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Vínculo
versão impressa ISSN 1806-2490
Vínculo vol.9 no.1 São Paulo jun. 2012
ARTIGOS
Questões contemporâneas (e não contemporâneas) sobre a prática clínica
Contemporary (and not contemporary) questions on the clinical practice
Temas de actualidad (y no contemporánea) en la práctica clínica
Laís Santin Silva1; Laura Vilela e Souza2; Fabio Scorsolini-Comin3
RESUMO
As recentes transformações econômicas, sociais e culturais têm exigido da Psicanálise não apenas um posicionamento, mas também uma reflexão por parte de seus profissionais acerca de seu método e sua prática contemporânea. Sendo assim, este estudo buscou compreender os significados construídos sobre a prática clínica na visão de cinco analistas de orientação psicanalítica e psicanalistas. Por meio de entrevistas semiestruturadas com esses profissionais, elegeram-se como eixos principais o contrato, analisibilidade e indicação, transferência, contratransferência, faltas, atrasos, número de sessões, uso do divã, setting e término da análise, ou seja, questões que atravessam a própria constituição dos saberes da área. De um modo geral, as falas das participantes revelaram uma certa flexibilização da prática clínica, com a adoção de posicionamentos mais dinâmicos e reflexivos, tanto em função do contexto quanto do desenvolvimento da ciência psicológica. Ainda assim, questões clássicas como a neutralidade do analista parecem ser perseguidas no fazer cotidiano, por mais que se questione a exequibilidade do conceito na prática atual.
Palavras-chave: Profissional de Psicologia; Psicoterapia; Analista; Psicanálise.
ABSTRACT
Recent economical, social and cultural transformations have demanded from Psychoanalysis not only answers, but reflections about professional's practice and methodology. This study aimed to comprehend the meanings constructed about the clinical practice using the descriptions of five psychotherapists that use psychoanalysis in their practice and psychoanalysts. Through the use of semi-structured interviews with these professionals, some themes were selected to be discussed: the contract, analyzability, reference, transference, counter transference, absence, delays, number of sessions, the use of coach, setting and analysis conclusion, all questions that are present in the construction of knowledge in the field. In general, the participants' sayings revealed certain flexibility in clinical practice, with the adoption of more dynamic and reflexive positions, concerning the context and also the development of the psychological science.
Keywords: Psychology Professional; Psychotherapy; Analyst; Psychoanalysis.
RESUMEN
El psicoanálisis recientes económicos, sociales y culturales han requerido no sólo una posición, sino también una reflexión sobre la parte de su vida profesional acerca de su método y su práctica contemporánea. Por lo tanto, este estudio trata de comprender los significados construidos en la práctica en la visión de cinco psicoterapeutas psicoanalíticos y los psicoanalistas. Por medio de entrevistas estructuradas con estos profesionales, elegidos como los ejes principales del contrato, y indicación de analisibilidad, transferencia, la contratransferencia, ausencias, llegadas tarde, el número de sesiones, el uso de la camilla, el establecimiento y la realización de análisis, es decir, los problemas que atraviesan la constitución del conocimiento de la zona. En general, los testimonios de los participantes mostraron una cierta flexibilidad de la práctica clínica, con la colocación en adopción más dinámico y reflexivo, tanto en función del contexto y el desarrollo de la ciencia psicológica. Sin embargo, los autores muestran cómo la neutralidad del analista parecen llevarse a cabo en las actividades diarias, tanto como cuestionar la viabilidad del concepto en la práctica real.
Palabras clave: Psicología; Profesional de Psicología; Psicoterapia; Analista; Psicoanálisis.
1. Introdução
Não me podes negar um fato, disse ele; é que o prazer do beneficiador é sempre maior do que o do beneficiado. Que é o benefício? É um ato que faz cessar certa privação do beneficiado. Uma vez produzido o efeito essencial, isto é, uma vez cessada a privação, torna o organismo ao estado anterior, ao estado indiferente. Supõe que tens apertado em demasia o cós das calças; para fazer cessar o incômodo, desabotoas o cós, respiras, saboreias um instante de gozo, o organismo torna à indiferença, e não te lembras dos teus dedos que praticaram o ato. (Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1999, p. 223-224).
A regulamentação da Psicologia como profissão ocorreu em 1962, ou seja, falamos de uma ciência-profissão ainda em fase de construção. Segundo as reflexões de Dimenstein (2000), os cursos de Psicologia têm se caracterizado ao longo dos anos por não possibilitarem ao aluno o conhecimento dos aspectos sociais, históricos, políticos e ideológicos que determinam sua prática e a realidade em que atua. Os currículos desses cursos espelham e produzem um modelo hegemônico de atuação profissional que determina a representação social que o público tem da Psicologia e do psicólogo, geralmente relacionado à prática clínica (BOTOMÉ, 1996; MARTIN-BARÓ, 1997; SCORSOLINI-COMIN; SOUZA; SANTOS, 2008). E é na clínica que encontramos um locus privilegiado para discutirmos as psicoterapias de orientação psicanalítica.
Atualmente, o mundo vem sofrendo sucessivas, profundas e aceleradas transformações em todas as áreas e dimensões, na sociedade, na economia, na cultura, na ciência e no rastro de todas essas, também a Psicanálise vem sofrendo essa continuidade de crises e mudanças em sua teoria, técnica e aplicabilidade (FAVILLI, 1998; NUNES; FERREIRA; PERES, 2009). Aos poucos, a Psicanálise deixou de ser restrita à remoção de sintomas e passou a acolher pacientes com outras demandas. Nos consultórios, contemporaneamente, a demanda de pacientes com patologias decorrentes da culpa extrema por terem desejos e sentimentos proibidos, que sofrem por uma repressão ou fuga promovida pelos mais diversos mecanismos de defesa diminuiu substancialmente, abrindo espaço para pacientes com uma angústia existencial (ZIMERMAN, 2007). Este mesmo autor coloca que o sofrimento trazido pelos pacientes não gira mais em torno do clássico embate entre pulsões e defesas, mas, sim, em torno das carências, das falhas e faltas que ocorrem e se instalam no início do desenvolvimento emocional primitivo, que formarão e determinarão vazios no ego do sujeito, à espera de serem preenchidos pela figura do analista, que poderá acontecer por meio de uma função psicanalítica.
Assim, o tratamento psicanalítico é buscado como uma solução mais rápida para sua queixa, o que pode ser justificado tanto por razões econômicas como pela explosão do uso de medicamentos, principalmente antidepressivos. Não apenas a demanda tem-se modificado, mas o perfil do analista. Nos períodos da Psicanálise ortodoxa e clássica, o que era muito valorizado na pessoa do analista eram suas habilidades em decodificar os conflitos latentes que apareciam indiretamente nos conteúdos manifestos expressos em atos falhos, lapsos, sonhos, sintomas e nas associações livres de ideias. O analista também deveria ser fiel às regras da época como "abstinência", "neutralidade" e "anonimato", a fim de manter uma distância de seu paciente (ZIMERMAN, 1999).
Pode-se dizer que o analista alcançou um grau de autonomia na qual seria quase impossível manter-se estático, e ser apenas um representante submisso de uma teoria vigente, científica ou pessoal. Buscar, indagar e inovar é uma necessidade na clínica contemporânea (FAVILLI, 1998). Segundo Zimerman (2007), por uma influência kleiniana, por muito tempo a clínica ficou presa na interpretação transferencial e fundada nos objetos internos do paciente, dando menor importância aos aspectos concretos e reais do mundo externo. A análise processava-se de uma forma unilateral: de um lado o paciente, com suas angústias, trazendo seu "material", enquanto, de outro, o analista em uma posição de saber. Hoje, com a desconstrução do saber absoluto e da crença em apenas uma verdade, abre-se espaço no próprio analista para o não saber, ainda que se mantenha uma simetria entre analista e paciente (ZIMERMAN, 2007). O que se percebe, na atualidade, é a assunção de um analista que não obedece mais cegamente às autoridades superiores a ele, como a Psicanálise sendo única, ele respeita mais seu consenso racional, afetivo, intuitivo, frente a cada paciente em sua clínica.
Um dos aportes contemporâneos que mais têm contribuído para se repensar a prática clínica é a Psicanálise das Configurações Vinculares (PCV), que parte da insuficiência do modelo teórico psicanalítico vigente para abarcar a discussão acerca dos acontecimentos que emergem das relações entre os sujeitos. Vínculo pode ser definido como "a estrutura relacional em que ocorre uma experiência emocional entre duas ou mais pessoas ou partes da mesma pessoa" (FERNANDES, 2003, p. 44). Ao enfatizar o vínculo, segundo Seminotti e Cardoso (2007), abre-se a perspectiva de discutir a relação movida pelo excesso ou a estranheza provocados pelo outro sujeito e não apenas pelas faltas ou pulsões de um em relação ao outro, como objeto de projeção ou de identificação. Assim, como destacado por Berenstein (2001), considerar o relacional ou o vincular é uma possibilidade própria da contemporaneidade e se estende ao entendimento dos grupos como uma configuração de vínculos, uma relação entre sujeitos.
Apesar de a PCV centrar-se na dinâmica grupal, suas considerações podem contribuir para uma reflexão sobre os vínculos atualizados na psicoterapia individual, uma vez que destaca o sujeito como possuidor de diversos vínculos inconscientes. Tais considerações extrapolam o foco no indivíduo e em suas particularidades, potencializando os vínculos como estratégia de crescimento e também de transformação psíquica. Na abordagem da PCV a subjetividade é construída nos múltiplos vínculos dos quais o sujeito participa, sendo a unidade vínculo uma zona de encontro entre dois ou mais sujeitos, de modo inconsciente, que os liga numa relação de presença, constituindo-os como sujeitos do vínculo (BERENSTEIN, 2001; PUGET, 2002; SEMINOTTI; CARDOSO, 2007).
A partir deste panorama, este estudo objetiva compreender os significados construídos sobre a prática clínica contemporânea na visão de analistas de orientação psicanalítica e psicanalistas. Especificamente, busca-se conhecer de que maneira esses profissionais colocam em prática as definições teóricas e técnicas de Psicanálise, adequando-as à sua realidade no consultório.
2. Método
2.1 Tipo de estudo: Trata-se de um estudo de exploratório e transversal, de caráter qualitativo.
2.2 Cuidados éticos: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa das Faculdades Integradas Fafibe (Processo 141/2009).
2.3 Participantes: Foram entrevistados cinco profissionais que possuem consultórios e atendem seguindo a orientação psicanalítica. Todos participaram voluntariamente a partir da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, recebendo nomes fictícios, a fim de preservar o anonimato: (a) Anna, 24 anos, solteira e possui clínica há três anos; (b) Frances, 47 anos, divorciada, 4 filhos e possui clínica há 10 anos; (c) Margareth, 40 anos, casada, 2 filhos, possui clínica há 14 anos; (d) Melanie, 55 anos, solteira, 1 filha e possui clínica há 15 anos; (e) Françoise: 67 anos, viúva e possui clínica há 25 anos. As entrevistas ocorreram nos consultórios das participantes, com duração média de 45 minutos.
2.4 Instrumento: Foi utilizado um roteiro de entrevista semiestruturada, composto por perguntas gerais que apenas guiaram os temas levantados pelo entrevistador. A partir dessas perguntas gerais o entrevistador, de acordo com a especificidade dos relatos de cada participante, explorou mais profundamente o tema com demais perguntas relacionadas. As perguntas gerais, dentro desse importante instrumento nas ciências humanas, dão a liberdade necessária ao entrevistador para as especificidades de cada entrevista (MINAYO, 1999).
2.5 Procedimentos: O pesquisador estabeleceu o rapport com os participantes, fornecendo as informações e os esclarecimentos necessários acerca dos objetivos e procedimentos concernentes à pesquisa. As entrevistas foram realizadas em um único encontro com cada participante, com média de 50 minutos de duração, foram audiogravadas e transcritas na íntegra.
2.6 Análise dos dados: Foi utilizado o método da análise de conteúdo temática (MINAYO, 1999). Essa forma de análise é composta por três etapas: pré-análise (organização do material e sistematização das ideias); descrição analítica (categorização dos dados em unidades de registros) e interpretação referencial (tratamento dos dados e interpretações). Assim, uma vez identificados os temas principais, recorreu-se à classificação das falas de acordo com as unidades temáticas. No decurso do processo de análise procurou-se identificar os elementos comuns nos depoimentos, assim como aqueles aspectos considerados ímpares, que se mostraram úteis e significativos para a compreensão almejada pelo estudo. Em seguida, foi realizada a interpretação dos resultados dessa análise, tendo como quadro teórico de referência a abordagem psicanalítica.
3. Resultados e Discussão
Da análise das entrevistas, foram reconhecidos os seguintes temas centrais: o contrato, analisibilidade, faltas, atrasos, número de sessões neutralidade do analista e término da análise. A seguir, abordaremos cada um deles a partir das falas das próprias entrevistadas.
3.1 Primeiro passo: o contrato psicanalítico
Comumente, o primeiro contato com a pessoa que busca tratamento analítico se estabelece com o analista por meio de um telefonema, tanto falando com uma secretária ou deixando um recado em uma secretária eletrônica ou, ainda, conversando diretamente com o analista. Segundo Zimerman (2007), nesse primeiro contato já se estabelece um tipo de vínculo, que pode vingar ou não. Isso é exemplificado na fala de Françoise:
O primeiro contato com meus pacientes se dá através do telefone, eles ligam aqui na clínica, deixam um recado na minha secretária eletrônica e após ouvi-los eu retorno para, quem sabe, marcarmos uma primeira sessão.
Em um primeiro telefonema, o analista já consegue perceber um jeito de "ser" do paciente, pelo tipo de linguagem que é usada. Muitas vezes, trata-se de um tom de voz tímido, que vem acompanhado de pedidos de desculpas por estar atrapalhando, outras vezes expressões frágeis e até entoações que despertam no analista uma sensação de arrogância, desprezo, um mandonismo, como, por exemplo: "eu só posso ir à terça feira depois das cinco da tarde", em tom categórico; o que pode tratar-se de alguém que esteja defendo-se de suas angústias (ZIMERMAN, 2007). Este autor também afirma que, na entrevista inicial, o analista deve ter claras as condições psíquicas e pragmáticas, que tanto ele quanto o pretendente à análise possuem antes de iniciarem uma relação que provavelmente será longa e duradoura e que, mesmo sendo custosa financeiramente para o paciente, não tem garantia de sucesso.
Da perspectiva da PCV, considera-se importante a análise da metacomunição estabelecida entre analista e paciente. Sendo assim, o analista deve estar atento ao conteúdo da comunicação, mas também ao processo conversacional que se estabelece (FERNANDES, 2003). Essa dupla escuta é fundamental desde o primeiro contato telefônico com o paciente, permitindo ao analista compreender o que pode dificultar ao paciente procurar ajuda. Isso porque em qualquer início de análise, ainda que o paciente experimente boas sensações, gratificações, inevitavelmente também passará por momentos de sofrimentos, incertezas, com muitos imprevistos. Como afirma Anna:
Muitas vezes percebemos a angústia do paciente, pode aparecer de várias formas e talvez por se pensar que a terapia leva sempre a uma melhora, o paciente ao se deparar com certo sofrimento, pode até acabar por desistir do processo.
Anna confirma a afirmação de Zimerman (2007) de que mesmo com boas sensações o paciente, muitas vezes, pode se encontrar em momentos de angústia e na vivência dela, podendo levar até à desistência da terapia por parte do paciente. Como abordado na introdução deste trabalho, o foco do analista, na persepectiva da PCV, deve ser a experiência emocional vivida com o paciente, olhando para suas narrativas não em termos de causa e efeito, tal qual a teoria pulsional freudiana assumia, mas como construções das quais o analista participa. Ou seja, o foco sai de uma leitura de mundo interno do paciente para uma leitura de como é que nós juntos estamos produzindo essa conversa, essas vivências emocionais e esse cenário relacional.
Com o foco no mundo de relações, ou seja, nos vínculos formados, a PCV ressalta a importância de que o analista leve em conta, também, o plano interpessoal da constituição vincular, ou seja, a relação da pessoa com o contexto social, político e cultural mais amplo (FERNANDES, SWARTMAN, FERNANDES, 2003). No caso da formulação do contrato grupal com o paciente, a análise desse aspecto será relevante para a discussão, por exemplo, do preço das sessões de análise. Melanie fala sobre essa questão:
Eu acredito que a análise é um grande investimento pessoal e o número de sessões está hoje muito ligado ao alto custo das sessões que se somam ao final do mês. Porém, eu vejo isso como um investimento no próprio paciente e muitas pessoas gastam muito viajando, comprando, enfim, porque não gastar com o bem-estar psíquico? Eu tenho um preço que é igual para todos, porque não consigo analisar quem precisa mais ou menos...
Já Margareth expõe um ponto de vista diferente em relação aos honorários definidos no contrato:
Eu tenho um valor fixo, como se fosse uma tabela cheia, né? Mas tenho uma margem de negociação, principalmente se a pessoa faz mais sessões, não sou muito inflexível nesse sentido não, faço bastante concessão dependendo da necessidade.
Apesar de se tratar das dificuldades financeiras em que os pacientes comumente experimentam hoje, as opiniões de Melanie e Margareth destoam-se. Uma mostra maior rigidez no sentido de negociações acerca dos valores e a outra se mostra mais flexível, permitindo negociações conforme a necessidade. Essas formas de entender a questão do pagamento da análise relacionam-se com as formas contemporâneas de lidar com dinheiro, com a valorização das práticas psi, com o poder aquisitivo das diferentes classes sociais, etc. Ou seja, como sugere a PCV, o analista não deverá perder de vista os lugares sociais específicos ocupados na relação estabelecida entre analista e paciente e o cenário social mais amplo que legitima esses lugares e suas funções, direitos e deveres.
Ainda sobre esse primeiro contato analista-paciente, sentimentos de idealização ou até de certo denegrimento podem aparecer, se confirmando ou não no curso posterior do tratamento psicanalítico. A entrevista inicial pode ultrapassar, muitas vezes, uma única sessão; pode ser necessária uma avaliação mais cautelosa e demandar um período mais longo. Existe também a chance de o analista já saber de alguma impossibilidade de atendimento, por qualquer motivo que seja, ele deve se mostrar disponível, fazendo talvez uma avaliação com o objetivo de conhecer melhor o caso para, assim, sugerir um encaminhamento (ZIMERMAN, 2007). Frances, ao falar do contrato, afirma que:
Algumas vezes, principalmente com crianças, que vem os pais, não consigo fechar a entrevista em uma única sessão. Muitas vezes ultrapassa até duas sessões, chegando até três, quatro. A queixa trazida muitas vezes é confusa, o que me toma mais tempo e é preciso mais cautela.
Nessa fala observa-se o que a literatura citada adota sobre muitas vezes ser necessário períodos mais longos de contato com o paciente para fechar o contrato. Frances fala dessa necessidade de uma avaliação mais cautelosa do caso que será atendido no consultório. Para Zimerman (2007), a entrevista inicial é como um trailler de um filme, que posteriormente será visto na íntegra, ou seja, a entrevista inicial nos permite observar de forma condensada o essencial do paciente e aquilo que provavelmente vai se desenvolver no campo analítico. Berenstein (2001) acredita que nessa oportunidade do encontro analista-paciente, deve-se ter espaço para a discussão da própria relação, como para se falar da confusão mencionada por Frances no fragmento de entrevista apresentado anteriormente.
3.2 Analisibilidade
Algumas questões são bastante polêmicas em torno de alguns critérios que também são analisados na entrevista inicial, como a analisibilidade (FERRO, 1998). Este conceito, segundo Etchegoyen (2004), pode ser entendido como uma tentativa de precisar indicações e contraindicações, além das categorias diagnósticas. Ao longo do tempo, esse conceito foi acrescido e, por alguns autores, substituídos por outros dois. O primeiro é o conceito de idoneidade para a análise, ou seja, trata-se da capacidade do paciente de estar dentro de um setting analítico e de viver um processo transformador (FERRO, 1998). O segundo é o de acessibilidade à análise. Etchegoyen (2004) afirma que a indicação de Psicanálise, quando não há uma contraindicação específica e irrecusável, é sempre um processo complexo, porém a motivação para a análise e o desejo de conhecer a si mesmo, são fatores decisivos e determinantes, talvez mais importantes do que o tipo de enfermidade e outras circunstâncias. A colocação de Margareth segue a mesma direção:
Algumas vezes percebemos que para determinadas pessoas o tratamento analítico é doloroso, difícil até mesmo por questões cognitivas, neurológicas, ou por conta de alguma patologia, enfim... o que mais importa na minha opinião é a vontade de estar ali na sessão, de se conhecer, de se encontrar.
A afirmação de Etchegoyen (2004) também se relaciona com a opinião de Ferro (1998) quando este diz que não costuma recusar pacientes para análise, a não ser por falta de horário. Segundo ele, o único critério de analisabilidade útil é a de considerar a possibilidade de operações transformadoras na sessão, observando quais as capacidades de formar imagens, histórias e rêveries, que se ativem e fertilizem a dupla (FERRO, 1998). Outra questão abordada por este autor é a de até que ponto a analisabilidade é válida, já que o paciente ser "analisável" não significa que o processo chegará a uma conclusão de uma última etapa prevista, ou seja, não é garantia de um "término" adequado.
A PCV colabora com essa discussão na medida em que muda seu foco de atenção para a dimensão intersubjetiva e que trata o indivíduo não mais como autocontido, mas como em constante transformação e inter-relação com seu contexto de vida. Sendo assim, torna-se muito mais complexa a definição de se alguém está apto ou não para um processo analítico, uma vez que não se trata mais de lidar com um ser humano tomado com uma identidade fixa e estável (BERENSTEIN, 2001). Puget (2002), por exemplo, fala em um ser humano tomado como conjunto, por seus múltiplos vínculos que os definem. Sendo assim, afirmações reducionistas sobre quem pode ou não se beneficiar de um processo analítico não cabem mais.
3.3 Sobre o término do processo terapêutico
Sempre se discutiu se a análise pode e/ou deve terminar. Em "Análise terminável e interminável", Freud, contestando Rank, afirma que não era possível eliminar uma neurose inteiramente em alguns meses, pois sua experiência mostrava que quanto maior a expectativa de uma cura, menos se justificaria abreviar a terapia. Para Freud (1980a), diversas resistências por parte dos pacientes se oporiam à cura e dificultariam a imposição de limites à análise, algumas podendo até se tornarem intermináveis. Para Etchegoyen (2004), seriam intermináveis pelo fato de que o crescimento mental e a saúde mental nunca se conquistariam por completo, ao mesmo tempo em que, para ser independente, não se pode depender de um outro, ou seja, o analista, para todo o sempre.
Ferenczi (1966) afirma categoricamente que a análise pode e deve terminar e acrescenta que um término correto não deve ser brusco, mas sim gradual e espontâneo. A convicção de que a análise deve terminar, compartilhada por Freud e Ferenczi, assim como por muitos analistas atuais, assenta-se muito em fatos clínicos bem comprovados, embora em alguns casos apontem o contrário (ETCHEGOYEN, 2004). A esse respeito, Margareth comenta:
Eu nunca dei alta pra nenhum paciente, acredito nessa possibilidade sim, talvez não tenha dado por falta de experiência... ou até por não ter tido pacientes por tempo suficiente.
Segundo Ferro (1998), o término da análise é muito particular de cada caso, de cada dupla. Ele acredita que no curso da análise haverá uma "sinalização" indicando seu fim, fim esse que é preparado desde a primeira sessão. A respeito da cura analítica, Melanie diz: "... creio que o paciente alcança uma autonomia e que o torna capaz de não frequentar mais a análise."
Melanie, assim como Ferro (1998), atesta que a autonomia alcançada pelo analisando pode o levar ao fim da análise. É válido destacar, assim como faz Zimerman (2007), as diferenças entre "término", "interrupção" e "suspensão" da análise. A primeira alude à ideia que os objetivos traçados pela dupla foram suficientemente atingidos e que, conforme já citado, o paciente adquiriu uma autonomia para reger sua vida com uma boa qualidade. A expressão "interrupção" designa que por diversas e diferentes razões o paciente interrompeu a análise quando visivelmente ainda se tinha condições satisfatórias para fazê-lo. E, por fim, o termo "suspensão" designa o fato de que em comum acordo com o analista, o paciente não pode por questões de viagem longa, dificuldades financeiras, mudança de cidade ou não quer continuar a terapia. Anna relata experiências já vividas em relação à interrupção da terapia:
Eu percebo aqui, com os pacientes que eu atendo que as pessoas já vêm querendo saber quando vão parar, elas não tem - parece - discernimento de que é um processo demorado, longo e aí chega um ponto que elas acham que estão ótimas e não precisam mais e aí a gente conversa sobre, do porquê ela estar achando aquilo e tal, mas nem sempre tem como e não posso amarrar o paciente aqui, então aí pra alguns é pronto e acabou.
Anna coloca questões acerca das interrupções e de como parece ser doloroso ao analista simplesmente não poder segurar o paciente, porque em determinados pontos da análise eles simplesmente se vão. Em qualquer uma das três possibilidades, Zimerman (2007) postula que, juntamente com seu paciente, o analista deve procurar fazer um "balanço" do que este alcançou, o que talvez apareceria mais adiante, como foi o tempo em que estava em análise, enfim, uma conversa sobre ganhos, perdas e aspectos particulares de cada processo analítico.
A questão da definição do término da análise, refletida a partir da perspectiva do PCV, aponta para a importância do reconhecimento dos seguintes aspectos, mencionados por Fernandes (2005) com relação ao atendimento de grupos, mas que se encaixam também nesse contexto. O primeiro aspecto é que analista e paciente temem a mudança, portanto, o receio da separação dessa dupla deve ser tratado como algo que afeta ambos. Segundo aspecto, na atuação do analista deve-se levar em conta as incertezas, as "suscetibilidades narcísicas", como denomina o autor, a dificuldade na escuta daquilo que é desconfortável ao analista, como por exemplo, que o paciente já não mais precisa dele para continuar crescendo na vida. Como menciona Anna, é lidar com a opinião que o próprio paciente tem sobre si mesmo, que pode ser distinta da opinião do analista. Outro aspecto, bastante relevante para se pensar a definição do fim de uma análise, é o analista admitir não ser possuidor de verdades absolutas e admitir que qualquer decisão tomada responde a seu momento e está circunscrito pelas configurações vinculares das quais participa. É, por exemplo, o fato de ser iniciante, como menciona Margareth.
3.4 Número de sessões, faltas e atrasos
Juntamente com a entrevista inicial, faz-se o contrato analítico, momento no qual ocorre uma "apresentação" mútua das características pessoais de cada um e definem-se os papéis e funções, tanto do analista como do paciente. Na atualidade, alguns analistas ainda adotam o critério original, no qual eles impõem de modo detalhado uma série de recomendações, enquanto a maioria simplifica essas combinações para um "mínimo indispensável" (ZIMERMAN, 2007). O critério de "mínimo indispensável" remete às combinações que devem ser feitas acerca de número de sessões por semana, horários, honorários, plano de férias, incluindo a possibilidade de reajustes. Segundo Melanie:
Com menos de duas eu não consigo trabalhar, eu digo pros meus pacientes, tem gente que trabalhar até uma vez por mês, a cada quinze dias, eu não sei trabalhar assim; é uma questão minha, talvez particular, talvez também fruto da minha afinidade com a Psicanálise, do meu aprendizado, se você trabalha com um intuito mais profundo procurando raízes e tal não dá pra fazer isso uma vez na semana, o máximo que o paciente consegue fazer uma vez por semana é te contar o que aconteceu, não dá tempo de você fazer intervenções, de ter claro sobre aquilo que ele trouxe e ajudá-lo a descobrir coisas sobre ele.
O critério de mínimo de sessões para Melanie parece ser algo decisivo e de extrema importância para o tratamento analítico, já que, na opinião da psicanalista, há grandes diferenças dentro daquilo que se pode fazer quando o paciente é analisado mais de três vezes por semana. Ainda sobre essas questões tratadas no contrato, em relação às férias, Margareth afirma que:
Em relação às férias, eu exponho o meus períodos de férias, que são mais ou menos pré-determinados, eu tiro 15 dias em julho e 30 dias no final do ano, que pega época de Natal, começo de janeiro, às vezes já aconteceu assim ó, marquei uma viagem em fevereiro, que é fora desse tempo que eu tinha combinado eu tirei férias menores, só Natal pra compensar os dias que estive fora. Agora eu tento combinar para que os pacientes tenham férias nas datas que eu tenho, mas se às vezes não coincide, a gente conversa e negocia. Nas minhas férias eu não cobro a sessão, mas se é o paciente que precisa, a gente tenta chegar numa solução boa para os dois.
As faltas e atrasos nas sessões analíticas são acontecimentos certamente significativos. Segundo Ferro (1998), podem ser entendidos como ataques ao setting, já que de todo modo "perturbam" o trabalho que está em andamento, mas podem também ser entendidos como sinalizadores de reações terapêuticas negativas. Anna diz que:
Então eu tento pensar o que se suscitou com esse paciente, o que talvez aconteceu na última sessão com ele, que ele não veio, ou então se tem atrasos sucessivos o que será que está acontecendo com ele, que ele pode estar se boicotando.
A analista, em sua afirmação, coloca o modo com lida com as comunicações não-verbais citadas por Zimerman (1999) e Ferro (1998), nas quais ela tenta analisar o que provavelmente está acontecendo com o paciente que está levando-o a faltar e atrasar. Segundo Zimerman (2007), as faltas e atrasos fazem parte de uma primitiva comunicação não-verbal, as atuações (actings). Para este autor, o entendimento dos actings é um importante instrumento analítico, quer pelos seus múltiplos significados, quer pela sua alta frequência. Ele ainda coloca que a atuação, independentemente da forma que aparece, surge em toda e qualquer análise, seja de forma benéfica ou maléfica, discreta ou ansiosa, dentro (acting-in), ou fora (acting-out) do consultório.
Contemporaneamente, a forma do analista entender esses aspectos tem se transformado. Svartam (2011), psicanalista das configurações vinculares, ao invés de simplesmente entender a dificuldade de um paciente de fazer várias sessões de análise na semana como uma reação terapêutica negativa, por exemplo, prefere levar em conta o cenário social atual de privilégio de poucas pessoas para arcar com várias sessões semanais, tanto pelo alto custo como pela dificuldade de horário para tanto. Quanto às faltas, a autora afirma: "não podemos simploriamente interpretar muitas de suas não vindas a sessões como resistência à análise" (p. 46).
3.5 A neutralidade do analista
Outra regra bastante discutida atualmente é em relação à neutralidade do analista. Freud, em 1913, apresentou sua famosa metáfora do espelho, na qual ele aconselhava os médicos psicanalistas da época que o psicanalista deve ser opaco aos seus pacientes e, como um espelho, não lhes inferir nada, exceto o que lhe é mostrado (ZIMERMAN, 2007). O termo "neutralidade", originalmente indifferenz, cuja tradução mais próxima é "imparcial", deve ser praticada com muita cautela, já que muitos analistas, segundo Zimerman (2007), confundem um sadio estado de imparcialidade neutra, com uma verdadeira indiferença. Françoise comenta sobre a neutralidade, dizendo:
A neutralidade é essencial para a relação, já que o analisando saber da vida do analista pode interferir em alguma parte do processo, porém não podemos agir com indiferença quando nos deparamos com algumas perguntas invasivas, devemos interpretar o porquê daquela pergunta e trabalhar naquele momento a curiosidade.
Françoise comenta sobre essa indiferença que pode acontecer quando ocorre esse tipo de situação. Na opinião dela, o analista deve procurar interpretar e trabalhar o porquê daquilo ter aparecido naquele momento. Tal "neutralidade" vai muito de encontro ao postulado por Bion (1992), "sem memória e sem desejo", já que remete ao fato do analista estar somente disponível para os pontos de vista do analisando que, por sua vez, podem ser diferentes dos seus. Zimerman (1999) atesta que essa regra refere-se mais estritamente à necessidade do analista de não se envolver afetivamente com aquilo que lhes é transferido na sessão ou até com o próprio paciente. Diz, ainda, que a metáfora do espelho, citada por Freud, nos leva a pensar no analista como sendo uma fria superfície de um vidro recoberta com um amalgama de prata, que unicamente pesquisa, decodifica e interpreta. Em sua opinião, a concepção dessa regra vem mudando substancialmente.
A neutralidade, no sentido absoluto da palavra, é um mito impossível de ser alcançado, pelo simples fato de o psicanalista ser um ser humano e, portanto, possuir seus valores, sua ideologia, que são captadas pelo paciente. Anna, a respeito dessa impossibilidade de ser totalmente neutra, afirma:
Eu acho a neutralidade importante, mas eu acho impossível a gente ser totalmente neutro, não tem jeito porque tudo fala. A roupa que eu uso vai falar alguma coisa de mim, a maneira como eu abro a porta fala alguma coisa de mim, as minhas coisas aqui falam também, eu né? Sou eu. Eu tento deixar minhas coisas de lado o máximo que eu consigo, mas muitas vezes a gente traz, né?
Anna parece trazer pontos em que a neutralidade deixa de ser absoluta, já que em vários momentos, mesmo não sendo expresso através de falas por parte do analista, algo sobre ele aparece. Na perspectiva da PCV, o "outro real externo" (FERNANDES, 2003, p. 131) deve ser considerado, ou seja, quem é o analista tem total influência em como o processo relacional e a própria analíse acontece. Se o analista é bonito, feio, sua forma de se vestir, suas preferências culturais, sua formação intelectual, sua forma de falar e se comportar. E os efeitos dessas particularidades na relação com o paciente não são tomados como tabus, como nos primórdios da Psicanálise.
4. Considerações finais
O presente estudo buscou compreender as mudanças observadas na postura do analista em função das transformações de ordens econômica, social e culturais, destacando como esse profissional vem lidando e construindo sua prática clínica, o que extrapola as considerações unicamente individuais de desenvolvimento psíquico. As abordagens clássicas psicodinâmicas por vezes operam uma compreensão parcial de indivíduo, desconsiderando os laços que os constituem. É nesse sentido que a PCV possibilita um novo olhar ao justamente priorizar os vínculos tecidos pelos indivíduos como potências no tratamento psicoterapêutico.
Com isso, a pesquisa pode mostrar como essas profissionais colocam em prática as definições teóricas e técnicas da Psicanálise, além de compreender como as adequam à realidade de seus consultórios. Muitas vezes, o psicólogo não tem claro como o conhecimento que utiliza (técnicas e conceitos) é produzido e a quem beneficia. Esse processo se inicia no mundo acadêmico, conforme aponta Botomé (1996), pela adesão cega a teorias, técnicas, modelos e rituais profissionais que condicionam determinadas classes de respostas, consideradas suficientes e adequadas para explicar os problemas, independentemente de quem os apresenta e de suas características. Assim, o poder é exercido, encoberto por uma formação que em muito contribui para isentar o profissional da sua responsabilidade social e pessoal (SCORSOLINI-COMIN; SOUZA; SANTOS, 2008). Neste sentido, o exercício de reflexão feito pelos profissionais que praticam a Psicanálise na contemporaneidade, como visto nas entrevistas, não apenas pode modificar práticas e formas de se estar em contato com os pacientes, como também contribuir para o aprimoramento de um método para se compreender o humano. A PCV é uma abordagem que tem crescido na contemporaneidade justamente por não isolar os indivíduos em suas questões pessoais e em suas relações objetais, incorporando os múltiplos outros que nos constituem no fazer terapêutico a partir de uma valorização dos vínculos.
Retomando a epígrafe de Machado de Assis, a relação entre analista e paciente não se resume apenas à busca de um alívio emocional, tal como se afrouxássemos o cós de uma calça que está apertada. A relação terapêutica, para além disso, busca justamente uma transformação, de modo que o par não somente assiste tal processo, como participa do mesmo, questiona, reinventa e possibilita um contato que não se encerra em um método clínico, mas na assunção de uma identidade profissional capaz de refletir constantemente sobre o sentido do contrato estabelecido, a relação analítica, o paciente, o analista e a sua própria prática diante das intersubjetividades que permeiam o trabalho psicológico.
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Endereço para correspondência e para publicação na revista
Profa. Dra. Laura Vilela e Souza
Departamento de Psicologia Clínica e Sociedade
Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)
Avenida Getúlio Guaritá, 159, 3º andar, Abadia, Uberaba, MG, CEP: 38025-440
Telefone: (34) 3318 5929
Recebido em 02/04/2012
Aceito em 15/06/2012
1 graduada em Psicologiapelas Faculdades Integradas Fafibe, Bebedouro. E-mail: laissantin@hotmail.com.
2 docente da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Psicóloga, Mestre e Doutora em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Especialista em Psicoterapia de Grupo pela SPAGESP. Líder do PROSA (Laboratório de Investigações sobre Práticas Dialógicas e Relacionamentos Interpessoais UFTM-CNPq). Pesquisadora do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Psicologia da Saúde (NEPPS-CNPq). E-mail: lauravilelasouza@gmail.com.br
3 docente da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Psicólogo, Mestre e Doutorando em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Líder do PROSA (Laboratório de Investigações sobre Práticas Dialógicas e Relacionamentos Interpessoais UFTM-CNPq). Pesquisador do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Psicologia da Saúde (NEPPS-USP-CNPq). Editor da Revista da SPAGESP. E-mail: scorsolini_usp@yahoo.com.br