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Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva

Print version ISSN 1517-5545

Rev. bras. ter. comport. cogn. vol.9 no.2 São Paulo Dec. 2007

 

ARTIGOS

 

Significado e definição de comportamento verbal: a abordagem skinneriana dez anos antes do Verbal Behavior

 

Meaning and definition of verbal behavior: the Skinnerian`s approach 10 years before Verbal Behavior

 

 

Paulo Roberto dos Santos Ferreira1 ; Camila Domeniconi2

Universidade Federal de São Carlos

 

 


RESUMO

Este artigo trata-se de uma seleção de excertos de um texto de divulgação não oficial do curso ministrado por B. F. Skinner em 1947 a respeito do comportamento verbal. O manuscrito cujos excertos são reproduzidos neste artigo é de importância histórica porque apresenta a formulação skinneriana do comportamento verbal dez anos antes da publicação do Verbal Behavior. O manuscrito foi transcrito por Ralph Hefferline, na ocasião professor da Universidade de Colúmbia, local em que Skinner ofereceu seu curso. O procedimento de seleção dos excertos teve como base a escolha de dois tópicos de importância para estudo do comportamento verbal: (1) significado e (2) definição de comportamento verbal.

Palavras-chave: Comportamento verbal, Significado, Linguagem


ABSTRACT

This study is about a selection of excerpts of text which there is not official publication of course ministered by B. F. Skinner in 1947 a respect of verbal behavior. The manuscript have historical importance because contains the skinnerian’s approach of verbal behavior ten years before the official publication of the book “Verbal Behavior”. The manuscript was elaborated by Ralph Hefferline, who was Colúmbia University`s professor, where Skinner offer your course. For selection of excerpts transcribed in this study the authors choose two important topics for comprehension of verbal behavior : (1) meaning and (2) definition of verbal behavior.

Keywords: Verbal behavior, Meaning, Language


 

 

Neste ano em que se comemoram os 50 anos da publicação do livro Verbal Behavior de B. F. Skinner, formulamos a seguinte questão: Como se deu a composição da referida obra, no sentido de amadurecimento das inovadoras noções que apresenta a respeito do objeto que o autor se propôs tratar? Perseguir a resposta para tal pergunta poderia nos levar a inúmeras conjecturas com diferentes graus de plausibilidade, em se tratando de uma perspectiva comportamentalista radical, sobre os tipos específicos de variáveis que controlavam o comportamento do escritor no percurso de criação do texto até a sua forma final, publicada em 1957. Skinner oferece, em sua extensa autobiografia, inúmeras tentativas de interpretação do seu próprio comportamento e nela encontramos, realmente, informações importantes sobre o contexto de criação do Verbal Behavior. No entanto, a tarefa sobre a qual especulamos seria, obviamente, impossível de ser realizada de forma cabal, uma vez que temos, hoje, dados insuficientes a respeito das modificações ocorridas no repertório comportamental do autor no que diz respeito ao tema dessa importante obra que é o Verbal Behavior.

Por outro lado, sabe-se que a obra da qual falamos foi elaborada em duradouros 23 anos, ao longo dos quais Skinner apresentou materiais parciais em cursos acadêmicos e nas William James Lectures, em Harvard. Um desses cursos, e que será de nosso interesse nesse artigo, foi apresentado na Universidade de Columbia, em 1947, com um título homônimo ao do livro (a despeito da sugestão do proponente, segundo o qual seria “Psicologia da Semântica”). O curso foi anotado e mimeografado por Ralph Hefferline, um professor daquela universidade com prévia experiência em estenografia, resultando em um manuscrito divulgado antes da publicação do livro. Tal manuscrito, completando 60 anos, chegou até nós 3 como um material cuja análise pode nos ajudar a esclarecer, se não as variáveis que controlavam o comportamento do autor do Verbal Behavior, pelo menos sobre o que ele pensava a respeito de alguns aspectos do tema 10 anos antes da publicação do livro. É o que faremos no presente artigo.

Será interessante, no entanto, verificarmos antes, brevemente, o que Skinner dizia a respeito do tema antes da elaboração do manuscrito. Embora não seja nosso intuito investigar a evolução da concepção do autor a respeito do tema em sua bibliografia, que é bastante extensa, um rápido retrospecto poderá lançar uma luz sobre a importância da conceituação que surge a partir do manuscrito. Por meio desse procedimento será possível identificar a anterioridade de determinadas concepções a serem apresentadas de forma terminada em 1957, passando por aquilo que Skinner já divulgava na década de 40. Sabemos, por exemplo, que uma definição preliminar de comportamento verbal aparece no ano de 1938, em “The Behavior of Organisms”:

“(...) o campo verbal (...) pode ser definido como aquela parte do comportamento que é reforçada somente através da mediação de um outro organismo. (...)” (Skinner, 1938, p.116) a

Skinner também apresenta, antes da publicação do Verbal Behavior, reflexões sobre a questão do significado, geralmente em uma perspectiva bastante crítica, como podemos verificar em seu artigo “The Operational Analysis of Psychological Terms”, de 1945, e também em sua primeira autobiografia “The Shaping of a Behaviorist” (1979), nesse caso remetendo a um período anterior à década de 30. No primeiro caso, escrito em um simpósio proposto por Boring, temos uma crítica direta às abordagens logicistas da linguagem como alternativa de explicação objetiva do significado. No segundo caso temos, ainda que de uma forma rudimentar, uma crítica a uma perspectiva reducionista de atribuição de significado:

“A fraqueza das atuais teorias da linguagem podem ser traçadas pelo fato de que uma concepção objetiva do comportamento humano ainda é incompleta. A doutrina de que palavras são empregadas para expressar ou transmitir significados meramente substitui “significado” por “idéia” (na experança de que significados possam de algum modo ser localizados fora da pele) e é incompatível com modernas concepções psicológicas do organismo. (...) Lógica moderna, como uma formalização de linguagens “reais”, retém e estende essa teoria dualista do significado e quase não pode ser invocada pelo psicólogo que reconhece sua própria responsabilidade em dar uma descrição do comportamento verbal.” (1945, pp. 270-271) b

“Significado é relação; dependendo de, e mudando com, tempo, espaço, e espaço-tempo. Deriva do tempo, espaço, espaço-tempo e de nada mais. Em um dado ponto no tempo uma coisa é; e é, e tem significado, não devido às suas partes constituintes, mas devido ao seu lugar no espaço-tempo. O botão dourado que estou observando é composto de células, as células de moléculas, as moléculas de átomos, os átomos de elétrons e prótons, que são, por tudo que sabemos, as coisas das quais a vida é feita. O botão dourado é e tem significado devido ao arranjo das suas partes no espaço-tempo.” (Skinner, 1976, p. 297) c

Reformulada a questão inicial com a devida humildade, temos: O que Skinner dizia a respeito do tema comportamento verbal no processo de composição da obra? A questão é relevante e consistente com o propósito desse artigo porque o manuscrito de Hefferline foi elaborado em um período em que Skinner já apresentava concepções bastante definidas a respeito da sua abordagem de estudo do comportamento verbal. Dito isto, explicitamos que é nosso objetivo apresentar neste artigo alguns trechos selecionados do manuscrito que dizem respeito a tópicos previamente escolhidos. O fato de não se tratar de um texto redigido diretamente por Skinner sugere que inferências dele derivadas sejam feitas com a parcimoniosa consideração dos limites que acarretam para a interpretação do comportamento do autor do curso. A despeito disso, acreditamos que o material permitirá pelo menos uma aproximação do comportamento verbal do próprio autor. Ressaltamos ainda que, apesar de não ser nosso objetivo aqui, o material poderia ser tratado em comparação com o texto de 1957, nesse caso procurando-se identificar possíveis consistências entre ambos os textos.

Procedimento metodológico

O procedimento de seleção dos trechos a seguir deu-se de acordo com a relevância que os presentes autores consideraram que tais trechos apresentam ao tratarem do tema escolhido, lançando alguma luz sobre uma leitura ou releitura do texto de 1957 e, ainda, permitindo um aprofundamento a respeito do tratamento que Skinner dá aos tópicos escolhidos.

Os tópicos escolhidos foram: (1) significado e (2) definição de comportamento verbal. A escolha dos tópicos foi realizada após uma primeira leitura do manuscrito e discussão entre os dois autores, baseada também no conhecimento a respeito de outros textos de Skinner, discutidos brevemente no início deste artigo. Procurou-se escolher tópicos que poderiam gerar um resultado mais produtivo no sentido de esclarecer aspectos teóricos apresentados em 1957, mas é claro que outros tópicos poderiam ser escolhidos com o mesmo direito, sendo a restrição realizada pelo limite natural de extensão do presente artigo.

Inicialmente, realizou-se uma procura em todo o manuscrito, por ocorrências referentes aos tópicos escolhidos. Uma primeira seleção de trechos foi inicialmente realizada separadamente por cada um dos autores. O primeiro autor encontrou 21 ocorrências relativas à definição de comportamento verbal e 16 ocorrências relativas à definição de significado. O segundo autor, por seu turno, encontrou 19 ocorrências relativas à definição de comportamento verbal e 15 ocorrências relativas à definição de significado. Como se vê, essa primeira seleção correspondeu a um número aproximado entre os dois autores, embora o número final de trechos obtidos inicialmente tenha se reduzido na etapa seguinte.

Subsequentemente, efetuou-se a comparação dos trechos e exclusão daqueles que poderiam ser omitidos sem grande perda para o resultado final, geralmente por serem redundantes ao conjunto. Foram também excluídos trechos com extensas exemplificações, algumas inclusive retomadas no Verbal Behavior. Acredita-se que o resultado final de seleção de trechos permita uma visão panorâmica da perspectiva skinneriana a respeito da questão do significado, em termos de crítica e da proposição do autor, e também da sua definição do objeto de estudo que é o comportamento verbal como distinto de outros tipos de comportamentos operantes, sociais ou não.

 

Significado

A seguir, são apresentados os excertos que se referem ao problema do significado (Hefferline, 1947), respeitando-se o emprego original de hífens, sublinhados, etc. A indicação numérica entre parênteses ao final de cada trecho indica: tópico, parágrafo e número da página.

Primeiramente, temos uma seleção de trechos em que Skinner critica outras teorias em suas correspondentes abordagens da questão do significado:

“(...) Em toda parte há uma grande preocupação com o problema das palavras, mas muito pouco tem sido feito em direção a uma análise direta. Palavras, e o problema do seu “significado”, constituem a última fortaleza de hipóteses mentalistas a respeito do comportamento. Alguns psicólogos se incomodam com isso, mas grande parte deles aceitam a bem entrincheirada crença de que as palavras são símbolos de processos não verbais. Psicólogos, assim como pessoas leigas, têm feito uso livre de palavras como símbolo, sinal e significado.” (I.1, p. 01) d

“(...) Lógicos modernos tentam tornar a idéia respeitável tirando-na da mente e chamando-na de significado. O problema de onde o significado está e do que é feito não foi resolvido.” (I.5, p. 01) e

“O Dualismo enquadra o problema em um modo difícil. O dualismo supõe que qualquer sentença tem um significado de algum tipo. Há várias coisas das quais o significado pode ser feito, mas a suposição é definitivamente feita de que há uma coisa tal como o significado.” (I.7, p. 01) f

“Em termos de significado, palavras são símbolos que se referem, ou correspondem a idéias ou coisas do mundo externo.” (I.8, p. 01) g

“Alguns tentaram evitar o dualismo colocando o significado, não na mente, mas na própria situação externa. Gestaltistas assumem que o significado pode ser visto na situação. Uma criança manifesta agressão, e, assim eles dizem, a agressão pode ser vista. O mesmo argumento é formulado no que diz respeito ao comportamento verbal, mas se você observa uma pessoa falando uma linguagem desconhecida para você, você terá dúvidas se pode observar o significado.” (II.9, p. 02) h

“O significado não pode ser aceito como parte do dado. Ogden e Richards em “O significado do significado” descrevem um homem próximo a uma bifurcação na estrada, onde um sinal aponta o caminho para Granchester. Para eles o significado é visível na situação. Mas eles estão apelando para as suas próprias histórias pessoais, que estão além da situação correntemente dada. Suponha que um indiano esteja próximo a uma bifurcação em uma pista olhando para alguns cascalhos sobre o chão. É o significado visível ---- para nós?” (II.10, p. 02) i

A partir daqui, temos passagens em que Skinner esboça a sua proposta de abordagem do significado, que por sinal, apresenta-se de forma acabada no Verbal Behavior. Tal concepção, do significado como equivalente às variáveis independentes do comportamento, é a alternativa skinneriana a uma teoria do significado:

“Quais são as variáveis das quais o comportamento verbal é uma função? Se dissermos do lado de fora que toda sentença tem seu próprio significado, isso iria requerer que se fizesse compromissos a respeito do emaranhado de causas que estão na base do comportamento verbal. Conjeturaríamos algum tipo de relação que pode não estar correta. Nosso trabalho é relacionar o comportamento verbal a todas as suas condições predeterminantes. Há milhares de aspectos interessantes do comportamento verbal e algumas interessantes combinações de variáveis. Iremos nos preocupar com casos típicos. Nossa análise não nos dará uma base para predições específicas. Podemos obter alguns insights a respeito de processos ocorrendo que iluminarão o que nosso amigo diz, mas que não ajudarão a predizer essa ocorrência particular.” (II.15, pp. 02-03) j

“Após estudar as condições que têm levado à emissão do comportamento verbal, podemos então, talvez, reintroduzir o termo significado. Se você juntar as condições que levaram à emissão do comportamento verbal, provavelmente conseguirá o que os estudiosos do significado estão tentando conseguir.” (II.16, p. 03) k

“Não há nenhum SD apropriado à emissão de um mando, mas Sds estão incluídos porque mandos comumente ocorrem somente na presença de um outro organismo. O significado do mando é o que se segue à sua emissão em uma determinada comunidade.”. (V.31, p. 04) l “A poesia de T. S. Eliot apresenta bastante fortalecimento temático múltiplo. James Joyce criou uma arte especial do significado múltiplo, sendo a sua técnica bastante deliberada. Editores e comentadores têm chamado a atenção às suas técnicas empregadas para manter vários grupos temáticos em andamento.” (XV.167, p. 21) m

“Quando alguém toma nosso significado erroneamente e dizemos, “não, o que eu quis dizer foi---“ estamos fazendo declarações sobre as variáveis atrás da nossa fala. “A variável que provocou essa resposta em mim não é a que você pensou, mas a seguinte.” (XVIII.257, p. 30)n

“No ouvinte temos um novo tipo de comportamento. Uma objeção a uma teoria do significado é que supõe alguma ideação no falante e então no ouvinte. Nada desse tipo é assumido aqui. Nada é mais obviamente diferente, também, do que um homem falando e outro homem escutando. Nosso tratamento reflete essa diferença.” (XXI.364, p. 42) o

“A crença do ouvinte depende de uma porção de experiências passadas: ele irá algumas vezes reagir fortemente e outras vezes não. Esse é um outro aspecto da teoria do significado.” (XXI.372, p. 44) p

“(...) Se dispensarmos a noção de símbolo e nos restringirmos ao comportamento verbal como o material bruto observado e então teremos uma formulação desse tipo: Comportamento Verbal = f( ), poderemos então dizer que isso é o que queremos dizer pelo significado de algo. (…)” (XXIV.464, p. 56) q

 

Definição de comportamento

A seguir, trechos do manuscrito (Hefferline, 1947) que se referem à definição de comportamento verbal.

Temos, inicialmente, uma preocupação em eliminar de saída uma abordagem estruturalista do comportamento verbal, e Skinner alcança o seu intento buscando uma definição (1) funcionalista, baseada em relações funcionais entre variáveis ambientais e do organismo (Skinner, 1931); (2) fundamentada em uma concepção genérica (de classe) de estímulos e respostas para identificação da sua unidade científica (Skinner, 1935); (3) histórica, no sentido de uma explicação fundamentada nas histórias específicas de reforçamento do organismo falante:

“(…) Comportamento verbal distingue-se de outro comportamento pelo fato de levar a resultados ou conseqüências somente devido à mediação de outro organismo. Temos o reforçamento mediado: R ? conseqüência. A seta é a cruz do problema. Você “não pode objetivar o comportamento verbal em termos das suas propriedades, mas somente pelas suas conseqüências.” (II.11, p. 02) r

“Se sou míope, caminho até um manequim e faço uma questão, isso é comportamento verbal? O manequim não é um outro organismo que irá reforçar meu comportamento fornecendo resposta à minha questão. Apesar disso meu comportamento de falar ao manequim é comportamento verbal porque foi estabelecido por condicionamento passado em situações nas quais tal comportamento recebeu reforçamento mediado. Verbalidade não é para ser determinada por simples ocasiões, mas, ao invés disso, pela classe de respostas.” (II.112, p. 02) s

“Tendo falado a uma pessoa ao invés de um manequim o caso poderia ter sido o mesmo se a pessoa falhar em compreender minha questão. Novamente, poderia não ter havido reforçamento mediado. Mas minha ocorrência não-reforçada de comportamento verbal de fato não ocorreria se ela não tivesse obtido reforçamento em ocasiões similares na minha história passada.” (II.13, p. 02) t

“Comportamento verbal ocorre em pequenas partes ou , novamente, pode ser uma enciclopédia de vinte volumes. Para começar, todas as palavras consistem em sons, marcas e etc e elas podem ser traçadas apesar da pessoa que as faz. ---------. Uma palavra existe no tempo. Ela ocorre no comportamento de alguém.” (II.14, p. 02) u

“Uma dificuldade na descrição de comportamento verbal é a de ver exatamente o que o comportamento é. Quando você pede a alguém que abra a porta, qual é o status do seu comportamento? Isso é um problema difícil.” (III.17, p. 03) v

“Devemos trabalhar com uma unidade elástica ou talvez empregar diferentes unidades para diferentes problemas. Será realizada uma discussão adicional sobre isso posteriormente. Entretanto, nem a palavra, nem a sentença precisam ser a unidade. Também não precisa ser o que os lingüistas chamam de morfema: sua unidade de significado. A unidade deve ter algum tipo de integridade funcional. Pode incluir coisas tais como os prefixos que são menos que palavras. Morfemas podem ser unidades, assim como as palavras ou as sentenças e talvez até mesmo o fonema. Há alguma evidência de que todo som da fala é um operante verbal único.” (IV.24, p. 03) w

Nos trechos a seguir, Skinner elege o “reforçamento generalizado” como um dos conceitos mais importantes no estudo do comportamento verbal. Chomsky (1959), em sua crítica ao Verbal Behavior, critica o uso do conceito de reforçamento tal como é empregado na abordagem skinneriana do comportamento verbal e vê, inclusive, na importância dada a esse conceito um indício da fragilidade da interpretação skinneriana (Chomsky, 1959, pp. 28-29). No entanto, o importante para nós no momento é verificar como o referido conceito pode levar à emergência de importantes características do comportamento verbal, inclusive não restritas ao homem:

“A noção de reforçamento generalizado é provavelmente a característica isolada mais importante no comportamento verbal. Uma coisa que uma sociedade pode fazer ao reforçar comportamento e que uma situação mecânica não pode é prover reforçamento generalizado.; isto é dizer que uma resposta leva a, diferentes ocasiões, diferentes resultados, isso se torna uma resposta associada com uma grande variedade de direções e motivos e, mais que isso, leva a alguma coisa que nós chamamos de reforçamento generalizado: agradecimentos, bom desejos, sorrisos, dinheiro, etc, os quais estiveram, no passado, associados com uma variedade de reforçamentos , tanto que, ao longo do tempo, ganha algum tipo de poder de reforçamento comunitário. Quando o reforçamento se torna generalizado, esse comportamento irá aparecer em muitas diferentes ocasiões e isto é o que a sociedade generalizou.” (VI.60, p. 08) x

“(…) A doutrina atual de que abstrações são verbais em natureza é essencialmente a perspectiva de que apenas uma comunidade verbal pode produzir esse tipo de contingência --- isto é, reforçamento de uma resposta com relação a uma propriedade isolada do contexto ---- efetivo” (VI.72, p. 09) y

“Repetindo, se você tem uma gama de estímulos (dimensão) e você arbitrariamente toma um segmento disso como uma gama com a qual você irá reforçar, você pode reduzir a resposta. Reforçamento mecânico é incapaz de fazer isso. Nossa análise intelectual do mundo é, portanto, um produto completamente social. Um homem em uma ilha, não importando o quão inteligente ele seja, não poderia isolar cor como abstração. Ele aprenderia que certas lagostas coloridas são comestíveis e outras não, mas ele poderia não formar uma relação que ele pudesse chamar de cor. Isso seria mais relacionado com alguma coisa correspondente a comestível. Nós conseguimos o nome da cor apenas quando a sociedade caminha para isso e fornece reforçamento com base em contingência de cor e resposta. No desenvolvimento da linguagem você pode ver o desenvolvimento gradual de conceitos. Cores intermediárias são ainda chamadas violeta e laranja – nomes de objetos. O gradual refinamento dos conceitos abstratos sobre natureza é um processo bastante lento. O homem prático não tem razão para fazer essas distinções verbais.” (VI.74, pp. 09-10) z

“Exemplo hipotético de um tato puro com um organismo infra humano: suponha uma casa na qual o patrão costuma chegar às cinco horas. Existe uma cozinheira e um cão. A cozinheira precisaria saber quando o patrão chega, assim, ela pode começar o jantar. Se o cão late quando o patrão chega, a cozinheira pode usar isso como um Sd, mas isso poderia não ser uma resposta verbal do cão endereçada à cozinheira. Suponha que a chegada do patrão é um Sd para o latido do cão e a cozinheira reforça seu latido alimentando-no. Então, quando o patrão aparece, o cão late, corre para a cozinha e consegue comida. O que acontece agora é que o cão começa latindo muito antes. A cozinheira alimenta o cão, começa o jantar, mas até o patrão estar pronto o jantar terá queimado. O cão passou a exagerar ou inventar. Então a cozinheira quer modelar o latido do cão como uma resposta verbal pura. Quando o cão late, ela olha. Se o patrão tiver chegado, ela reforça positivamente o cão. Se não, ela reforça negativamente. Após reforçamento diferencial deste tipo, o latido do cão “anuncia” a chegada do patrão. Pela extensão desta técnica talvez o cão poderia ser ensinado a conversar.” (VIII.86, pp. 11-12) aa

Nos trechos remanescentes, Skinner defende que sua abordagem de estudo científico da linguagem pode resolver problemas que ele considera que geralmente levam a grandes dificuldades em outras abordagens, enfocadas em sua crítica. É interessante notar que, em sua defesa, o autor preocupa-se também com a delimitação do campo de estudo do comportamento verbal, o que implicará em uma consideração do comportamento do ouvinte ao se interpretar o comportamento do falante:

“Um dos mais difíceis, mas mais importantes pontos, no campo do comportamento verbal é o problema da unidade de correspondência entre um estado de acontecimentos e a resposta verbal produzida. Este problema é a grande confusão devido a filósofos, gramáticos e lingüistas estarem resolvendo pelo caminho errado. Isto é, entretanto, o tipo de coisa que a análise do comportamento pode simplificar.” (IX.92, p. 12) ab

“Se existe apenas uma resposta verbal no repertório do organismo, não existe nenhum problema. Uma vez que você comece a adquirir centenas, ou milhares, ou centenas de milhares de respostas verbais, então você é confrontado o que é a unidade de correspondência entre situações e respostas verbais, ou entre coisas e palavras. Isto é o que os lógicos amam falar sobre e o que os lingüistas devem concordar quando ele fala sobre semântica, gramática, sintaxe, etc.” (IX.96, p. 13) ac

“Ao invés construir um modelo alguém poderia apontar para a coisa. Como um procedimento tem que ser classificado como verbal no sentido de ser mediado por outro organismo. A linguagem ideal seria construindo modelo, apontando, ou, para comportamento verbal, conotação direta.” (IX.101, p. 14) ad

“A unidade funcional é um assunto fracassado dependendo da quantidade de comportamento verbal que nós temos adquirido. Joyce era tremendamente verbal. Por exemplo, uma pessoa tem muitas unidades e funcionalmente independentes.” (XVII.243, p. 28) ae

“Devemos formular o comportamento do ouvinte assumindo comportamento do falante.” (XXI.367, p. 43) af

“(…) Comportamento verbal tem muitas características integradoras e definidoras e nosso problema é estabelecer uma definição que justifique nosso tratamento como um campo de estudo separado. Se isto não é nada além de uma série de relações as quais são similares às relações envolvidas no comportamento não verbal, porque preocupar-se em tratar separadamente? (XXIV, 465, p. 56) ag

“A definição de reforçamento de comportamento verbal é, aparentemente, a resposta. Do ponto de vista do falante, o caminho pelo qual comportamento verbal consegue seus efeitos é a diferença essencial. Respostas verbais levam a efeitos não mecânicos, não geométricos. Isto envolve a mediação de outro organismo.” (XXIV, 466, p. 56) ah

“584. Não temos feito, em nossa abordagem, o que nós poderíamos ter feito quebrado nossas cabeças sobre a origem do discurso. Você conseguiu uma abordagem um pouco mais sensível para aquele problema no DeLaguna, que examina o sistema de sinais de animais e pessoas primitivas e tenta trabalhar alguns termos descritivos. Como conseguir começar como comportamento verbal em um mundo não verbal pode nunca ser respondido experimentalmente. Existe o problema de como a primeira ocasião de comportamento verbal se desenvolve e, como, então, as conseqüências o multiplicam. A análise que nós fazemos torna possível ao discurso ter um início. Qualquer sistema de comportamento verbal que não pode dar um exemplo hipotético plausível sobre o início do discurso tem alguma coisa errada.” (XXIX, 584, p. 73) ai

A seguir, um trecho em que Skinner apresenta o refinamento da definição de comportamento verbal, afirmando que o comportamento de ouvinte, mediador do reforçamento do comportamento verbal, é estabelecido a partir do comportamento verbal, ou seja, é condicionado por uma comunidade verbal, como veremos explicitado no texto de 1957:

“Comportamento verbal é comportamento onde reforçamento é mediado por outro organismo, mas então é como um ringe de boxe ou dança. Você depende da presença de alguma outra pessoa para a execução bem sucedida do comportamento, então nós temos que fazer uma distinção: comportamento verbal é comportamento que é mediado através de comportamento condicionado por outro organismo onde o condicionamento em particular surge da existência do próprio comportamento verbal em si.”(XXIV, 468, p, 56) aj

 

Comentário Final

Os trechos selecionados são indícios históricos que testemunham a anterioridade de importantes concepções skinnerianas a respeito do comportamento verbal, no que se refere ao ano de publicação do Verbal Behavior (Skinner, 1957). Por exemplo, a definição de comportamento verbal, que encontramos em uma forma rudimentar no The Behavior of Organisms (Skinner, 1938) apresenta-se, no manuscrito (Hefferline, 1947, p. 56), em sua forma mais elaborada, tal como exposta em 1957 (Skinner, 1957, pp. 224-226).

Mas, além de desempenhar esse papel, de documentação dos conceitos, acreditamos que a leitura de trechos do manuscrito pode colaborar com um melhor entendimento da posição skinneriana, principalmente na forma como se coloca, de crítica de outras abordagens de estudo da linguagem. É nesse sentido que discutir a sua proposta de significação pode, segundo o nosso ponto de vista, colaborar com a identificação de questões teóricas fundamentais para a análise do comportamento.

Vimos que Skinner propõe, já em 1947, a sua abordagem de estudo do comportamento verbal a partir de uma crítica de outras teorias, geralmente tradicionais nos estudos da linguagem e do significado. Mas Skinner realiza a sua crítica reconhecendo a importância de uma definição de significado para uma interpretação dos fenômenos da linguagem. A diferença está, obviamente, em que Skinner apresenta a sua própria (comportamentalista radical) definição de significado.

A proposta skinneriana de uma “teoria do significado”, se assim pudéssemos denominar a sua abordagem de estudo científico do comportamento verbal, é precisamente consistente com a conceituação que o autor apresenta a respeito do comportamento em geral (Skinner, 1931, 1935, 1938, 1945, 1953). Nesse sentido, a concepção genérica de estímulo e resposta, bem como a de comportamento como relação funcional, não só está bem representada no estudo do comportamento verbal, como também serve nesse momento como um importante diferencial na geração de importantes aspectos do objeto a ser considerado em seu sistema interpretativo.

Por fim, a definição de comportamento verbal, evoluindo a partir de proposições do autor presentes em publicações da década de 30, já se encontra, em 1947, em sua forma final, tal como apresentada no capítulo oito do Verbal Behavior. Importante é considerar, ainda, que Skinner, em todos os momentos em que apresenta a sua definição do campo de estudo do comportamento verbal, o faz debatendo sobre a importância desse tipo de proposição. Por exemplo, em 1938 Skinner define comportamento verbal como mediado por um outro organismo pela produtividade de se discutir a inconsistência desse tipo de contingência no âmbito de esquema intermitente de reforçamento (denominado “recondicionamento periódico” em 1938). Em 1953 temos Skinner tratando do comportamento verbal como um tipo de comportamento social o que, como pudemos verificar com o que foi visto aqui referente ao ano de 1947, o autor já tinha concebido a característica distintiva do comportamento verbal com relação aos outros tipos de comportamento sociais.

 

 

Anexo I

Citações no idioma original (lingua inglesa)

 

a “(...) the verbal field (...) may be defined as that part of behavior which is reinforced only through the mediation of another organism. (…)” (Skinner, 1938, p.116)

b “The weakness of current theories of language may be traced to the fact that an objective conception of human behavior is still incomplete. The doctrine that word are used to express or convey meanings merely substitutes “meaning” for “idea” (in the hope that meaning can then somehow be got outside the skin) and is incompatible with modern psychological conceptions of the organism. (…) Modern logic, as a formalization of “real” languages, retains and extends this dualistic theory of meaning and can scarcely be appealed to by the psychologist who recognizes his own responsibility in giving an account of verbal behavior.” (Skinner, 1945, pp. 270-171)

c “Meaning is relation; depending upon, and changing with, time, space, and space time. It derives from time, space, and space time and from nothing else. At a given point in time a thing is; and it is, and has meaning, not because of its component parts but because of their place in space time. The buttercup I am looking at is composed of cells, the cells of molecules, the molecules of atoms, the atoms of electrons and protons, and they, for all we know, are of such stuff as life is made of. The buttercup is and has meaning because of the arrangement in space time of its parts.” (Skinner, 1976, p. 297)

d “(...) Everywhere there is great concern with the problem of words, but very little has been done by way of direct analysis. Words, and the problem of their “meaning”, constitute the last stronghold of mentalistic hypotheses with regard to behavior. Some psychologists have been troubled by this, but for the most part they have accepted the well-entrenched belief that words are symbols of non-verbal processes. Psychologists, like the lay person, have made free use of words like person, sign, meaning.” (I.1, p. 01)”

e “(…) Modern logicians try to make idea respectable by getting it outside the mind and calling meaning. The problem of where the meaning is and what it is made of is not settled.” (I.5, p. 01)

f “Dualism frames the problem in a difficult form. It makes the assumption that any sentence has meaning of some sort. There are various stuffs of which meaning can be made, but the assumption is made definitely that there is such a thing as meaning.” (I.7, p. 01)

g “In terms of meaning, words are symbols which stand for, or correspond to ideas or things in the outside world.” (I.8, p. 01)

h “Some have attempted to avoid dualism by putting meaning, not in the mind, but in the external situation itself. Gestaltists assume that the meaning can be seen in the set. A child manifests aggression, and, so they say, the aggression may be seen. The same argument is made with respect to verbal behavior, but if you watch a person speaking a language unknown to you, you will be doubtful whether you can observe meaning.” (II.9, p. 02)

i “Meaning can not be accepted as part of the datum. Ogden and Richards in “The Meaning of Meaning” describe the man standing at a fork in the road where a sign pointing one way Granchester. For them meaning is visible in the situation. But they are appealing to their own personal history, which is over and above the situation currently given. Suppose an Indian to be standing at a fork in the path looking at some pebbles which lie on the ground. Is meaning visible---- to us?” (II.10, p. 02)”

j “What are the variables of which verbal behavior is a function? If we were to say at the outside that every sentence has a meaning of its own, this would require making commitments about the maze of causes which underlies verbal behavior. It would presuppose some kind of relationship which way not turn out to be right. Our job is to relate verbal behavior to all of its predetermining conditions. There are scores of interesting aspects of verbal behavior and some interesting combinations of variables. We will be concerned with typical cases. Our analysis will not give us a basis for specific predictions. We can get some insights into processes going on which will illuminate what our friend says, but which will not predict that particular instance.” (II.15, pp. 02-03)

k “After studying the conditions which have led to the emission of verbal behavior, we may then, perhaps, wish to re-introduce the term meaning. If you put together the conditions which led to the emission of verbal behavior, you probably get what students of meaning are trying to get at.” (II.16, p. 03)

l “There is no SD appropriate to the emission of a mand, but Sds get in because mands occurs ordinarily only in presence of other organism. The meaning of the mand is what follows its emission in a given community”. (V.31, p. 04)

m “T. S. Eliot`s poetry has a lot of multiple thematic strengthening. James Joyce has made a special art of the multiple meaning, his technique being fairly deliberate. Editors and commentators have pointed out his techniques for keeping various thematic groups going.” (XV.167, p. 21)

n “When somebody gets our meaning wrong and we say, “no, what I meant was—“ we are making statement about the variables behind our speech. “The variable that brought that response out in me is not what you thought, but the following.” (XVIII.257, p. 30)

o “In the hearer we have a new kind of behavior. An objection to a theory of meaning is that it suppose some ideation in the speaker and then in the hearer. Nothing of that kind is assumed here. Nothing is more obviously different, also, than a man speaking and a man listening. Our treatment reflects that difference.” (XXI.364, p. 42)

p “The hearer’s belief depends on a lot of past experiences: he will sometimes react strongly and sometimes not at all. This is another aspect of the theory of meaning.” (XXI.372, p. 44)

q “(…) If we throw out the notion of symbol and confine ourselves to verbal behavior as the raw material observed and then come out with a formulation of this sort: Verbal behavior = f( ), we can then say this is what is meant by the meaning of anything. (…)” (XXIV.464, p. 56)

r “(…) Verbal behavior is distinguished from other behavior by the fact that it leads to results or consequences only because of the mediation of another organism. There is mediated reinforcement: R ? consequence. The arrow is the crux of the matter. You can not objectify verbal in terms of its properties, but only by its consequences.” (II.11, p. 02)

s “If I am nearsighted and walk up to a mannikin and ask it a question, is this verbal behavior? The mannikin is not another organism which will reinforce my behavior by supplying the answer to my question. Nevertheless, my behavior in speaking to the mannikin is verbal, because it was built up by past conditioning in situations where such behavior did receive mediated reinforcement. Verbality is not to be determined by the single instance, but rather by the class of responses.” (II.112, p. 02)

t “Had I spoken to a person instead of mannikin, the case would have been the same had this person failed to understand my question. Again there would have been no mediated reinforcement. But my non-reinforcement instance of verbal behavior would not have occurred had it not been for reinforcements actually obtained on similar occasions in my past history” (II.13, p. 02)

u “Verbal behavior occurs in small parts, or again it may be a twenty-volume encyclopedia. To begin with, all words consisted of sounds, marks, etc., and they can be traced back to the person who made them. The million or so copies of Dale Carnegle`s book may be followed back through pressmen, typesetters, etc., to this personal behavior. A word exists in time. It occurs in the behavior of someone.” (II.14, p. 02)

v “A difficulty in the description of verbal behavior is that it is hard to see just what behavior is. When you ask someone to open the door, what is the status of your behavior? This is a tough problem” (III.17, p. 03)

w ““We must work with a elastic unit, or perhaps use different units for different problems. There will be further discussion of this later. However, neither the word nor the sentence need be the unit. Nor what the linguist calls the morpheme: his unit of meaning. The unit must have some kind of functional integrity. It may include such things as affixes, which are less than words. Morphemes may be units so may words, so may sentences --- and perhaps even the phoneme. There is some evidence that every speech sound is a single verbal operant” (IV.24, p. 03)

x “The notion of generalized reinforcement is probably the most important single characteristic of verbal behavior. The one thing which a society can do in reinforcing behavior which a mechanical situation can not is to provide a generalized reinforcement; that is to say, a response leads to, on different occasions, different results, so that it becomes a response associated with a large variety of drives and motives, and leads, moreover, to something which wee call a generalized reinforcement: thanks, good will, smiles, money, etc., which have in the past been associated with a variety of reinforcements, so that in the long run this response gets you almost anything within the power of the reinforcing community. When the reinforcement becomes generalized, this behavior will appear on many different occasions --- and that is society generalized it.” (VI.60, p. 08)

y “(…) The current doctrine that abstractions are verbal in nature is essentially the view that only a verbal community can make this kind of contingency--- that is, reinforcement of a response to be a property isolated from a context --- effective.” (VI.72, p. 09)

z “To repeat, if you have a stimulus range (dimension) and you arbitrarily take a segment of it as a range within which you will reinforce, you can narrow down the response. Mechanical reinforcement is unable to do this. Our intellectual analysis of the world is therefore completely a social product. One man on an island, no matter how much of a genius he might be, would not isolate color as abstraction. He would learn that certain colored lobsters were edible and others not, but he would not have a relation which he would call color. It would more likely be a something corresponding to edible. We get the name of color only when society steps in and gives reinforcement on the basis of the contingency of color and response. In the development of languages you can see the gradual growth of concepts. Intermediate colors are still called violet and orange – name of objects. The gradual squeezing out of abstract concepts about nature is a very slow process. The practical man has no reason to make these verbal distinctions” (VI.74, pp. 09-10)

aa “Hypothetical example of a pure tact with a lower organism: suppose a household where the master comes home about five o`clock. There is a cook and a dog. The cook would like to know when the master arrives, so that she can start dinner. If the dog barks upon the master`s arrival, the cook might use this as a SD, but it would not be a verbal response by the dog addressed to the cook. Suppose that the master`s arrival is a SD for the dog´s bark and the cook reinforces his bark feeding him. Then when the master appears, the dog barks and runs to the kitchen and gets fed. What happens now, though, is that dog starts barking too soon. The cook feeds him, starts dinner, but by the time the master is ready the dinner is burned up. The dog has taken to exaggeration or invention. Then the cook wants to set up the dog`s bark as a pure verbal response. When the dog barks she goes in and looks. If the master has come, she positively reinforces the dog. If not, she reinforces negatively. After such differential reinforcement, the dog`s bark “announces” the arrival of the master. By extension of this technique perhaps the dog could be taught to talk.” (VIII.86, pp. 11-12)

ab “One of the most difficult, but most important points, in the field of verbal behavior is the problem of the unit of correspondence between the state of affairs and the verbal response made to it. This problem is the great confusion, due the philosophers, grammarians and linguists who went about solving it in the wrong way. It is, however, the kind of thing which a behavioral analysis can simplify.” (IX.92, p. 12)

ac “If there is only one verbal response in the repertoire of the organism, there is no problem. Put as soon as you begin to acquire hundreds, or thousands, or hundreds of thousands of verbal responses, then you are confronted with what is the unit of correspondence between situations and verbal responses, or between things and words. This is what the logician loves to talk about and what the linguist must deal with when he talks about semantics, grammar, syntax, etc.” (IX.96, p. 13)

ad “Instead of making a model one can point at the thing itself. Such a procedure has to be classified as verbal in the sense that it is mediated by other organism. The ideal language would be model-building, pointing, or, for verbal behavior, direct quotation.” (IX.101, p. 14)

ae “The functional unit is a collapsible affair depending on the amount of verbal behavior we have acquired. Joyce was tremendously verbal. Such a person has units very and independently functional.” (XVII.243, p. 28)

af “We must formulate behavior of the hearer assuming the behavior of the speaker.” (XXI.367, p. 43)

ag “(…) verbal behavior has many integrating and defining chracteristics (sic) and our problem is to set up a definition which will justify our treating it as a separate subject matter. If this is nothing but a series of relations which are similar to the relations involved in non-verbal behavior, why bother to treat it separately?” (XXIV, 465, p. 56)

ah “The reinforcement definition of verbal behavior is, apparently, the answer. On the side of the speaker the way in which verbal behavior gets its effects is the essential difference. Verbal responses lead to non-mechanical, non-geometrical effects. It involves the mediation of another organism.” (XXIV,465-466, p. 56)

ai “584. We have not in our approach here done as we might have done and cracked our heads on the origin of speech. You get a little bit of a sensible approach to that problem in DeLaguna, who examines some of the signal systems of animals and primitive people and tries to work out some descriptive terms. How to get started with verbal behavior in a non-verbal world may never be answered experimentally. There is the problem in which the first occasion of verbal behavior develops and how, then, the consequences multiply. The analysis that we have set up would have made it possible for speech to have begun. Any system of verbal behavior which can’t give a plausible hypothetical example of the beginning of speech has something wrong with it.” (XXIX, 584, p. 73)

aj “Verbal behavior is behavior where reinforcement is mediated by another organism, but so is a boxing match, or dancing. You have to depend upon the presence of someone else for the successful execution of that behavior, so that we have make a distinction: Verbal behavior is behavior which is mediated through the conditioned behavior of another organism where that particular conditioning arises from the existence of verbal behavior itself.”(XXIV, 468, p, 56)

 

 

Referências Bibliográficas

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1 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar e bolsista pela Fapesp (processo 05/572583). O autor agradece ao Professor Thiago de Almeida pelo apoio com o material bibliográfico consultado. E-mail: prsferreira@yahoo.com.br
2 Professora do Departamento de Psicologia da UFSCar. E-mail: camilad_psicologia@yahoo.com.br
3 Agradecemos ao Prof. Thiago de Almeida por ter gentilmente cedido o referido manuscrito.