SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.12 número3Revisión sistemática de los instrumentos de evaluación de ansiedad en la población brasileñaDiseño universal y evaluación psicológica en la perspectiva de los derechos humanos índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Servicios Personalizados

Revista

Articulo

Indicadores

Compartir


Avaliação Psicológica

versión impresa ISSN 1677-0471

Aval. psicol. vol.12 no.3 Itatiba dic. 2013

 

 

Avaliação psicológica de ofensores sexuais com o método de Rorschach

 

Psychological assessment of sex offenders with the Rorschach method

 

Evaluación psicológica de delincuentes sexuales con el método de Rorschach

 

 

Silvana Alba Scortegagna1,I; Deise Matos do AmparoII

IUniversidade de Passo Fundo
IIUniversidade de Brasília

 

 


RESUMO

O objetivo deste estudo foi avaliar as características de personalidade de ofensores sexuais adultos. Participaram três homens, entre 43 e 50 anos de idade, casados, com ensino fundamental e nível socioeconômico baixo, detentos em uma penitenciária por crime sexual intrafamiliar. Como instrumentos, foram utilizados o Método de Rorschach no Sistema Compreensivo e uma ficha sociodemográfica. Os dados foram analisados com base nas variáveis autopercepção, relacionamento e percepção interpessoal, ajustamento perceptivo, pressão interna e autocontrole. Os resultados indicaram a presença de baixa autoestima e prejuízos na autoimagem, na adequação perceptiva e no teste de realidade, além de rebaixamento na capacidade de estabelecer vínculos, de empatia e na estabilidade das identificações. A sensibilidade ao humano e as vivências de desconforto subjetivo apresentaram diferenças nos casos discutidos. Os principais achados remetem às características psicológicas habitualmente retratadas na literatura e avigoram a inexistência de um tipo psicológico único de agressor sexual.

Palavras-chave: avaliação psicológica; personalidade; método de Rorschach; violência sexual.


ABSTRACT

The aim of this study was to evaluate the personality characteristics of adult sexual offenders. The study enrolled three men, between 43 and 50 years of age, married, with elementary school education and low socioeconomic status. All of them were inmates in a penitentiary to intra-familial sex related crimes. For data collection, the Rorschach method was used in the Comprehensive System and a form with sociodemographic information. Data was analyzed based on the variables: self-perception, relationship and interpersonal perception, perceptual adjustment, internal pressure and self-control. The results indicated the presence of low selfesteem and self-image derangements, losses in perceptual adequacy and in the reality test, besides impaired abilities in the capability to establish interpersonal bonds, empathy and in the stability of identifications. Human sensitivity and the experiences of subjective discomfort demonstrated differences among the three cases discussed. The main findings relate to the psychological characteristics usually portrayed in the current literature and invigorate the lack of a single psychological type of sex offender.

Keywords: psychological assessment; personality; Rorschach method; sexual violence.


RESUMEN

El objetivo del estudio ha sido evaluar los rasgos de personalidad de agresores sexuales adultos. Han participado de la investigación tres hombres, con edades entre 43 y 50 años, casados, con la enseñanza primaria y nivel socioeconómico bajo, presos en la cárcel por crimen sexual cometido en sus familias. Como métodos de análisis fueron utilizados el Método Rorschach en el Sistema Comprensivo y una ficha de la condición sociodemográfica. Los datos han sido generados basados en las variables de autopercepción, relación y percepción interpersonal, ajuste perceptivo, presión de uno mismo y autocontrol. Los resultados han indicado la presencia de baja autoestima y perjuicios en como se ve uno mismo, en la adecuación de percepción y en el test de realidad, además de rebajar la capacidad de establecer lazos, de empatía y en la estabilidad de las identificaciones. La sensibilidad al humano y las vivencias de malestar han presentado diferencias en todos los casos discutidos. Los hallazgos remiten a las características psicológicas que comúnmente son presentadas en la literatura y comprueban la inexistencia de una categoría única de agresor sexual.

Palabras-clave: evaluación psicológica; personalidad; método de Rorschach; violencia sexual.


 

 

No Brasil, entre maio de 2003 a julho de 2010, cerca de 140.000 notificações de abuso sexual, exploração sexual, violência e negligência de crianças e adolescentes foram relatadas por 4.885 municípios (SDH/PR, 2010). Dentre elas, 36% se referiam a violência sexual e 66% a abuso sexual, comumente perpetrado no ambiente intrafamiliar. Quando essa prática sobrevém a um ou mais membros da família, o perpetrador mais comum é o pai ou o padrasto que se utiliza da filha ou da enteada na busca do próprio prazer (Padilha & Gomide, 2004; Scortegagna & Villemor-Amaral, 2009).

Para analisar esse complexo problema, a conduta sexual criminosa tem se constituído em crescente matéria de interesse de diversas áreas do conhecimento. Os recursos interdisciplinares para responder aos processos legais que germinam das denúncias são fundamentais e contribuem para compreender os aspectos de personalidade implicados.

Willians e Finkelhor (1990), em revisão sistemática de literatura, buscaram reunir dados para chegar aos traços típicos desse agressor. Os dados apontaram que pais incestuosos possuem dificuldades empáticas e educacionais, negligência, isolamento e pouca habilidade social. Os autores ressaltaram que, se por um lado, esses achados podem auxiliar na compreensão desses indivíduos, por outro, eles não podem ser considerados conclusivos e universais, no sentido de serem atributos exclusivos dessa população.

Embora a literatura aponte que os abusadores sexuais sejam heterogêneos quanto às características de personalidade e psicopatologias, eles geralmente possuem algum transtorno de personalidade ou da sexualidade (Ballint, 1997; Duque, 2012). A partir disso, algumas características se tornam evidentes como as dificuldades no controle dos impulsos e no estabelecimento de relações de intimidade, as distorções cognitivas e dificuldade de empatia, personalidade imatura e instável, agressividade diante da frustração, hostilidade, autoestima rebaixada.

Avaliar esses aspectos é um árduo desafio, especialmente no cenário brasileiro, uma vez que são escassos os trabalhos e os instrumentos de avaliação de transtornos da personalidade (Carvalho, Bartholomeu, & Silva, 2010). Por serem práticas e rápidas, as escalas de autorrelato estão entre os meios mais utilizados para essa finalidade (Millon, Milon, Meagher, Grossman, & Ramanath, 2004; Urbina, 2007). Todavia, esses instrumentos avaliativos são construídos em forma de questionários, o que os torna mais vulneráveis a eventual manipulação de respostas por parte do avaliando (podendo comprometer os próprios achados), especialmente quando se trata de condutas antissociais e de traços psicopatas.

Esses indivíduos possuem comportamentos não específicos que envolvem delinquência, agressividade e baixo controle de impulsos (Lilienfeld, 1994), são manipuladores e propensos a negar características pessoais socialmente inadequadas (Bornstein, 2003; Klonsky, Oltmanns, & Turkheimer, 2002). Isso ocorre, particularmente, quando esses atributos têm implicações legais, o que contribui para tornar ainda mais difícil responder eficazmente às demandas de avaliação nesse âmbito.

Considerando a complexidade que cerca esse fenômeno, os frequentes processos de simulação e dissimulação implicados e a crescente demanda de avaliações compulsórias, a utilização de recursos de avaliação psicológica de natureza projetiva tem sido ressaltada (Davoglio & Argimon, 2010). Entre esses, o Método de Rorschach ocupa posição privilegiada, pois, além de suas propriedades psicométricas, permite a compreensão das tarefas perceptivas, associativas e de simbolização que ultrapassam os controles volitivos, trazendo à tona o material projetado (Exner & Sendin, 1999). Dessa forma, estudos têm destacado a importância de seu uso na avaliação da personalidade em configurações forenses (Franks, Sreenivasan, Beverly, & Kirkish, 2009; Grossman, Wasyliw, Benn, & Gyoerkoe, 2002; Ryan, Baerwald, & McGlone, 2008; Young, Justice, & Edberg, 2010).

As pesquisas com criminosos sexuais e o Rorschach são reduzidas e procedem predominantemente do contexto internacional. Meloy, Gacono e Kenney (1994), em estudo com homicidas sexuais, assinalaram a presença de raiva crônica, afetos negativos e pensamentos obsessivos. Tais sentimentos são comumente relacionados a sérias limitações no atendimento de suas necessidades afetivas, à introspecção disfórica e à desorganização do pensamento.

Outro estudo buscou comparar os protocolos do Rorschach no Sistema Compreensivo (SC) de 120 homens encarcerados, divididos em dois grupos 60 pedófilos, e 60 sem histórico ofensivo de abuso sexual (Bridges, Wilson, & Gacono, 1998). Os pedófilos exibiram mais sentimentos de vulnerabilidade e de desamparo (Y e m); introspecção dolorosa (V); relações interpessoais marcadas por objetos parciais [(H+Hd+(Hd)], com visão distorcida dos outros (M), deslizes cognitivos (Wsum6), dependência (Fd) e padrões de apego danificados (T). Entre os pedófilos, os traços de personalidade revelaram associação com distúrbios de personalidade narcisista (Fr+rF) e com um senso de si-mesmo prejudicado (V, Y, m ou MOR). Quando comparados a outros estudos com pacientes com transtorno de personalidade antissocial (Gacono & Meloy, 1994), os pedófilos e não-pedófilos mostraram sinais de prejuízos nas habilidades de relacionamento e, no contexto de prisão, narcisismo falho.

Em estudo posterior, alguns desses autores (Gacono, Meloy, & Bridges, 2000) compararam os resultados do Rorschach SC de 109 indivíduos, sendo 32 psicopatas, 38 perpetradores sexuais homicidas e 39 pedófilos não violentos. Todos os indivíduos preencheram os critérios diagnósticos de transtorno mental, segundo o manual publicado pela Associação Americana de Psiquiatria (APA) em 1994. Os achados mostraram semelhanças entre os três grupos em um elevado nível de respostas reflexo (Fr+rF), mas discrepâncias em outras variáveis. Os psicopatas produziram menos respostas textura (T), H puro e somatório de respostas H, enquanto os pedófilos apresentam maior presença de afeto disfórico (V, DEPI), formas primitivas de atuar ou conduzir a sexualidade (FM, FD, T), e interesse pelos outros (H). Entretanto, o interesse pelos outros denotou estar baseado mais na sua imaginação do que na realidade [H<Hd+(H)+(Hd)] e contaminado pela desordem do pensamento (WSum6) e pelo prejuízo no teste de realidade (X-%). Os autores concluíram que as diferenças evidenciadas podem ser decorrentes da psicopatologia específica de cada grupo.

As distorções cognitivas (X-%↑) do estudo de Gacono e cols., (2000) apresentaram consistência em investigações com abusadores sexuais do clero (Grossman e cols., 2002; Kennedy, Heckler, & Kobler, 1977; Ryan e cols., 2008 Saradjian & Nobus, 2003). Considerando o estudo mais recente, Ryan e cols. (2008) examinaram as diferenças entre abusadores sexuais e as variáveis de mediação cognitiva no Rorschach SC. Compuseram a amostra um total 235 indivíduos, 78 pedófilos, 77 pedófilos sacerdotes e 80 não abusadores sexuais. Os resultados evidenciaram elevada frequência do estilo de pensamento incomum (Xu%) e rebaixamento de pensamento convencional (X+%) nos abusadores sexuais em comparação aos não abusadores.

Para os autores (Kennedy e cols., 1977; Ryan e cols., 2008) esse parece ser o padrão de pensamento de agressores sexuais, e revela que as distorções cognitivas podem promover uma incomum interpretação da realidade e uma identificação igualmente incomum com os outros. Como desfecho, formas distorcidas, não convencionais de perceber o ambiente podem promover a má interpretação de uma situação, como por exemplo, acreditar que uma criança pode ter avanços sexuais ou se beneficiar com atos sexuais abusivos, o que também foi sustentado no estudo de MacGlone e Viglione (2002).

Com o intuito de buscar descrever o funcionamento mental, de forma mais geral, Young e cols. (2010) investigaram delinquentes sexuais encarcerados, em tratamento psiquiátrico devido, em sua maioria, a tentativas de automutilação. A amostra foi composta de 120 infratores masculinos, sendo 60 delinquentes sexuais e 60 delinquentes criminosos (mas sem história de crime sexual). Os delinquentes sexuais demonstraram classificações mais elevadas de psicopatia e apresentaram, no Rorschach SC, autopercepção desordenada, (MOR↑ ; Fr+rF↑ ), apego desordenado (T<1; H↓) e tendência a impulsividade (FC<C+CF). Devido à heterogeneidade dos delinquentes sexuais desse estudo, os autores alertaram para a necessidade de se conhecer os transtornos psiquiátricos em cada grupo.

Na América Latina, no Chile, realizou-se um estudo sobre as diferenças das características de personalidade de um grupo de criminosos sexuais, quando comparados aos dados de referência nacional (Jimenez Etcheverría, 2009). O grupo de 20 homens condenados por delito sexual evidenciou no Rorschach SC uma menor tendência a experimentar ansiedade (Y↓) que, aliada à constrição afetiva (FC e CF↓), à falta de empatia (M↓) e ao baixo ajuste perceptivo da realidade (X+%↓), dificulta a adaptação ao meio.

Pode-se aventar que as distorções perceptivas, no grupo de condenados por delito sexual, contribuam para as frequentes negações do delito e de sua responsabilidade neste, quando, obviamente, estes indivíduos não possuem traços psicopatas (Bornstein, 2003; Klonsky, Oltmanns, & Turkheimer, 2002). Por sua vez, a falta de empatia pode ser consequência de falhas no desenvolvimento infantil, da falta de modelos parentais e figuras significativas adequadas, capazes de estabelecer bons modelos de identificação (Ballint, 1997; Willians & Finkelhor, 1990). Depreende-se, então, que os delinquentes sexuais não estabeleceram vínculos afetivos adequados ou experiências suficientes de valorização da existência humana, repetindo na vida adulta os maus-tratos sofridos.

A análise das respostas humanas e de movimento no Método de Rorschach são importantes indicadores do nível de desenvolvimento das identificações e da qualidade das relações interpessoais. Desse modo, a ausência de perceptos humanos é um indicador de sérios conflitos na identidade, da falta de habilidades empáticas e de um maior comprometimento psicológico, considerando a indisponibilidade de recursos para abstrair papéis e funções sociais. Blatt e Lerner (1983) referem que, quanto mais severa a patologia do indivíduo, piores serão suas representações humanas, como confirmado no estudo de Gacono e cols. (2000), em que os psicopatas demonstraram menos interesse em objetos humanos, independente de eles serem inteiros, em partes, reais ou míticos.

Os achados de Alvarado, Bueno e Krivoy (2006), na Venezuela, confirmam esse dado. Os autores compararam o nível de psicopatia, o funcionamento cognitivo e a personalidade de homicidas, com o tempo de reclusão. A amostra foi dividida em dois grupos: um com tempo de reclusão até 12 meses; e outro com tempo de reclusão de cinco anos ou mais. Os resultados do Rorschach SC (Exner, 2003) evidenciaram deficiências cognitivas relacionadas a um estilo impulsivo, conteúdos agressivos e pontuações nos índices CDI, PTI, DEPI, em ambos os grupos. A presença de baixo número de respostas H puro, um indicativo de deterioração no interesse interpessoal, e um baixo índice de egocentrismo (EgoIndex↓) foram destacados.

Entre os estudos brasileiros, Marques (2006) utilizou o Rorschach no sistema francês e encontrou resultados semelhantes a estudos estrangeiros (Bridges e cols., 1998; Gacono e cols., 2000) quanto ao prejuízo nas relações interpessoais e presença de narcisismo em casos de abusadores sexuais incestuosos. Nesse referido trabalho, foram apresentados três estudos de caso. O primeiro apresentou dificuldade na adaptação afetiva e emocional (FC:CF+C = 0:5) e na integração com o outro, com prejuízo nas relações interpessoais (H=0; K=0), além de imaturidade e impulsividade (K: ΣC = 2: 4,5; kan=2) e indicadores de narcisismo (resposta reflexo). O segundo caso evidenciou prejuízo no relacionamento interpessoal (H%= 6,5%), imaturidade e impulsividade (K: ΣC = 1: 4,5; kan=3). O terceiro, por sua vez, indicou imaturidade e impulsividade (K: ΣC = 0: 2; kan=3) com prejuízo no relacionamento interpessoal [H%=19%, sendo H=1; Hd=3; (H)=1).

Outro estudo realizado com o Rorschach na abordagem francesa foi realizado por Santos (2008), com 10 indivíduos abusadores sexuais. Os sujeitos pesquisados apresentaram indicadores de prejuízo nas relações interpessoais e narcisismo. As respostas de conteúdo humano desvitalizado (H) foram constatadas em 30% dos participantes, e as respostas de conteúdo mórbido (MOR) em 40% da amostra. Elas explicitam as fraquezas próprias e um temor de ataque à autoimagem, de modo a desvelar seus defeitos. As respostas em duplo aparecem em quase todos os participantes (90%), e indicam uma forma indireta de evitar ou não reconhecer a relação entre dois seres diferentes, pois o outro é sempre considerado um reflexo especular da sua imagem (Chabert, 1993). De forma semelhante, as respostas de reflexo negam as relações interpessoais e se constituem em manifestações da posição narcísica do sujeito, o que foi verificado em 40% dos participantes.

Entretanto, isso não foi amplamente evidenciado no estudo de Pasqualini-Casado, Vagostello, Villemor- Amaral e Nascimento (2008). Essas autoras investigaram três adultos masculinos, detentos em uma penitenciária por estupros de suas filhas biológicas. Os resultados do Rorschach SC provaram a existência de diferenças psicológicas estruturais entre dois participantes (EgoIndex↓) e, em comum, nos três casos, a carência de recursos para atribuir noções realistas e constantes a si mesmos e aos outros. Além disso, todos os participantes foram capazes de reconhecer as formas convencionais de pensamento e não demonstraram distorções ou prejuízos no teste de realidade, o que sugere que façam uso mais efetivo das convenções sociais mediante as conveniências do momento.

Como pode ser observado, embora cada perpetrador sexual apresente sua própria personalidade e circunstâncias biográficas e não se constitua em um grupo homogêneo, algumas características podem surgir com maior evidência. Desse modo, considerando a importância de se explorar a perspectiva ideográfica ou clínica para auxiliar na identificação dessas características, especialmente nas avaliações periciais, o presente trabalho objetiva investigar as características de personalidade desses indivíduos.

 

Método

Participantes

Participaram do estudo três homens nomeados de P1, P2 e P3, entre 43 e 50 anos, detentos em uma penitenciária no interior do estado do Rio Grande do Sul, escolhidos aleatoriamente, com história documentada de abuso sexual intrafamiliar com relações sexuais completas. A Tabela 1 apresenta os dados quanto à idade, ao estado civil, à profissão, à escolaridade, à situação prisional e à síntese descritiva dos episódios que resultaram nas condenações dos perpetradores sexuais.

 

 

Na comparação entre os dados sociodemográficos dos participantes, observa-se que os três permanecem casados e possuem baixo nível de escolaridade. Quanto à história que resultou no aprisionamento, os perpetradores cometeram abuso sexual recorrente, com a consumação da relação sexual, tendo sido cometido no âmbito intrafamiliar, com o uso de violência.

Instrumentos

Ficha sociodemográfica para obter informações sobre idade, estado civil, profissão, escolaridade, história criminal.

Método de Rorschach no SC (Exner, 2003), para investigar as disposições da personalidade. O instrumento é composto por dez pranchas com manchas de tinta simétricas e diferentes. A aplicação consiste em mostrar um cartão de cada vez e solicitar para que a pessoa diga "o que aquilo poderia ser". Após mostrar os dez cartões e anotar as respostas dadas, voltam-se os cartões, para realizar o inquérito, a fim de se verificar "onde foi que a pessoa viu" e "o que na mancha fez com que parecesse aquilo que foi dito". Considerando o objetivo proposto e as informações obtidas dos estudos de investigação, foram relacionadas as seguintes variáveis e hipóteses interpretativas que se diferenciariam dos parâmetros normativos brasileiros do Rorschach no SC, em abusadores sexuais:

1. Autopercepção. Aumento das respostas de conteúdos mórbidos (MOR↑ ) (Bridges e cols., 1998; Young e cols., 2010); de reflexo (Fr+rF>0) (Bridges e cols., 1998; Gacono e cols., 2000; Marques, 2006; Santos, 2008; Young e cols., 2010). Rebaixamento do índice de egocentrismo (EgoIndex↓) (Alvarado e cols., 2006; Gacono e Meloy, 1994; Pasqualini-Casado e cols., 2008), das respostas de forma dimensão (FD↓) (Gacono e Meloy, 1994), e de vista (SumV↓). Essas variáveis podem evidenciar a presença de autopercepção distorcida e baixa autoestima.

2. Relacionamento e Percepção Interpessoal. Aumento das respostas de conteúdos alimentares (Fd↑) (Bridges e cols., 1998) e de conteúdo sexual (Sx↑). Rebaixamento das respostas de textura (SumT=0) (Gacono e cols., 2000; Young e cols., 2010), de conteúdos humanos em proporção aos para-humanos [H<(H)+Hd+(Hd)] (Alvarado e cols., 2006; Bridges e cols., 1998; Gacono e cols., 2000; Gacono e Meloy, 1994; Young e cols., 2010), e de movimento humano (M↓) (Jimenez Etcheverría, 2009). Essas variáveis podem informar a presença de relacionamentos, habilidades sociais e percepções interpessoais prejudicados.

3. Ajustamento Perceptivo. Aumento das respostas de qualidade formal inusual (Xu%↑ ) (Ryan e cols., 2008) e de qualidade formal distorcida (X-%↑ ) (Gacono e cols., 2000; Ryan e cols., 2008). Rebaixamento das respostas de qualidade formal positiva (X+%↓) (Jimenez Etcheverría, 2009; Ryan e cols., 2008). Esses indicadores podem demonstrar as dificuldades no ajustamento perceptivo e prejuízos no teste de realidade.

4. Pressão Interna e Autocontrole. Aumento das respostas de movimento animal (FM↑) (Gacono e cols., 2000); das Notas D e AdjD (D ajustada↑). Rebaixamento das respostas de sombreado difuso (SumY↓) (Jimenez Etcheverría, 2009). Essas variáveis podem sugerir a presença de vulnerabilidade, de pressões subjetivas e de impulsividade.

Procedimentos

Todos os cuidados éticos inerentes à pesquisa científica foram conduzidos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Passo Fundo e participaram do estudo somente os indivíduos que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Após a obtenção dos dados sociodemográficos e da história criminal, disponíveis nos documentos da instituição prisional, seguiu-se com a administração do Rorschach. Os participantes responderam ao instrumento individualmente, em aproximadamente 60 minutos, nas dependências da instituição carcerária. Os protocolos do Rorschach foram classificados por um avaliador treinado e experiente, e as codificações das respostas foram inseridas no programa RIAPTM 5 para compor o Sumário Estrutural (Exner, 2003; Exner & Sendin, 1999). Finalmente, os escores foram confrontados com indicadores de referência nacional da população (N=209) do interior da cidade de São Paulo (Nascimento, 2010) e com os aportes da literatura pertinente.

 

Resultados e Discussão

Tendo sido apresentados os dados de caracterização da ficha sociodemográfica, serão apresentados os escores das variáveis do Rorchach e as normas brasileiras (Nascimento, 2010). Os resultados dessas variáveis estão expostos na Tabela 2.

 

 

Ao se examinar um conjunto de 21 variáveis, verificam- se alterações em 12 delas, a saber: Egoindex, MOR, Fd, H, M, X+%, Xu%, X-%, SumY, FM, NotaD, AdjD. No que tange às variáveis da Autopercepção, percebe- -se que elas se mantêm predominantemente nos parâmetros normativos. As diferenças se encontram no rebaixamento dos escores do EgoIndex (P1 e P3) e no aumento de MOR (P1).

Esses indicadores revelam a presença de baixa autoestima e prejuízos na autoimagem. A autoestima cronicamente baixa em P1 e P3, possivelmente originada na infância, aliada a um baixo juízo autovalorativo parecem sinalizar dificuldades em atribuir suficiente atenção em si mesmos (EgoIndex↓, Fr+rF=0). A capacidade de se ver como uma pessoa de valor é avaliada no Rorschach pelas respostas de reflexo (Fr+rF) e pelo EgoIndex (3r+(2)/R) (Weiner, 2000). Esse pesquisador destaca que essa variável se constitui como traço de personalidade que raramente se modifica ao longo do tempo, o que sustenta a ideia de que esse achado, nos perpetradores deste estudo, não é um dado circunstancial. Essas atuais evidências empíricas confirmam parcialmente a primeira hipótese deste estudo e corroboram estudos que revelam a presença de um baixo juízo autovalorativo nesses indivíduos (Alvarado e cols., 2006; Gacono & Meloy, 1994; Pasqualini-Casado e cols., 2008).

De forma semelhante, pode-se assim compreender a presença de prejuízos na autoimagem (MOR↑) em P1, consistente com achados de outras investigações (Bridges e cols., 1998; Young e cols., 2010). Além disso, constata-se a indisponibilidade à autoanálise (FD=0 e SumV=0) nos três participantes, o que pressupõe menor disponibilidade e menor recurso pessoal para a introspecção e autocrítica realista e, consequentemente, dificuldades para ressignificar suas ações. Esses indicadores são consistentes com a primeira hipótese deste estudo, confirmando evidências apresentadas em estudo prévio (Gacono & Meloy, 1994). Particularmente, observa-se que experiências nas quais as pessoas são capazes de sentir remorso ou arrependimento tendem a ser representadas, no Rorschach, pela ocorrência de respostas de vista (V) (Weiner, 2000), o que leva a supor a inobservância deste indicador em protocolos de perpetradores sexuais, uma vez que estes se apresentam refratários a autocríticas negativas.

Contudo, os resultados do módulo da Autopercepção não ratificam o estudo de pedófilos de Bridges e cols. (1998), quanto à presença de traços narcísicos em associação a prejuízos na autoimagem (Fr+rF↑; MOR↑) e sofrimento narcísico decorrente da situação carcerária (Fr+rF↑, SumV↑, MOR↑). Constatações semelhantes (Gacono & Meloy, 1994) revelam a presença de narcisismo patológico e sinais de conflito narcísico (Fr+rF↑ e V↑) em psicopatas e homicidas sexuais. Estudos brasileiros (Marques, 2006; Santos, 2008) também evidenciam a presença de indicadores de narcisismo, principalmente pelas respostas pares e de reflexo.

É importante ressaltar que a elevação de respostas com determinante vista (SumV↑) em protocolos de presidiários psicopatas narcisistas, o que não é de se esperar, pode ocorrer em situações reativas (Weiner, 2000). O autor entende que esses psicopatas estão longe de abandonar sua postura narcisista, mas podem se encontrar muito aborrecidos consigo mesmos por não terem conseguido evitar o encarceramento. Sendo assim, pode haver casos em que as respostas com determinante vista (SumV) ocorram em uma condição reativa em indivíduos com ausência de autocrítica negativa, e que tendem a continuar a se ver como superiores.

Na avaliação das variáveis de Relacionamento e Percepção Interpessoal, observam-se a ausência de respostas de textura (SumT=0) e um rebaixamento das respostas de movimento humano (M↓) nos três participantes. Esses indicadores revelam que os perpetradores estudados se caracterizam pelo distanciamento interpessoal e por apresentarem inabilidades empáticas, o que vem confirmar a segunda hipótese deste estudo. Constatam-se resultados semelhantes em investigações científicas prévias (Gacono e cols., 2000; Jimenez Etcheverría, 2009; Willians & Finkelhor, 1990; Young e cols., 2010).

Por sua vez, as respostas H e M, no Rorschach, são representantes de aspectos associados a dimensões estáveis da personalidade e que concebem o nível do desenvolvimento, as identificações, a qualidade das relações interpessoais e os aspectos mais diferenciados da sociabilidade. Segundo Blatt e Lerner (1983), quanto mais severa a patologia, piores serão suas representações humanas e maior será o grau de dificuldade para manutenção do seu significado na representação do objeto. Alguns dos estudos mencionados suportam essa afirmação (Alvarado e cols., 2006; Gacono e cols., 2000).

Desse modo, a ausência de perceptos humanos (P1) é um indicador de sérios conflitos na formação da própria identidade, da falta de habilidades empáticas e de maior comprometimento psicológico, dada a indisponibilidade de recursos para abstrair papéis e funções sociais, o que denota consistência com outros estudos (Ballint, 1997; Duque, 2012; Willians & Finkelhor, 1990). É importante observar em P2 e P3 a presença de sensibilidade ao humano, pois oferecem respectivamente respostas SumH=1 e SumH=4, o que indica haver entre os participantes do estudo níveis de comprometimento psicológico diferenciado, mesmo em se tratando do mesmo ato cometido.

No ajustamento perceptivo, destaca-se o aumento das respostas que infringem a realidade (X-%↑) nos três participantes. A presença de graves prejuízos na mediação cognitiva promove uma incomum interpretação da realidade e uma identificação igualmente infrequente com os outros. Esse resultado confirma a terceira hipótese deste estudo, de que os abusadores sexuais possuem dificuldades no ajustamento perceptivo e prejuízos no teste de realidade, e ratifica outros estudos (Gacono e cols., 2000; Jimenez Etcheverría, 2009; Kennedy e cols.,1977; Saradjian & Nobus, 2003).

Formas incomuns ou distorcidas de perceber o ambiente podem contribuir para uma má interpretação de uma situação, como, por exemplo, acreditar que uma criança pode obter avanços sexuais e se beneficiar de tal interação (Ryan e cols., 2008). McGlone e Viglione (2002) relatam que a maioria dos sacerdotes agressores sexuais acredita satisfazer as necessidades emocionais da criança por meio da intimidade sexual.

No estudo de Gacono e cols. (2000), com psicopatas, perpetradores sexuais homicidas e pedófilos constata-se o prejuízo no teste de realidade no último grupo. Todavia, isso não aparece em estudo brasileiro (Pasqualini-Casado e cols., 2008) com amostra semelhante ao presente estudo, no que diz respeito ao ato cometido. Pressupõe-se que a escolha aleatória dos participantes possa interferir nesses resultados, uma vez que a literatura aponta diferenças na dinâmica psíquica dos abusadores conforme o diagnóstico de transtorno mental que acomete esses criminosos (Bridges e cols., 1998; Gacono e cols., 2000; Ryan e cols., 2008; Young e cols., 2010).

Nas variáveis que mensuram os níveis das pressões internas e as condições de autocontrole, verifica-se um aumento das respostas de sombreado difuso (SumY↑), o que pode revelar vivências subjetivas de desconforto em dois participantes (P1 e P3), possivelmente em decorrência de influências do ambiente carcerário. As Notas D e AdjD, que expressam a capacidade de controle, adequaram- se às normas de referência nacional, na maioria dos participantes, indicando que geralmente não apresentam ansiedade, tensão ou irritabilidade manifestas face as demandas do cotidiano. Pode-se supor que, como ocorre na população de pacientes, a Nota D=0 nos participantes deste estudo (P2 e P3) esteja associada a condições crônicas e caracterológicas relativamente resistentes a mudanças (Weiner, 2000).

Todavia, observa-se um rebaixamento da Nota D e da AdjD em um dos participantes (P1). A evidência de resultados negativos (Nota D = -3; AdjD = -1) sugere que a falta de controle para tolerar o estresse é uma característica constante de sua personalidade. Outro dado comum aos três participantes é o rebaixamento e a ausência de respostas de movimento animal (FM), o que indica que estão livres de pensamentos intrusivos. É possível se considerar que suas condutas indevidas estejam mais associadas à insuficiente representação interna e ao déficit na capacidade de autocrítica do que pela perda do autocontrole mediante estressores cotidianos. Esses resultados ratificam em parte a quarta hipótese deste estudo, e confirmam investigação prévia (Gacono e cols., 2000).

 

Considerações finais

Os resultados deste estudo são compatíveis com algumas das características gerais retratadas na literatura científica a respeito de agressores sexuais. A similaridade nos fatores sociodemográficos leva a concluir que as diferenças apresentadas entre os participantes não se explicam por variabilidade nesses aspectos, mas sim pelo dinamismo psíquico de cada um.

O Método de Rorschach, por sua vez, mostrou-se válido para gerar dados das características de personalidade implícitos nos diferentes processos de adaptação à realidade dessas pessoas, evidenciando grave comprometimento em suas organizações psicológicas, respondendo ao objetivo do presente estudo. Designadamente, ressaltam- se as homogeneidades apresentadas na elevação da média de respostas que violam a realidade (X-%↑) e na ausência de respostas textura e de respostas de movimento humano (T=0, M=0).

Muito embora não seja uma especificidade somente dos casos ilustrativos desta pesquisa, os indicadores das variáveis que exibiram convergências entre os três perpetradores analisados merecem ser considerados. Eles retratam uma importante característica, que é, além da disfunção grave no teste de realidade, o comprometimento na conformação da identidade e na capacidade de estabelecer vínculos e constituir relações com qualidade empática.

Por fim, ainda que a abordagem qualitativa se alinhe mais com uma perspectiva ideográfica, esses resultados podem ser úteis como sinalizadores a serem pesquisados. Para tanto, sugere-se considerar algumas das limitações do atual estudo, quais sejam: a escolha aleatória dos participantes, a falta de diagnóstico do transtorno mental de cada participante, e a amostra reduzida. Delineamentos de estudos futuros que considerem essas variáveis poderão atingir e elencar evidências mais consistentes, emergentes na avaliação psicológica de perpetradores sexuais incestuosos. Tais estudos poderão corroborar ou não evidências aqui expostas e enriquecer o processo de investigação nessa área.

 

Referências

Alvarado, M., Bueno, R., & Krivoy, F. (2006). Nivel de psicopatía, funcionamiento cognitivo y de la personalidad en hombres homicidas según el tiempo de reclusión. Revista de Psicología – Escuela de Psicología de la Universidad Central de Venezuela, 25(2), 20-46.         [ Links ]

American Psychiatric Association. (1994). Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 4ª ed. Washington (DC): American Psychiatric Association.         [ Links ]

Balint, C. (1997). Psicopatologia dos autores de delitos sexuais contra crianças. Em: M. Gabel (Org.), Crianças vítimas de abuso sexual (pp. 114-119). São Paulo: Summus.         [ Links ]

Blatt, S. J., & Lerner, H. (1983). The psychological assessment of object representation. Journal of Personality Assessment, 47, 18-28.         [ Links ]

Bridges, M. R., Wilson, J. S., & Gacono, C. B. (1998). A Rorschach Investigation of defensiveness self-perception, interpersonal relationship, and affective states in incarcerated pedophiles. Journal of Personality Assessment, 70(2), 365-385.         [ Links ]

Bornstein, R. F. (2003). Behaviorally referenced experimentation and symptom validation: A paradigm for 21st-century personality disorder research. Journal of Personality Disorders, 17, 1-18.         [ Links ]

Carvalho, L. F, Bartholomeu, D., & Silva, M. C. R. (2010). Instrumentos para avaliação dos transtornos da personalidade no Brasil. Avaliação Psicológica, 9(2), 289-298.         [ Links ]

Chabert, C. (1993). Psicopatologia no exame do Rorschach. São Paulo: Casa do Psicólogo.         [ Links ]

Davoglio, T. R., & Argimon, I. I. L. (2010). Avaliação de comportamentos anti-sociais e traços psicopatas em psicologia forense. Avaliação Psicológica, 9(1), 111-118.         [ Links ]

Duque, C. (2012). Parafilias e crimes sexuais. Em: J. G. V. Taborda, E. Abdalla-Filho, & M. Chalub (Orgs.), Psiquiatria forense (pp. 297-313). Porto Alegre: Artmed.         [ Links ]

Exner, J. E. Jr. (2003). The Rorschach: A comprehensive system (4ª ed.). New York: John Wiley & Sons.         [ Links ]

Exner, J. E. Jr., & Sendin, C. (1999). Manual de interpretação do Rorschach para o Sistema Compreensivo. São Paulo: Casa do Psicólogo.         [ Links ]

Franks, K.W., Sreenivasan, S., Beverly S. J., & Kirkish, P. (2009). The mangled butterfly: Rorschach results from 45 violent psychopaths. Behavioral Sciences and the Law, 27, 491-506.         [ Links ]

Gacono, C. B., & Meloy, J. R. (1994). The Rorschach assessment of aggressive and psychopathic personalities. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum.         [ Links ]

Gacono, C. B., Meloy, J. R., & Bridges, M. R. (2000). A Rorschach comparison of psychopaths, sexual homicide perpetrators, and nonviolent pedophiles: where angels fear to tread. Journal of Clinical Psychology, 56(6), 757–777.         [ Links ]

Grossman, L. S., Wasyliw, O. E., Benn, A. F., & Gyoerkoe, K. L. (2002). Can sex offenders who minimize on the MMPI conceal psychopathology on the Rorschach? Journal of Personality Assessment, 78(3), 484-501.         [ Links ]

Jimenez Etcheverría, P. (2009). Caracterización psicológica de un grupo de delincuentes Sexuales chilenos a través del Test de Rorschach. Psykhe, 18(1), 27-38.         [ Links ]

Kennedy, E. C., Heckler, V. J., & Kobler, F. J. (1977). Clinical assessment of a profession: Roman Catholic clergymen. Journal of Clinical Psychology, 33, 120–128.         [ Links ]

Klonsky, E. D., Oltmanns, T. F., & Turkheimer, E. (2002). Informant-reports of personality disorder: Relation to self-reports and future research directions. Clinical Psychology-Science and Practice, 9, 300-311.         [ Links ]

Lilienfeld, S. O. (1994). Conceptual problems in the assessment of psychopathy. Clinical Psychology Review, 14, 17-38.         [ Links ]

Marques, H. (2006). A voz do abusador. Aspectos psicológicos dos protagonistas de incesto. Dissertação de Mestrado. Universidade Católica de Brasília. Brasília- DF.         [ Links ]

McGlone, G. J., & Viglione, D. J. (2002). Dependency and narcissism among sexually-offending and non-offending Roman Catholic clergy. Em: XVII International Congress on the Rorschach and Other Projective Measures, Rome.         [ Links ]

Meloy, J. R., Gacono, C. B., & Kenney, L. (1994). A Rorschach investigation of sexual homicide. Journal of Personality Assessment, 62(1), 58-67.         [ Links ]

Millon, T., Millon, C. M., Meagher, S., Grossman, S., & Ramanath, R. (2004). Personality disorders in modern life. New Jersey: Wiley.         [ Links ]

Nascimento, R. S. G. F. (2010). Sistema Compreensivo do Rorschach – Teoria, pesquisa e normas para a população brasileira. São Paulo: Casa do Psicólogo.         [ Links ]

Padilha, M. G. S., & Gomide, P. I. C. (2004). Descrição de um processo terapêutico em grupo para adolescentes vítimas de abuso sexual. Estudos de Psicologia, 9(1), 53-61.         [ Links ]

Pasqualini-Casado, L., Vagostello, L., Villemor-Amaral, A. E., & Nascimento, R. G. (2008). Características da personalidade de pais incestuosos por meio do Rorschach, conforme o Sistema Compreensivo. Psicologia Reflexão e Crítica, 21(2), 293-301.         [ Links ]

Ryan, G. P., Baerwald, J. P., & McGlone, G. (2008). Cognitive mediational deficits and the role of coping styles in pedophile and ephebophile romam catholic clergy. Journal of Clinical Psychology, 64(1),1-16.         [ Links ]

Santos, M. (2008). Personalidade de criminosos sexuais: um estudo com o Método de Rorschach e a Escala Hare PCL-R. Disssertação de Mestrado. Universidade Católica de Brasília. Brasília- DF.         [ Links ]

Saradjian, A., & Nobus, D. (2003). Cognitive distortions of religious professionals who sexually abuse children. Journal of Interpersonal Violence, 18, 905-923.         [ Links ]

Scortegagna, S. A., & Villemor-Amaral, A. E. (2009). Autopercepção no Rorschach de vítimas de abuso sexual infantil. Psico, 40(3), 328-336.         [ Links ]

Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República - SDH/PR. (2010). Disque denúncia nacional de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes – 100. Retirado em 20/10/2012, no World Wide Web: http://www.prac.ufpb.br/copac/escolaqueprotege/documentos/ FEPETIPB_241110/FEPETIDD.pdf        [ Links ]

Urbina, S. (2007). Fundamentos da testagem psicológica. Porto Alegre: Artmed.         [ Links ]

Weiner, I. B. (2000). Princípios da interpretação do Rorschach. São Paulo: Casa do Psicólogo.         [ Links ]

Willians, L. M., & Finkelhor, D. (1990). The characteristic of incestuous fathers: A review of recent studies. Em: W. L. Marshall, D. R. Laws, & H. E. Barbaree (Orgs.), Handbook of sexual assault: Issues, theories, and treatment of sex offenders (pp. 231- 255). New York: Plenum Press.         [ Links ]

Young, M. H., Justice , J. V., & Edberg, P. (2010). Sexual offenders in prison psychiatric treatment. International Journal of Offender Therapy and Comparative Criminology, 54(1), 92-112.         [ Links ]

 

 

Recebido em dezembro de 2012
Reformulado em abril de 2013
Aprovado em maio de 2013

 

 

Sobre os autores

Silvana Alba Scortegagna: é Professora Permanente do Programa de Pós-graduação em Envelhecimento Humano da Universidade de Passo Fundo.
Deise Matos do Amparo: é doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília, é professora Adjunta II da Universidade de Brasília.


1Endereço para correspondência: Programa de Pós- Graduação Stricto Sensu em Envelhecimento Humano, Universidade de Passo Fundo, Campus I, São José, BR 285, Km 171, Cx. Postal 611, 99052-900, Passo Fundo-RS. Tel.: (54) 3316-8384 / 9176-3784. E-mail: silvanalba@upf.br