Services on Demand
article
Indicators
Share
Revista Brasileira de Terapias Cognitivas
Print version ISSN 1808-5687On-line version ISSN 1982-3746
Rev. bras.ter. cogn. vol.2 no.1 Rio de Janeiro June 2006
ARTIGOS
Depressão, ansiedade e consumo de substâncias em adolescentes
Depression, anxiety and substance use in adolescents
Dina Susana da Silva Manso I; Margarida Gaspar de Matos II
I Psicóloga, mestre em Terapias Cognitivo-Comportamentais
II Psicóloga, agregada em Saúde Internacional, professora da FMH/Universidade Técnica de Lisboa
RESUMO
As relações entre depressão, ansiedade, fatores ambientais e notas escolares foram estudadas numa amostra de 344 adolescentes, estudantes do ensino secundário de escolas de diversos conselhos do país, com uma média de idades de 17 anos (DP = 12,43), dos quais 147 pertenciam ao gênero masculino e 197 ao gênero feminino. As medidas de avaliação utilizadas foram CDI (Kovacs, 1992), MASC (March, 1997) e QEA (Santos, 2004). No geral, os resultados obtidos permitiram apoiar as hipóteses formuladas em relação às diferenças para diferentes variáveis como idade, gênero e uso de álcool e tabaco, em que seriam os jovens adultos, as moças e aqueles que consumiam álcool e tabaco com regularidade os que apresentariam níveis de depressão e ansiedade mais elevados. De igual modo, foi encontrada uma relação positiva entre ansiedade e depressão. Os resultados foram discutidos de acordo com a literatura e as suas implicações para a prática clínica.
Palavras-chave: Depressão, Ansiedade, Adolescentes.
ABSTRACT
The relations between depression, anxiety, ambiental factors and school performance had been studied in a sample of 344 adolescents, students of the secondary education schools from different points of the country, with a average of ages of 17 years (DP = 12,43), of which 147 belonged to masculine gender and 197 to the feminine gender. The used measures of evaluation had been the CDI (Kovacs, 1992), the MASC (March, 1997) and the QEA (Santos & Ribeiro, 2004). In the generality, the gotten results had allowed to support the hypotheses formulated in relation to the differences for different variables, such as the age, gender and the use of alcohol and tobacco, where it would be the young adults, the girls and those who consumed alcohol and tobacco with regularity that presents higher levels of depression and anxiety. On the other hand, the correlations had not evidenced relations that would be waited, such as the relation between anxiety and depression. The results had been argued in accordance with literature and its implications for the practical clinic.
Keywords: Depression, Anxiety, Adolescents.
Introdução
A adolescência é uma fase de considerável estresse social e corresponde a uma época de transição entre a infância e a idade adulta (Wilson, Pritcherd & Revalee, 2005) caracterizada por inúmeras mudanças do desenvolvimento em diferentes sistemas ou níveis de análise como o biológico, o cognitivo e o social (Windle & Davies, 1999).
Descobertas de estudos epidemiológicos indicaram que existem aumentos substanciais na prevalência de várias perturbações, nomeadamente das perturbações depressivas, das perturbações de ansiedade e das perturbações do abuso de substâncias. De igual modo, existe um aumento dos problemas que ocorrem simultaneamente e da comorbidade (Windle & Davies, 1999).
Atualmente considera-se que a alta prevalência de depressão clínica e dos respectivos sintomas no final da adolescência apoia a visão partilhada por muitos investigadores de que a depressão é o problema de saúde mental de maior impacto que afeta os anos da adolescência (Aseltine, Gore & Colten, 1994). É reconhecido que os sintomas de depressão são comuns no decurso desta fase e que as síndromes depressivas durante a infância e a adolescência são heterogêneos, uma vez que temos que considerar fatores como o estágio de desenvolvimento (Matos, Barrett, Dadds & Shortt, 2003), o tempo de início e o padrão de comorbidade verificado (Harrington, Rutter & Fombonne, 1996). Com o aumento da idade ocorre também um aumento substancial tanto do número de sintomas de depressão expressos, como do início das perturbações depressivas. Até aos 12 anos de idade são os rapazes que apresentam níveis mais elevados de depressão quando comparados com as moças. A partir desta idade, os resultados obtidos na população são inversos (Matos et al., 2003; McGee, Feehan, Williams & Anderson, 1992).
Wang, Fitzhugh, Westerfield e Eddy (1994) mostraram que os adolescentes deprimidos relataram significativamente mais sintomas de tristeza, de desesperança pelo futuro e problemas para dormir, quando comparados com o grupo controle, manifestando uma pior qualidade de vida. De igual modo, têm um pior desempenho na escola, apresentam menos relações satisfatórias com os seus progenitores e estão mais orientados para os seus pares do que para os seus pais (Kandel & Davies, 1982).
Em suma, os sintomas depressivos na adolescência predizem diferenças em áreas seleccionadas do funcionamento social e psicológico nos adultos (Kandel & Davies, 1986).
Com relação à associação existente entre depressão e ansiedade, é amplamente aceito que existem vários níveis de comorbidade entre essas duas entidades (Kovacs & Devlin, 1998). Os adolescentes que possuem sintomas de depressão e ansiedade comórbidos tendem a demonstrar um desempenho mais fraco em nível social e em nível cognitivo do que aqueles que somente apresentam uma destas perturbações (McGee et al., 1992).
De um modo geral, são também as moças que relatam níveis mais elevados de sintomatologia ansiosa que os rapazes (Matos et al., 2003).
Vários estudos identificaram a co-ocorrência significativa de depressão e problemas de álcool (Thorlindsson & Vilhjalmsson, 1991; Windle & Davies, 1999). Além da depressão, os níveis elevados de consumo de álcool entre os adolescentes foram ainda associados à co-ocorrência de outros problemas, de outras condições comórbidas psiquiátricas e de outros comportamentos de risco (Windle & Davies, 1999).
O consumo de bebidas alcoólicas é maior entre os homens do que entre as mulheres (Berger & Adesso, 1991; Windle & Davies, 1999), em que a cerveja é a bebida mais popular. O uso de álcool é também comumente conceitualizado como uma fuga que precede o uso de cannabis e de outras substâncias ilícitas (Windle & Davies, 1999).
Através de um estudo prospectivo envolvendo 1004 indivíduos, descobriu-se que os sintomas depressivos relatados por adolescentes de 15 e 16 anos de idade predizem a freqüência e a duração do uso de cigarros nove anos mais tarde (Kandel & Davies, 1986). A relação entre estas duas variáveis mostrou ser forte e independente (Kandel & Davies, 1986; Windle & Windle, 2001). Alguns investigadores (ex: Kendler et al., 1993) sugeriram que a depressão aumenta o risco de iniciação no hábito de fumar e sua manutenção surge como uma forma de auto-medicação para o humor depressivo.
A ansiedade-estado e os traços de ansiedade podem desempenhar um papel importante nos comportamentos de risco, especialmente no uso de tabaco. Descobriu-se que altos níveis de ansiedade estavam associados de forma significativa a níveis elevados de dependência da nicotina tanto em populações psiquiátricas como em populações não psiquiátricas (Rose, Ananda & Jarvik, 1983).
Os adolescentes que são fumadores pesados (20 cigarros ou mais por dia) correm o risco de desenvolver agorafobia, perturbação de ansiedade generalizada e perturbação de pânico quando jovens adultos. No estudo realizado por Johnson et al. (2000), 69 indivíduos fumantes diários teriam uma perturbação da ansiedade durante a adolescência e/ou no início da idade adulta. Destes, 42% começaram a fumar antes do seu diagnóstico de perturbação e 19% receberam o diagnóstico antes de começarem a fumar. Os adolescentes com perturbação da ansiedade não se tornaram necessariamente fumantes na vida adulta.
A variação do consumo de tabaco pode não ocorrer entre o gênero, podendo mesmo só ser encontrada naqueles que têm outro tipo de perturbações psiquiátricas (Patton et al., 1996). Os adolescentes que usam tanto o tabaco como o álcool têm um risco aumentado de ter problemas pessoais e sociais, assim como problemas de delinquência (Hoffman, Welte & Barres, 2001).
De acordo com a literatura revista, o objetivo desta investigação foi estudar as diferenças de algumas variáveis, tais como gênero, idade e consumo de álcool e tabaco, em relação à depressão e à ansiedade. Pretendeu-se também verificar as relações existentes entre as diferentes medidas de avaliação e as notas escolares.
Método
Participantes
A amostra foi constituída por 344 adolescentes portugueses, 147 do gênero masculino e 197 do gênero feminino, com uma média de idades de 17 anos (DP = 12,43), dentre os quais 51,3% viviam em zona rural e 48,1 % em zona urbana. Os participantes foram recrutados de forma aleatória em várias escolas de diferentes localidades do país – como Vila Real, Bragança, Leiria, Coimbra, Castelo Branco e Lisboa –, tendo sido selecionadas duas turmas correspondentes a cada ano lecionado nas diferentes escolas. A maior parte destes adolescentes vivia com ambos os progenitores (78,8%), não sofreu qualquer reprovação ao longo do seu percurso escolar e a média das notas do 2º período foi de 12,43 pontos numa escala de zero a 20, em que 10 ou mais é positivo.
Instrumentos
Questionário demográfico
O questionário demográfico foi composto por questões relacionadas com os dados demográficos relativos aos adolescentes.
Questionário de Uso de Tabaco e Álcool
Com base no estudo Comportamento e Saúde em Jovens em Idade Escolar (Matos & Equipe do Projeto Aventura Social 2000; 2003), foram elaborados dois questionários de auto-avaliação com o objetivo de avaliar os comportamentos dos adolescentes em relação ao uso de tabaco (quatro questões) e ao uso de álcool (cinco questões).
Children‘s Depression Inventory – CDI (Kovacs, 1992)
É uma medida de auto-avaliação traduzida e adaptada para a população portuguesa por Baptista e Carvalho (1998)1 constituída por 27 itens, cujo objetivo é avaliar a sintomatologia depressiva. Os itens constituintes variam de zero a três, no sentido de maior intensidade da depressão. O CDI é constituído por cinco dimensões – humor negativo, problemas interpessoais, ineficácia, anedonia e auto-estima negativa –, no entanto, pode ser utilizado como uma medida unidimensional, cujo resultado final varia de zero a 54, permitindo a discriminação clínica entre jovens deprimidos e não deprimidos (Kovacs, 1992). Os valores obtidos no estudo da fidedignidade do CDI revelaram um valor alpha de Cronbach de .86 para o conjunto dos 27 itens, sugerindo boa consistência interna. Os valores dos coeficiente de alpha de Cronbach para as diferentes dimensões variaram entre .59 e .68 (Kovacs, 1992).
Multidimensional Anxiety Scale for Children – MASC (March, 1997)
A sintomatologia ansiosa foi avaliada pela MASC, medida auto-avaliação constituída por 39 itens, com formato de resposta tipo Likert de quatro pontos – 0. Nunca ou quase nunca é verdade, 1. Raramente é verdade, 2. Algumas vezes é verdade, 3. Frequentemente é verdade. Os itens agrupam-se em quatro fatores de primeira ordem: sintomas físicos, evitamento prejudicial, ansiedade social e separação/pânico, em que alguns deles se dividem em subescalas. Além dos resultados das subescalas, é possível obter um valor da escala total de ansiedade que varia entre zero e 117, no sentido de mais ansiedade quanto maior o valor obtido na medida (March, 1997). Foram encontrados coeficientes adequados de consistência interna alpha de Cronbach, cujos valores variaram entre .88 e .89 para o total da escala, e entre .62 (ansiedade/pânico) e .87 (sintomas físicos) para as diferentes dimensões da medida (March, 1997).
Questionário de Envolvimento Ambiental – QEA (Santos, 2004)
Criado a partir do Environmental Module – que mede as características do ambiente relativamente às estruturas existentes na sua área de residência, como pistas para ciclistas, recintos recreativos, entre outros –, o QEA é um questionário de auto-avaliação que avalia o envolvimento ambiental. Este questionário é constituído por um total de 17 itens, que se agrupam em três partes: a obrigatória (sete itens), a recomendada (quatro itens) e a opcional (seis itens), e tem um formato de resposta do tipo Likert de cinco pontos - 1. Discordo totalmente, 2. Discordo de certa foram, 3. Concordo de certa forma, 4. Concordo totalmente) -, com exceção da pergunta um, referente ao tipo de habitação que existe na área de residência de cada adolescente. Na presente investigação, apenas foram usadas as questões das partes obrigatória e recomendada, num total de 10 itens, além dos itens 7 e 8 terem sido recodificados por mostrarem ter sentidos opostos aos dos restantes. Os valores obtidos no estudo de fidedignidade do QEA mostraram coeficientes de correlação inter-classe oscilantes entre .36 e .85 para os 10 itens utilizados, que revelaram possuir estabilidade temporal através do método de teste-reteste (uma semana) (Santos, 2004).
Rendimento escolar
O rendimento escolar foi avaliado através das notas do 2º período do ano letivo de 2004/2005. Os próprios alunos preencheram uma folha de respostas com as suas disciplinas e respectivas notas. Estas últimas variavam de zero a 20, sendo consideradas positivas a partir de 10.
Procedimento
O protocolo de investigação foi aplicado a estudantes do ensino secundário que estudavam nos 10º, 11º e 12º anos de escolaridade, de acordo com a seguinte ordem: folha de rosto com o pedido de consentimento informado ao próprio aluno, questionário demográfico, CDI (Kovacs, 1992), MASC (March, 1997), QEA (Santos, 2004), notas escolares referentes ao 2º período escolar. O recolhimento dos dados foi realizado junto a várias escolas públicas do ensino secundário do país, após autorização do Conselho Executivo, durante os meses de Fevereiro, Março e Abril de 2005. Em cada escola, foram sorteadas duas turmas de cada ano letivo lecionado na mesma. Só participaram os alunos que obtiveram o consentimento informado dos pais ou encarregados de educação, enviado através da escola. Foi garantido aos participantes o anonimato e confidencialidade das respostas, assim como a possibilidade de se poderem retirar.
Resultados
Os dados foram introduzidos e submetidos a procedimentos estatísticos calculados através do Statistical Package for Social Sciences (SPSS) 13.0 para o Windows.
A média de idade do primeiro contato com o tabaco foi aos 13,53 anos (DP = 2,30), enquanto a primeira experiência com as bebidas alcoólicas ocorreu em média aos 13,59 anos (DP = 2,45). A grande maioria dos adolescentes afirmou não fumar (73,8%), apesar de 60,2% já ter experimentado esta substância. Com relação ao álcool, o número de adolescentes que afirmou não beber é inferior (50,3%), no entanto, apenas 13,7% afirmaram nunca ter experimentado qualquer tipo de bebida alcoólica. Por outro lado, as bebidas eleitas pelos jovens foram a cerveja (51,9%) e as bebidas destiladas (46,5%).
O teste de análise de variância ANOVA foi utilizado para comparar variáveis independentes diferentes em relação aos níveis de depressão e de ansiedade evidenciados pelos adolescentes.
Em relação ao gênero, foram encontradas, de forma sistemática, diferenças estatisticamente significativas para todas as subescalas da MASC com valores de p entre .0005 – total da medida de ansiedade (F = 25,088), subescalas de sintomas físicos (F = 17,973), de sintomas de tensão (F = 13,297), de sintomas somáticos (F = 13,553), de ansiedade social (F = 14,672), de medos de desempenho (F = 13,350) e de separação pânico (F = 16,387)) e .023 (subescala coping ansioso). Na medida CDI, apenas foram encontradas diferenças estatisticamente significativas para as subescalas ineficácia –F(1;340) = 11,10; p = .001 – e anedonia – F(1;340) = 4,22; p = .041. Os adolescentes do gênero feminino relataram valores médios mais elevados de sintomatologia ansiosa e de anedonia, quando comparados com os adolescentes do gênero masculino. Por outro lado, foram os rapazes que apresentaram maiores índices de ineficácia (M = 7,23; DP = 1,61) em comparação com as moças (M = 6,62; DP = 1,74) (ver tabela A1).
Tabela A1 - Diferenças entre o gênero para a depressão e ansiedade
* p menor ou igual a .05
** p menor ou igual a .01
*** p menor ou igual a .001
As diferenças entre a variável idade e as respectivas medidas de avaliação foram realizadas através da criação de três grupos – o grupo dos adolescentes mais novos (14-16 anos), o grupo dos adolescentes mais velhos (17-18 anos) e o grupo dos jovens adultos (19-22 anos) –, tendo sido utilizado o critério dos quartis. De acordo com este procedimento, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas na medida da depressão e nas subescalas correspondentes, à excepção da auto-estima negativa com valores de p que variaram entre .0005 (CDI total) e .033 (subescala problemas interpessoais). De igual modo, foram encontradas diferenças em três subescalas da MASC: sintomas físicos (F(2;329) = 5,02; p = .007), sintomas de tensão (F(1;335) = 5,53; p = .004) e sintomas somáticos (F(2;334) = 3,37; p = .036), não tendo sido encontradas diferenças significativas na escala geral. As comparações Post Hoc, pelo método Tukey HSD, revelaram que o grupo dos jovens adultos foi aquele que, de um modo geral, apresentou níveis mais elevados de sintomatologia depressiva e ansiosa, quando comparado com os outros dois grupos.
A variável relacionada com o agregado familiar foi recodificada de forma a obtermos três grupos distintos: os adolescentes que vivem com ambos os progenitores, os adolescentes que apenas vivem com um dos progenitores e os adolescentes que residem com outras pessoas que não sejam os progenitores. Deste modo, apenas surgem diferenças estatisticamente significativas para o total da escala de depressão (F[2;341] = 3,28; p = .039), cujas comparações Post Hoc, pelo método Tukey HSD, mostraram que os adolescentes que vivem com outras pessoas que não os progenitores têm maior nível depressivo (M = 43,17; DP = 7,13) quando comparados aos outros dois grupos.
A zona residencial foi dividida em duas zonas, mediante as respostas fornecidas pelos participantes – zona rural e zona urbana –, tendo sido integradas na zona urbana as duas respostas referentes à zona suburbana. Esta variável revelou diferenças estatisticamente significativas para a escala total da depressão (F[1;341] = 4,04; p = .045) e para a subescala de humor negativo (F[1;333] = 6,93; p = .009). Foram igualmente encontradas diferenças estatisticamente significativas para o resultado da MASC total (F[1;341] = 11,38; p = .001) e para a maior parte das suas subescalas, com valores de p que variaram entre .0005 (subescala de separação/pânico) e .043 (subescala de medos de desempenho). Desta forma, os adolescentes que residem em meio urbano apresentaram valores médios de depressão e de ansiedade mais elevados do que os adolescentes que vivem em meio rural.
No que diz respeito às notas escolares, estas foram agrupadas em três grupos consoante os quartis (Q1 = 10,88 [7,43 – 10,88]; Q2 = 12,13 [10,89 – 12,13]; Q3 = 14,00 [12,13 – 17,44]), que correspondem a um nível fraco, moderado e bom respectivamente. Os resultados apontaram diferenças estatisticamente significativas no CDI total (F[2;341] = 3,79; p = .024) e na subescala ineficácia (F[2;339] = 28,33; p = .0005). Por outro lado, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas para a MASC. Assim, os adolescentes com melhores notas são os que apresentam níveis menores de sintomatologia depressiva, quando comparados com os outros participantes.
A análise do uso de tabaco revelou diferenças estatisticamente significativas para o total da MASC e para algumas das suas subescalas com valores de p que variaram entre .0005 (separação/pânico) e .004 (evitamento prejudicial). Por fim, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas para a subescala de ineficácia (F[1;340] = 12,80; p = .005). Desta forma, os adolescentes que nunca experimentaram tabaco apresentam mais sintomas de ansiedade e menos sintomas depressivos do que os adolescentes que já experimentaram tabaco. A variável regularidade do uso de tabaco foi dividida em três grupos: o grupo daqueles que não fumam, o dos que fumam de vez em quando e, por fim, o grupo daqueles que fumam regularmente. Assim, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas para diferentes subescalas da depressão, com valores de p que variaram entre .009 (subescala ineficácia) e .045 (subescala problemas interpessoais), e para as subescalas de evitamento prejudicial (F[2;301] = 4,05; p = .018), perfeccionismo (F[2;304] = 6,33; p = .002) e separação/pânico (F[2;305] = 5,49; p = .005). As comparações Post Hoc, pelo método Tukey HSD, revelaram que o grupo dos adolescentes que não fumavam foi aquele que, de um modo geral, apresentou níveis mais elevados de sintomatologia ansiosa e mais baixos de sintomatologia depressiva, quando comparado com os outros dois grupos. (ver tabela A2).
Tabela A2 - Diferenças na regularidade do uso do tabaco para a depressão e ansiedade
* p menor ou igual a .05
** p menor ou igual a .01
No que diz respeito ao uso de álcool, nomeadamente a sua experiência, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas na medida de depressão para a subescala anedonia (F[1;340] = 5,28; p = .022), em que os participantes que já experimentaram álcool revelaram menos anedonia (M = 11,67; DP = 2,53) do que aqueles que nunca tinham experimentado álcool (M = 12,62; DP = 3,21). Para a medida de ansiedade, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas no total e nas suas subescalas, com valores de p que variaram entre .0005 (separação/pânico) e .006 (total da MASC). Os adolescentes que nunca experimentaram álcool apresentaram níveis mais elevados de sintomatologia ansiosa, quando comparados com aqueles que já experimentaram álcool. Tal como na regularidade do uso de tabaco, também na variável que media a regularidade do uso de bebidas alcoólicas foram criados três grupos: aqueles que bebiam todos os dias, aqueles que bebiam de vez em quando e aqueles que não bebiam no momento da avaliação. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas para a MASC, no entanto, foram obtidas diferenças no total do CDI (F[2;311] = 4,69; p = .010) e nas subescalas problemas interpessoais (F[2;321] = 17,12; p = .0005) e ineficácia (F[2; 321] = 4,92; p = .008). As comparações Post Hoc, pelo método Tukey HSD revelaram que o grupo dos adolescentes que afirmaram beber todos os dias foi aquele que, de um modo geral, apresentou níveis mais elevados de sintomatologia depressiva quando comparado com os outros dois grupos (ver tabela A3).
Tabela A3 - Diferenças na regularidade do uso de bebidas alcoólicas para depressão e ansiedade
* p menor ou igual a .01
** p menor ou igual a .001
Após a análise das diferenças, realizamos uma análise de correlação bivariada, através do coeficiente de correlação de Pearson, para a amostra total. Devido ao fato de existirem correlações significativas entre as subescalas de cada medida e o seu total, nesta análise, foram apenas utilizados os valores totais do CDI e da MASC, os fatores ambientais positivos, os fatores ambientais negativos e as notas escolares dos participantes. A ansiedade relacionou-se de forma positiva e estatisticamente significativa com a depressão (r = .31; p = .0005). Os fatores ambientais associaram-se de modo negativo e estatisticamente significativo com a ansiedade (r = -.11; p = .042) e com os fatores ambientais negativos (r = -.27; p = .0005). Foram também encontradas associações positivas e estatisticamente significativas entre as notas escolares e os fatores ambientais negativos (r = .12; p = .038).
Discussão
Esta investigação procurou analisar as diferenças e as relações existentes entre depressão, ansiedade, fatores ambientais e rendimento escolar (classificações obtidas no período escolar), de acordo com gênero, idade e uso de substâncias, entre outras variáveis.
Os resultados obtidos nesta investigação, pelo estudo da fidedignidade para os totais das medidas de avaliação, encontraram-se acima de .70, valor considerado como o mínimo aceitável para demonstrar a consistência interna de um conjunto de itens que se destinam a avaliar um constructo (Nunnaly, 1978).
No estudo das diferenças entre o gênero, as moças diferenciaram-se dos rapazes no que diz respeito à depressão e à ansiedade, já que relataram níveis gerais mais elevados de depressão e de ansiedade em comparação aos rapazes, o que é consistente com vários estudos realizados acerca das diferenças de gênero na saúde mental, especialmente na depressão e na ansiedade (Matos et al, 2003). Estas diferenças do gênero parecem emergir no início da adolescência e mantém-se ao longo da vida adulta (Kessler, McGonagle, Swartz, Blazer & Nelson, 1993). Por outro lado, foram os rapazes que demonstraram mais sentimentos de ineficácia, o que pode ser explicado pelo fato de as síndromes, durante a adolescência, terem um comportamento heterogêneo, dependendo do seu estágio de desenvolvimento, da altura em que surgiram, bem como da comorbidade existente (Harrington et al., 1996).
Uma vez que, com o prosseguir da adolescência, ocorre um aumento substancial dos sintomas depressivos (McGee et al., 1992), os jovens adultos mostraram possuir mais humor negativo, problemas interpessoais, ineficácia, anedonia, assim como mais depressão geral. De igual modo, também revelaram mais sintomas de ansiedade, nomeadamente sintomas físicos, o que vai ao encontro dos resultados relatados por Matos e Equipe (2000; 2003; 2004).
Contrariamente ao que é descrito na literatura, isto é, que seriam os adolescentes que vivem com outras pessoas que não seus progenitores os que apresentariam maiores índices de ansiedade (Hammen, Henry & Daley, 2000), os adolescentes não apresentaram mais sintomas de ansiedade. Contudo, este é apenas um indicador de disfunção familiar, existindo muitos outros que afetam a ansiedade, o que pode explicar a inexistência de diferenças no agregado familiar (Gutman & Sameroff, 2004). Por outro lado, apresentaram mais depressão geral, o que é congruente com a perspectiva de diversos autores (ex: Hammen et al., 2000).
Os adolescentes que vivem em meio urbano relataram mais sintomas gerais de depressão e ansiedade. Segundo Blazer et al. (1985), a depressão é mais comum em ambientes urbanos. Existem ainda alguns fatores que fazem com que o meio rural tenha características diferentes de outrora (ex: conservador, religioso) como a pobreza, o desemprego, a migração de jovens para as cidades, o melhor acesso à informação e a melhoria da rede de transportes (Blazer et al., 1985); o que pode indicar que as diferenças rurais e urbanas das condições sócio econômicas podem precipitar diferenças de estresse nos adolescentes que não resultam necessariamente em verdadeiras diferenças no nível de estresse (Elgar, Arlett & Groves, 2003).
Os adolescentes que apresentaram notas fracas ou médias foram aqueles que mostraram níveis médios mais elevados de ineficácia e de depressão, o que vai ao encontro do estudo de Atienza, Cuesta e Galan (2002), em que a presença de sintomas de depressão está relacionada com um pior desempenho escolar.
Sintomas de ansiedade foram encontrados em maior número entre os adolescentes que nunca tinham experimentado tabaco, apesar de relatarem menos ineficácia. Estes resultados são consistentes com os relatados por Patton et al. (1998), que conduziram um estudo prospectivo de três anos sobre a saúde nos adolescentes, em que a depressão prediz o início do consumo de tabaco, assim como a transição para o fumar diário. O fato de os adolescentes que já experimentaram tabaco reportarem menos sintomas de ansiedade pode estar relacionado com a evidência de que alguns adolescentes usam o tabaco para efeitos de auto-medicação, ou seja, de modo a acalmar alguns sintomas de ansiedade (Upadhyaya, Deas, Brady & Kruesi, 2002), o que pode explicar o resultado de que os adolescentes não fumantes também apresentaram mais sintomas de ansiedade do que os fumantes.
Os adolescentes que já tinham experimentado álcool apresentaram valores mais elevados de ansiedade. O uso de álcool e sua frequência estão associados de forma positiva com a ansiedade e com a depressão (Kandel et al., 1997). Os adolescentes que já experimentaram bebidas alcoólicas relataram menos anedonia, o que pode estar relacionado com a hipótese de auto-medicação, em que a literatura sugere que os adolescentes utilizam o álcool como resposta aos sintomas depressivos de modo a atenuá-los (Berger & Adesso, 1991; Williams & Adams-Campbell, 2000). Os adolescentes que bebiam de forma frequente relataram níveis de depressão mais elevados que os que não bebiam. As teorias que têm em conta a comorbidade entre a depressão e o álcool quase sempre focam o uso de álcool para a auto-medicação dos sintomas de humor (Berger & Adesso, 1991), o que poderá agravar a situação dos que bebem de modo regular.
Atualmente, é amplamente aceito que a depressão está correlacionada com a ansiedade (Kovacs & Devlin, 1998; Matos et al., 2003), relação esta também encontrada no presente estudo. Os participantes que relataram que, quando sentiam a presença de mais fatores ambientais positivos no seu meio envolvente, tinham menos ansiedade e depressão e sentiam a presença de menos fatores ambientais negativos no seu meio ambiente, uma vez que o meio envolvente influencia o bem estar e o funcionamento dos adolescentes. Os resultados também indicaram uma associação entre as notas escolares e os fatores ambientais negativos, ou seja, quanto mais fatores ambientais negativos os adolescentes relataram, melhores notas escolares apresentaram, o que pode revelar que os outros fatores como o meio familiar poderá ter um papel mais preponderante no desempenho escolar dos adolescentes (Atienza, et al., 2002) do que propriamente fatores ambientais, como por exemplo, o trânsito.
Dada a alta comorbidade entre ansiedade, depressão e consumo de substâncias, a identificação de adolescentes que usam substâncias, como o tabaco e o álcool, é importante, não só para o desenvolvimento dos programas de prevenção do consumo, como para a promoção da sua saúde mental/bem-estar. Programas universais de prevenção primária para adolescentes que foquem um único problema de saúde, ou uma simples característica do comportamento, têm poucas probabilidades de ter sucesso porque, nos adolescentes, estes problemas aparecem agrupados e ligados a um síndrome geral de mal-estar pessoal e social.
Para além da prevenção universal ao nível da promoção e da proteção da saúde, existe uma necessidade crescente de realizar intervenções secundárias de modo a prevenir o avanço de comportamentos de risco para perturbações psicopatológicas ou de abuso de substâncias, que afetem o desenvolvimento dos adolescentes.
A identificação precoce e o tratamento de problemas múltiplos em adolescentes podem minorar problemas entre os adolescentes que têm um risco elevado para perturbações a longo prazo.
Referências Bibliográficas
Aseltine, R. H.; Gore, Jr. S. & Colten, M. E. (1994). Depression and the social development context of adolescence. Journal of Personality and Social Psychology, 67, 252-263. [ Links ]
Atienza, F.; Cuesta, M. & Galán, S. (2002). Relación entre rendimiento académico, síntomas depresivos, edad y gênero en una población de adolescentes. Retirado em 25 de Julho de 2005 de www.psiquiatria.com [ Links ]
Berger, B. D. & Adesso, V. J. (1991). Gender differences in using alcohol to cope with depression. Addictive Behaviors, 16, 315-317. [ Links ]
Blazer, D.; George, L. K.; Landerman, R.; Pennybacker, M.; Melville, M. L.; Woodbury, M.; Manton, K. G.; Jordan, K. & Locke, B. (1985). Psychiatric disorders: A rural/urban comparison. Archives of General Psychiatry, 42, 651-656. [ Links ]
Elgar, F. J.; Arlett, C. & Groves, R. (2003). Stress, coping, and behavioural problems among rural and urban adolescents. Journal of Adolescence, 26, 574-585. [ Links ]
Gutman, L. M. & Sameroff, A. J. (2004). Continuities in depression from adolescence to young adulthood: Contrasting ecological influences. Development and Psychopathology, 16, 967-984. [ Links ]
Hammen, C.; Henry, R. & Daley, S. H. (2000). Depression and sensitization to stressors among young women as a function of childhood adversity. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 68, 782-787. [ Links ]
Harrington, R.; Rutter, M. & Fombonne, E. (1996). Development pathways in depression: Multiple meanings, antecedents, and end-point. Development and Psychopathology, 8, 601-616. [ Links ]
Hoffman, J. H.; Welte, J. W. & Barres, G. M. (2001). Co-ocurrance of alcohol and cigarette use among adolescents. Addictive Behaviors, 26, 63-78. [ Links ]
Johnson, C. C.; Cohen, P.; Pine, D. S.; Klein, D. F.; Kasen, S. & Brook, J. S. (2000). Association between cigarette smoking and anxiety disorders during adolescence and early adulthood. Journal of the American Medical Association, 8, 2348-2351. [ Links ]
Kandel, D. B. & Davies, M. (1982). Epidemiology of depressive mood in adolescents. Archives of General Psychiatry, 39, 1205-1212. [ Links ]
Kandel, D. B. & Davies, M. (1986). Adult sequelae of adolescent depressive symptoms. Archives of General Psychiatry, 43, 255-262. [ Links ]
Kandel, D. B.; Johnson, J. G.; Bird, H. G.; Canino, G.; Goodman, S. H.; Lahey, B. B.; Regier, D. A. & Scwab-Stone, M. (1997). Psychiatric disorders associated with substance use among children and adolescents: Findings from the methods for the epidemiology of child and adolescent mental disorders study – MECA. Journal of Abnormal Child Psychology, 25, 121-132. [ Links ]
Kendler, K. S.; Neale, M. C.; MacLean, C. J.; Heath, A. C.; Eaves, L. J. & Kessler, R. C. (1993). Smoking and major depression: A causal analysis. Archives of General Psychiatry, 50, 36-43. [ Links ]
Kessler, R. C.; McGonagle, K. A.; Swartz, M.; Blazer, D. G. & Nelson, C. B. (1993). Sex and depression in the national comorbidity survey I: Lifetime prevalence, chronicity and recurrence. Journal of Affective Disorders, 29, 85-96. [ Links ]
Kovacs, M. K. (1992). Children´s Depression Inventory. Toronto: Multi-Health, Inc. [ Links ]
Kovacs, M. & Devlin, B. (1998). Internalizing disorders in childhood. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 39, 47-63. [ Links ]
March, J. (1997). Multidimensional Anxiety Scale for children. Technical manual. Canada: MHS, Inc. [ Links ]
Matos, M. G.; Barrett, P.; Dadds, M. & Shortt, A. (2003). Anxiety, depression, and peer relationships during adolescence: Results from the portuguese national health behaviour in school-aged children survey. Eupean Journal of Psychology of Education, 1, 3-14. [ Links ]
Matos, M. G. & Equipe do projecto Aventura Social. (2000). A Saúde dos adolescentes portugueses, Lisboa, PEPT/GPT/ FMH [ Links ]
Matos, M. G. & Equipe do projeto Aventura Social. (2003). A Saúde dos adolescentes portugueses (quatro anos depois) , Lisboa, PEPT/GPT/ FMH [ Links ]
Matos, M. G. & Equipe do projeto Aventura Social. (2004). Risco e protecção. Retirado em 10/01/2006 de www.fmh.utl.pt/aventurasocial [ Links ]
McGee, R.; Feehan, M.; Williams, S. & Anderson, J. (1992). DSM-III disorders from age 11 to 15 years. Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, 31, 50-59. [ Links ]
Nunnaly, J. C. (1978). Psychometric Theory. Second edition. McGraw-Hill: New York. [ Links ]
Patton, G. C.; Carlin, J.; Coffey, C.; Wolfe, R.; Hibbert, M. & Bowes, G. (1998). Depression, anxiety, and smoking initiation: A prospective study over 3 years. American Journal of Public Health, 88, 1518-1520. [ Links ]
Patton, G. C.; Hibert, M; Rosier, M. J.; Carlin, J. B.; Caust, J. & Bowes, G. (1996). Is smoking associated with depression and anxiety in teenagers? American Journal of Public Health, 86, 225-230. [ Links ]
Rose, J. E.; Ananda, S. & Jarvik, M. E. (1983). Cigarette smoking during anxiety-provoking and monotonous task. Addictive Behaviors, 8, 353-359. [ Links ]
Santos, M. P. (2004). Influência dos fatores ambientais nas práticas de lazer em adolescentes. Tese de doutoramento Não-Publicada, Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade do Porto. [ Links ]
Thorlindsson, T. & Vilhjalmsson, R. (1991). Factors related to cigarette smoking and alcohol use among adolescents. Adolescence, 26, 399-418. [ Links ]
Upadhyaya, H. P.; Deas, D.; Brady, K. T. & Kruesi, M. (2002). Cigarette smoking and psychiatric comorbidity in children and adolescents. Journal of the Academy Child and Adolescent Psychiatry, 41, 1294-1305. [ Links ]
Wang, M. Q.; Fitzhugh, E. C.; Westerfield, R. C. & Eddy, J. M. (1994). Predicting smoking status by symptoms of depression for U.S. adolescents. Psychological Reports, 75, 911-914. [ Links ]
Williams, C. D. & Adams-Campbell, L. L. (2000). Addictive behaviors and depression among african americans residing in a public housing community. Addictive Behaviors, 25, 45-56. [ Links ]
Wilson, G. S.; Pritcherd, M. E. & Revalee, B. (2005). Individual differences in adolescent health symptoms: The effects of gender and coping. Journal of Adolescence, 28, 369-379. [ Links ]
Windle, M. & Davies, P. T. (1999). Depression and heavy alcohol use among adolescents: Concurrent and prospective relations. Development and Psychopathology, 11, 823-844. [ Links ]
Windle, M. & Windle, R. C. (2001). Depressive symptoms and cigarette smoking among middle adolescents: Prospective associations and intrapersonal and interpersonal influences. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 69, 215-226. [ Links ]
Endereço para correspondência
Dina Manso, Projecto Aventura Social, FMH/UTL. Estrada da Costa, 1499, lisboa codex.
E-mail: aventurasocial@fmh.utl.pt.
Recebido em: 15/05/2006
Aceito em: 09/06/2006