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Psicologia: teoria e prática

Print version ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. vol.26 no.2 São Paulo  2024  Epub Dec 02, 2024

https://doi.org/10.5935/1980-6906/eptped17342.pt 

Editorial

Editorial

Cristiane Silvestre de Paula2 

2Editora-Chefe da Revista Psicologia: Teoria e Prática


Caras leitoras e caros leitores,

É momento de abrir o segundo volume de 2024 (volume 26.2) da revista Psicologia: Teoria e Prática. Nele, apresento 12 artigos com dados originais que abrangem vasta gama de tópicos na Psicologia e áreas afins, oferecendo contribuições valiosas para a pesquisa e prática nessas áreas. Esses artigos estão sendo publicados em nosso site, conforme são formatados e aprovados pelos autores, em formato de fluxo contínuo.

Este volume conta com dois importantes estudos no campo da saúde mental infantojuvenil, ambos quantitativos, com grandes amostras e usando instrumentos padronizados. Sabendo da alta frequência de problemas emocionais e comportamentais entre crianças e adolescentes em idade escolar, um dos trabalhos traz resultados sobre a capacidade dos itens críticos do CBCL/6-18 em discriminar aqueles que recebiam atendimento em saúde mental daqueles que não recebiam, segundo uma amostra de crianças/adolescentes de 6 a 12 anos de idade da cidade de São Paulo. Apesar da alta frequência de problemas emocionais e comportamentais, o uso de serviços de saúde mental foi menor que 1% na população estudada. O segundo trabalho identificou fatores de proteção (resiliência e satisfação de vida) em relação a sintomas depressivos durante a pandemia de Covid-19, neste caso com amostra de adolescentes com 14 a 17 anos de idade. O único fator estatisticamente significante foi o otimismo, enquanto os seguintes fatores mostraram tendência à significância: família, self, self comparado e autoeficácia, confiança, sensibilidade e comprometimento.

Em 2015, o Brasil sofreu com a epidemia da síndrome congênita do zika vírus, que até hoje traz impactos à população. Um dos artigos examinou a confiabilidade do uso das Escalas Bayley III (grau de concordância entre duplas de observadores) na avaliação do desenvolvimento de crianças com o zika vírus. Os resultados indicam o uso das Escalas Bayley III, com adaptações para avaliação do público específico, com excelentes indicadores de confiabilidade, desde que o treinamento e a supervisão da equipe garantam a padronização nos processos avaliativos.

Este volume também é composto por dois artigos sobre crianças, jovens e adultos na condição dos transtornos do espectro autista (TEA). O primeiro é um estudo comparativo do comportamento adaptativo entre três grupos: crianças/jovens com TEA e comorbidades, crianças/jovens com TEA sem comorbidades e um grupo não clínico (N=309). O trabalho revela diferenças dos participantes com TEA em comparação com o grupo não clínico nos três domínios - conceitual, social e prático - da Diagnostic Adaptive Behavior Scale (DABS). Mais detalhes sobre diferenças e semelhanças dos subgrupos considerando o perfil sociodemográfico dos participantes podem ser conferidos na íntegra do artigo. O segundo artigo analisa o efeito de diferentes tempos de atraso em tarefas de discriminação condicional, de identidade e arbitrária em amostra composta por quatro participantes com TEA (de 6 a 11 anos de idade) e dois jovens adultos (18 e 25 anos) com deficiência intelectual. Os resultados indicaram uma queda no desempenho associada ao aumento do atraso, especialmente entre os participantes com deficiência intelectual. Além disso, observou-se que os comportamentos precorrentes tiveram relevância significativa para o comportamento de lembrança exigido nas tarefas experimentais.

Dois dos 12 artigos analisaram critérios de diferentes instrumentos avaliativos, resultando: (1) no estabelecimento de parâmetros adequados (boa discriminação, amplitude de informação e uma boa variação dos limiares de resposta) dos itens da varieties of sadistic tendencies (VAST), via teoria de resposta ao item, segundo amostra de 396 adultos de ambos os sexos; e (2) na identificação de quatro fatores (explicando 49% da variância dos dados) da estrutura interna da Escala Brasileira de Apego-Adulto 34 (Ebrapeg-A 34), segundo Análises Fatorais Exploratórias e Confirmatórias com amostra de 808 adultos.

Incluindo o método de revisão, este volume traz dois trabalhos que tratam de questões de gênero e estigma. Uma revisão de escopo revela o interesse crescente sobre a temática do sexismo no ambiente de trabalho demonstrando sua manifestação no contexto institucional, tendo a figura da mulher como vítima do fenômeno - o artigo selecionou 129 estudos nas bases de dados SciELO, PePSIC, LILACS, Index Psi, PsycINFO, PsycARTICLES e Web of Science. O segundo artigo combina uma revisão narrativa com análise temática baseada em entrevistas com gestores e especialistas do campo da saúde. Os achados da literatura indicam ampla disseminação do estigma em relação à obesidade em diversos contextos, com a mídia desempenhando papel de destaque. Em contrapartida, gestores e profissionais de saúde demonstram interesse em propostas de intervenção para minimizar esse tipo de estigma, reconhecendo a importante demanda na área. Os autores concluem com um modelo lógico de mudança para intervenções destinadas à redução do estigma da obesidade, que merece ser consultado.

Este volume comporta também três artigos empíricos, sendo um qualitativo e dois quantitativos, com assuntos atuais e de grande importância. O primeiro aborda estratégias e características de resolução de problemas de dez pessoas com dor crônica, segundo entrevistas semiestruturadas individuais e on-line. Se, como esperado, as queixas se concentram nas limitações físicas e nas atividades cotidianas, foi interessante notar que as resoluções de problemas se dão por meio de aspectos socioemocionais derivados particularmente de conforto e apoio advindo de relações afetivas significativas. O segundo avalia a influência de traços de personalidade do bem estabelecido modelo Big Five na tomada de decisão intertemporal, levando em conta covariáveis sociodemográficas e sintomas psicopatológicos de ansiedade, depressão e estresse numa grande amostra de 520 adultos. E o terceiro deriva da pergunta: “Haveria diferenças na autoeficácia de voleibolistas em relação à posição que jogam?”. Os autores examinam como diferentes posições em quadra influenciam a autoeficácia de 300 atletas de voleibol de alto rendimento, revelando que posições defensivas e ofensivas exigem diferentes tipos de confiança e habilidade.

Por fim, o volume apresenta o Invited Commentary que discute a importância das funções executivas no desenvolvimento infantil e o papel do brincar na sua melhoria. Ele compara os benefícios do brincar livre e do brincar guiado, concluindo que o brincar guiado oferece mais oportunidades para o desenvolvimento dessas funções, especialmente para crianças de comunidades menos favorecidas. Esse trabalho resulta de colaboração entre pesquisadores do Reino Unido, Argentina e Brasil, com o título The Importance of Guided Play in Classrooms to Promote Children’s Executive Functions.

Para concluir este editorial, gostaria de destacar que, seguindo o propósito de ampliar a diversidade de abordagens teóricas no campo da Psicologia, nossa revista vem expandindo quantitativa e qualitativamente seu corpo editorial, atingindo agora um total de 19 editores de seção abarcando todas as regiões brasileiras. Além disso, ajustes internos acontecem regularmente para melhor acomodar a expertise de cada editor de seção e para dar conta da flutuação do volume de submissão das seções. Por isso, autores e leitores podem notar troca de editores segundo a seção de atuação. Atualmente, os editores estão assim distribuídos nas nossas cinco seções da Revista PTP:

- Seção de Avaliação Psicológica: Prof. Dr. Alexandre Luiz de Oliveira Serpa; Prof. Dr. André Luiz de Carvalho Braule Pinto; Prof.ª Dra. Juliana Burges Sbicigo; Prof.ª Dra. Lisandra Borges Vieira Lima; e Prof.ª Dra. Natalia Becker.

- Seção de Desenvolvimento Humano: Prof. Dr. João Rodrigo Maciel Portes; Prof.ª Dra. Maria Cristina Triguero Veloz Teixeira; e Prof.ª Dra. Rosane Lowenthal.

- Seção de Psicologia Clínica: Prof.ª Dra. Ana Alexandra Caldas Osório; Profª. Dra. Cândida Helena Lopes Alves; Prof.ª Dra. Carolina Ziebold; e Prof.ª Dra. Julia Garcia Durand.

- Seção de Psicologia e Educação: Prof.ª Dra. Alessandra Gotuzo Seabra; Prof. Dr. Carlo Schmidt; e Prof.ª Dra. Regina Basso Zanon.

- Seção de Psicologia Social e Saúde das Populações: Prof. Dr. Daniel Kveller; Prof. Dr. Enzo Banti Bissoli; e Prof.ª Dra. Marina Xavier Carpena.

Além disso, a Prof.ª Dra. Jessica Mayumi Maruyama atua na tramitação de Artigos de Revisão, independentemente da seção de submissão dos manuscritos.

Aproveito o espaço para explicar aos nossos seguidores que, devido à troca de estagiárias da Revista, nossa página do Instagram (@revistapsico), que estava bastante ativa, teve suas atividades suspensas por alguns meses. Sabendo da importância de manter o canal de comunicação com autores, leitores, profissionais e estudantes do campo da Psicologia e áreas afins, estamos nos reestruturando para retomar as postagens com toda a força em 2024. Agradecemos sua compreensão.

Despeço-me desejando uma boa leitura a todos e todas, sempre agradecendo à nossa equipe editorial e à nossa equipe administrativa, assim como aos leitores e aos autores que optaram por compartilhar conosco sua produção científica.

Atenciosamente

Prof.ª Dra. Cristiane Silvestre de Paula

Editora-Chefe da Revista Psicologia: Teoria e Prática

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