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Escritos sobre Educação
versión impresa ISSN 1677-9843
Escritos educ. v.4 n.2 Ibirité dic. 2005
ARTIGOS
Fontes primárias de documentação para a história da psicologia e história da educação: constituição do acervo do serviço de orientação e seleção profissional - SOSP (1949-1994) 1
Primaty documents souces of history of psycholoy and history of education: constitution of the archives of documents from the selection professional orientation service - SOSP (1949-1994)
Regina Célia Pereira CamposI,2; Lívia Duarte SilvaII,3; Rafiza de Andrade SilvaIII,4
I Universidade do Estado de Minas Gerais
II VI Núcleo Formativo
III VIII Núcleo Formativo
RESUMO
Este artigo pretende comunicar à comunidade científica e demais interessados a presença de novas fontes documentais sobre a História da Psicologia e História da Educação em Minas Gerais. Trata-se de um grande volume de documentos, laudos, testes e provas, originadas de orientações e seleções profissionais do Serviço de Orientação e Seleção Profissional - SOSP. O SOSP funcionou nas dependências do Instituto de Educação de Minas Gerais, no período de 1949 a 1994, e, nesta dada, foi transformado em CENPA - Centro de Psicologia Aplicada ao ser incorporad o pela Universidade do Estado de Minas Gerais. Os dados preliminares encontrados estão sendo classificados e indexados no banco de dados da pesquisa.
Palavras-chave: História da Psicologia, História da Educação, Orientação Ptofissional e Seleção Profissional.
ABSTRACT
This article intends to communicate to the scientific community and others interested people the presence of new documentary sources on the History of Psychology and History of the Education in Minas Gerais - Brasil. It's concerned of a great volume of documents, psychologique tests and professsionals exames originary of Orientation and Professional Election Service - SOSP. The SOSP functioned in the dependences of the Institute of Education in Minas Gerais, in the period of 1949-1994. When it was incorporated in the University of the State of Minas Gerais, the SOSP was transformed in the Center of Pshychologie Applied - CENPA. The founded preliminary data has being classified and indexaded in the data-base archives of the research.
Keywords: History of Psychology, History of Education, Professional Orientation, Professional Election.
I - Introdução
A proposta deste artigo é indicar a presença de novas fontes de documentação para a História da Psicologia e História da Educação em Minas Gerais, constituídas a partir do acervo documental do Serviço de Orientação e Seleção Profissional - SOSP.
O acervo documental do SOSP está sendo constituído a partir do esforço conjunto de um grupo de pesquisadores, coordenado pela Profa. Dra. Regina Célia Pereira Campos, através da pesquisa "SOSP: uma investigação sobre a História da Psicologia e História da Educação em Minas Gerais", financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa (FAPEMIG - SHA 501-05) com término para 2007. (CAMPOS e ROSA, 2005). Torna-se, pouco a pouco, um corpus documental que, após o tratamento e indexação dos documentos, permitirá o cruzamento de dados obtidos e novas análises dos materiais, testes e laudos psicológicos para diversos fins: orientação educacional, orientação vocacional e seleção profissional.
A partir da preservação e da disponibilização do acervo documental do SOSP, após sua divulgação no campo científico, diversas pesquisas documentais poderão ser realizadas por pesquisadores devidamente credenciados, o que representará a abertura de um novo campo de possibilidades para a compreensão da produção das práticas psicológicas e dos processos de construção dos projetos políticos e culturais que conformavam a cultura escolar e organizacional do século XX e, ao mesmo tempo, produziram um relevante conhecimento científico, no campo da Psicologia.
II - A constituição do Acervo SOSP
As pesquisas e as produções científicas no campo da História têm sido sustentadas nos pilares da existência e preservação de acervos documentais que guardam registros e memória institucional e administrativa de diversos campos do conhecimento. A pesquisa em arquivos possibilita a localização no tempo e no espaço em constante movimento de discussão das realidades sociais e culturais, dos conflitos e contradições que se operam na sociedade.
Em Minas Gerais, a coleta, a guarda e a preservação de objetos e documentos do passado encontram-se sob a responsabilidade de instituições, tais como o Arquivo Público Mineiro, o Arquivo da cidade de Belo Horizonte e o Museu da Escola de Minas Gerais, entre outros. Nesses espaços, o intercâmbio de experiências possibilita a formação de profissionais e pesquisadores.
Ao iniciar a pesquisa SOSP, no início do ano de 2005, o grande volume de material do SOSP, produzido nos cinqüenta anos de seu funcionamento, tais como, documentos, laudos e testes psicológicos, estava sem destinação, tratamento ou preservação. Em vias de ser incinerado, pois não havia uma política de preservação arquivística e de pesquisa para o mesmo, o projeto SOSP foi elaborado às pressas e enviado à FAPEMIG. Hoje, apoiada pela própria instituição UEMG e contando com o auxílio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa (FAPEMIG SHA 501/05), a pesquisa vem se realizando.
Estabelecer um diálogo com documentos que revelam a experiência de Psicologia Aplicada do SOSP possibilita uma visão mais alargada desses processos e dá uma maior visibilidade das representações sociais e culturais que se constituem em torno dos quadros profissionais e científicos.
A perspectiva da pesquisa histórica atual, cada vez mais, busca apurar o olhar, de maneira a compreender as singularidades e as diferentes práticas institucionais que são construídas em diferentes campos da produção científica. Sobre essa perspectiva, Peixoto (2001) afirma:
A nova história, iniciada com a Revolução dos Analles, promove a dessacralização da memória dos grandes homens, dos eventos políticos, militares e diplomáticos, focalizando o interesse da história em todos os homens. Neste sentido, o histórico não é o grandioso, o singular, o espetacular, mas a teia diária da vida de todos os homens. O que explica a atenção, em nossos dias, à chamada História do Cotidiano: aí está o tom do processo social, feito pelas pequenas coisas, não de vistosas e enganosas fachadas, mais ocultantes que esclarecedoras da realidade. Isto implica na ampliação do conceito de documento, palavra que passa a ser considerada no seu sentido mais amplo - documento escrito, ilustrado, transmitindo pelo som, pela imagem ou de qualquer outra maneira. (PEIXOTO, 2001, p. 193).
Na perspectiva de uma nova história, esse trabalho vem refletir sobre os fenômenos sociais de um serviço de psicologia a partir de seu produto, que quase se tornou expurgo e que, para alguns, ainda hoje é considerado lixo. O resgate desse material e, agora, suas primeiras análises, revelam uma nova forma de fazer história, a história do SOSP, através dos documentos que revelam as representações dos funcionários, usuários e de uma grande parte da sociedade, através do registro de suas práticas.
Metodologicamente, para compreender os sujeitos envolvidos nessas práticas, sua dinâmica e especificidades, seu lugar na cultura e a relação com as diversas formas e espaços de poder instituídos, as fronteiras da história se alargam, visando contemplar estudos interdisciplinares relacionados aos mais diversos temas presentes na vida e na sociedade.
Os estudos sobre a história das instituições no Brasil buscam a constituição de um campo de pesquisa que vai, aos poucos, se ampliando. Sua configuração, atualmente, aponta para a continuidade da utilização de fontes tradicionais, ao mesmo tempo em que se observa a utilização de outras fontes não tão comuns como: memórias, autobiografias, filmes, fotografias, músicas e outros.
O trabalho de pesquisa sobre o SOSP gerou uma preocupação dos pesquisadores com a localização, tratamento, guarda e disponibilização do acervo documental, que mobilizou diversas ações no sentido da sensibilização e apoio institucional, bem como expectativa do estabelecimento de políticas públicas relativas à preservação desses documentos. A aplicação de políticas comprometidas com essas questões, tanto no nível institucional como no nível das políticas públicas, entretanto, tardam, especialmente, no campo das ciências humanas. Como denuncia Peixoto (2001):
Em Minas, os estudos até agora desenvolvidos evidenciam que muito da nossa história já se perdeu e que, em breve, já não será possível resgatar o conhecimento que vem sendo construído em nossas escolas. (PEIXOTO, 2001, p. 195).
A preservação do patrimônio histórico nacional e de seus bens culturais, principalmente, aqueles produzidos pelas instituições públicas, ainda aguardam iniciativas de formação de centros de memórias institucionais, que tornem acessíveis dados, fontes e fundos documentais, a pesquisadores e estudiosos, constituindo-se num espaço privilegiado de discussão e produção de conhecimento.
Um trabalho desse porte exige mais dos pesqui-sadores, da instituição, das agências de fomento e, mais precisamente, do poder público. Exige o compromisso ético do guarda do material; exige o compromisso moral de sigilo e confidencialidade; exige o compromisso acadêmico e científico de novas pesquisas documentais exploratórias; enfim, exige a persistência e a teimosia de quem quer aprender com os grandes mestres e com experiências que inovadoras no passado e construíram nossa história.
As palavras "constituição de acervo" não dão conta da dimensão do trabalho, que Peixoto relata:
O processo de constituição do acervo assumiu, assim, a dimensão de um trabalho de garimpagem, marcado pela tensão. A alegria em conseguir chegar aos porões escuros, empoeirados e cheirando a mofo, o encantamento provocado pelos cadernos amarelados, com suas letras bordadas, pelos jogos pedagógicos repletos de cupim... (PEIXOTO, 2001, p.195-196).
Os pesquisadores da pesquisa SOSP vivenciaram situações parecidas ao relato da autora. Cada caixa aberta trazia uma surpresa, ora baratas, ora um rato pulando, ora um escorpião. Por outro lado, o resgate de cada documento, muitas vezes, trazia bens preciosos para os pesquisadores: uma história de vida, um laudo psicológico ou uma seleção para um cargo de um órgão do Estado.
O resgate e conservação dos documentos para constituição de um acervo documental rico e diversificado em História da Psicologia, História da Educação e áreas afins, como o do SOSP, requer a política, o local de instalação do acervo, mas, também, novas pesquisas, razão dessa nova proposta de continuidade dos estudos.
III - A História do Serviço de Orientação e Seleção Profissional
A história do Serviço de Orientação e Seleção Profissional - SOSP está intimamente ligada à história do estabelecimento e difusão das práticas governamentais, educacionais e psicológicas no Brasil.
Para contextualizar a criação do SOSP, diversos contextos podem ser abordados. Por questões de precisão didática, a história do SOSP, como um Serviço instalado dentro de um Instituto de Educação, requer uma contextualização pela via da história educação.
O Instituto de Educação de Minas Gerais, fundado em 1906, como Escola Normal Modelo, registra, em sua história institucional, além de uma rica trajetória voltada para os processos educacionais de crianças e adolescentes, diversas ações voltadas para a formação de professores. Entre elas, a implantação dos cursos de pré-escolar e primário visando um espaço em que se desenvolveram inúmeras experiências educativas, como as classes de demonstração, que influenciaram as práticas pedagógicas das escolas públicas de todo o Estado de Minas Gerais.
Em 1928, com a Reforma Francisco Campos, foi criada a Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico de Minas Gerais para formar técnicos e especialistas que, sob influência dos pensamentos francês e americano. Professores convidados para compor os quadros da Escola de Aperfeiçoamento, entre eles, os professores Edouard Claparède, Leon Walter e Helena Antipoff, do Instituto Jean Jacques Rousseau, marcam a influência européia nas concepções filosóficas e pedagógicas da época.
Em 1946, a Escola Normal Modelo passou a ser denominada Instituto de Educação do Estado de Minas Gerais - IEMG. A Escola de Aperfeiçoamento foi substituída pelo Curso de Administração Escolar (CAE) do Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG), cujo objetivo principal foi o de formar técnicos de ensino para as escolas e para os órgãos do sistema de ensino. O CAE avançou na direção de preparar recursos humanos para a educação, visava à formação de diretores de escolas e orientadores de ensino, ou seja, lideranças gestoras para o estado de Minas e para todo Brasil.
Para compor o cenário, na efervescência de busca do saber e, também, para resgatar o debate sobre o saber psicológico da extinta Escola de Aperfeiçoamento, o SOSP foi bem acolhido pela comunidade do IEMG.
Serviço, cujas práticas psicológicas marcaram a segunda metade do século XX, determinando os rumos da Psicologia e da Educação em Minas Gerais, o SOSP, criado pela lei n 482, de 11 de novembro 1949, teve como objetivo principal "orientar vocações no meio escolar e estabelecer critérios para a seleção de pessoal destinado à administração pública e organizações particulares". Instalou-se como um serviço de Psicologia aplicada, não só para atendimento de alunos e professores do IEMG, mas, também, de toda a comunidade mineira.
Fundado no contexto histórico dos presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubistchek cuja ênfase econômica estava marcada pelo capitalismo dependente permeado pela ideologia desenvolvimentista e tecnicista, ligada aos processos de industrialização do país.
Situado no contexto do pós-guerra, instala-se no Brasil o processo de redemocratização visando à democratização das massas. O Estado Populista-Desenvolvimentista tem sua expressão política na constituição de um projeto nacionalista de industrialização que favoreceu o mercado interno. A complexificação das atividades urbano-industriais e os processos migratórios campo-cidade ocasionam o crescimento demográfico e a escola torna-se uma possibilidade de ascensão social.
A promulgação das leis orgânicas de ensino industrial e comercial, diversas iniciativas foram adotadas visando o fortalecimento de uma estrutura voltada para o ensino técnico-profissional. Instituições como o SENAI e o SENAC foram criados no sentido de articular a educação e o treinamento de traba-lhadores urbanos.
Seguindo essas tradições, o prof. Mira y Lòpez, diretor do ISOP, esteve em Belo Horizonte, em 1949, a pedido do então Secretário da Educação prof. Abgar Renault, para a criação do SOSP, sob os mesmos ideais do ISOP do Rio de Janeiro.
As dificuldades enfrentadas com os ritos e as práticas escolares levam muitos alunos às reprovações e/ou abandono da escola. Alguns direitos ficaram garantidos na constituição vigente, como o direito à escola básica e os instrumentos legais e financeiros para de sua viabilização. A União fica responsável por legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional.
Órgão vinculado ao Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG) e tendo suas dependências especialmente construídas para o Serviço da Psicologia Aplicada, o SOSP contava com um quadro de pessoal habilitado e funcionava nos moldes do Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP), do Rio de Janeiro. Constituiu-se, por um longo período, o único órgão do Estado de Minas Gerais a oferecer serviços de psicologia aplicada voltados para orientação e seleção de pessoal.
Tornou-se fonte original de formação de Recursos Humanos em Psicologia e Pedagogia e de projetos que resultaram na criação dos primeiros cursos de Psicologia de Minas Gerais, o da então Universidade Católica de Minas Gerais - UCMG, hoje, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC-Minas e o Curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG.
Para sua direção, evidenciou-se a necessidade de um especialista de fora do Estado, tendo sido contratado o Dr. Sincha Jerzy Schwarzstein, pes-quisador diplomado pela Universidade de Genebra. Foi, entretanto, o prof. Dr. Pedro Parafita de Bessa o grande mentor do serviço. O SOSP passou, por exemplo, pelo regime militar, guardando dados si-gilosos sob a responsabilidade do Dr. Bessa. Segundo o relato de diversos funcionários, o prof. Bessa, muito querido por sua equipe, trouxe o SOSP muito próximo de seu punho e de seu coração, ou seja, soube garantir sua existência, permanência e continuidade, além de formar uma equipe de profissionais que trazia um grau de inti-midade quase como de uma família.
O SOSP tornou-se fonte original de formação de Recursos Humanos em psicologia e pedagogia e de projetos que resultaram na criação dos primeiros cursos de psicologia de Minas Gerais, o da então, Universidade Católica de Minas Gerais - UCMG, hoje, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC-Minas e o da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG.
Fundamentado pela abordagem psicométrica pautada em ações de linha humanista, o SOSP, foi produtor de conhecimentos e pesquisas sobre novas metodologias em orientação educacional, vocacional e técnicas de exame psicológico.
A princípio, o SOSP importou modelos de atendimento, técnicas de exame e de avaliação do comportamento de outros países. Trazidos dos Estados Unidos, os testes eram utilizados para diagnóstico da inteligência, para sondagem de aptidões, avaliação de interesses. Depois, foi-se construindo os próprios métodos e técnicas de orientação vocacional e educacional, além de procedimentos ligados à seleção profissional de vários cargos do estado de Minas Gerais.
A Psicologia contou com o desenvolvimento acadêmico das Universidades, mas também com as pesquisas realizadas em Centros orientados para as questões do trabalho. Entre eles, o Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP) do Rio de Janeiro, o Departamento de Orientação do Banco da Lavoura, o Serviço Nacional de Aprendizagem (SENAI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), foram instituições que, paralelamente, surgiram para atender as demanda de avaliação psicológica para seleção profissional.
Os estudos desta época registram a presença da avaliação psicológica realizada através de instrumentos de medida psicológica e que eram cuidadosamente adaptados e padronizados para utilização na população brasileira.
Em 22 de setembro de 1994, pela Lei nº 11539, art.24 inciso IV, o Serviço de Orientação e Seleção Profissional, juntamente com a Escola Guignhart, FUMA e o Curso de Pedadogia do IEMG (CPIEMG), foi incorporado à Universidade do Estado de Minas Gerais e transformado em Centro de Psicologia Aplicada (CENPA). Revestido da integração com a Universidade, como Centro de Psicologia Aplicada, buscou manter sua vocação original, apresentou uma proposta de estudos avançados e práticas inovadoras no campo da Psicologia e da Educação, no sentido de constituir-se um laboratório para ensino, pesquisa e extensão, onde os conhecimentos elaborados na academia pudessem retornar à comunidade e à prestação de serviço não fosse apenas um fim em si mesma.
IV - Considerações Finais
Até o presente momento, o banco de dados da pesquisa registra: 2.191 Laudos Psicológicos de atendimento com finalidades diversas, aplicados individualmente, em crianças, adolescentes e adultos, que estão devidamente classificados e armazenados em 56 caixas-box.
Relativos ao Setor de Seleção Profissional, foram encontrados documentos, testes psicológicos e provas, referentes a 360 seleções profissionais, contendo 18.794 provas, que estão devidamente classificadas e armazenadas em 43 caixas.
Com relação à seleções de educação e educação profissional, o banco de dados está subdividido em três sessões: (1) Sessão de orientação/seleção de adolescentes, que contém: 326 arquivos contendo 11.512 testes coletivos, devidamente classificados e armazenados em 41 caixas-box; (2) Sessão orientação/seleção de adultos que contém: 690 arquivos contendo 39.694 documentos, geralmente testes coletivos, devidamente classificados e armazenados em 92 caixas-box; e, (3) Sessão/Orientação Infantil: o banco de dados tem classificado 212 arquivos, contendo 8.776 provas, em 28 caixas-box.
Todo esse material é natureza confidencial e os pesquisadores somente têm acesso aos documentos após passarem por seleção e assinarem o Termo de Responsabilidade e Sigilo.
Como se observa, o Serviço de Orientação e Seleção Profissional recebeu, ao longo do tempo, milhares de encaminhamentos de escolas públicas, da rede municipal, da rede estadual e particular da cidade de Belo Horizonte e também do interior do estado de Minas.
Um ponto importante de discussão para essa pesquisa se refere às implicações das práticas psicológicas no campo da Educação. A partir do século XIX, na Europa e, no início do século XX, no Brasil, segundo Campos (2003) e outros autores, surgem conexões entre a Psicologia e a Educação, através das relações entre a constituição dos sistemas de ensino de massa e o surgimento dos primeiros ensaios de psicologia científica:
... o estudo das relações entre a história da psicologia e a história da educação no Brasil é uma área em expansão, na qual há muito a pesquisar. É preciso não só reconstruir as trajetórias dos atores que contribuíram na construção da área da psicologia educacional entre nós, como também, compreender melhor como a produção teórica em Psicologia tem sido incorporada, debatida e transformada em conhecimento prático no interior das instituições educativas. (CAMPOS, 2003, p.154).
O debate sobre as contribuições e implicações dessas práticas de avaliação psicológica na história das práticas pedagógicas encontra-se em aberto. Muito a pesquisar! É o convite da autora para uma interlocução entre os campos de saberes das diversas áreas envolvidas. Cabe a nós, pesquisadores, compreender essa história e transformá-la.
Referências
BRASIL, Secretaria Estadual de Educação. Lições de Minas: 70 anos da Secretaria da Educação. Belo Horizonte: Governo de Minas Gerais, 2000. [ Links ]
CAMPOS, Regina Célia Pereira; ROSA, Walquíria Miranda. Serviço de Orientação e Seleção Profissional-SOSP (1949-1994): uma história a ser contada. Vertentes, São João Del Rei, n.25. p.57-64, jan/jun.2005. [ Links ]
CAMPOS, Regina Helena. História da Psicologia e História da Educação - Conexões. In: FONSECA, Thaís Nivia de Lima. História e historiagrafia da educação no Brasil. Belo Horizonte: Autentica, 2003. P. 129-158. [ Links ]
PEIXOTO, Ana Maria Cassasanta. A memória em Minas Gerais: entre o descarte e a preservação. In: Sociedade Brasileira de História da Educação.(Org.). Educação no Brasil, Campinas, São Paulo: Autores Associados, 2001, p.189-204. (Coleção Memória da Educação). [ Links ]
MINAS GERAIS, Governo do Estado. Lei n.º 482. Belo Horizonte: Minas Gerais/Órgão oficial dos poderes do Estado, ano LV11, nº 252, 11 de novembro de 1949. [ Links ]
SCHULTZ, Duane P. e SCHULTZ, Sidney Ellen. História da Psicologia Moderna. São Paulo: Thomson Learning. Edições, 2006. [ Links ]
FRANCA, Marlene et al. Projeto de Transfor-mação do Serviço de Orientação e Seleção Profissional - SOSP em Centro de Psicologia Aplicada - CENPA e sua incorporação à Universidade do Estado de Minas Gerais, Junho de 1994 (mimeog.) [ Links ]
Endereço para correspondência
Regina Célia Pereira Campos
E-mail: reginacampos2000@yahoo.com.br
Lívia Duarte Silva
E-mail: liviaduartes@yahoo.com.br
Rafiza de Andrade Silva
E-mail: aprotegida@bol.com.br
Artigo recebido em: 21/07/2005
Artigo aprovado em: 09/08/2005
1 Projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa - FAPEMIG (SHA-501-05).
2 Doutora em Educação, coordenadora da pesquisa, professora da Faculdade de Educação - Campus Belo Horizonte - Universidade do Estado de Minas Gerais - FaE-CBH/UEMG.
3 Graduanda do Curso de Pedagogia - VI Núcleo Formativo - Bolsista de Iniciação Científica do Projeto.
4 Graduanda do Curso de Pedagogia - VIII Núcleo Formativo - Bolsista de Iniciação Científica do Projeto.