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Revista Brasileira de Orientação Profissional

versão On-line ISSN 1984-7270

Rev. bras. orientac. prof v.4 n.1-2 São Paulo dez. 2003

 

ARTIGOS

 

 

A cooperação internacional: desafios e necessidades da orientação e do aconselhamento em face das mudanças mundiais no trabalho e na sociedade*

 

The international cooperation: challenges and needs for guidance and counseling to face the worldwide changes in work and society

 

La cooperación internacional – desafíos y necesidades de la orientación y del asesoramiento frente a los cambios mundiales en el trabajo y en la sociedad

 

 

Dr. Bernhard Jenschke* 1

Presidente da Association International d’Orientation Scolaire et Vocacional - AIOSP, Alemanha

 

 


RESUMO

Esta Conferência discute a cooperação internacional, as necessidades da orientação e do aconselhamento em face das mudanças mundiais no trabalho e na sociedade. Aponta as conseqüências da globalização e do uso da tecnologia da informação e comunicação; seus impactos na vida social e pessoal do ser humano e os desafios da competição internacional. Isso gera a necessidade de educação continuada, recomendada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e, portanto, de orientação continuada, propondo que a carreira deve ser vista como uma relação que conecta vida pessoal e trabalho. Assim seu desenvolvimento deve se entendido como um processo que evolui ao longo da vida e requer aprender a tomar decisões e fazer transições manejando situações inesperadas da vida. Finalizando, afirma que governos e agências nacionais responsáveis pela promoção do desenvolvimento de recursos humanos devem assegurar os serviços de educação e orientação profissional necessários.

Palavras-chave: Cooperação internacional em orientação, Educação profissional, Orientação e aconselhamento, Educação continuada, Orientação continuada.


ABSTRACT

The Conference discusses international cooperation and the needs for preparing Guidance and Counseling Professionals to face the worldwide changes in work and society. It points out the consequences of globalization and the use of Information and Communication Technology, its impacts on social and personal life and the challenges posed by international competition. That generates the need for continued education - as recommended by the United Nations Organization for Education, Science and Culture (UNESCO) - and, thus, for continued Guidance. The Conference proposes that career should connect personal life and work and therefore career development should be understood as a lifelong process demanding the ability to make decisions and the management of unexpected situations. The Conference also states that governments and national agencies responsible for the promotion and development of human resources should guarantee the services of career education and guidance, as needed.

Keywords: International cooperation in guidance, Career education, Guidance and counseling, Continued education, Continued guidance.


RESUMEN

Esta Conferencia discute la cooperación internacional, las necesidades de la orientación y del asesoramiento frente a los cambios mundiales en el trabajo y en la sociedad. Apunta las consecuencias de la globalización y del uso de la tecnología de la información y comunicación, sus impactos en la vida social y personal del ser humano y los desafíos de la competición internacional. Eso genera la necesidad de educación continuada, recomendada por la Organización de las Naciones Unidas para la Educación, Ciencia y Cultura (UNESCO) y, por tanto, de orientación continuada, proponiendo que la carrera debe verse como una relación que conecta la vida personal y el trabajo. Así, su desarrollo debe entenderse como un proceso que evoluciona a lo largo de la vida y requiere aprender a tomar decisiones y hacer transiciones manejando situaciones inesperadas de la vida. Finalizando, afirma que gobiernos y agencias nacionales responsables por la promoción del desarrollo de recursos humanos deben asegurar los servicios de educación y orientación profesional necesarios.

Palabras clave: Cooperación internacional en orientación, Educación profesional, Orientación y asesoramiento, Educación continuada, Orientación continuada.


 

 

Como Presidente da AIOSP2, é um prazer participar deste “V Simpósio Brasileiro da ABOP”, aqui em Valinhos. Estou muito contente por ter a oportunidade de encontrar com muitos colegas da Associação Brasileira de Orientação Profissional, que, na realidade, há muito tempo já é membro da AIOSP. Estou convencido de que minha visita fortalecerá a ligação e a parceria entre a Associação Internacional e a Associação Nacional de Orientação de seu país, a ABOP.

O ano de 2001 é um marco na história da AIOSP, já que ela foi fundada em 1951. Nós celebramos o 50º aniversário da associação, neste ano, com duas grandes conferências da AIOSP. A primeira aconteceu mais cedo neste ano, em março, em Vancouver, Canadá, onde nós, sob o tema “Buscando o Ouro”, tentamos mostrar que orientação e o aconselhamento devem ser realizados com excelência para que possam prestar um serviço produtivo a todos os indivíduos, economias e sociedade. Como a associação foi fundada em Paris, tivemos, então, o segundo congresso em Paris, em setembro de 2001, onde eu já tive o prazer de encontrar alguns de vocês. Nesse grande congresso, os participantes, aproximadamente 1700 de 50 países de todas as partes do mundo, trataram da questão “Orientação - constrangimento ou liberdade”. Embora tenha sido obscurecido pelos eventos terríveis nos EUA, foi uma demonstração poderosa da necessidade de haver uma troca internacional de idéias e de experiências no campo da orientação vocacional e educacional e do aconselhamento. Por ocasião do 50º aniversário, o Conselho de Administração da AIOSP adotou uma importante declaração (Anexo 1) para o avanço da Orientação Educacional e Vocacional em todo mundo. Minha contribuição hoje focaliza temas fundamentais dos desafios reais em todas as sociedades, independente dos níveis de desenvolvimento, enfatizando a necessidade urgente, na véspera deste novo século para repensar a orientação e o aconselhamento.

Mudanças globais

No começo do novo milênio, todos nós nos preocupamos com as enormes mudanças e com as conseqüências da globalização e de seus impactos na vida social e do ser humano. O processo de globalização representa um conjunto de aspectos diferentes que força a economia nos âmbitos: local, regional e nacional a reagir aos impulsos do mercado mundial e aos desafios da competição internacional. Como as fronteiras e os blocos perderam sua importância, áreas econômicas e processos de troca assumiram formas globais. A globalização como livre fluxo de capital, objetivando a minimização de custos e o deslocamento da capacidade industrial, da informação, de bens, de serviços e, até mesmo das pessoas, leva a uma perda de investimentos e empregos, em algumas regiões e ganhos em outras regiões do mundo. Esse movimento e essa competição resultam em uma pressão extrema para aumentar a produtividade, utilizando as vantagens tecnológicas de todos os tipos, afetam a distribuição do mercado e também os processos gerais de administração. Enquanto as novas tecnologias mudaram a natureza do trabalho na indústria, nos serviços, em computadores, na biotecnologia e especialmente nas tecnologias da informação e da comunicação, levando à perda de trabalho e ao desemprego, novos postos de trabalho foram criados. Esse processo requer adaptabilidade e ajuste da qualificação dos trabalhadores, da mesma forma que o ajuste de empreendimentos.

As Tecnologias da Informação e da Comunicação (Information and Communication Technologies - ICT) influenciarão especialmente a futura natureza do trabalho e das estruturas das relações de emprego, provocando grandes desafios para os trabalhadores individuais e para os empreendimentos, demandando novas políticas de mercado de trabalho e mudanças nas exigências das habilidades requeridas. Ao invés de uma mãode- obra altamente especializada, os novos trabalhos, em processos mais flexíveis e holísticos, requererão conhecimento mais geral e também capacidade básica no uso de computadores, além de diversas habilidades vocacionais para adquirir múltiplas habilidades interpessoais e competências sociais visando o aumento da credibilidade no trabalho em equipe e em redes.

As conseqüências dessas mudanças globais não são apenas mudanças nas exigências de qualificação, indicam também, ao mesmo tempo, crescimento da desorientação pessoal e do desemprego das pessoas, o que exige assistência individualizada através da orientação e do aconselhamento pessoal. Mas, contrariando a visão dos anos 1980 e 1990, de que as difusões das Tecnologias da Informação e Comunicação causam automaticamente um “crescimento do número de desempregados” e um aumento contínuo do desemprego, o desenvolvimento no setor de emprego nos EUA, e em outros países industrializados da Organização para o Desenvolvimento e Cooperação Econômica (Organisation for Economic Co-operation and Development - OECD) nos últimos anos indicaram um maior crescimento do nível de emprego, apesar do enorme aumento da produtividade do trabalho através das novas Tecnologias de Informação e Comunicação. O crescimento da oferta de emprego, principalmente para os trabalhadores altamente qualificados é geralmente muito alto nas áreas das Tecnologia Informação e Comunicação (ICT) e nos setores de alta tecnologia e novos serviços (financeiro, empresarial, consultoria, pesquisa e processamento de informação, bem como serviços públicos como saúde, educação, orientação e aconselhamento e bem-estar) como também para o trabalhador menos qualificado (aquele que recebe treinamento para o local de trabalho) em serviços associados às necessidades cotidianas (alimentação, viagens, férias e serviços básicos). Nesse sentido, o conceito de desenvolvimento e sustentação da empregabilidade da mão-de-obra terá cada vez mais importância central para as políticas de trabalho do setor público, sendo também recomendado pela União Européia e pelos peritos da Organização Mundial do Trabalho (Lee, 2000). Isso significa que os trabalhadores deverão assumir cada vez mais responsabilidades pelo constante aprimoramento, atualização e desenvolvimento de suas habilidades por meio da educação continuada.

A educação continuada requer orientação continuada

Dentro desse contexto, uma das principais tendências econômicas e sociais é o surgimento de uma sociedade baseada no conhecimento, que traz a necessidade concomitante de se desenvolver educação e treinamento dentro de um sistema de aprendizagem contínua a fim de se oferecer a todos os cidadãos instalações facilidades de aprendizagem para se adaptarem aos mais recentes conhecimentos e demandas de novas habilidades.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organisation – UNESCO) recomenda a esse respeito uma sociedade centrada no ser humano e na aprendizagem contínua, que propõe uma cultura de paz e um sólido desenvolvimento ambiental sustentável como características centrais “(Tang, 2000). A fundação de uma nova sociedade centrada no ser humano exige valores, atitudes, políticas e práticas que envolvem inclusão e acesso mais amplo a todos os níveis de educação, e ao mesmo tempo uma mudança de foco para as necessidades de desenvolvimento humano e de carreira que possibilite às pessoas uma igual participação na educação e no mundo do trabalho. A UNESCO argumenta que isso só poderá ser alcançado por meio de uma política que vise a promoção de habilidades a todos sem exclusões, tornando o acesso à educação e ao treinamento um direito humano básico. Essa nova abordagem holística da educação combina a preparação para vida e para o mundo do trabalho, incluindo todos os domínios da aprendizagem e incorporando a aprendizagem geral e vocacional como um continuum de conhecimento, valores, competências e habilidades. Sob essa perspectiva, a orientação e o aconselhamento adquirem um papel fundamental de habilitar pessoas para as novas necessidades de aprendizagem e capacitá-las para equilibrar a vida, a aprendizagem e o trabalho.

Durante o Congresso Internacional de Técnicas Educacionais e Vocacionais da UNESCO, em 1999, em Seul, na Coréia, foram feitas várias recomendações visando o incremento da educação, tendo em vista sistemas de educação contínua, integração de processos inovadores (como novas tecnologias, o meio-ambiente, habilidades lingüísticas e culturais, competências empresariais e de prestação de serviços conectados a novos modelos de oferta de aprendizagem e informação) e ofertas de aprendizagem técnica e vocacional para a população com necessidades especiais, incluindo os grupos desfavorecidos, desempregados e marginalizados, populações nativas, refugiados e migrantes.

A fim de alcançar todas essas metas, a UNESCO declarou claramente que a orientação de carreira e o aconselhamento são da maior importância para todos os clientes que estão em educação e treinamento. Seu papel deveria ser ampliado para a preparação de estudantes e adultos, para enfrentar a possibilidade real de freqüentes mudanças de carreira, o que poderia incluir períodos de desemprego e emprego no setor informal. Nesse sentido a UNESCO também vê a orientação e o aconselhamento como um processo contínuo, acompanhando a jornada contínua da aprendizagem com seus muitos caminhos, limiares, barreiras e oportunidades. A cooperação internacional de todos os parceiros deve ser aumentada e é esperada pela UNESCO. Portanto, a AIOSP tomou a iniciativa de desempenhar o seu papel como uma importante organização não governamental (ONG) da UNESCO e ofereceu sua contribuição e sua perícia para o Programa Internacional da UNESCO e a Formação e Educação Técnica e Vocacional (Technical and Vocational Education and Training – TVET) através de um plano de ação para o departamento de educação. Essa proposta inclui o desenvolvimento de questões políticas, bem como, conceitos práticos de como alcançar os princípios almejados, por exemplo, acesso igual a todos, satisfação das necessidades de orientação e aprendizagem contínua, empreendedorismo, questões ambientais, experiência de aprendizagem profissional e introdução de um projeto de vida e de carreira na experiência profissional, reconceitualização da carreira e do desenvolvimento de carreira, enfatizando a importância dos aspectos técnico e vocacional da carreira, garantia da qualidade dos serviços de orientação, bem como, satisfação das necessidades de treinamento e programas para profissionais da orientação. A UNESCO concordou em cooperar com a AIOSP, aceitando nossa proposta para uma versão revisada do capítulo sobre orientação na Recomendação sobre Educação Técnica e Vocacional, a ser atualizada e ratificada brevemente, e espera um documento sobre Políticas de Orientação, elaborado pela AIOSP juntamente com a Associação Internacional de Orientação (International Association for Counselling - IAC).

Da mesma forma que a UNESCO, a União Européia enfatizou no “Memorando sobre a Educação Continuada (European Union, 2000) uma estratégia de aprendizagem contínua inclusiva e coerente para Europa, tendo como objetivos”:

- garantir o acesso universal e contínuo à aprendizagem para obter e renovar as habilidades necessárias à participação sustentada na sociedade do conhecimento;
- aumentar visivelmente os níveis de investimento em recursos humanos;
- construir uma sociedade inclusiva com oportunidades iguais de acesso à aprendizagem com qualidade;
- alcançar níveis mais elevados de educação e qualificação vocacional generalizados;
- encorajar e preparar as pessoas para participarem mais ativamente na vida pública, social e política em todos os níveis da comunidade.

Como uma ferramenta fundamental para alcançar essas metas, uma nova maneira de pensar a orientação e o aconselhamento deve assegurar que todos possam ter fácil acesso à informação de boa qualidade a respeito das oportunidades de aprendizagem e de aconselhamento pessoal, sobre como combinar vida pessoal e trabalho com o propósito de alcançar, como cidadãos motivados e ativos, seu desenvolvimento pessoal e profissional. A UE vê a orientação como um serviço continuamente acessível a todos, com um estilo holístico de oferta capaz de atender a uma ampla gama de necessidades e demandas provenientes de uma variedade de clientes, incluindo os desfavorecidos e as pessoas com necessidades especiais. Isso significa que o sistema de atendimento em orientação deve mudar de um modelo de oferta para um modelo de demanda, alcançando pessoas numa atitude próativa, usando todos os recursos da ICT, da Internet, para enriquecer o papel profissional e desenvolver administração da informação e rede de contatos entre os orientadores, aumentando o uso de canais de comunicação não-formais e envolvendo a participação de voluntários e colegas.

Aconselhamento em desenvolvimento de carreira

Considerando as mudanças contínuas no trabalho, nas relações de emprego, nas tecnologias, na vida social e as visões das organizações internacionais para o desenvolvimento futuro de uma sociedade do conhecimento, as noções de carreira e de desenvolvimento de carreira devem ser reconceitualizadas. O novo modelo de emprego cria uma nova compreensão de carreira no aspecto objetivo. O emprego estável, com claras descrições de cargo, está sendo substituído por formas mais flexíveis de trabalho, que não garantem segurança no emprego em longo prazo e influenciam todo o sistema de previdência social. Como as carreiras modernas são mais fragmentadas, as assim chamadas “biografias colcha-de-retalho” se tornam mais e mais comuns e requerem assistência apropriada através da orientação e do aconselhamento durante os períodos de transição da carreira. Sob uma compreensão subjetiva de carreira deve-se questionar como os indivíduos dão um sentido às suas carreiras e às suas histórias pessoais, bem como às habilidades, atitudes e convicções adquiridas. (Arnold & Jackson,1997). Uma outra visão sugere que se deve não apenas adquirir as habilidades associadas à carreira, mas, também, a construção de uma identidade de carreira (Meijers, 1998). Isso se assemelha à abordagem construtivista ou sócio-dinâmica (Peavy, 2000) que enfatiza que os indivíduos constroem sua própria personalidade inserida no seu contexto social, levando em consideração sua totalidade, capacidade, identidade, autocriação e transformação. Com referência ao trabalho, ao emprego ou a sua ausência, a questão é “Como devo viver? E de que maneira o meu emprego ou trabalho, ou a sua falta se encaixa e influencia o planejamento da minha vida ou da minha carreira?” A carreira deve ser vista como uma relação que conecta a vida pessoal e o trabalho, e o planejamento de carreira deve significar o mesmo que planejamento de vida, o que se torna mais uma questão de administração da vida. Como o desenvolvimento de carreira deve ser combinado com o planejamento geral de vida, o aconselhamento deve dar o suporte necessário para o desenvolvimento de habilidades de planejamento de vida que instrumentalizem as pessoas para lidarem com as permanentes mudanças sociais e situações individuais. A escolha de uma carreira ou de um trabalho deve implementar o autoconceito e conferir uma identidade social significativa para o indivíduo ao permitir que ele possa contribuir produtivamente para a comunidade e, assim, tornar-se auto-suficiente, bem sucedido, satisfeito, estável e saudável em sua vida pessoal (Savickas, 2000).

O desenvolvimento de carreira deve ser entendido agora como um processo de desenvolvimento de aprendizagem que evolui ao longo de nossas vidas e que combina (Watts, 2001) as seguintes três áreas principais:

- Autoconsciência que prepara e ajuda os indivíduos a desenvolver valores pessoais, forças, potencialidades e aspirações que conduzem ao desenvolvimento pessoal para a construção de um significado pessoal de uma vida satisfatória e valorizada e que permitem equilibrar o trabalho com os outros papéis que assume na vida.
- Percepção de oportunidades que permite identificar e analisar a educação disponível, as oportunidades de treinamento e de emprego e avaliá-los, tendo em vista os próprios objetivos e como acessá-los.
- Aprender a tomar decisão e a fazer transição que possibilita ao indivíduo desenvolver sua capacidade de transferir habilidades a fim de manejar situações inesperadas da vida.

O desenvolvimento de carreira é o processo de administração da aprendizagem e do trabalho durante a vida (Watts, 2001). Os serviços de desenvolvimento de carreira, independentemente do local onde acontecem e de sua estrutura organizacional, como (1) programas educacionais de careira, (2) serviços de aconselhamento educacional ou carreira, ou (3) serviços de emprego, devem combinar as três principais áreas de desenvolvimento citadas acima, podendo, dessa maneira, atender no desenvolvimento das potencialidades humanas e constitui uma forte base de recursos em comunidades e sociedades.

As Metas da AIOSP e suas realizações

Diante de tais mudanças monumentais na economia e na vida social em todas as regiões do mundo e tendo em vista um novo significado de carreira e de desenvolvimento de carreira que integra planejamento de vida e de trabalho, a AIOSP exige serviços de orientação e aconselhamento o mais efetivos possíveis e políticas estatais de orientação e aconselhamento adequadas que garantam um desenvolvimento igual em todas as partes do mundo. Em épocas nas quais os problemas surgem globalmente, nós deveríamos objetivar conjuntamente a busca de soluções globais para esses problemas. Há uma grande vantagem ao se buscar resolver problemas globais de uma maneira global, realizando trocas internacionais das melhores experiências e aprendendo com as abordagens de orientação que já são bem sucedidas. Esse é o motivo pelo qual a cooperação internacional neste campo se tornou mais importante que nunca. A AIOSP quer contribuir para o desenvolvimento permanente e para o refinamento da pesquisa, da educação, da teoria e da prática no campo do aconselhamento, oferecendo conferências profissionais como esta. Como membros de uma Associação Internacional temos que desenvolver uma visão intercultural da orientação, que possa dar respostas a muitas questões levantadas por meio do papel básico que a cultura e as relações e interações interculturais desempenham no processo de orientação e aconselhamento, especialmente como um resultado da economia globalizada.

A AIOSP agora está analisando os 50 anos de cooperação internacional. Um dos objetivos da AIOSP é o de promover o intercâmbio profissional entre os indivíduos e as organizações que trabalham na área educacional, vocacional e da orientação e aconselhamento de carreira. Tornar o conhecimento profissional e as experiências práticas disponíveis para nossos membros e colegas é o nosso objetivo. Assim, orientadores de carreira em todo o mundo poderão ser apoiados em seus esforços no sentido de desenvolver as potencialidades e as competências dos indivíduos em benefício próprio, bem como em benefício da sociedade e da economia, oferecendo o melhor aconselhamento de carreira possível .

Centro de Recursos para Orientadores (Counsellor Resource Centre - CRC)

Os conselheiros de carreira e de emprego e os seus clientes dispõem cada vez mais de acesso a sites na Internet associados a questões de carreira que oferecem incontáveis informações sobre virtualmente todos os aspectos de carreira e emprego, tais como o mercado de trabalho atual, listagem de empregos, programas de treinamento, redação de currículos, habilidades para procurar emprego e auto-avaliação. Muito freqüentemente isso provoca mais frustração pelo excesso de informações e habilidades requeridas do que satisfação e pode interferir negativamente na solução do problema de carreira original. O mesmo aconteceu com os orientadores, na medida em que precisam despender muito tempo na rede, com o efeito adicional do esgotamento (burn out). O Desenvolvimento de Recursos Humanos do Canadá (Human Resource Development Canada - HRDC) montou um Centro de Recursos para Orientadores (Counsellor Resource Centre - CRC) que atende à necessidade crescente que o orientador tem de se cuidar e é organizado em função dos tipos de questões e problemas mais levantados pelos profissionais, e provê suporte aos orientadores tanto na sua atividade prática como no seu desenvolvimento profissional. Uma oferta generosa de cooperação do Ministério Canadense de Desenvolvimento de Recursos Humanos levou a um acordo entre a AIOSP e o HRDC em 1999, visando desenvolver uma versão internacional do CRC em 4 idiomas: inglês, francês, espanhol e alemão. A estrutura desse centro de apoio aos orientadores está dividida em quatro áreas principais:

- Auto-ajuda, com as subseções: (1) área de carreira e serviço de emprego (profissões, associações, padrões éticos e profissionais); (2) como se estabelecer na sua profissão (intercâmbio com o trabalho eletrônico, listas de emprego, como abrir uma empresa de consultoria, busca de sócios para projetos) e (3) como manter a excelência profissional (eventos científicos, workshops, educação e treinamento, fornecedores, artigos e revistas científicas, práticas de aconselhamento e cuidado da saúde do orientador)
- Ajuda a clientes com as subseções: (1) tipos de situação (instrumentos de auto-avaliação, obtenção de informação sobre carreira e mercado de trabalho, planejamento da formação e do treinamento, busca de emprego, auto-emprego, preparação para a aposentadoria) e (2) tipo de clientela (mulheres, nativos, imigrantes, pessoas com deficiências e jovens).
- Ajuda recíproca com as subseções: (1) estratégias pessoais, (2) grupos de discussão e (3) uma sala de seminário como fórum de desenvolvimento profissional.
- Ajuda para o Futuro incluindo informação sobre a nova economia e sobre análise de mercado e perspectivas de futuro, novos instrumentos e práticas em desenvolvimento.

Agora existe a possibilidade de participar no desenvolvimento internacional do CRC e acrescentar novos recursos e sites na rede de diferentes países em um dos quatro idiomas citados acima. Eu gostaria do convidá-los a visitar o CRC no site http://crccanada.org.

Deixe-me mencionar alguns aspectos das perspectivas de futuro da AIOSP da forma como o Conselho de Administração, sob a minha presidência, quer que sejam desenvolvidas . O objetivo geral da AIOSP - descrito em nossa Declaração de Missão - é o de desenvolver a orientação e o aconselhamento na educação, no treinamento e no emprego em todo o mundo. Certamente reconhecemos que há diferentes níveis de desenvolvimento. Por esse motivo necessitamos de padrões reconhecidos internacionalmente para a educação futura e desenvolvimento profissional de orientadores que considerem as diferentes necessidades nas diferentes regiões. A Assembléia Geral na Conferência de Warwick, em 1999, aprovou uma declaração que estabelece um comitê internacional para o desenvolvimento desses Critérios de Qualificação do Orientador para os provedores de serviços.

Nesse projeto, com o apoio de um comitê coordenador internacional, a AIOSP focalizará o estabelecimento de padrões mínimos que devem ser atendidos a fim de se tonar um fornecedor qualificado de serviços de orientação de carreira. Os padrões devem identificar um conjunto de competências centrais e programas relacionados de educação que todos os prestadores de serviços devem necessariamente ter. Além disso, há a necessidade de se dispor de competências mais especializadas, dependendo da natureza da tarefa do orientador (como avaliação, orientação educacional, desenvolvimento de carreira, aconselhamento, administração de informação, rede de consultas e de coordenação, pesquisa, administração de programas e serviços, desenvolvimento da capacitação comunitária, colocação). Após a identificação das competências necessária em países com diferentes níveis de desenvolvimento dos seus serviços, o projeto proporá recomendações de programas de educação concebidos para atender às diferentes necessidades de qualificação. Todas as regiões do mundo deveriam ser incluídas nesse projeto, principalmente por meio da Rede de Correspondentes Nacionais da AIOSP. Eu estou feliz que também a região da Ásia-Pacífico está envolvida, e contribuirá para o sucesso deste empreendimento desafiador.

Além dessa tarefa principal, nós queremos ampliar o papel de AIOSP como uma das organizações não-governamental (ONG) liderante da UNESCO e da OECD, contribuindo para os elementos de orientação dos seus programas. Negociações sobre o envolvimento da AIOSP em um projeto da OECD me dão esperança de que nossos empreendimentos de cooperação continuarão progredindo positivamente. Uma recente revisão da OECD sobre “A Transição da Educação Inicial para Vida Profissional” (OECD, 2000), dentro da concepção da aprendizagem contínua, tratava dos resultados do processo de transição de todos os jovens provenientes de diferentes modelos de educação em 14 países membros da OECD . Uma importante conclusão desse estudo foi que a informação bem organizada e a orientação são características essenciais dos sistemas de transição efetivos. Embora a importância da orientação e do aconselhamento nesse contexto seja muito elevada, freqüentemente os responsáveis pelas políticas públicas de transição para os jovens não lhe deram a prioridade suficiente. Para atender a essa observação, a OECD lançou um projeto adicional sobre Políticas de Serviço de Informação, Orientação e Aconselhamento. Ele examina os modos pelos quais a organização, a administração, o fornecimento de informação e os serviços de orientação e aconselhamento, podem contribuir para atender aos objetivos centrais das políticas públicas, como: tornar a educação contínua para todos uma realidade, e combinar as abordagens mais ativas do mercado de trabalho com o serviço de bem-estar social. Isso significa que questões relativas à política da orientação e ao aconselhamento, também estão sendo altamente priorizados pela OECD, tais como: modelos de oferta, custos e benefícios, o papel dos grupos, equipes, financiamento, qualidade, fundamentação teórica e informações de carreira com o objetivo de atender às novas demandas de uma economia e de uma sociedade em transformação. A AIOSP ofereceu sua perícia e o seu apoio a OECD e já está envolvida nesse projeto de diferentes maneiras.

Além dos projetos conjuntos com as maiores organizações internacionais como a UNESCO, OECD e a Organização Internacional do Trabalho (International Labour Organization - ILO), a AIOSP, juntamente com o apoio de seus afiliados, quer melhorar os serviços oferecidos aos seus membros. Isso significa tornar a comunicação profissional mais fácil, tanto por meio de nossas publicações, como pelo uso da tecnologia moderna. O nosso boletim informativo e a nossa revista serão ampliados. Por exemplo, a revista é agora publicada como uma revista de referência com um novo nome International Journal for Educational and Vocational Guidance (Revista Internacional de Orientação Educacional e Vocacional) com a ajuda de um Conselho Editorial composto por especialistas internacionalmente conhecidos. A primeira edição dupla foi publicada recentemente (2001) como uma edição comemorativa sobre Donald Super e os artigos tratam da influência mundial dos conceitos teóricos de Super sobre o desenvolvimento de carreira e traz contribuições de autores da América, Europa e também do Japão.

Além disso, a AIOSP agora tem uma homepage, www.iaevg.org , com informações sobre os documentos de políticas básicas da associação, publicações, reuniões, e links, permitindo que todo membro associado, e outras pessoas interessadas, possam obter as notícias mais recentes e informações sobre a vida da AIOSP, bem como os recentes desenvolvimentos internacionais no âmbito da orientação. Junto com o desenvolvimento do Centro Internacional de Recursos para o Orientador disponível na Internet em quatro idiomas teremos, então, uma boa rede de comunicação para nossos membros. Quanto mais os profissionais e os pesquisadores usarem essas ferramentas tecnológicas modernas, contribuírem e se comunicarem com colegas de outros países, tanto melhor será o resultado profissional e o benefício obtido.

Acredito que a AIOSP - por meio de uma íntima cooperação com todos os seus membros e com o Conselho de Administração, constituído por representantes de 12 países diferentes - manterá e posteriormente ampliará o seu papel fundamental e sua liderança internacional no campo da orientação. Embora já tenhamos filiado no mundo todo, espero que mais associações nacionais, instituições, departamentos governamentais e profissionais autônomos no campo da orientação se unam a AIOSP. Assim, eu também convido os participantes desta conferência para, além da sua filiação a ABOP, também se tornarem membros individuais da AIOSP.

A Associação Internacional para Orientação Educacional e Vocacional (AIOSP), aprovou documentos importantes relativos ao avanço profissional da orientação educacional e vocacional durante os últimos anos. Eu gostaria de destacar a declaração relativa à Missão da AIOSP (Anexo 2) e as Normas Éticas (Anexo 3), bem como o projeto atual sobre desenvolvimento de Critérios de Qualificação do Orientador (Anexo 4), já mencionado.

Na já mencionada (Anexo 1) Declaração de Paris sobre Orientação Educacional e Vocacional, adotada por ocasião do 50º aniversário, as seguintes características dos serviços de orientação e aconselhamento são consideradas essenciais para atender às necessidades de desenvolvimento pessoal, social e econômico, e encorajar o desenvolvimento sustentável e tranqüilo de uma sociedade baseada no conhecimento:

  • Todo indivíduo - independente do gênero, educação, raça, religião, idade ou status profissional - deverá ter acesso livre e fácil à orientação educacional e vocacional para que suas capacidades e habilidades individuais possam ser identificadas e desenvolvidas a fim de torná-lo apto a receber a educação adequada, treinamento vocacional e encontrar emprego; adaptar-se a situações individuais e sociais em transformação; e participar plenamente da vida social e econômica de sua comunidade .
  • Grupos com necessidades especiais, tais como, pessoas com deficiências e desvantagens, deverão receber aconselhamento de carreira que utilize métodos e aconselhamento apropriados, que consideram suas necessidades particulares e as exigências de comunicação.
  • Os fornecedores de orientação educacional e vocacional deverão atender padrões reconhecidos de qualidade de treinamento e de oferta dos serviços de orientação.
  • Os serviços de orientação educacionais e vocacionais fornecidos deverão garantir imparcialidade e confidencialidade, e proceder com a participação ativa e voluntária de seus clientes.
  • Todos aqueles que necessitam ou desejam orientação educacional e vocacional ou aconselhamento deverão ter acesso a eles, baseados em sua necessidade, por meio de um orientador competente e profissionalmente credenciado cuja atuação profissional seja fundamentada no respeito pela dignidade humana, e por diferentes modos de viver em comunidade.
  • Todos os conselheiros e orientadores educacionais e vocacionais deverão dispor de competências específicas e participar de programas contínuos de desenvolvimento para aprimorar suas habilidades e manter atualizado o seu conhecimento profissional.
  • Da mesma forma como o treinamento e o desempenho dos orientadores deverão ser supervisionados, a efetividade dos serviços de orientação oferecidos deverá ser monitorada, por meio de avaliações regulares e de pesquisas relevantes.
  • Todos os orientadores e agências que oferecem orientação educacional e vocacional e aconselhamento deverão comprometer-se com os padrões de qualidade reconhecidos e endossar e seguir um código de ética de acordo com as Normas Éticas da AIOSP, de 1995.

A Associação Internacional para Orientação Educacional e Vocacional insiste que os governos, ou outras agências responsáveis pela promoção do desenvolvimento de recursos humanos, assegurem o estabelecimento e a manutenção de serviços adequados de orientação educacional e vocacional de acordo com as políticas acima.

A fim de assegurar a qualidade da oferta de orientação e dos serviços, bem como um comportamento adequado para com os clientes, a AIOSP promove a adoção e o cumprimento de um código de ética para orientadores e para os serviços de orientação. Em 1995, a AIOSP aprovou as “Normas Éticas” reconhecidas internacionalmente, que descrevem as responsabilidades éticas do orientador para com seus clientes, as atitudes para com os colegas e profissionais afiliados, a postura frente ao governo e a outras agências comunitárias, as responsabilidades com as pesquisas e os processos relacionados, e, finalmente, sua responsabilidade como profissional liberal. Todo membro da AIOSP deve estar comprometido com esse código de ética que visa enaltecer o valor, a dignidade, o potencial e a singularidade das pessoas a quem os membros da AIOSP atendem. Eu gostaria de encorajar outras associações de orientadores no sentido de também implementarem esses padrões éticos, considerando especialmente as culturas e circunstâncias sociais regionais.

Muitos países e governos já reconhecem que o aconselhamento vocacional de qualidade não apenas contribui para o desenvolvimento pessoal e para aumentar as oportunidades de carreira de cada indivíduo, como também contribui para o desenvolvimento social e econômico da sociedade como um todo. Eu estou convencido de que V Simpósio da ABOP contribuirá também para uma melhor compreensão das necessidades de orientação vocacional, por parte dos orientadores e das agências nacionais responsáveis, e que os políticos prestarão mais atenção à importância da orientação como benefício social e econômico para a sociedade.

 

REFERÊNCIAS

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Recebido: 20/03/2003
Revisão da tradução: 27/05/03
Aceito: 06/06/03

 

 

* Conferência proferida no V Simpósio de Orientação Profissional & Vocacional, realizada em Valinhos, de 11 a 13 de outubro de 2001. Tradução: Giselle Mueller-Roger Welter (Assessora e Consultora em Psicologia Escolar e Vocacional, Orientação Profissional e Aconselhamento Psicológico). Revisão: Lucy Leal Melo-Silva (Docente e supervisora de estágio na área da Orientação Profissional – FFCLRP-USP) e Izaura Maria Lemos (Mestre em Linguística Aplicada – UNICAMP)

1 Endereço para correspondência: Dr. Bernhard Jenschke – Presidente da AIOSP Landesarbeitsamt Berlin-Brandenburg Friedrichstr. 34 - 10969 Berlin - Germany Tel.: +49 (030) 2532 2600 - Fax: +49 (030) 2532 4995 e-mail: Bernhard.Jenschke@arbeitsamt.de.
2 Optou-se por usar a abreviação francesa, AIOSP - “Association International d’Orientation Scolaire e Vocacional”, por ser mais conhecida no Brasil, ao invés da abreviação inglesa empregada no original, IAEVG – “International Association for Educational e Vocational Guidance”.

 

Sobre os autores
* Bernhard Jenschke - Presidente da Associação Internacional de Orientação Escolar e Profissional (gestão: 1999-2003), nasceu em 1938, e estudou Filosofia, Ciências Políticas, e Direito nas Universidades de Freiburg e Munique, obtendo o título de Doutor pela Universidade de Munique. Tem atuado no campo da orientação por mais de 30 anos. Sua carreira teve início no Instituto Federal de Emprego (Bundesanstalt für Arbeit), onde deu ênfase e obteve sucesso no estabelecimento da Educação Profissional como parte do currículo escolar na maioria dos estados alemães. Depois de ter sido nomeado chefe do Serviço de Orientação Profissional em Berlin Ocidental, ele desenvolveu o Centro de Informação de Carreiras (BIZ) baseado na idéia de ativar clientes por meio de auto-investigação e uso ativo da tecnologia de informação. Esse conceito se espalhou por toda a Alemanha e tem sido adotado por muitos outros países europeus e outras partes do mundo. Ele ministrou palestras sobre Educação Profissional e Pesquisas sobre Mercado de Trabalho e Carreira por muitos anos. Depois da queda do muro de Berlin, Doutor Jenschke se tornou responsável por Serviços de Orientação tanto para a Berlin reunificada como para o estado vizinho de Brandenburg. Paralelamente a essa posição ele apoiou ativamente países do Leste europeu e da Europa Central no desenvolvimento de seus serviços de orientação durante a última década. O engajamento internacional do Doutor Jenschke data desde 1977, a convite do então presidente da IAEVG, Professor Donald Super. Desde então, Doutor Jenschke tem contribuído para a cooperação internacional, auxiliando a IAEVG de diversas formas. Ele foi eleito para a Direção em 1983. Dois anos depois ele se tornou Vice-Presidente. E em 1999, Doutor Jenschke foi eleito Presidente da IAEVG. Ele tem escrito intensamente sobre orientação e aconselhamento de carreira, educação profissional e reabilitação vocacional. De 1982 a 1999 ele foi o Editor do Boletim IAEVG: “Educational and Vocational Guidance – Bulletin”. Ele é um conhecido orador em muitas conferências internacionais. Organizou o seminário da IAEVG em Berlin, em 1986, assim como a Conferência Internacional em Berlin, em Agosto de 2000. Em 1998 foi premiado com a Cruz de Distinção da Ordem Federal de Méritos da República Federativa da Alemanha. Ele é casado, tem dois filhos e vive em Berlin.

 

 

ANEXO 1
Association Internationale d’Orientation Scolaire et Professionnelle - AIOSP
International Association for Educational and Vocacional Guidance - IAEVG
Internationale Vereinigung für Schul und Berufsberatung - IVSBB
Asociación Internacional para la Orientación Educativa y Profesional - AIOEP

ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL PARA
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E PROFISSIONAL

DECLARAÇÃO DA IAEVG SOBRE ORIENTAÇÃO
VOCACIONAL E PROFISSIONAL

Por ocasião do 50º aniversário da IAEVG3

Proposto pelo Presidente Dr. Bernhard Jenschke
Aceito pela Comissão de Diretores em 17 de Setembro de 2001, em Paris

Uma efetiva orientação e aconselhamento de carreira pode ajudar indivíduos a entender seus talentos e potencialidades e permitir-lhes planejar as etapas apropriadas para desenvolver habilidades essenciais que levarão a avanços pessoais, econômicos e sociais para o indivíduo, família, comunidade e nação. A orientação, o aconselhamento e o gerenciamento de carreira de qualidade é um processo regular e contínuo, não uma única intervenção. Ela acompanha e aprimora aprendizagens sobre vários aspectos e ao longo da vida, e ajuda indivíduos a evitar ou diminuir períodos de desemprego. Aconselhamento e orientação de carreira contribuem para igualdade de oportunidades. O aconselhamento de carreira de alta qualidade não apenas ajuda no desenvolvimento pessoal e nas oportunidades de carreira de todo indivíduo, como também contribui para ampliar o desenvolvimento econômico e sustentável como um todo.

A Associação Internacional para Orientação Educacional e Vocacional declara que as seguintes características de serviços de orientação e aconselhamento são essenciais na satisfação de necessidades pessoais, sociais e de desenvolvimento econômico e também no encorajamento de desenvolvimentos sustentáveis em uma sociedade baseada no conhecimento.

  • Toda pessoa – independentemente do sexo, educação, raça, religião ou profissão – deve ter livre e fácil acesso à orientação educacional e vocacional, de forma que suas capacidades e habilidades individuais possam ser identificadas e desenvolvidas para possibilitar-lhe a encontrar educação adequada, treinamento vocacional e emprego, para adaptar-se a mudanças nas situações individuais e sociais e participar integralmente na vida social e econômica de sua comunidade.
  • Os provedores de Orientação e Educacional e Vocacional devem satisfazer padrões de qualidade reconhecidos em formação profissional na prestação de serviço. Os serviços oferecidos devem garantir imparcialidade e confidencialidade e devem proceder somente com a participação ativa e voluntária de seus clientes.
  • Todos que necessitam e desejam orientação educacional e vocacional devem ter acesso a ela com base em sua necessidade e recebê-la de um orientador competente e profissionalmente credenciado, cuja profissão é fundada no respeito pela dignidade humana e no respeito aos diferentes modos de se viver em comunidade.
  • Todo Orientador Vocacional e Educacional deve ter competências específicas e participar de programas de desenvolvimento profissional contínuos para aprimorar suas habilidades e manter seus conhecimentos profissionais atualizados.
  • Como o treinamento e o desempenho dos orientadores têm que ser supervisionados, a efetividade dos serviços de orientação deve ser monitorada através de avaliações sistemáticas e pesquisas relevantes.
  • Grupos especiais, por exemplo, pessoas com deficiências e desvantagens sociais, devem receber orientação de carreira que utiliza métodos apropriados e orientação que leva em conta suas necessidades particulares e de comunicação.
  • Todos os orientadores e agências provedoras de orientação e aconselhamento devem se comprometer com padrões de qualidade reconhecidos e endossar e seguir um código de ética de acordo com as Normas Éticas da IAEVG de 1995.

A Associação Internacional para Orientação Educacional e Vocacional requer que governos e outras agências responsáveis pela promoção do desenvolvimento de recursos humanos assegurem o estabelecimento e a manutenção dos serviços de Orientação Educacional e Vocacional adequados de acordo com as políticas acima referidas.

 

3 Tradução: Daniel Battaiola Kreling (psicólogo-estagiário do Serviço de Orientação Profissional da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP – USP), revisão: Izaura Maria Lemos, MA (UNICAMP) BA (UNESP).

 

 

ANEXO 2
Association Internationale d’Orientation scolaire et Professionnelle - AIOSP
International Association for Educational and Vocacional Guidance - IAEVG
Internationale Vereinigung für Schul und Berufsberatung - IVSBB
Asociación Internacional para la Orientación Educativa y Profesional - AIOEP

ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL PARA
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E PROFISSIONAL

SOBRE A AIOSP4

A AIOSP representa indivíduos e associações nacionais e regionais preocupados com a orientação educacional e vocacional em todos os continentes. A Associação é governada de acordo com estatutos formais. A Associação é conduzida por um Conselho Diretor eleito na Assembléia Geral dos membros que acontece a cada quatro anos. O funcionamento diário da Associação é orientado por um Comitê Executivo, submetido ao Conselho Diretor e à Assembléia Geral.

A Declaração de Missão da AIOSP

(Aprovada pela Assembléia Geral da AIOSP, Estocolmo, Suécia, 8 de agosto de 1995).

Objetivos da Orientação

Em defesa do interesse de decisões e escolhas pessoais para ocupações e atividades significativas, os objetivos da orientação educacional e vocacional são auxiliar:

  • estudantes e adultos a compreender e apreciar a si mesmos
  • estudantes e adultos a relacionar-se efetivamente com outras pessoas
  • estudantes e adultos a desenvolver planos de formação apropriados em orientação educacional e vocacional
  • estudantes e adultos a explorar alternativas de carreira
  • pessoas de todas as idades a lidar e interagir com sucesso na sociedade e no mercado de trabalho

Portanto, a missão da AIOSP é:

  • defender que todos os cidadãos que necessitam e querem orientação e aconselhamento educacional e vocacional tem o direito de receber esse aconselhamento de um profissional competente e credenciado;
  • recomendar a natureza básica e a qualidade de serviço, apropriados a estudantes e adultos;
  • requerer que a formação essencial e outras qualificações que todos os conselheiros em orientação educacional e vocacional devem ter;
  • requerer que governos intensifiquem, facilitem ou fundem agências, instituições ou escritórios com responsabilidade de desenvolvimento e manutenção: – de políticas norteadoras da provisão da orientação educacional e vocacional – da provisão de formação e programas de educação continuada para os profissionais da orientação e aconselhamento – do desenvolvimento e provisão de métodos e materiais apropriados e efetivos para a orientação – da condução de pesquisa para criação de novas, mais abrangentes e melhores maneiras de conduzir a orientação educacional e vocacional – do desenvolvimento de métodos apropriados de avaliação da orientação e aconselhamento – do desenvolvimento da consciência pública em relação a proteção da integridade do indivíduo, quando buscando os serviços prestados por orientadores vocacionais e educacionais que aceitam um código de ética conhecido publicamente em conexão com um corpo independente e com autoridade própria ao qual o público pode levar suas queixas.

 

4 Tradução: Lucy Leal Melo-Silva (Docente do Departamento de Psicologia e Educação da FFCLRP-USP); Izaura Maria Lemos , MA (UNICAMP) BA (UNESP).

 

 

ANEXO 3
Association Internationale d’Orientation Scolaire et Professionnelle - AIOSP
International Association for Educational and Vocacional Guidance - IAEVG
Internationale Vereinigung für Schul und Berufsberatung - IVSBB
Asociación Internacional para la Orientación Educativa y Profesional - AIOEP

ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL PARA
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E PROFISSIONAL

NORMAS ÉTICAS5
(Aprovadas pela Assembléia da AIOSP, Estocolmo, Suécia, 8 de agosto de 1995)

 

Introdução

A Associação Internacional para Orientação Educacional e Vocacional está comprometida com os processos de Orientação Educacional e Vocacional, de alta qualidade, providos por profissionais competentes e credenciados para facilitar as escolhas e decisões de pessoas de todas as idades ao tempo em que elas antecipam, se preparam, entram, enfrentam e administram as dinâmicas do mercado de trabalho e do trabalho propriamente dito. O documento sobre a missão da AIOSP, ao qual se relacionam as normas éticas aqui citadas, detalha as diversas maneiras mediante as quais a Associação cumpre com suas responsabilidades a favor da qualidade dos profissionais da orientação educacional e vocacional em sua formação e qualificação; no desenvolvimento e provisão de métodos e materiais pertinentes a provisão do aconselhamento educacional e vocacional para pessoas de diferentes idades e contextos sociais; na condução de pesquisas; e na defesa das necessidades dos clientes de orientação educacional e vocacional junto a governos e instituições.

Os compromissos dos membros da AIOSP com sua missão, como uma organização profissional preocupada com a oferta de serviços de qualidade, pesquisa e defesa de escolhas educacionais e vocacionais das pessoas, requerem adesão a um código de éticas público que orienta as ações dos profissionais, proporcionem critérios objetivos para a auto-avaliação e a avaliação de seus pares em relação à qualidade do papel do profissional, e informem o público sobre as normas esperadas das práticas e comportamentos profissionais. Essas normas éticas são consistentes em essência com os depoimentos éticos de colegas em áreas profissionais relacionadas que também se preocupam em prover assistência a pessoas que estão se preparando ou já estão engajadas em processos educacionais, formativos e laborais. Assim, as normas éticas da AIOSP, como as de membros de outras organizações educacionais, científicas e profissionais, são direcionadas ao incremento do valor, da dignidade, do potencial e da singularidade das pessoas a quem os membros da AIOSP servem.

As normas éticas, como as que veremos a seguir, identificam os princípios básicos que orientam o comportamento ético. Elas não abrangem todo e qualquer conflito possível vivenciado pelos membros da AIOSP em suas nações ou culturas. Assim, as Normas Éticas abaixo objetivam estimular o autodesenvolvimento dos membros da AIOSP em seus comportamentos éticos e na criação de declarações e normas éticas, locais e regionais, para as quais esta norma pode servir como parâmetro.

NORMAS ÉTICAS

Responsabilidades éticas para com os clientes

  1. Os membros da AIOSP aceitam a obrigação básica de respeitar a dignidade de cada pessoa a quem se presta orientação educacional e vocacional. Esta obrigação inclui a aceitação dos direitos que o indivíduo tem de fazer escolhas independentes, de se responsabilizar pelas decisões tomadas, de engajar-se em autodireção e autodesenvolvimento e de preservar a confidencialidade. Também inclui a responsabilidade do profissional em estar atualizado com as leis e políticas sobre os direitos do cliente.
  2. Os membros da AIOSP reconhecem a obrigação de prover oportunidades iguais na orientação educacional e vocacional sem preconceito em relação a status social, educação, gênero, raça, grupo étnico, crenças religiosas, orientação sexual, ou incapacidade, e de evitar toda forma de discriminação.
  3. Os membros da AIOSP são sensíveis à totalidade das necessidades dos clientes (educacionais, vocacionais, pessoais e sociais) e como elas interagem afetando o planejamento ou adaptação à educação e formação, ocupações e carreiras. Os membros devem procurar a orientação de especialistas se sua competência não é suficiente para atender às necessidades dos clientes.
  4. Os membros da AIOSP informam os clientes, oralmente ou por escrito, sobre as finalidades, objetivos, técnicas, políticas orientadoras e normas éticas sob os quais a orientação educacional e vocacional é provida, as condições nas quais a consulta com outros profissionais pode ocorrer e os limites legais ou políticos relacionados à maneira como os serviços são oferecidos. Quaisquer limites na confidencialidade, estabelecido por outros, serão discutidos com o cliente antes de colocá-lo na situação de escolha de uma resposta pessoal a tais limites e envolvimentos. A revelação da informação confidencial requer a permissão expressa do cliente.
  5. Os membros da AIOSP estimulam as ações independentes dos clientes e, portanto, abstém-se de influenciar ou coagir conscientemente as escolhas dos clientes, seus valores, estilos de vida, planos ou crenças (ex. visão geral da vida econômica) em função dos valores do conselheiro ou de outras pessoas e não da perspectiva ou orientação pessoal do próprio cliente. Entretanto, nas situações em que os clientes mantêm valores antisociais que são prejudiciais a eles próprios ou a outras pessoas, pode ser necessário que o orientador explique quais são seus valores profissionais e até que ponto estão de acordo com as convenções sociais.
  6. Os membros da AIOSP explicam o conteúdo, as finalidades e os resultados dos testes em linguagem compreensível para o cliente. Estes orientadores usam critérios relevantes para selecionar, aplicar e interpretar as técnicas de diagnóstico. Reconhecem que técnicas novas, por exemplo testes por computador ou programas de orientação de carreira, requerem atualização periódica do profissional e familiaridade contínua com a literatura sobre aplicação, pontuação e interpretação das técnicas.
  7. Os membros da AIOSP reconhecem os benefícios para os clientes de novas técnicas e aplicações informáticas quando as pesquisas e avaliações as qualifiquem. O orientador assegura-se de que o uso das aplicações informáticas ou outras técnicas é adequado para as necessidades individuais do cliente, que o cliente compreende como utilizar as técnicas ou processos envolvidos, e que haja um seguimento posterior. Os membros da AIOSP, além disso, asseguram que os membros dos grupos menos representados tenham igual acesso às melhores técnicas disponíveis, às tecnologias informatizadas e à informação precisa e atual, e não discriminatórias, dentro de quaisquer tecnologias utilizadas.
  8. Os membros da AIOSP, no uso de suas competências profissionais, formação e experiência com clientes individuais tanto quanto com organizações que requerem serviços de consulta, provêm informações claras, precisas e relevantes e que não inclua materiais equivocados e enganadores.
  9. Os membros da AIOSP evitam conflitos de interesses que comprometam a melhor opção para os clientes quando trabalham concorrentemente em aconselhamento de carreira, são representantes de intercâmbios de empregos pagos, ou quando são recrutadores ou intermediários de cursos de formação. Quando conflitos potenciais de interesse ocorrem, eles devem informar ao cliente.
  10. Os membros da AIOSP encaminham os sujeitos a profissionais adequados quando não podem prover ou continuar a ajuda necessária.

Atitudes em relação a Colegas e Profissionais de áreas afins

  1. Os membros da AIOSP contribuem para o desenvolvimento e a manutenção de relacionamentos cooperativos com colegas e administradores para facilitar a prestação da orientação educacional e vocacional ótima.
  2. Os membros da AIOSP são responsáveis por informar colegas e administradores sobre aspectos da provisão de orientação educacional e vocacional, tais como, as diretrizes de confidencialidade e privacidade.
  3. Os membros da AIOSP providenciarão a seus colegas e aos administradores, informação precisa, objetiva, concisa e relevante sobre as necessidades e resultados da orientação educacional e vocacional com fins avaliativos ou outros propósitos.
  4. Os membros cooperam com seus colegas na implementação das Normas Éticas nos procedimentos e práticas de seu ambiente de trabalho. Quando as informações criam dúvidas em relação ao comportamento ético de colegas, sejam ou não membros da AIOSP, o membro deve discutir tais preocupações com o colega em questão ou utilizar os canais institucionais adequados para retificar a situação.
  5. Nos casos de conflitos entre as normas éticas e as diretrizes, ou devido a falta de cooperação de um funcionário, os membros da AIOSP buscarão consulta direta com os administradores sobre as implicações de tais conflitos e sobre as formas para solucioná-los.

Atitudes em relação aos Governos e outras Agências Comunitárias

  1. Se necessário, os membros da AIOSP defenderão e colaborarão com o desenvolvimento de serviços de orientação educacional e vocacional, que sejam prestados de forma ética e relevante para as necessidades dos clientes, em colaboração com os dirigentes, legisladores ou pessoal administrativo.
  2. Os membros estão conscientes e informam os administradores, legisladores e outros profissionais sobre as qualificações necessárias e a formação requerida dos profissionais competentes de orientação educacional e vocacional e dos serviços de aconselhamento.
  3. Os membros da AIOSP cooperam ativamente com as agências, organizações e indivíduos em outras instituições, ou na comunidade, para atender as necessidades e prover os serviços aos clientes.

Responsabilidades em relação às pesquisas e aos processos relacionados

  1. Os membros da AIOSP que têm formação adequada e as habilidades necessárias para realizar pesquisas reconhecem suas responsabilidades para conduzir pesquisas e relatar achados usando procedimentos consistentes com as normas científicas e éticas aceitas nas práticas de pesquisas educacional e psicológica. Quando os dados dos clientes são utilizados com fins estatísticos, avaliativos, de pesquisas ou planejamento de programas, o membro assegura o sigilo sobre a identidade do cliente.
  2. Os membros da AIOSP reconhecem suas responsabilidades para colaborar com o avanço da orientação educacional e vocacional, compartilhando habilidades, conhecimentos e experiências com colegas e com associações, tais como a AIOSP.

Responsabilidades como um orientador individual

  1. Os membros da AIOSP recebem a formação inicial e mantêm um processo de educação continuada nas áreas de conhecimento e habilidades requeridas na profissão para ser um profissional qualificado e competente em orientação educacional e vocacional.
  2. Os membros desempenham sua função dentro dos limites de sua formação e experiência e encaminham a outros profissionais os clientes que não estão preparados para atender. Cada membro da AIOSP aceita as conseqüências de suas atuações profissionais e o faz dentro da aplicação consciente e deliberada das diretrizes éticas.
  3. Os membros continuam a refletir, em suas práticas, tanto os princípios humanísticos que subjazem ao comportamento ético, como a atenção às questões das mudanças sociais e políticas que têm implicações éticas em suas práticas. Estas incluem questões tais como: Quem são meus clientes (estudantes, trabalhadores, empregadores, a sociedade como um todo) e quais são os aspectos éticos importantes nestas relações? Como diferentes formas de intervenção (aconselhamento individual, trabalho em grupo programas assistidos por computadores e discussões com os dirigentes em nome dos empregados) diferem em questões éticas? Como deveriam os serviços de orientação educacional e vocacional responder eticamente às tensões globais entre questões econômicas e ambientais que refletem na vida ativa e nos ambientes de trabalho dos clientes?
  4. Os membros são responsáveis por monitorar e manter suas competências profissionais e obter formação periódica para assegurar que sejam capazes de prover serviços competentes a clientes com diversidade cultural e utilizar efetivamente novas teorias, técnicas de intervenção, aplicativos em informáticas e procedimentos de diagnóstico. Os membros da AIOSP esforçam-se para estarem atualizados com as inovações e tendências nos contextos e conteúdos da orientação e aconselhamento educacional e vocacional e o fazem com o reconhecimento de que o crescimento profissional e pessoal continua evoluindo durante toda sua carreira.
  5. Os membros da AIOSP buscam e participam em supervisão regular para aumentar seu conhecimento e habilidades necessárias para o cumprimento efetivo de suas responsabilidades profissionais e para estabelecer metas de educação contínua.
  6. Os membros são conscientes de seus valores e atitudes, a fim de permanecerem discretos e objetivos na assistência que oferecem aos clientes. Em particular, eles evitam todas as formas de discriminação e de estereótipos raciais, sexuais e de idade.
  7. Os membros da AIOSP, nos casos em que as questões éticas sejam ambíguas ou não sejam suficientemente claras buscarão a assessoria ou consulta confidencial com uma associação profissional ou com colegas para tentar esclarecer a questão ou desenvolver estratégias para corrigir as situações que causaram o problema. Falhando esta possibilidade os profissionais deverão contatar diretamente a Secretaria Geral da AIOSP em busca de esclarecimentos, conselho ou para encaminhar uma questão sobre ética profissional.

 

5 Tradução: Lucy Leal Melo-Silva (Docente do Departamento de Psicologia e Educação da FFCLRP-USP); Izaura Maria Lemos , MA
(UNICAMP) BA (UNESP).

 

 

ANEXO 4
Association Internationale d’Orientation Scolaire et Professionnelle - AIOSP
International Association for Educational and Vocacional Guidance - IAEVG
Internationale Vereinigung für Schul und Berufsberatung - IVSBB
Asociación Internacional para la Orientación Educativa y Profesional - AIOEP

ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL PARA
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E PROFISSIONAL

DECLARAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE QUALIFICAÇÃO DO ORIENTADOR6
(Declaração aprovada pela Assembléia de Warnick, Inglaterra, 5 de agosto, 1999)

Em muitos países você pode encontrar exigências nacionais para a formação, extensão universitária e supervisão dos orientadores. Atualmente não há critérios relevantes internacionalmente reconhecidos para orientar os conselheiros.

O documento sobre a Missão da AIOSP declara que a Associação deve “defender que todos os cidadãos tenham o direito de receber aconselhamento educacional e vocacional de um profissional competente e credenciado” e que a AIOSP deve, portanto “recomendar a formação essencial e outras qualificações que todos os conselheiros em orientação educacional e vocacional devem ter”.

Também as Normas Éticas da AIOSP demandam critérios especiais de qualificação e declaram como responsabilidades éticas:

  • que os membros da AIOSP estejam conscientes e informem administradores, legisladores e outros, sobre as qualificações aceitas e as expectativas de formação relativas a competência dos profissionais e dos serviços de aconselhamento e orientação educacional e vocacional;
  • que os membros da AIOSP obtenham a formação inicial e mantenham um processo de educação contínua nas áreas de conhecimento e habilidades requeridas pela profissão para ser um profissional competente e qualificado da orientação educacional e vocacional; e
  • além disso, que os membros da AIOSP sejam responsáveis por monitorar e manter suas competências profissionais e obter formação periódica para assegurar que sejam capazes de oferecer serviços competentes a clientes de diferentes grupos sócio-econômico-culturais e efetivamente usar novas teorias e técnicas de intervenção, aplicativos de informática e processos de diagnóstico.

Com referência às exigências do documento sobre a Missão e das Normas Éticas, o Conselho Diretor submete à Assembléia Geral a proposta para estabelecer um comitê para delinear normas de qualidade, considerando:

  • que o desenvolvimento das condições sociais e econômicas, e valores culturais são heterogêneos em vários países e necessitam de reflexão e reconhecimento diferentes;
  • que para diferentes grupos alvo e diferentes tarefas de orientação qualificações diferentes são necessárias (ensino em educação profissional, aconselhamento individual, aconselhamento para estudantes, minorias, grupos multiculturais, pessoas com incapacidade e desvantagens e pessoas mais velhas);
  • que a qualificação básica dos conselheiros deve conectar aspectos do planejamento de carreira com os aspectos que ocorrem no mercado de trabalho;
  • que funções e tarefas especiais necessitam de formação especializada em áreas tais como: estratégia de aconselhamento; informações sobre carreira, educação e mercado de trabalho; técnicas de diagnóstico para avaliar capacidades, habilidades, aptidões, interesses, valores e personalidade; técnicas de avaliação de necessidades, sistemas de orientação através de computador e internet; organização de programas de desenvolvimento de carreira; ensino de estratégias de procura de trabalho; estabelecimento de conexões com organizações da comunidade; e, estratégias de relações públicas para promoção de atividades de desenvolvimento de carreira e serviços;
  • que em muitos países outros especialistas (psicólogos, sociólogos, assistentes sociais e outros) atuam como orientadores e têm que completar sua qualificação com as competências relevantes;

A existência de normas internacionais é cada vez mais importante não apenas porque a abertura de fronteiras entre os países facilita a mobilidade para estudos e emprego, mas também porque os serviços de Orientação Profissional on-line transcendem as fronteiras.

A Assembléia Geral da AIOSP declara uma necessidade urgente de Normas de Qualificação internacionalmente reconhecidas, e portanto, estabelece um comitê composto de membros de diferentes regiões do mundo para elaborar um esboço de tais normas.

Com o estabelecimento de tais Normas de Qualificação de Conselheiros (Counsellor Qualifications Standards - CQS) a AIOSP deseja assegurar a qualidade dos serviços de orientação e aconselhamento e avançar o processo de profissionalização em diferentes países de acordo com seu nível de desenvolvimento de orientação.

O Conselho Diretor deve nomear e convocar os membros do comitê de Normas de Qualificação dos Conselheiros, receber suas propostas e monitorá-las, e submeter os resultados na próxima Assembléia

 

6 Tradução: Lucy Leal Melo-Silva (Docente do Departamento de Psicologia e Educação da FFCLRP-USP); Izaura Maria Lemos , MA (UNICAMP) BA (UNESP)

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