Links ]

Super, D. E. (1983). Assessment in career guidance: Toward truly developmental counseling. The Personnel and Guidance Journal, 61(9), 555-562. https://doi.org/10.1111/j.2164-4918.1983.tb00099.x [ Links ]

Super, D. E. (1990). A life-span, life-space approach to career development. In D. Brown & L. Brooks, Career choice and development: Applying contemporary theories to practice (2nd ed., pp. 197-261). Jossey-Bass. [ Links ]

Super, D. E., & Jordaan, J. P. (1973). Career development theory. British Journal of Guidance and Counselling, 1(1), 3-16. https://doi.org/10.1080/03069887308259333 [ Links ]

Super, D. E., Savickas, M. L., & Super, C. M. (1996). The life-span, life-space approach to careers. Career choice and development, 3, 121-178. [ Links ]

Suryadi, B., Sawitri, D. R., Hayat, B., & Putra, M. D. K. (2020). The Influence of Adolescent-Parent Career Congruence and Counselor Roles in Vocational Guidance on the Career Orientation of Students. International Journal of Instruction, 13(2), 45-60. http://www.e-iji.net/dosyalar/iji_2020_2_4.pdfLinks ]

Šverko, I., & Babarović, T. (2019). Applying career construction model of adaptation to career transition in adolescence: A two-study paper.Journal of Vocational Behavior,111, 59-73. https://doi.org/10.1016/j.jvb.2018.10.011 [ Links ]

Thiese, M. S. (2014). Observational and interventional study design types; an overview. Biochemia Medica, 24(2), 199-210. https://doi.org/10.11613/BM.2014.022 [ Links ]

Wendling, E., & Sagas, M. (2020). An application of the social cognitive career theory model of career self-management to college athletes’ career planning for life after sport.Frontiers in Psychology,11, e501019. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2020.00009 [ Links ]

Whiston, S. C., & Brecheisen, B. K. (2002). Practice and research in career counseling and development-2001. The Career Development Quarterly, 51(2), 98-154. https://doi.org/10.1002/j.2161-0045.2002.tb00596.x [ Links ]

Xu, C., Gong, X., Fu, W., Xu, Y., Xu, H., Chen, W., & Li, M. (2020). The role of career adaptability and resilience in mental health problems in Chinese adolescents. Children and Youth Services Review, 112, e14104893. https://doi.org/10.1016/j.childyouth.2020.104893 [ Links ]

Como citar: Alvarenga, M. A. S., Guilhermino, C. S., Azevedo, T. G., Marques, A. F., Pollo, T. C., & Cardoso P. M. S. (2025). Intervenção em Aconselhamento de Carreira por meio da Maturidade para a Escolha Profissional. Psicologia: Ciência e Profissão, 45, 1-18. https://doi.org/10.1590/1982-3703003277438

How to cite: Alvarenga, M. A. S., Guilhermino, C. S., Azevedo, T. G., Marques, A. F., Pollo, T. C., & Cardoso P. M. S. (2025). Intervention in Career Counseling based on Maturity for Vocational Choice. Psicologia: Ciência e Profissão, 45, 1-18. https://doi.org/10.1590/1982-3703003277438

Cómo citar: Alvarenga, M. A. S., Guilhermino, C. S., Azevedo, T. G., Marques, A. F., Pollo, T. C., & Cardoso P. M. S. (2025). Intervención en la orientación de la carrera a partir de la madurez para la decisión profesional. Psicologia: Ciência e Profissão, 45, 1-18. https://doi.org/10.1590/1982-3703003277438

Recebido: 08 de Agosto de 2023; Aceito: 01 de Agosto de 2024

| E-mail: alvarenga@ufsj.edu.br

|| E-mail: carolguilherminoo@gmail.com

||| E-mail: tiagoaz777@gmail.com

|||| E-mail: amandafurlanmarques@gmail.com

* E-mail: tpollo@ufsj.edu.br

** E-mail: pmsc@uevora.pt

Endereço para envio de correspondência: Laboratório de Pesquisa, Ensino e Extensão da Cognição, Cotidiano e Desenvolvimento (CODE.Lapex). Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Praça Dom Helvécio, 74, sala 2.09, Dom Bosco. CEP: 36.301-160. São João del-Rei - MG, Brasil.

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons