No primeiro semestre de 2020 foi registrado o primeiro caso do novo coronavírus no Brasil, iniciando uma discussão sobre as regras e políticas de isolamento social para conter o vírus. Um dos serviços ampliados com o objetivo de atender a população foi a telessaúde (Caetano et al., 2020). Para os autores, com esse recurso, foi possível continuar a prestação de serviços realizados pelo profissional da saúde e reduzir o fluxo de pessoas na rua, objetivando a prevenção e contenção da transmissão do vírus. Nesse sentido, tal ferramenta facilitou o acesso e a continuidade de tratamento dos indivíduos.
Na Psicologia, a modalidade remota passou a ser uma forma de atendimento em 2012. O Conselho Federal de Psicologia (CFP), por meio da Resolução n° 11/2012, permitiu a realização de atendimento online, com exigências que restringiam o número de sessões e impunham a obrigatoriedade de cadastro em site específico para o exercício dos serviços psicológicos. Em 2018, devido às mudanças e avanços dos recursos tecnológicos, foi publicada a Resolução nº 11/2018 alterando o limite do número de sessões e exigindo um cadastro prévio individual no CFP. Esta resolução destaca que o atendimento online de crianças e adolescentes ocorrerá somente com o consentimento de um responsável legal, sendo de responsabilidade do profissional avaliar a viabilidade da prestação do serviço (CFP, 2018).
Devido às condições de isolamento causadas pela COVID-19 e com o compromisso e continuidade da prestação de serviços, o CFP liberou temporariamente o atendimento remoto por profissionais da Psicologia sem a confirmação do cadastro na plataforma. Sendo assim, os profissionais que tiverem demandas e viabilidade para o atendimento online poderão escolher uma plataforma virtual para o atendimento e prestar o serviço enquanto o seu cadastro estiver em processo de avaliação (CFP, 2020).
Viana (2020) destaca que houve um crescimento na procura dos serviços de saúde mental durante a pandemia. O atendimento remoto, desde sua regulamentação, auxiliou as pessoas a lidarem com suas inseguranças, ansiedade, depressão, luto e outros aspectos pré-pandemia. Ademais, o autor realizou uma pesquisa qualitativa, destacando que esta modalidade de prestação de serviço supriu parte das demandas psicológicas e conclui que o atendimento online deve continuar crescendo no contexto pós-pandemia. Por conta da inviabilidade de atender presencialmente crianças e adolescentes, psicólogos e outros profissionais na área da saúde migraram para o modelo remoto, com o intuito de auxiliar as demandas já existentes e atender as novas implicações geradas no período de isolamento social.
No contexto internacional, alguns estudos demonstram um aumento dos sintomas de transtornos psiquiátricos durante a pandemia. O estudo longitudinal de Bignardi et al. (2020), realizado antes, durante e após o bloqueio no Reino Unido, indicou que o isolamento teve um efeito nas alterações de humor nas crianças. Panda et al. (2021), por meio de uma metanálise de efeito aleatório que incluiu 15 estudos descrevendo 22.996 crianças, concluíram que crianças com diagnóstico anterior à COVID-19, como ansiedade, depressão, irritabilidade, alterações de humor, desatenção e distúrbios do sono, têm maiores chances de agravar seus sintomas comportamentais durante a pandemia, e as demais crianças, de desenvolver problemas psicológicos, como a ansiedade e a depressão. Em contexto nacional, constata-se que laboratórios de estudos e pesquisas, de diferentes abordagens, têm elaborado artigos e cartilhas com orientações para as famílias e discutido a viabilidade de atendimento online como forma de promoção da saúde mental das crianças, adolescentes e suas famílias (Gastaud et al., 2020; Quiterio et al., 2020).
O atendimento online com crianças e adolescentes pode ser visto como um desafio para diversos psicoterapeutas infantis, entretanto, a realização desses atendimentos tem-se mostrado possível, apesar dos obstáculos recorrentes (Gastaud et al., 2020). Diversas dificuldades podem ocorrer durante uma sessão de atendimento online com a criança, desde problemas técnicos como conexão com a internet, falta de luz ou equipamentos inadequados para o atendimento, até problemas com sigilo terapeuta-paciente, estabelecimento da relação terapêutica ou percepção dos componentes não verbais emitidos pelo paciente (Gastaud et al., 2020). Cabe questionar que classes sociais irão dispor de espaço e equipamento adequado para realização do atendimento online, considerando a realidade brasileira de famílias que não possuem meios de acesso à tecnologia ou espaço adequado para realização do atendimento que garanta o sigilo da sessão (Farias & Junior, 2021; Nascimento et al., 2020).
Apesar dos obstáculos citados, é possível constatar vantagens do atendimento remoto, tais como continuar oferecendo atendimento psicoterápico em meio ao contexto pandêmico. Pieta e Gomes (2014) discutem que o atendimento remoto viabiliza conhecer melhor o funcionamento familiar do paciente, visto que o terapeuta adentra o ambiente familiar e é capaz de perceber interações que não surgiriam em um ambiente orientado como o consultório. Usluoglu e Balik (2023) realizaram um estudo com sete psicólogas na Turquia, com o objetivo de investigar as opiniões e experiências dos psicoterapeutas sobre a psicoterapia online para crianças. Os resultados indicaram facilidade em atender pacientes distantes geograficamente e a economia de tempo e de custos no deslocamento, tanto para o terapeuta quanto para os familiares. Além disso, essa modalidade de atendimento aumentou a participação dos pais na psicoterapia. Por outro lado, há dificuldades nas relações terapêuticas; a falta de materiais e brinquedos afetou as aplicações da psicoterapia; o fato de as crianças se conectarem à psicoterapia em casa causou problemas de privacidade; e os problemas tecnológicos afetaram a comunicação e a sustentabilidade. Estes achados contribuem para a discussão da terapia online infantil de acordo com a abordagem teórica e o contexto social.
O trabalho junto a crianças e adolescentes da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), abordagem adotada para a disciplina ministrada no período pandêmico, apresenta os mesmos princípios básicos da terapia com adultos (cognições influenciam emoções e comportamentos das pessoas e o modo de emitir um comportamento pode afetar os padrões de pensamento e as emoções) (Friedberg & McClure, 2004), entretanto distingue-se na forma de acesso a criança, especialmente na utilização de recursos lúdicos (Pureza et al., 2014). O uso de jogos, brincadeiras e demais atividades terapêuticas precisaram ser repensados e adaptados para o novo formato online, levando em consideração a demanda do paciente e o contexto social. Jogos online, músicas, filmes e atividades lúdicas que detém a atenção do paciente passaram a ser ainda mais necessários, considerando os estímulos externos que podem dispersar a criança no ambiente domiciliar.
Apesar disto, em uma revisão sistemática realizada por Braga et al. (2021), destacou-se a eficácia da grande maioria de tratamentos que adotam a abordagem da TCC por intermédio da internet. Os estudos encontrados apresentaram resultados promissores e redução significativa dos sintomas nos atendimentos de adolescentes com diferentes transtornos. Destaca-se que as sessões de psicoeducação com os familiares, aspecto essencial na TCC, tem a função de fortalecer a parceria, esclarecer sobre os aspectos psicológicos e desenvolver estratégias de atuação (Friedberg & McClure, 2004; Pureza et al., 2014), tornando-se viável também em formato online, inclusive, com a possibilidade de envolver diferentes cuidadores.
Em pesquisa realizada nas plataformas BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), SciELO (Scientific Eletronic Library Online) e Google Acadêmico, utilizando os descritores “psicoterapia online” AND “infância” / “adolescência”, percebe-se a escassez de artigos que discutem o atendimento psicológico online com crianças e adolescentes, como destacada na revisão sistemática realizada por Bossi e Sehaparini (2021). Contudo, Viana (2020) salienta o crescimento da terapia online, visto que a temática é emergente no cenário pandêmico, apresentando uma continuidade no período pós-pandemia. Nesse sentido, é importante refletir, capacitar e formar futuros profissionais para trabalhar com crianças e adolescentes no atendimento remoto, oferecendo-lhes recursos e estratégias para esta nova modalidade, que pode ser um campo de trabalho da saúde mental crescente nos próximos anos. Desse modo, o estudo tem por objetivo descrever a experiência sobre uma disciplina, no formato remoto, acerca da terapia online infantil na abordagem cognitiva-comportamental, desenvolvida em uma turma de graduação em Psicologia de uma universidade pública. O artigo também é um convite a ampliação da docência na formação profissional, trazendo para o ensino superior a atualização das demandas sociais em um momento social de desconhecimento e atualização sobre o processo de ensino em cenários pandêmicos.
Método
A disciplina eletiva “Terapia online para crianças e adolescentes” foi oferecida durante o Período Acadêmico Emergencial (PAE) na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, no ano de 2020. A proposta da disciplina surgiu por solicitação dos alunos da graduação, durante reunião com a direção do Instituto de Psicologia, devido ao momento vivenciado pela pandemia e pela necessidade de adequar-se à Resolução nº 11/2018 do CFP.
O relato de experiência profissional tem uma importante função na construção do conhecimento teórico-prático e pode gerar discussões acerca da formação e atuações do psicólogo (Tosta et al., 2016). Esse relato tem como potencialidade a possibilidade de replicação de uma disciplina em outras instituições públicas e privadas, de modo a propiciar reflexões sobre a prática docente e discente, contribuindo para a formação do psicólogo clínico. Ademais, discorre-se sobre a elaboração e desenvolvimento desta disciplina no formato remoto, baseada na abordagem psicológica da TCC.
Proposta da disciplina
A disciplina surgiu no cenário de interrupção das aulas presenciais resultante da pandemia e uma das ações urgentes, de acordo com os cientistas e profissionais de saúde, era o isolamento social juntamente com outras medidas de higienização e proteção. A implementação do PAE, em caráter excepcional e temporário, buscou, por meio da inclusão digital, garantir o acesso dos estudantes universitários às aulas síncronas e às demais atividades no formato remoto. As disciplinas foram oferecidas em modalidade assíncrona (professor e aluno não necessitavam estar conectados) e síncrona (professor e aluno encontravam-se ao mesmo tempo no mesmo ambiente virtual) (UERJ, 2020).
Embora a terapia online seja regulamentada pelo CRP, a demanda de cadastro por parte dos psicólogos no site e-psi para essa modalidade de atendimento, inclusive direcionada ao público infantil e adolescente, teve um crescimento condizente com as demandas do momento e contexto social. A inscrição para a disciplina foi aberta no período acadêmico para matrículas e a procura ultrapassou o número de vagas oferecidas, o que sinaliza uma demanda dos futuros psicólogos para esta modalidade de atendimento, tanto devido aos avanços digitais quanto pela obrigatoriedade de isolamento social neste período. As aulas na graduação iniciaram somente após o recebimento, por parte dos discentes, de tablet com chip para acesso às aulas virtuais.
A disciplina teve uma carga horária de 30h e estas foram distribuídas em 30% de aulas síncronas e 70% de assíncronas. A ementa da disciplina, aprovada pelo Conselho Departamental do Instituto de Psicologia, descreve os conteúdos conceituais e procedimentais: (i) atendimento psicológico online de acordo com a Resolução CFP 11/2018; (ii) relação psicólogo-paciente; (iii) princípios básicos da TCC aplicados à infância e adolescência; (iv) questões éticas do atendimento psicológico online; (v) estratégias e recursos utilizados no atendimento online na terapia infantil; (vi) programas de treinamento em habilidades sociais parentais; (vii) orientação escolar; (viii) contextos de aplicação e limitações.
A parte teórica da disciplina baseou-se nas leituras selecionadas em plataformas acadêmicas, e a parte prática teve como base livros-referência na área e a experiência clínica da primeira autora em atendimento presencial e online. Os recursos utilizados foram exposições didáticas via plataforma para videoconferência gratuita, vídeos, lives gravadas, exercícios, fóruns de discussão, dinâmicas e apresentação de atividades gameficadas e interativas via plataformas digitais. A Tabela 1 apresenta o tema de cada semana, as leituras e a indicação das atividades avaliativas.
Tabela 1 Distribuição do conteúdo programático da disciplina
Semana | Tipo de atividade |
---|---|
Semana 1 Atendimento online - conceitos em Terapia para crianças e adolescentes |
Síncrona: aula por webconferência. Apresentação da disciplina. Uso da história Controle Remoto (Freitas, 2010). Assíncrona: questionário pré-teste com foco em terapia infantil online e atividade avaliativa um: atendimento online. |
Semana 2 Identificando e modificando sentimentos, pensamentos e comportamentos na terapia infantil |
Síncrona: aula por webconferência. (Base teórica: Friedberg & McClure, 2004; Friedberg et al., 2011). Assíncrona: Atividade avaliativa dois: formulação de caso. |
Semana 3 Estrutura da sessão de terapia infantil |
Síncrona: aula por webconferência. Assíncrona: Atividade avaliativa três: adaptação de uma atividade para o formato online. |
Semana 4 Legislação pertinente ao atendimento psicológico online |
Assíncrona: texto 1: Resolução Nº 11/2012 (CFP). Texto 2: Resolução Nº 11/2018 (CFP). Atividade avaliativa quatro: análise das resoluções. |
Semana 5 Aspectos éticos pertinentes ao atendimento psicológico online |
Síncrona: aula por webconferência. Assíncrona: leitura do Texto 3: Singulane e Sartes (2017). |
Semana 6 Relação terapêutica na terapia online com crianças e adolescentes |
Síncrona: aula por webconferência, incluindo a dinâmica “Você é especial”. Assíncrona: leitura do Texto 4: Pieta e Gomes (2014). |
Semanas 7 e 8 Estratégias e recursos na terapia online com crianças e adolescentes |
Síncrona: aula por webconferência, incluindo as dinâmicas “Cesta de basquete” e “Monstro das cores”. Assíncrona: leitura do texto 5: Rodrigues e Tavares (2016) e do texto 6: Hallberg e Lisboa (2016). |
Semana 9 Orientação online aos professores |
Assíncrona: live gravada com o tema: “Competências Socioemocionais com a Dra. Andrea Rosin” (MoonshotEdu, 2020). Atividade: Fórum de discussão. |
Semana 10 Psicoeducação online na terapia com crianças e adolescentes |
Síncrona: aula por webconferência. Assíncrona: leitura do texto 7: Quiterio et al. (2021). |
Semana 11 O uso da animação na terapia com crianças e adolescentes |
Assíncrona: vídeo: Divertida mente (Rivera et al., 2015). Atividade avaliativa cinco: conteúdos da animação para uso na terapia online. |
Semana 12 Atividade avaliativa |
Assíncrona: atividade avaliativa seis: adaptação de uma atividade para o formato online. |
Semana 13 Aplicação do instrumento pós-teste |
Assíncrona: questionário pós-teste com foco em terapia infantil online. |
Perfil dos participantes
O presente relato de experiência faz parte de uma pesquisa maior aprovada pela Comissão de Ética em Pesquisa de uma Instituição de Ensino Superior [CAAE 89194718.5.0000.5259 e parecer 2.695.737] e está de acordo com a Resolução nº 510/16 do Conselho Nacional de Saúde em relação às Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos. Um dos objetivos específicos consistiu em ensinar habilidades e técnicas terapêuticas requeridas no atendimento psicológico com base na TCC. Os participantes, no momento do preenchimento do pré-teste, foram informados do estudo e, caso não quisessem participar da pesquisa, não deveriam preencher este instrumento, sem qualquer implicação na sua participação nas aulas e nas atividades avaliativas da disciplina.
A inscrição na disciplina eletiva foi autorizada a partir do quinto período, quando os estudantes concluem os créditos do ciclo básico, ingressam nas ênfases e iniciam a parte de estágio. Os dados foram obtidos da parte inicial do questionário pré-teste e inseridos no editor de planilhas Microsoft Excel para a caracterização da amostra. Participaram 37 estudantes de graduação em Psicologia, com idade entre 21 e 30 anos (M = 25; DP = 2,53), sendo 31 mulheres (83,8%). Destes estudantes, 18,9% são do 5º período, 2,7% do 7º período, 24,3% do 8º período, 16,2% do 9º período e 37,8% do 10º período.
Resultados
Os resultados visam descrever a experiência dos graduandos que cursaram a disciplina durante o PAE. Para tal, foram realizadas atividades de avaliação processual ao longo do período e o preenchimento de um questionário criado para o presente estudo, o qual foi respondido no início e ao final da disciplina. Estes são apresentados com a finalidade de contribuir com a discussão sobre a prática docente, bem como a necessidade de criação/adaptação de disciplinas nas instituições de ensino superior de acordo com as demandas da sociedade.
Atividades processuais avaliativas
São apresentadas a descrição e análise das seis atividades avaliativas processuais propostas na disciplina. A literatura indica que desenvolver e transformar o projeto em ação contribui para o processo de ensino aprendizagem de forma colaborativa, bem como avaliar essas práticas produz conhecimento acerca da formação profissional do psicólogo (Cunha et al., 2020). Assim, de modo a contribuir com a replicação da disciplina em outras instituições públicas e privadas, apresentam-se as atividades avaliativas:
Atividade avaliativa 1 (formato individual). A proposta foi listar as vantagens e desvantagens da terapia online para crianças e adolescentes. Procedimento: a partir da leitura do livro “Controle Remoto” (Freitas, 2010), discutiu-se a questão tecnológica e sua influência no desenvolvimento cognitivo e socioemocional infantil. Nesta tarefa, ampliou-se a discussão em relação as condições de acesso a psicoterapia por pacientes em condições de vulnerabilidade social, inclusive devido ao aumento da violência doméstica, do abuso sexual infantil, da fome e da desigualdade de acesso à educação e ao atendimento psicológico.
Em ordem decrescente, os graduandos listaram as seguintes vantagens e desvantagens. Vantagens: (a) maior flexibilização dos horários e, inclusive, facilita a participação de familiares na terapia, (b) ausência de deslocamento até o consultório, possibilitando maior autonomia a pessoas com deficiência, além de evitar faltas, atrasos e cortar custos para o terapeuta e o paciente, (c) continuidade ou início de um processo terapêutico em um momento de quarentena, mantendo o distanciamento social, (d) pacientes mais tímidos ou ansiosos socialmente podem sentir-se mais à vontade, pois não estarão em um novo ambiente, (e) o paciente pode mostrar itens pessoais e seu ambiente de convívio com maior facilidade, (f) observação da interação do paciente com seus familiares no ambiente natural, e (g) uso de recursos interativos e atrativos para essa geração, que é naturalmente mais conectada com a tecnologia.
No que diz respeito às desvantagens, foram listadas pelos estudantes: (a) possível falta de privacidade em casa, tornando-se mais difícil garantir o sigilo e podendo coibir o paciente de falar sobre determinados assuntos, (b) instrumentos padronizados de avaliação não são validados para a aplicação online, tendo que utilizar recursos alternativos para a avaliação, (c) falhas técnicas, como na conexão com a internet, (d) maior dificuldade para identificação de componentes não verbais emitidos pelo paciente, (e) técnicas ou dinâmicas terapêuticas não viáveis à distância, (f) não há mudança de ambientes, podendo dificultar para alguns pacientes o momento da sessão de terapia, (g) possibilidade de o paciente perder o foco, distraído pelo aparelho eletrônico, e (h) dificuldade de realizar algumas brincadeiras e jogos corporais.
Atividade avaliativa 2 (formato de grupo). A proposta foi preparar a primeira sessão para uma criança ou adolescente de acordo com a formulação dos casos. Procedimento: na segunda semana, a primeira autora discorreu sobre a identificação de pensamentos, sentimentos e comportamentos na terapia infantil, tanto no formato presencial quanto remoto. E na terceira, sobre a estrutura da sessão terapêutica online com esse público. Em seguida, propôs-se a segunda atividade avaliativa. Observou-se que a maioria dos grupos (78%) optou pela elaboração da sessão online voltada para o caso infantil. Os grupos articularam o conhecimento adquirido nas aulas produzindo um planejamento adequado que envolveu uma parte inicial atenta aos arranjos e detalhes para a sessão, como o preparo do tempo e, especialmente o estabelecimento da aliança terapêutica. Em seguida, todos os grupos propuseram a atividade “registro do humor” que abarcou a identificação e intensidade das emoções por meio de diferentes atividades visuais. Por fim, combinou-se a “tarefa de casa” e obteve-se o “feedback” da sessão. Destaca-se que os recursos utilizados na sessão de terapia online devem ser visuais, interativos e com materiais disponíveis no ambiente familiar, como material reciclado e jogos.
Atividade avaliativa 3 (formato de grupo). A proposta foi apresentada em etapas: (a) escolher uma das atividades apresentadas na aula síncrona, para identificar emoções, pensamentos e comportamentos, (b) adaptá-la para o formato de terapia online, (c) descrever a proposta e, se possível, incluir imagem e/ou link da atividade, (d) apresentar na aula síncrona da semana nove. Procedimento: nas aulas síncronas anteriores, apresentou-se atividades e recursos terapêuticos para a terapia online infantil e, posteriormente, foi prescrita a atividade.
Foram organizados dez grupos para a adaptação das atividades para o formato remoto - seis grupos optaram por utilizar uma plataforma online para a criação do recurso, três grupos elegeram o uso do PowerPoint para apresentar a proposta e um grupo apresentou um aplicativo online, em que terapeuta e paciente pudessem desenhar e escrever simultaneamente. Em todas as atividades utilizaram-se personagens atrativos para o público-alvo, como exemplifica a atividade “pensando sobre emoções”, que objetiva auxiliar no processo de descoberta guiada por meio de perguntas estratégicas inseridas no jogo (p. ex.: sentimentos - “como se sente quando está na escola?”; comportamentos - “o que você faz quando esquece algo em casa?”). A criança responde às perguntas conforme sorteio aleatório na roleta (https://wordwall.net/pt/resource/5775663/pensando-sobre-emo%c3%a7%c3%b5es).
A estratégia mais empregada foi com foco nas emoções, seguida de uma breve discussão sobre pensamentos e comportamentos, conforme a faixa etária pensada para o jogo. Das dez produções, nove criaram atividades mais voltadas para crianças, e apenas uma para adolescentes. Durante a apresentação dos grupos, a turma visualizou de forma clara e objetiva as propostas de cada atividade e, juntamente com a professora da disciplina, sugeriram aprimoramento dos recursos. Ao final das apresentações, os grupos chegaram à conclusão de que as atividades propostas para o formato online também poderiam ser viáveis para o formato presencial.
Atividade avaliativa 4 (formato individual). A proposta foi apresentada em etapas: (a) ler as Resoluções nº 11/2012 e nº 11/2018 do CFP, (b) listar e comparar as mudanças entre os documentos, (c) analisar criticamente as modificações. Procedimento: nas aulas síncronas, discutiram-se os impactos da Resolução nº 11/2018, que regulamenta a prestação de serviços psicológicos realizados por meios digitais, destacando que o documento não é exclusivo do período de isolamento social provocado pelo COVID-19, apesar de reconhecer-se o uso mais extensivo durante a pandemia. Na aula seguinte, os graduandos expuseram seus comentários sobre a temática. Dentre as mudanças apresentadas pela Resolução nº 11/2018, os seguintes pontos foram citados com maior frequência: (a) veto ao atendimento online de pessoas e grupos em situação de urgência e emergência, e em situação de violação de direitos ou de violência (100%), (b) fim da exigência de cadastro do psicólogo em um site exclusivo, sendo necessário apenas o cadastro individual no site e-psi ligado ao CFP (93,75%), (c) fim do estabelecimento de um número predeterminado de sessões, seja de maneira síncrona ou assíncrona (87,5%), (d) atendimento de crianças e adolescentes com o consentimento expresso de ao menos um dos responsáveis (87,5%), e (e) necessidade de parecer favorável do Sistema de Avaliação de Instrumentos (SATEPSI), com padronização e normatização específica para tal finalidade (62,5%).
No que se refere à análise crítica, observou-se que os graduandos defenderam que as mudanças apresentadas pela Resolução nº 11/2018 difundem benefícios notórios, tanto para profissionais da Psicologia quanto para pacientes. Ainda, destacaram que tais alterações são compatíveis com o contexto tecnológico atual, principalmente em relação ao avanço expressivo da internet e ao desenvolvimento de recursos eletrônicos. Contudo, apesar das possibilidades ofertadas por meio de tais ferramentas que visam ampliar a comunicação e, consequentemente, auxiliam na atuação profissional do psicólogo frente ao cenário atual, percebe-se a preocupação relacionada às questões de segurança, o que reflete o comprometimento do CFP no que se refere aos aspectos éticos. Ainda nesta tarefa, discutiram-se aspectos referentes à ampliação da atuação profissional do psicólogo durante e pós-pandemia, incluindo os limites da terapia online e o alcance do atendimento às populações mais vulneráveis.
Atividade avaliativa 5 (formato de grupo). A proposta foi assistir à animação Divertida Mente (Rivera et al., 2015) e sugerir atividades viáveis de utilização na terapia online infantil. Procedimento: na aula síncrona, apresentou-se o uso da animação e sites que possibilitam a criação de jogos para a terapia online e propôs-se a atividade. Todos os grupos declararam que a obra cinematográfica supracitada pode ser explorada como ferramenta psicoeducativa por apresentar elementos lúdicos e atrativos, o que seria viável se tratando do contexto online. Facilitando, portanto, o entendimento de alguns temas centrais na TCC voltada a crianças e adolescentes como: compreensão do modelo cognitivo; importância da expressividade emocional; dinâmica das relações interpessoais, principalmente no ambiente familiar e escolar, e questões relacionadas à capacidade empática. Foram sugeridas intervenções nas quais a criança expressasse suas emoções por meio dos personagens do filme, além de utilizá-los para identificação do humor no início das sessões, facilitando o entendimento e o engajamento da criança na sessão. Apresenta-se, ainda, a possibilidade de aderir a atividades lúdicas, como misturar as cores características de cada um dos personagens para exemplificar algumas emoções complexas. É válido ressaltar que 100% dos grupos destacaram que a obra cinematográfica é capaz de psicoeducar crianças e adolescentes a respeito da importância de experimentar a ampla gama de emoções existentes, até mesmo aquelas vistas como desconfortáveis, transmitindo o entendimento de que cada uma possui um valioso papel na trajetória de vida de todo ser humano.
Atividade avaliativa 6 (formato individual). A atividade final teve os mesmos procedimentos da terceira tarefa. Procedimento: as aulas síncronas apresentaram os aspectos teóricos, legais, éticos e práticos que embasam a prática clínica de terapia online para crianças e adolescentes. A atividade final propôs-se a avaliar a construção de uma atividade baseada nos aspectos trabalhados durante a disciplina, como exemplifica a atividade “Lince das emoções - Turma da Mônica”, baseada no jogo de tabuleiro Lince, eobjetiva auxiliar na identificação e reconhecimento das emoções (p. ex.: Cascão alegre). O jogo é dividido em três níveis. No primeiro nível, a criança deve encontrar as quatro emoções listadas e ligar ao item correspondente no menor tempo possível (https://wordwall.net/resource/7304467). No segundo nível, deve-se relacionar oito imagens (https://wordwall.net/resource/7305555) e no último nível, 12 imagens (https://wordwall.net/resource/7306609). Ao final de cada nível, explora-se em qual situação o paciente se sentiu como um determinado personagem. Os graduandos criaram atividades com objetivos que atendessem ao público escolhido, elaboraram estratégias e formas de proporcionar um melhor engajamento por parte da criança e adolescente na terapia online.
Pré e pós-teste referente ao conteúdo da disciplina
O questionário contém uma parte inicial, com questões referentes aos dados sociodemográficos dos graduandos. Na segunda parte, apresenta cinco questões que investigam o conhecimento e a opinião sobre as seguintes temáticas: (i) terapia para crianças e adolescentes sob o olhar de diferentes abordagens, (ii) terapia para crianças e adolescentes de acordo com a TCC, (iii) viabilidade da terapia online para crianças e adolescentes na TCC, (iv) papel da família na terapia online para crianças e adolescentes na TCC, e (v) elaboração de atividades e desenvolvimento de estratégias diferenciadas na terapia online para crianças e adolescentes.
Os corpus textuais das cinco questões (pré e pós-teste) foram analisados por meio do programa IRAMUTEQ (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires), um programa gratuito e de fonte aberta que utiliza a linguagem R. Para o presente estudo, utilizou-se a ferramenta da nuvem de palavras, que consiste na exposição de forma aleatória das palavras que foram citadas com maior frequência aparecendo em maior destaque (Camargo & Justo, 2013). Optou-se pela análise da questão três: “Para você é viável uma terapia online para crianças e adolescentes na TCC? Justifique.”. Tal escolha ocorreu por este item englobar três aspectos: a possibilidade de desenvolver uma terapia online, o público-alvo delimitado na disciplina e a abordagem da TCC que embasou a disciplina. A nuvem foi construída a partir de palavras com quatro repetições ou mais e percebeu-se em destaque as palavras: “online”, “terapia”, “criança”, “adolescente” e “possível”. A palavra “possível” (n=14) foi o adjetivo mais utilizado para responder à questão três, e se comparada ao pré-teste houve um aumento de 133% de repetições no pós-teste, conforme ilustra a Figura 1.
O aumento expressivo da palavra “possível” indica que, ao longo da disciplina, os estudantes avaliaram a viabilidade de atendimento online utilizando a TCC: “Ao longo das aulas foi possível ver com bastante clareza que é sim viável a aplicação da TCC com crianças e adolescentes de forma online” (P07), “Sim, a terapia online mostra-se eficaz em vários aspectos, principalmente em tempos de pandemia, e na disciplina que tivemos, aprendemos que é possível uma terapia de qualidade” (P15), “Sim, a disciplina mostrou várias formas para tornar isso possível.” (P31).
Discussão
O isolamento social devido à pandemia da COVID-19 trouxe uma demanda dos estudantes de Psicologia acerca da terapia online, visto o aumento da procura por esse serviço no contexto pandêmico e as discussões referentes à continuidade do crescimento dos atendimentos psicológicos no pós-pandemia, uma vez que há um avanço tecnológico expressivo nos últimos anos. Bignardi et al. (2020), Panda et al. (2021) e Usluoglu e Balik (2023), destacam a importância da terapia infantil em contexto pandêmico para promoção da saúde mental. É importante refletir, na formação inicial dos psicólogos, sobre o oferecimento do atendimento psicológico a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, que, de acordo com Bossi e Sehaparini (2021), ainda é incipiente. Esta população é a maior impactada pelos efeitos da pandemia, devido à ausência/insuficiência de recursoseconômicos e tecnológicos associados às dificuldades de realizar o isolamento social, da empregabilidade e do acesso à saúde, à educação e ao saneamento básico (Farias & Junior, 2021). Questiona-se a possibilidade e as condições de acesso de crianças e adolescentes à educação e ao atendimento psicológico, mesmo que no formato social ou gratuito.
O oferecimento da disciplina eletiva “Terapia online para crianças e adolescentes” despertou interesse dos alunos de graduação, o que pôde ser demonstrado por meio da procura pela disciplina, a qual excedeu o limite de vagas. Além disso, foi perceptível o aproveitamento dos estudantes, evidenciado pelas respostas aos questionários de pré e pós-teste, e por sua conduta durante as aulas síncronas, mostrando-se bastante participativos, trazendo constantes reflexões, questionamentos e dúvidas em relação à prática clínica e pelo retorno às atividades processuais. A eficácia da TCC foi reconhecida pelos alunos da disciplina ao longo do período. Ao visualizar a nuvem de palavras (Figura 1) gerada a partir do questionário de pré e pós teste, evocações como “abordagem”, “cognitiva”, “comportamental” e “viável” indicam que a efetividade, manejo e possibilidades de aplicação da psicoterapia online voltada para o público infanto-juvenil, retomou o que já havia sido apontado pela literatura (Braga et al., 2021).
Outro ponto a ser analisado refere-se ao período letivo em que o estudante se encontra com o interesse na disciplina. A maioria das inscrições na eletiva originou-se dos alunos do 10° período da graduação (37,8%), e somando as inscrições advindas do 7º, 8º e 9º período,totaliza-se 81,1% das vagas preenchidas, o que levanta a hipótese de a procura estar relacionada ao fim da graduação, já que estão mais próximos de atuarem como profissionais de Psicologia e considerarem a terapia online uma prática importante nos próximos anos. Tal hipótese pode ser correlacionada com a ideia de Viana (2020) sobre a crescente demanda do atendimento remoto neste momento. Por sua vez, o índice considerável de estudantes do 5º período da graduação (18,9%) pode-se referir ao interesse em conhecer a prática clínica, visto que os estágios nesta Universidade se iniciam nesse mesmo período.
Ademais, os resultados indicaram que os estudantes refletiram sobre a prática e os limites da terapia online, obtiveram novos conhecimentos acerca da prática clínica com crianças e adolescentes no formato presencial e online, além de aprenderem a adaptar e elaborar estratégias, recursos e técnicas diferenciadas para o atendimento remoto. É possível argumentar que as atividades incentivaram a capacidade crítica e, em muitos casos, serviram como um disparador da discussão referente ao conteúdo programático da disciplina (Friedberg & McClure, 2004; Friedberg et al., 2011; Pureza et al., 2014), a fim de identificar suas potencialidades e limitações, e pensar alternativas para aprimorar os recursos e estratégias geralmente utilizados no atendimento clínico e discutir a viabilidade de acesso a psicoterapia por diferentes classes sociais.
Por outro lado, a disciplina também incentivou a criatividade dos graduandos, uma vez que precisaram pensar em diferentes recursos para realizar durante a sessão com a criança ou adolescente. Muitos estudantes propuseram ou criaram jogos em plataformas online para serem utilizados durante o atendimento e pensaram numa forma interativa de elaborar o planejamento da sessão, se atentando para a descrição do caso e para a idade da criança ou adolescente, a fim de desenvolver uma atividade condizente com a sua faixa etária e com os materiais disponíveis no ambiente familiar, especialmente por meio do uso de recursos alternativos, como a sucata. Em todas as atividades, os estudantes entenderam a proposta e conseguiram articulá-las aos conhecimentos adquiridos nas aulas síncronas. Em diversos momentos, as respostas estavam de acordo com a literatura, como o planejamento da sessão de terapia infantil na abordagem TCC, o qual seguiu os moldes da exposição didática e leituras de textos presentes na bibliografia da disciplina, e as vantagens e desvantagens da terapia online, que vão ao encontro às citadas por Pieta e Gomes (2014) e Usluoglu e Balik (2023). A participação dos cuidadores como co-terapeutas também aparece nas discussões e respostas das atividades e questionários, assim como indicado por Gastaud et al. (2020).
Nos questionários, os respondentes destacaram a viabilidade do atendimento online infantil, apesar dos seus desafios e necessidades de adaptações, o que demonstra que a disciplina contribuiu para reflexão, manejo clínico e obtenção de novos aprendizados referentes à terapia online para crianças e adolescentes. A pandemia fez com que fosse repensada a necessidade de investimentos em disciplinas que abordem a temática durante a graduação e que discutam, junto aos futuros profissionais, os recursos e estratégias para esta nova modalidade que tende a crescer no decorrer dos anos, mas que seja condizente a realidade brasileira pós-pandemia e propicie a reflexão crítica aos modelos de acesso voltados somente as classes privilegiadas. Assim, conforme destaca Viana (2020), é fundamental que se repense esses cenários pós-pandemia e que se promova ações inovadoras na formação de uma profissão que atenda a quaisquer pessoas que busquem a psicoterapia na promoção da saúde mental.
Conforme Cunha et al. (2020) e Tosta et al. (2016), destaca-se a importância de compartilhar o relato de experiência profissional de docentes como forma de contribuir acerca da formação inicial do psicólogo e na ampliação da docência na formação profissional do professor universitário. Portanto, sugere-se que essa disciplina seja oferecida em outras universidades, a fim de contribuir para a formação dos futuros psicólogos, além da ampliação de pesquisas sobre a terapia infantil no formato online. Outrossim, novos estudos podem verificar as motivações dos estudantes acerca da temática, visando se os aspectos como o período em curso na Universidade e o isolamento social influenciaram nesse interesse. Devido à alta demanda, e pelo assunto estar relacionado ao contexto de pandemia vivenciado, é possível questionar o interesse dos alunos em um contexto distinto, a fim de verificar a crescente continuidade de procura pela disciplina, principalmente se a prática se consolidar devido aos avanços da tecnologia.
A presente pesquisa apresenta limitações devido a sua amostra ser composta de apenas uma turma em uma única Universidade Pública, bem como tratar-se de um relato de experiência que leva em consideração apenas a condição de acesso tecnológico de estudantes do curso de Psicologia de uma universidade do Rio de Janeiro. Seria necessária a replicação em novas turmas, de diferentes localidades e nível socioeconômico, com o objetivo de investigar os resultados de acordo com as características da amostra, além de averiguar a possibilidade de acesso tecnológico também por parte dos pacientes, se levarmos em consideração que o acesso à tecnologia de estudantes universitários é sete vezes maior quando comparados à alunos da educação básica (ciclo em que estão os pacientes no atendimento infanto juvenil) (Nascimento, et al., 2020). Espera-se com este estudo ter contribuído com a formação dos estudantes e com novas pesquisas na área, além de incentivar que outras universidades implementem a disciplina eletiva na grade curricular do curso de Psicologia, e divulgar o atendimento remoto como uma possibilidade de atendimento viável e que apresenta resultados satisfatórios para o processo terapêutico, apesar das dificuldades discutidas ao longo do artigo.