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Revista Brasileira de Orientação Profissional
versão impressa ISSN 1679-3390versão On-line ISSN 1984-7270
Rev. bras. orientac. prof vol.16 no.2 Florianópolis dez. 2015
ARTIGO
Escolha e perspectiva profissional de alunos de um cursinho preparatório popular1
Career choice and professional expectations of students from a popular preparatory course
Elección y perspectiva profesional de los estudiantes de un curso preparatorio popular
Vanessa Catherina Neumann FigueiredoI; Adriane Vargas BarbosaII
IUniversidade Federal de Mato Grosso do Sul, Corumbá-MS, Brasil
IIUniversidade do Estado de Mato Grosso, Nova Mutum-MT, Brasil
RESUMO
Esta pesquisa teve por objetivo conhecer os fatores que influenciavam a escolha profissional, bem como as expectativas sobre o futuro após a conclusão da universidade, dos estudantes de um curso popular preparatório para o exame de ingresso ao ensino superior na cidade de Corumbá (MS), em 2012. Tratou-se de uma pesquisa-ação feita durante um programa de orientação profissional, e participaram 20 alunos advindos do ensino público, com renda de até três salários mínimos. Os estudantes percebem o ensino superior como um investimento que aumenta suas chances de concorrer a um emprego, mas ao se depararem com suas condições materiais e educacionais acabam optando por cursos menos concorridos, como as licenciaturas, nos quais têm mais chance de aprovação.
Palavras-chave: orientação vocacional, ensino superior, grupos minoritários, ação afirmativa
ABSTRACT
The aim of this research was to investigate the factors influencing career choice and the expectations about the future after completion of tertiary education of students from a popular preparatory course for the entrance exam into higher education in the city of Corumbá (MS), in 2012. This was an action research conducted during a career guidance program. Participants were 20 high school students from public schools, with family income up to three minimum salaries. Students perceived higher education as an investment that increases their chances of getting a job, but when faced with their material and educational conditions they ultimately choose less competitive courses, such as bachelor's degrees, in which they have more chance of approval.
Keywords: vocational guidance, higher education, minority groups, affirmative action
RESUMEN
Esta investigación tuvo como objetivo conocer los factores que influyen en la elección de carrera, y las expectativas sobre el futuro después de la finalización de la universidad, de los estudiantes del curso de preparación popular para el examen de ingreso a la educación superior en la ciudad de Corumbá (MS), en 2012. Esta fue una investigación-acción realizada durante un programa de orientación profesional, y participaron 20 estudiantes de educación pública, con ingresos de hasta tres salarios mínimos. Los estudiantes perciben la educación superior como una inversión que aumenta sus posibilidades de solicitar un empleo, pero cuando se enfrentan con sus condiciones materiales y educativas, en última instancia eligen cursos menos concurridos como licenciaturas, en los cuales tienen más posibilidades de aprobación.
Palabras clave: orientación vocacional, educación superior, grupos minoritarios, acción afirmativa
Em um cenário mundial em que os empregos são cada vez mais raros, a educação formal elevada pode ajudar no desenvolvimento de uma trajetória profissional satisfatória, ao aumentar a chance do indivíduo se inserir e permanecer no mercado de trabalho (Guimarães & Almeida, 2012; Silva & Souza, 2012). O ensino superior é considerado um fator de empregabilidade, um capital educacional capaz de explicar as diferenças existentes quanto às opções de emprego, remuneração recebida e ascensão no mundo laboral (Bock, 2008; Lemos, Dubeux, & Pinto, 2009).
O mundo do trabalho, cada vez mais exigente quanto às qualificações, faz com que os jovens busquem desenvolver sua capacidade de serem empregáveis por meio da elevação do seu nível de ensino formal e do desenvolvimento de suas competências, as quais devem ser condizentes ao perfil de trabalhador exigido atualmente, que demanda características como capacidade de lidar com diferentes tecnologias, ser polivalente e flexível frente às mudanças no mercado e nas relações de trabalho (Silveira & Calheiros, 2004). De acordo com a Organização Internacional do Trabalho [OIT] (2005), são as competências que reforçam a capacidade do indivíduo em tirar partido das oportunidades de educação e formação com o intuito de se inserir e de se manter em um trabalho digno, de progredir na empresa, de se adaptar às novas tecnologias e condições do mercado, assim como de ter a possibilidade de mudar de emprego. Com isso, vários jovens têm buscado a educação superior como forma de aumentar suas possibilidades profissionais e galgar melhorias socioeconômicas, mesmo estando inseridos em condições materiais e psicossociais desfavoráveis (Pochmann, 2007; Ribeiro, 2011).
No Brasil, a universidade pública ainda continua sendo elitista e excludente para um grande número de pessoas economicamente desfavorecidas (Pereira, 2009). Mesmo após a Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que apresentou avanços importantes como a criação de mais vagas e de cursos noturnos (Pereira, 2007), a disputa por uma vaga é ainda bastante concorrida e mais difícil para aqueles que não tiveram acesso a um ensino médio de boa qualidade, por não terem estudado o conteúdo exigido no exame de ingresso aos cursos superiores. Também a falta de recursos econômicos da família faz com que os jovens egressos de escolas públicas de ensino médio precisem trabalhar para sustentar sua família ou, ao menos, suprir suas necessidades individuais. Essa condição aumenta a vulnerabilidade dessa população em se inserir em trabalhos precarizados e em subempregos (Guimarães & Almeida, 2012), o que dificulta, adia ou mesmo impossibilita o desejo de entrar na universidade.
No Brasil, as instituições têm selecionado e admitido seus futuros alunos por meio da capacidade individual, a qual é avaliada pelo conteúdo ministrado no ensino médio, através do vestibular ou do Exame Nacional de Ensino Médio [ENEM], forma que tem sido adotada pelas universidades federais do país (Corrêa, 2011). Entretanto, é possível dizer que diferentemente do que ocorre com os alunos provenientes de escolas particulares, os quais frequentam o curso universitário como um prolongamento natural de sua escolaridade, a entrada no ensino superior para os estudantes com baixa renda é caracterizada pela dificuldade de acesso decorrente também pela pouca informação sobre o exame, os cursos e as carreiras que podem seguir, ou seja, sobre a vida universitária.
Para possibilitar que os alunos concorressem com maiores chances por uma vaga nas universidades públicas, os cursos preparatórios pré-vestibulares populares começaram a se difundir a partir de 1990, influenciados pelos movimentos sociais e ações afirmativas em defesa da igualdade racial e inclusão social (Whitaker, 2010). Os cursos, voltados tanto para grupos sociais marginalizados como para os que se encontram em desvantagem socioeconômica, objetivam a democratização do acesso às instituições públicas de ensino e a preparação do trabalhador para as novas exigências do mundo do trabalho, ditadas pela ideologia neoliberal e por um modelo de produção flexível (Nascimento, 2013), em que são necessárias competências e alta escolaridade para entrar e permanecer no mercado laboral.
Apesar dos cursinhos atraírem os alunos principalmente pelo conteúdo voltado para a entrada no ensino superior, as atividades oferecidas se preocupam também em construir uma nova consciência, a fim de fomentar a participação e a autonomia. Não se trata, portanto, de apenas facilitar o ingresso, mas de construir um movimento social de democratização de acesso à universidade pública e de combate à exclusão (Nascimento, 2013). Com isso, é possível dizer que os cursos pré-vestibulares populares se constituem em ações afirmativas, já que partem da ideia de que essa população vivencia uma desigualdade histórica de oportunidades de acesso à educação (Nascimento, 2002).
O cursinho pré-ENEM de Corumbá - MS
Desde 2004 a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul [UFMS] desenvolve o projeto "Cursinho pré-vestibular" (atualmente chamado "pré-ENEM"), o qual atende gratuitamente estudantes egressos da rede pública com renda familiar de até três salários mínimos no Campus do Pantanal, situado na cidade de Corumbá. O cursinho preparatório é desenvolvido pelo grupo do Programa de Educação Tutorial [PET], que abrange desde 2010 o Programa Conexões de Saberes: diálogos entre a universidade e as comunidades populares, criado e desenvolvido desde 2004 nas universidades federais pelo Ministério da Educação do Brasil, por meio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade [SECAD/MEC], em parceria com o Observatório de Favelas do Rio de janeiro (Fabi, 2010). Entre 2004 e 2010 os objetivos deste programa se voltavam para a construção e fortalecimento dos laços entre as instituições acadêmicas e os estudantes de origem popular, de forma a contribuir para seu ingresso e permanência nos cursos de graduação e pós-graduação das universidades públicas brasileiras. A partir de 2010 os objetivos foram ampliados buscando estreitar a relação entre a universidade e as comunidades populares, de maneira que as ações têm sido feitas através da troca de saberes entre os estudantes que são beneficiários das ações afirmativas, de forma a valorizar a trajetória cultural e o protagonismo das camadas populares, promovendo sua permanência na universidade, e contribuir, ao mesmo tempo, para a inclusão social de jovens oriundos das comunidades rurais, indígenas e em situação de vulnerabilidade social que desejem entrar nesse universo.
Com isso, o cursinho em Corumbá promove ações afirmativas sociais e pedagógicas destinadas ao acesso e permanência de origem popular, sendo que entre os anos de 2005 e 2009 foi concretizado com uma turma de 50 vagas por semestre, pois o acesso à universidade se dava na época através do vestibular de verão e de inverno. No ano de 2010 a UFMS aderiu integralmente ao Sistema de Seleção Unificado (SISU) e o cursinho passou a ser anual, ofertando 100 vagas em 2010 e 2011, e 50 vagas em 2012. Fazem parte do projeto 15 professores voluntários que abrangem as áreas de geografia, química, história, biologia, física, matemática, línguas, redação, inglês e espanhol, além de bolsistas do curso de psicologia que oferecem o serviço de orientação profissional, sob a supervisão de uma professora tutora. Essa iniciativa vem ao encontro da proposta emancipatória em defesa da possibilidade real da população socioeconomicamente desfavorecida ingressar no ensino superior, existindo a necessidade de auxiliar os jovens e adultos oriundos das camadas populares a escolherem sua profissão e construírem sua carreira, por meio de ações que relacionem o mundo do trabalho com a educação (Valore & Cavallet, 2012).
O programa de orientação profissional no cursinho preparatório popular é particularmente importante pela própria configuração do mercado de trabalho e das poucas possibilidades de empregos oferecidos na cidade. Em Corumbá a maior absorção de mão de obra é feita pelo setor terciário, em comércio e serviços, nem sempre com vínculos de trabalho formais ou regulares. Em termos de empregos, a maior oferta de vagas se dá no setor de pesca, mineração, turismo e criação de gado de corte, grande parte via contratos terceirizados ou temporários, recebendo um salário baixo pelo serviço prestado. Esta dificuldade em se inserir no mundo laboral resulta na inserção em trabalhos precários, irregulares ou ilegais, sendo o trabalho infantil e a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes uma das facetas mais perversas da desigualdade social e da busca pela sobrevivência a qualquer custo existente no município (Silva, Senna, & Kassar, 2005).
Segundo Veriguine (2008), a escolha profissional depende do posicionamento permanente do indivíduo diante da realidade, o qual dispõe de alternativas ocupacionais que são delimitadas pelo contexto sócio-histórico-cultural e pelo conjunto de informações objetivas que a pessoa tem sobre si mesma e sobre o mundo do trabalho. Com isso, a prática da orientação profissional deve promover a sensibilização de jovens e adultos para as relações sociais, econômicas, políticas e educacionais que ocorrem na sociedade, de forma a favorecer uma escolha profissional consciente (Soares, 2002; Affonso & Sposito, 2005; Soares, Krawulski, Dias, & D'Avila, 2007). A conscientização dos fatores determinantes da escolha permite que o indivíduo adquira mais autonomia para se posicionar frente às normas e hierarquias estabelecidas, decidindo a melhor maneira de se inserir no processo produtivo na busca da auto-realização (Cattani & Holzmann, 2006).
Para Almeida e Magalhães (2011) a escolha é sempre multideterminada, não existindo determinação social ou liberdade absoluta, visto que é elaborada na relação dialética entre o indivíduo e a realidade objetiva, por meio da influência das várias esferas que a compõe, como a família, a classe e o gênero. Também o retorno financeiro (Corsi et al., 2014), a importância do dinheiro (Vieira, Oliveira, & Kunkel, 2011) e o prestígio da carreira podem impactar nas preferências ocupacionais. Contudo, salienta-se como de extrema importância a compreensão das barreiras socioeconômicas que permeiam a elaboração das escolhas pelas camadas populares, seja pela precariedade das informações a que têm acesso e a forma em que se inserem no mundo do trabalho (precariamente e precocemente), por conta da necessidade de escolherem um curso em que possam estudar e trabalhar na cidade onde já vivem, seja pelas poucas oportunidades de acesso ao ensino formal prolongado (Bastos, 2005; Valore & Cavallet, 2012).
Partindo da ideia de que o trabalho é uma categoria central para a constituição da subjetividade e para a sobrevivência das pessoas, e que a orientação profissional deve auxiliar a aproximar os interesses e desejos pessoais às opções de carreira e oportunidades profissionais existentes na sua realidade objetiva (Levenfus, 1997), é que foi proposto um programa de orientação profissional no cursinho preparatório pré-ENEM. Neste local foi realizada a investigação que buscou conhecer os fatores que influenciavam os alunos no processo de escolha e as expectativas para após o término dos cursos superiores. Para isso, verificou-se a trajetória escolar, ocupacional e as aspirações frente ao futuro após a passagem pela universidade, possibilitando ao grupo que pudesse também refletir sobre o posicionamento frente aos determinantes existentes nas suas escolhas, elaborando o que fazer e como se apropriar dessas influências para conseguir atingir o futuro desejado.
Método
Tratou-se de uma pesquisa qualitativa realizada nas dependências da UFMS - CPAN, na sala destinada ao cursinho preparatório pré-ENEM do PET/Conexões, em Corumbá, no ano de 2012. A pesquisa foi realizada em duas etapas, havendo em um primeiro momento o levantamento da trajetória escolar e ocupacional, bem como das aspirações profissionais dos participantes. Em seguida ocorreram encontros durante os quais foram investigados os fatores que influenciavam no processo de escolha, quais os cursos de maior interesse e as expectativas frente ao futuro após a formação superior. Durante os encontros adotou-se a pesquisa-ação (Thiollent, 2008), pois além de levantar dados este estudo procurou esclarecer e mudar situações consideradas injustas, objetivando um processo de transformação e mobilização, consistindo numa ação libertadora ao proporcionar a reflexão sobre os fatores que influenciam o processo de escolha, estimulando os participantes a refletirem sobre si mesmos e a obterem mais informações sobre o mercado de trabalho, as relações contratuais, profissões e carreiras.
Participantes
Fizeram parte do estudo 20 estudantes, dez homens e dez mulheres, visto que dez apresentaram entre 16 e 25 anos, três entre 26 e 35, e sete tinham mais de 35 anos. A renda familiar mensal de quatro participantes foi de até um salário mínimo, sete pessoas apresentaram renda de um até dois salários, um estudante apresentou renda de três salários, e um aluno não respondeu a essa questão. Com relação à escolaridade, todos concluíram o ensino médio em escolas públicas, sendo que quatro já tinham frequentado um cursinho preparatório, e nove já haviam prestado vestibular/ENEM nos anos anteriores. Os nomes dos participantes foram modificados, visando resguardar o sigilo de suas identidades.
Instrumentos
Foram utilizados para a coleta de dados:
a) Redação sobre a trajetória escolar e profissional com o tema "Minha trajetória escolar e profissional", que foi escrita de forma livre e o indivíduo discorreu sobre o seu processo de escolarização e aspirações profissionais;
b) Discurso livre por meio do relato dos sujeitos nos encontros relativos ao mundo do trabalho, fatores que influenciam a escolha e interesse por determinado curso ou carreira, necessidades profissionais (presentes e futuras), bem como sobre as expectativas após saírem da universidade.
Procedimentos
A pesquisa foi realizada no primeiro semestre de 2012, nas dependências do PET/Conexões na UFMS, CPAN. Em um primeiro momento houve o levantamento de dados do curso e convite aos alunos que se enquadravam nos critérios estabelecidos para participação no estudo, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A pesquisa seguiu todas as diretrizes e normas da Resolução Nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, e foi aprovada pelo comitê de ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul com o número CAAE 01316812.7.0000.0021.
Após o primeiro contato realizado pela bolsista de psicologia que atuava no cursinho, 20 participantes concordaram em participar voluntariamente no estudo, sendo o critério de inclusão ter 70% de presença nas aulas. Após essa etapa, houve o levantamento da trajetória escolar e das expectativas frente à entrada em uma universidade pública, por meio de uma redação. Foram também realizados dez encontros, cada um com duração de uma hora e vinte minutos, estruturados em três módulos, inspirados em Bock (2006): escolha profissional e possibilidades de carreiras; mercado de trabalho, informação sobre cursos e bolsas nas universidades; e autoconhecimento.
O primeiro módulo foi desenvolvido em três sessões, durante as quais foram levantados os fatores que influenciavam na escolha e os interesses profissionais, entre eles as relações de gênero, família, condições socioeconômicas, presença de filhos, buscando proporcionar o debate sobre o processo de elaboração das opções ocupacionais frente aos determinantes.
O segundo módulo, efetuado em quatro sessões, abordou o mercado de trabalho, e envolveu a discussão de temas como emprego, ocupação, conceito de trabalho, transformações históricas e tecnológicas, e mudanças no mundo do trabalho em relação com o desemprego (Silveira & Calheiros, 2004; Bock, 2006). Ao abordar o mercado laboral levou-se em consideração a realização pessoal e/ou profissional, momento em que os alunos puderam refletir sobre o campo de atuação quando formados em face às mudanças que ocorreram nas relações trabalhistas e contratuais, e que influenciam nas escolhas profissionais. Foram fornecidas informações sobre a forma de acesso, os cursos e as políticas públicas que visam proporcionar a permanência dos alunos de baixa renda na UFMS/CPAN, bem como os cursos técnicos existentes na cidade.
O terceiro módulo visou o autoconhecimento e ocorreu em três encontros, valendo-se de dinâmicas de grupo, por meio das quais foram exploradas as características estereotipadas relacionadas às profissões de interesse, permitindo com que os participantes refletissem sobre os fatores sociais, culturais, econômicos e familiares que teriam influenciado suas decisões escolares e profissionais, e que poderiam repercutir na escolha do curso superior (Soares, 2010). O encerramento do projeto se deu com a realização de um planejamento profissional e de carreira, em que os orientandos foram levados a descrever o que esperavam para o futuro e o que seria necessário para objetivá-lo, levando em conta as limitações e alternativas diante das dificuldades encontradas.
Resultados e Discussão
Interesses e fatores que influenciam a escolha por curso no ensino superior
Os estudantes se mostraram interessados em cursos bastante variados, não havendo vontade por nenhum deles em realizar cursos técnicos, observando-se preferência pelas graduações em Administração, Direito, Psicologia, e Licenciaturas em Pedagogia, História, Geografia, Biologia e Educação Física. Destes, o único curso integral é o de Psicologia, e os outros são ofertados ou no período noturno ou são vespertinos e noturnos, o que permite algum tempo livre para o trabalho, situação já vivenciada na trajetória escolar e relatada por um dos alunos: "Comecei a estudar no período noturno porque estava trabalhando, comecei a trabalhar com 15 anos" (participante João).
Dos 20 participantes, 11 pararam de estudar para trabalhar durante o ensino fundamental e o ensino médio, cinco estiveram afastados por anos dos estudos, e apenas quatro tinham terminado recentemente o ensino médio. A maior parte dos estudantes disse que não se encontrava apto para passar no exame de ingresso em uma universidade pública pelo fato de estarem desatualizados com o conteúdo necessário para admissão por terem que estudar e trabalhar ao mesmo tempo, o que os deixava exaustos e sem condições físicas e mentais para se apropriarem de novos conhecimentos ensinados no cursinho.
Whitaker e Onofre (2006) colocam que jovens de camadas populares acabam escolhendo cursos superiores com baixa concorrência no vestibular por se inserirem precocemente no mercado de trabalho e por conta da baixa qualidade do ensino médio público. Por meio de análise documental foi verificado que 70% dos alunos que frequentaram o cursinho popular em Corumbá entre os anos de 2009 a 2011 ingressaram em cursos de licenciatura, os quais são menos concorridos e ofertados à noite (Barbosa, Souza e Silva, & Souza, 2010), o que explica, pelo menos parcialmente, a razão da maior parte dos estudantes não ter optado pelos bacharelados (Psicologia, Direito e Administração), que demandam maior dedicação às aulas durante o dia, impossibilitando a conciliação com ocupações e trabalhos rentáveis.
Barbosa e Figueiredo (2012) verificaram também que os ex-alunos do cursinho da UFMS/CPAN do ano de 2009 que passaram no vestibular foram aprovados em cursos diferentes daqueles apontados como preferenciais na ficha de inscrição do cursinho, o que sugere uma adaptação dos seus desejos para conseguirem a aprovação e o ingresso na universidade, de acordo com as possibilidades percebidas como mais condizentes à sua realidade educacional e socioeconômica. Para Garcia, Silva, Vieira, Moraes e Almeida (2010), esse processo de ajustamento recai mais incisivamente sobre aqueles menos competitivos ou com menor chance de entrar na universidade, e Zago (2006) pontua que a mudança por cursos menos concorridos se dá pela necessidade da pessoa se adaptar a condições que julga mais condizentes com a sua realidade social, econômica, familiar ou cultural, havendo com isso menor chance de exclusão.
Também na mesma direção do processo de ajustamento, não houve nenhum aluno que sinalizou estudar fora da cidade, mesmo relatando interesse em outras áreas de conhecimento: "Estudar moda, um sonho quase que impossível segundo os meus pais. Encontrei uma profissão que gostaria muito de seguir que é fisioterapia, porém não tem em Corumbá; o único curso que me interessei aqui é Administração" (participante Fátima).
A busca pela superação educacional dos pais coloca o ensino superior como uma forma de alcançar o sucesso no mundo de trabalho, com melhores condições de empregabilidade para a ascensão social (Noronha & Ottati, 2010), como dito por uma aluna: "Por sermos filhos de um casal que não tiveram muitas oportunidades no campo educacional, eu e meu irmão procuramos estudar e conquistar novos horizontes" (participante Maria).
Conforme Santos (2010) os pais e a família têm papel fundamental na elaboração dos projetos ocupacionais dos filhos. Observou-se que a família exerce um papel de estímulo para a superação das dificuldades impostas pela falta de escolaridade dos seus membros, como também é capaz de atrapalhar a realização de projetos, como quando as mulheres têm que conciliar trabalho, estudo e a criação dos filhos: "Parei novamente de estudar para começar a trabalhar porque houve o nascimento do meu primeiro filho e as coisas ficaram muito difíceis para juntar escola e trabalho" (participante Silvia).
As relações de gênero também se constituem em limitações na escolha profissional, dando-se no plano objetivo e cultural, com preconceitos já introjetados sobre cada profissão (Lisboa, 2002; Olinto, 2011; Saavedra, Taveira, & Silva, 2010). Para o grupo, determinadas ocupações eram femininas, como cozinheira, babá, enfermeira, empregada doméstica, enquanto outras foram percebidas como masculinas, tais como motorista de caminhão, pedreiro, engenheiro e mecânico. O grupo percebia com estranheza mulheres ocupando cargos em setores onde os homens são a maioria, como relatado por um aluno: "Lá na empresa tem motoristas mulheres, são poucas. Mas quem veio dar a capacitação para os motoristas de um caminhão novo que chegou lá foi uma mulher. A gente esperava um homem, mas era uma mulher, baixinha ainda" (participante Tiago). Contudo, o lugar ocupado por mulheres em setores tradicionalmente femininos, como na educação, foi percebido como um prolongamento natural da própria vivência pessoal de gênero: "Ah, eu escolhi pedagogia porque acho que vou me sair bem nesse curso. Pedagogia tem a ver com crianças e eu já cuidei dos meus filhos, então acho que vou cuidar e ensinar bem dos filhos dos outros" (participante Carla).
Importante dizer que a opção pela licenciatura não pode ser dissociada de uma análise que agregue gênero e classe social, já que a escolha dos cursos é atravessada tanto pelo lugar simbólico destinado às mulheres quanto à função social de empregabilidade de poder se tornar professora em uma cidade pequena que oferece poucos empregos. Conseguir um emprego na iniciativa pública, mesmo com um rendimento baixo ou sem uma alta valorização social, acaba por ser uma alternativa interessante para boa parte dos alunos do cursinho.
Para apenas um dos alunos o prestígio ou status do curso foi o principal motivo de sua escolha: "Quero prestar o ENEM para o curso de Direito, porque as pessoas te reconhecem, te olham diferente e te respeitam. Quero ser respeitado nos lugares e na sociedade" (participante André). De acordo com Vargas (2010), o curso de Direito, juntamente com Medicina e Engenharia, está situado no plano superior das carreiras, em contraposição às licenciaturas, e mesmo tendo passado por um processo de grande procura a partir de 1970 continua a ser um curso de elevado prestígio por permitir o status de "doutor" e preparar para todo tipo de concurso e cargos públicos, cobiçados no país pelos altos salários. Entretanto, para ter maior chance de concorrer a um curso de prestígio é preciso que o aluno tenha um melhor desempenho, o que muitas vezes se mostra incompatível à realidade dos que procuram o pré-ENEM popular, que necessitam trabalhar durante o dia.
A inserção em atividades laborais geralmente empobrecidas, não especializadas e mal remuneradas, repercute sobre o processo de escolha e o adiamento de fazer um curso superior (Bardagi, Arteche, & Neiva-Silva, 2005; Bastos, 2005), como declarado pelos alunos mais velhos participantes da pesquisa, os quais disseram que a falta de oportunidades aliada à condição socioeconômica desfavorável demandou com que tivessem que trabalhar. Alguns tiveram a sorte de se inserir em ocupações com as quais se identificavam, mas a falta de um diploma de curso superior foi um obstáculo para conseguir galgar cargos melhores, como o relato de um aluno que é marinheiro fluvial "[...] A minha profissão fez com que eu ficasse muito tempo sem estudar. Não tive graduação na minha profissão por falta de estudo" (participante Diego).
A necessidade de ter de se sujeitar a um emprego que não gostava para poder juntar dinheiro ou criar uma estrutura de vida que proporcionasse a possibilidade de cursar a graduação desejada foi citada por um dos alunos: "Consegui passar para o curso de Administração, mas infelizmente por dificuldades financeiras e outras acabei desistindo do curso; mas hoje está tudo mudado, trabalho numa empresa e tenho condições de me manter" (participante Marcos). Neste caso, a experiência profissional na área e a estabilidade socioeconômica foram fatores determinantes na efetivação da escolha desejada.
Apesar de nem sempre as opções feitas se configurarem em uma alteração da hierarquia ou estrutura social estabelecida, já que as escolhas feitas são pautadas nas reais possibilidades, o interesse de jovens e adultos em aperfeiçoar sua formação reduz as chances de vulnerabilidade econômica, pois aumentam suas oportunidades e condições para competir por um lugar no mercado de trabalho (Bernardim, 2014).
Expectativas diante da possibilidade de ter um curso superior
A expectativa de entrar rapidamente no mercado de trabalho depois de formados foi um fator que se mostrou bastante importante na escolha dos cursos superiores, o que foi observado por meio de dinâmicas de grupo, momento em que o grupo demonstrou maior interesse pelas profissões mais reconhecidas, valorizadas e prestigiadas, como constatado em outros estudos (Whitaker, 2010). Todos revelaram que queriam fazer um curso superior pela perspectiva de terem mais chances de conseguir um bom emprego, bem como de galgar cargos com melhores condições laborais e maiores salários.
Durante as discussões e reflexões sobre a inserção no mercado de trabalho a partir da profissão escolhida, notou-se que os alunos mais jovens demonstraram vontade de seguir uma carreira que lhes garantisse independência financeira, com uma colocação profissional rápida (Oliveira, Souza, Kurokawa, & Odriozola, 2009), e que proporcionasse reconhecimento e orgulho da família pela superação educacional e econômica (Silva & Santos, 2003), como declarado por um aluno: "Vou me esforçar, pois o meu objetivo é entrar na faculdade e sair dela com diploma na mão, orgulhar a minha família e, lógico, garantir o meu futuro" (participante Fábio).
A esperança de ser empregável e garantir o futuro por meio de um curso universitário foram os fatores que moveram grande parte dos estudantes do cursinho popular a prestar ENEM, como observado na fala de um estudante: "Vou me empenhar o máximo para conseguir passar no ENEM, e no futuro trabalhar em uma empresa de grande porte e garantir um futuro" (participante Marcos). Outros, ao estarem inseridos em trabalhos e atividades sem significado, expressaram uma visão mais realista e menos iludida acerca das possibilidades de rendimento futuro após a formatura, como a fala de uma aluna que optou por licenciatura: "É bem melhor trabalhar em algo que você gosta, mesmo ganhando pouco, porque aí não importa muito, porque vai estar fazendo o que realmente está a fim" (participante Aline).
A reflexão sobre os fatores relacionados ao desemprego foi realizada com o intuito de fazer com que o grupo percebesse a volatilidade presente no mundo do trabalho, pois apesar da escolha profissional por um curso superior aumentar a capacidade de empregabilidade, não significa garantia de emprego formal (Silveira & Calheiros, 2004). Para isso foram projetados vídeos e levantadas impressões sobre desemprego e empregabilidade, permeadas pela reflexão sobre o discurso que prega a exigência social da busca constante pelo aumento de escolaridade e qualificação, situação que foi constatada no grupo, que vivenciava dificuldade de conseguir um emprego com boas condições de trabalho e com salário digno, conforme relato: "Consegui chegar até a 5ª série e parei de estudar para trabalhar; tive uma infância muito difícil, depois comecei a perceber que as coisas seriam bem mais difíceis se eu não voltasse a estudar" (participante Carla).
Foi constatada a vontade de realização profissional e pessoal pelo aprimoramento proporcionado pelo conhecimento adquirido dentro de um curso superior, em escolhas bem consolidadas e que não puderam ser colocadas em prática por conta da falta de oportunidades financeiras anteriores: "(Tenho) Curso técnico em mecânica industrial. Hoje estou com uma carreira estável na marinha e trabalho na minha área e formação. Pretendo aumentar meus conhecimentos com o ensino superior e alcançar maiores realizações pessoais e profissionais" (participante Guilherme).
Para as pessoas mais velhas, a escolha profissional já estava amadurecida, pela própria experiência ocupacional realizada até então: "Busco hoje, com 39 anos de idade, o tão formoso sonho de conseguir realizar-me profissionalmente fazendo o curso de Pedagogia, porque gosto de trabalhar nessa área; já trabalhei em creche e gostei muito de estar no meio de crianças, para ajudá-las no seu desenvolvimento" (participante Carla).
Observou-se, de forma geral, que a perspectiva de conseguir concluir um curso universitário representa para os alunos a possibilidade de alcançar a independência econômica, a autonomia e melhorar o padrão de vida, significando um momento de satisfação pessoal pela escolha realizada. Isso porque para os jovens desfavorecidos socioeconomicamente ou abaixo da linha da pobreza concluir um curso superior representa aumento do salário, da posição social, do consumo e da autoestima (Dias Sobrinho, 2010).
Quando indagados sobre o modo com que pretendem objetivar sua entrada na carreira escolhida, todos se mostraram otimistas com a possibilidade de passar em um concurso público ou conseguir um novo emprego por meio da entrega de seu currículo. Outros disseram que pretendiam continuar estudando. Entretanto, como muitos deles não possuíam informações precisas sobre as profissões, os salários, nem sabiam dizer as dificuldades existentes para a concretização de suas aspirações ocupacionais, foram impelidos a pensar sobre um projeto profissional dentro do seu contexto histórico, levando em consideração as estruturas sociais, econômicas, assim como aspirações individuais e familiares.
Conforme Sparta e Gomes (2005) a construção de um projeto profissional mostra-se relevante para desmistificar a crença que os alunos elaboram de que ao término do ensino superior ingressarão no mundo do trabalho de forma privilegiada, alcançando facilmente a ascensão social. Por isso, foi reforçada a necessidade de reflexão sobre um projeto de vida profissional maleável, pois as facilidades e barreiras que encontram na sua trajetória determinarão com que tomem novas decisões e escolhas em face do mundo laboral, que demanda a cada momento novas exigências dos trabalhadores. Ainda, como a escolha de uma profissão não termina no momento em que se elege uma ocupação, mas acontece ao longo de toda a vida (Soares & Sestren, 2007), colocou-se em pauta que a construção do projeto profissional depende de escolhas permanentes que se dão durante toda a vida, em que várias oportunidades e possibilidades são disponibilizadas e a pessoa tem que optar e decidir em seguir ou mudar seu caminho em um dado momento histórico, sendo ator e autor de sua individualidade (Bock, 2006).
Ao se realizar esta pesquisa-ação dentro de um programa de orientação profissional buscou-se ir além da discussão sobre escolha profissional ou da orientação em como conseguir um emprego, contribuindo para os participantes pudessem formular um projeto de vida em que o sentido do trabalho fosse apreendido enquanto possibilidade de realização pessoal, descobertas e oportunidades, por meio da sua participação no mundo através do trabalho (Silva, 2011). No caso dos cursinhos populares, a orientação profissional deve ser realizada de forma a preparar os alunos para o ENEM e para que sejam capazes de perceber as limitações que já conseguiram superar, o que vai melhorar a autoestima e garantir a formação crítica do grupo (D'Ávila, 2006), visto que a presença do trabalho da psicologia pode ajudar a levantar as aspirações e analisar as condições concretas, evitando a desistência dos estudantes de ingressarem no ensino superior.
Considerações Finais
Por meio do projeto de orientação profissional foi possível levantar e analisar os interesses e fatores que influenciavam as escolhas profissionais dos alunos de origem popular, proporcionando ao mesmo tempo subsídios para a reflexão do grupo acerca das condições concretas presentes naquele momento para a realização das suas escolhas e tomada de decisão com maior autonomia para o presente e o futuro, a partir de uma construção do conhecimento em conjunto com a orientadora.
O fato de o ensino superior ter se tornado uma aspiração crescente pelas camadas populares, acarretando em uma maior procura por cursos pré-vestibulares gratuitos, sinaliza a importância da orientação profissional nesse contexto, já que a origem socioeconômica desfavorecida limita o acesso às carreiras com mais prestígio, diminuindo o grau de liberdade para escolher um curso superior com maior concorrência e que seja ofertado durante todo o dia. No geral, os estudantes percebem o ensino superior como um investimento que aumenta suas chances de concorrer no mercado de trabalho, mas que ao se depararem com suas condições materiais e educacionais acabam por optar por cursos menos concorridos, nos quais têm mais chance de aprovação, mas que são os de menor prestígio social e econômico, e que os capacitam para empregos pouco valorizados e com baixa remuneração, como é o caso das licenciaturas. Com isso, proporcionar condições para que os alunos se reconhecessem como detentores e construtores de uma história, capazes de transformar a sua realidade, foi o grande desafio deste trabalho.
Apesar dos obstáculos e limitações existentes no momento da escolha, determinados pelas dificuldades econômicas, escolares e culturais anteriores, entende-se que a oportunidade de concluírem um curso universitário contribui para a minimização da injustiça social, por meio da maior equidade de chances que é desenvolvida pela vivência e formação universitária. Nesse sentido, a orientação profissional em cursinhos populares deve ser realizada em conjunto com reflexões sobre as políticas públicas educacionais e de proteção social, as quais podem dar respaldo a novas escolhas e opções de vida e de futuro a grupos desfavorecidos economicamente.
No caso do cursinho pesquisado, o fato dos alunos universitários pertencentes da própria comunidade popular socializarem informações, conhecimentos e vivências sobre o projeto gerou curiosidade e vontade de pertencer também àquele espaço, tornando aquela experiência significativa para todo o grupo envolvido. Salienta-se, entretanto, que poucas são as pesquisas e práticas realizadas no âmbito de cursinhos preparatório pré-ENEM que sejam populares, evidenciando ainda a pouca incursão da psicologia nesse contexto, caracterizado por uma população que tem acesso limitado à informação sobre a realidade ocupacional e de qualificação, pela sua condição social desigual. Sugere-se, portanto, que mais investigações e ações em orientação profissional apoiem a democratização do acesso ao ensino superior público e de qualidade.
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Endereço para correspondência:
UFMS - CPAN - Curso de Psicologia.
Av. Rio Branco, 1270, Vila Mamona
79304-902, Corumbá-MS.
Fone: 67 3234 6891, Fax: 67 3234 6813.
E-mail: vanessa.figueiredo@ufms.br
Recebido 04/10/13
1ª Revisão 24/01/15
Aceite Final 10/09/15
Sobre os autores
Vanessa Catherina Neumann Figueiredo é Professora Associada da UFMS, com experiência na área de Saúde Mental e Trabalho, Psicologia Organizacional e do Trabalho e Orientação Profissional. Docente do curso de Psicologia, do Mestrado em Educação Social e do Mestrado em Estudos Fronteiriços.
Adriane Vargas Barbosa é Professora da UNEMAT das disciplinas Psicologia do Trabalho e Psicologia nas Relações Humanas.
1 As autoras agradecem a Fundect/CNPQ pelo apoio à realização da pesquisa.