SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.63 número especialFora do jogo?: jovens negros no mercado de trabalhoJuventude e projeto de vida: novas perspectivas em orientação profissional índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

artigo

Indicadores

Compartilhar


Arquivos Brasileiros de Psicologia

versão On-line ISSN 1809-5267

Arq. bras. psicol. vol.63 no.spe Rio de Janeiro  2011

 

ARTIGOS

 

Cenas de trabalho: a fotografia como recurso metodológico para expressar os sentidos do trabalho juvenil

 

Pictures of work: photography as a methodological approach to understand the meanings of youth work

 

 

Regina Célia Paulineli BorgesI; Maria Chalfin CoutinhoII

IDoutoranda. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. Santa Catarina. Brasil. reginacl@uol.com.br
IIDocente. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. Santa Catarina. Brasil. chalfin@linhalivre.net

 

 


RESUMO

O presente texto visa apresentar o uso da fotografia como procedimento articulado à entrevista em pesquisas com jovens. Trata-se de investigação qualitativa sobre os sentidos do trabalho para jovens em sua primeira experiência profissional, cujos instrumentos para coletar as informações foram: entrevista semiestruturada e fotografia. Como exemplo, apresenta-se o caso de um jovem trabalhador. Na primeira entrevista, o jovem foi instado a falar sobre sua vida pessoal e familiar, em especial sobre o trabalho, após, lhe foi solicitado produzir imagens de cenas sobre trabalho. Reveladas as fotografias, foi realizada nova entrevista na qual o jovem narrou suas compreensões sobre os sentidos das imagens produzidas. A partir das transcrições dos discursos produzidos nas entrevistas, foi realizada a análise dos Núcleos de Significação do material, organizado em três categorias: 1) inserção no mercado de trabalho; 2) trabalho e vida cotidiana e 3) valor do trabalho. A análise deste caso revela o quanto o trabalho é central na vida do entrevistado. Conclui-se, apontando o quanto o uso de fotografias revelou-se um recurso metodológico enriquecedor em pesquisas com jovens.

Palavras-chave: Trabalho, Sentidos, Juventude, Fotografia, Pesquisa.


ABSTRACT

This paper presents the use of photography as a research method related to interview for youth inquiry. It is a qualitative research to examine the meanings of work for young people in their first employment experience, which techniques for data collections were: semi-structured interviews and photography. As an example is presented the case of a young worker. In the first interview the young were asked to speak about his own person and family life, especially about work issues, afterwards he was asked to take pictures of scenes of work. After having the pictures developed, it was made another interview, which the young spoke about his understandings of the meanings of the taken pictures. After the transcription of the data, it was made analysis of Core Meanings of the data, organized in three categories: 1) entrance in the labour market; 2) work and everyday life, and 3) value of work. The analysis of this case presents the centrality of work in the life of the interviewed. It is possible to conclude that photography is an important methodological approach to investigate young people.

Keywords: Work, Meanings, Youth, Photography, Research.


 

 

Introdução

O presente texto visa apresentar o recorte de uma pesquisa realizada com o objetivo de investigar os sentidos do trabalho para jovens na sua primeira experiência profissional. Em especial, nosso propósito é destacar de que modo o uso da fotografia, como procedimento articulado à entrevista, pode constituir um recurso metodológico fecundo em pesquisas com jovens. No presente estudo, tomaram-se como referência concepções históricas de trabalho e juventude.

O trabalho, categoria na qual se embasa esta pesquisa, foi compreendido dentro da historicidade, como constitutivo da condição humana e, em suas muitas "versões", permeando as relações sociais. Na perspectiva marxista, o trabalho é considerado um meio pelo qual a consciência deixa de ser mero produto de adaptações biológicas e passa a ser uma atividade autogovernada. Nesse processo, o homem produz a sua própria humanização e, assim, distancia-se de sua animalidade, desenvolvendo novas faculdades e capacidades. Na opinião de Marx e Engels (1932/2007),

"pode-se distinguir os homens dos animais pela consciência, pela religião ou por tudo o que se queira. No entanto, eles próprios começam a se distinguir dos animais logo que começam a produzir seus meios de existência, e esse salto é condicionado por sua constituição corporal. Ao produzir seus meios de existência, os homens produzem, indiretamente, sua própria vida material" (p. 44, grifo dos autores).

Ao longo da história humana, o trabalho, segundo Blanch Ribas (2003), passa por inúmeras concepções e significados, de acordo com o momento econômico, político e cultural ao qual está submetido. No século XVIII, período em que o capitalismo começa a se impor como modo hegemônico de produção, seu sentido passa a ser revestido de dupla face de direitos e deveres. "De uma atividade que fazia parte da vida, o trabalho tornou-se o meio de ganhar a vida. O homem não mais possuía sua integralidade, não produzia o que consumia e não consumia o que produzia" (Organista, 2006, p. 29). Assim, o capitalismo, caracterizado pela venda da força de trabalho de um trabalhador livre para um proprietário dos meios de produção, fez da força de trabalho humana uma mercadoria através do trabalho assalariado ou emprego.

A expressão emprego surge a partir da Revolução Industrial, sendo entendida por Blanch Ribas (2003) como uma forma de trabalho definida por uma relação contratual entre as partes, na qual a força de trabalho é comprada pelo contratante e assim trocada por um salário e/ou remuneração. Esse trabalho, sob a forma de assalariamento, passa por metamorfoses, constituindo, de acordo com Castel (1998), a chamada "civilização salarial", a qual trouxe para os trabalhadores, além dos deveres, também direitos.

Com a crise da chamada "sociedade salarial", surge um debate sobre o lugar central ocupado pelo trabalho nas relações sociais. Pensadores como Gorz (2007), Rifklin (1995) e Offe (1989), entre outros, consideram haver o descentramento dessa categoria e o fim de uma emancipação humana fundada no trabalho. Em contrapartida, há autores, tais como Antunes (2000), Frigotto (2002), Organista (2006), Coutinho, Krawulski e Soares (2007), que irão argumentar e defender a centralidade dessa categoria, apesar das diversas transformações do "mundo do trabalho".

Tal como Navarro e Padilha (2007), compreende-se aqui o trabalho ainda como senha de identificação do homem contemporâneo, haja vista seu caráter pluralista e central nas vidas dos trabalhadores, constituindo-se a atividade laboral fonte de experiência psicossocial. Essa centralidade não se localiza apenas na esfera econômica, mas é também uma forma de reconhecimento do sujeito na esfera psíquica e como agente social. Diante das alterações no contexto produtivo, são oportunos novos estudos sobre os significados e transformações do trabalho, operados sob a égide do sistema capitalista, e seus efeitos para a subjetividade.

De acordo com Antunes (2000), a classe que vive do trabalho está sempre na situação angustiante de lutar pela inclusão profissional e social ou enfrentar a exclusão e a marginalização, gerando novos modos de subjetivação. Aponta ainda o autor que os jovens também são integrantes nesse panorama. Desse modo, desenvolveu-se uma pesquisa com o propósito de analisar o modo como se processa a construção dos sentidos do trabalho para jovens em suas primeiras experiências profissionais.

Quando se busca investigar o universo dos jovens, é possível notar diferentes concepções teóricas sob a gênese da adolescência/juventude, sendo umas mais cronológicas/biológicas e outras mais sociais. Nas últimas décadas, observa-se um expressivo aumento, em toda a América Latina, de estudos voltados a ampliar conhecimentos sobre os jovens, seus modos de vida, relações com o mercado, educação, suas principais demandas e lutas políticas, entre outros temas (Abramo, 2005; León, 2005; Raitz, 2003; Raitz & Petters, 2008; Pandolfi & Silva, 2010).

Os estudos sobre jovens são oriundos de diferentes disciplinas. Frequentemente, a Psicologia tem se utilizado do termo adolescência, enquanto outras disciplinas sociais como a Sociologia, Antropologia, História e Educação recorrem à terminologia juventude. Segundo León (2005), há casos de utilização desses conceitos de modo sinônimo e homólogo entre si em algumas ramificações da Psicologia Social, tal como a visão evocada pela perspectiva sócio-histórica, seguindo Ozella (2003). Deste modo, a presente pesquisa corroborou com a adoção dos conceitos adolescências/juventudes numa sinonímia. Assim, entendeu-se que o sentido histórico-social das juventudes é fundado em uma perspectiva na qual cada sujeito é um "ser social e singular" e, portanto, "constitui sua singularidade através das mediações sociais" (Aguiar & Ozella, 2006, p. 223).

A investigação com jovens requer deparar-se com a questão de demarcar faixas etárias. Segundo Léon (2005), tem-se utilizado com frequência as seguintes segmentações: dos 12 aos 18 anos para designar a adolescência; dos 15 aos 29 anos para a juventude, sendo esta dividida em: dos 15 aos 19 anos, dos 20 aos 24 anos e dos 25 aos 29 anos, aproximadamente, já que habitualmente tem havido um prolongamento dessas faixas, seja para baixo ou para cima, num intervalo entre os 12 e 35 anos. O autor ressalta, entretanto, que classificações são recursos didáticos por vezes importantes nas investigações quantitativas e nas demarcações sociodemográficas, porém insuficientes para considerar as juventudes.

Desse modo, a concepção da adolescência como etapa natural e inerente ao desenvolvimento humano é contestada criticamente na abordagem sócio-histórica, pois "o jovem não é algo por natureza" (Aguiar, Bock & Ozella, 2007, p.168). Segundo Ozella (2003), as adolescências/juventudes têm significados construídos historicamente, dentro de condições pessoais, sociais, políticas e econômicas específicas.

A opção por investigar os processos de significação dos jovens no contexto do trabalho decorre da compreensão das categorias sentidos e significados como contornos privilegiados na busca da apreensão singular do ser humano, marcando uma diferenciação entre sentidos e significados. Os sujeitos aqui pesquisados foram vistos como seres constituídos em uma relação dialética com o social e o histórico, na e pela sua atividade e expressões humanas diversas. Assim, segundo Aguiar (2006),

"para compreender aquilo que singulariza o sujeito, precisamos analisar seu processo de constituição, que sem dúvida se expressa na palavra como significado, e ao apreender o significado da palavra temos as condições de, em um esforço analítico e interpretativo, aproximar das zonas de sentido" (p. 16).

Tal como pontua Aguiar, também se optou por uma diferenciação entre as categorias sentidos e significados. A compreensão das categorias sentidos e significados foram pautados na obra de Lev Semenovich Vygotski, um dos autores expoentes dessa conceituação. O sentido apresenta-se como a expressão mais subjetiva do sujeito, que "imprime" a singularidade, apresentando-se como uma categoria complexa e inesgotável de expressões cognitivas, afetivas e biológicas.

Para Vygotski (1992), toda palavra é dotada de múltiplos sentidos, unindo pensamento e linguagem, fala interior e exterior; assim, numa formação dinâmica, acompanha o desenvolvimento do sujeito e seu contexto histórico social. Já o significado é um fenômeno do pensamento e um componente indispensável para a palavra, mas refere-se aos conteúdos instituídos socialmente. Complementa Zanella (2001, p. 77) que "o significado é só uma das zonas do sentido, a mais estável, coerente e precisa". Segundo Aguiar (2006), na diferenciação entre sentidos e significados, deve-se esclarecer que, apesar da distinção, as duas categorias não devem ser analisadas separadamente, pois ambas são constitutivas uma da outra.

No intuito de compreender o lugar do trabalho no imaginário juvenil, Guimarães (2005), ao analisar uma das etapas da pesquisa intitulada Perfil da Juventude Brasileira1, foi buscar o sentido atribuído pelo jovem ao trabalho. A autora verificou que, longe de apresentar um sentido uniforme, o trabalho traz uma gama de múltiplos sentidos/significados. Independentemente de sua efetiva finalidade singular para cada um dos pesquisados, bem como das condições sociais e culturais apreendidas no momento histórico atual, o trabalho, seja um valor, uma necessidade ou um direito, assume um caráter central na vida desses jovens.

Em decorrência dessa centralidade, esses jovens profissionais também manifestaram suas angústias e inseguranças quanto à falta de vaga/oportunidades profissionais, aumentando, em conjunto com os adultos, as filas do desemprego e dos trabalhos precários. Corrochano et al. (2008), ao apresentarem dados sobre o desemprego juvenil, mostram o quanto ele atinge de forma desproporcional as diferentes faixas etárias, os sexos, a cor/raça, o contexto familiar e a escolaridade. Por exemplo: o desemprego apresenta índices mais elevados quanto menor for a idade do jovem e não fica restrito àqueles com menor escolaridade.

Além disso, os jovens formam quase 20% da população mundial, sendo possível afirmar, como faz Pochmann (2007), que "tomam a cena atual" de modo quantitativo no século XXI. O autor, ao comparar o Brasil com países desenvolvidos, evidencia que entre dez jovens brasileiros, sete já iniciaram uma atividade profissional, enquanto que, nos países desenvolvidos, a presença de jovens no mercado de trabalho é muito menor, chegando a apenas um ativo para cada nove inativos. Considera, pois, necessária, uma desaceleração desse processo.

Guimarães (2006) corrobora com o ponto de vista acima, ao apontar a ocorrência predominante de uma antecipação no ingresso laboral na vida dos jovens, por vezes, em prejuízo de uma adequada continuidade da vida escolar. Desta forma, destaca Camarano (2006), nas transições em curso, o trabalho2 antecipa a entrada na vida adulta de muitos jovens e perpassa até a sua saída na aposentadoria, formando uma "longa" trajetória laboral.

Por outro lado, o jovem, na expectativa de uma inserção laboral, se depara com um mercado de trabalho contemporâneo competitivo e que não dispõe de oportunidades para todos (Silva, 2009). As perspectivas de longas trajetórias laborais e as dificuldades nesse ingresso reiteram a necessidade de novos estudos que possam expressar o que pensam e sentem os jovens sobre o trabalho, tal qual se fez na pesquisa aqui apresentada.

 

O caminho metodológico e a fotografia

Escolher um caminho metodológico significa optar por uma determinada concepção de investigação, pois "uma metodologia não se define por uma coleção de técnicas e instrumentos, e sim pela sua lógica orientando o processo de investigação" (Alves, 1991 p. 56). Na mesma direção, Gonçalves (2007) entende que o método deve transcender uma simples questão instrumental e idealizar uma concepção de mundo, de homem e de conhecimento. Assim sendo, a compreensão dos sentidos adotada nesta pesquisa partiu do entendimento de um homem constituído numa relação dialética com o social e sua história.

Desse modo, a fim de melhor delimitar os procedimentos metodológicos, foi realizado um estudo exploratório3 com dois jovens trabalhadores. Dessa experiência, resulta o material de um desses jovens, apresentado no decorrer deste trabalho, destacado por sua relevância e riqueza de informações. Há de se esclarecer que, a partir desse estudo exploratório, foi posteriormente realizada a pesquisa propriamente dita com nove jovens-aprendizes de ambos os sexos e mantido o mesmo procedimento metodológico.

Assim, esta investigação consiste em um estudo qualitativo descritivo sobre os processos de significação de jovens na sua primeira experiência profissional. Para Bogdan e Biklen (1994), a pesquisa qualitativa possibilita maior aprofundamento e compreensão sobre os processos mediante os quais as pessoas constroem sentidos e significados.

Através das palavras/signos, ou seja, através da linguagem, é possível compreender a constituição da subjetividade, pois na fala dos sujeitos, muito além de meras respostas, estão expressas significações cognitivas, afetivas e volitivas estabelecidas num processo sócio-histórico e, portanto, reveladores dos sentidos (Aguiar, 2007). Tendo em vista essa concepção, optou-se pelo uso de entrevistas semiestruturadas como principal instrumento para busca de informações, com um roteiro organizado em eixos temáticos relativos a dados pessoais e familiares, atividades atuais/histórico profissional e projetos. Como instrumento complementar, foram utilizadas fotografias de cenas de trabalho, com imagens produzidas pelos jovens e significadas por meio de uma segunda entrevista.

O tipo de entrevista realizada foi considerado semiestruturado, por adotar um roteiro de questões abertas organizadas em temas. Entretanto, essas questões não foram seguidas rigidamente e adotou-se a flexibilidade da perspectiva compreensiva, tal como propõe Zago (2003). Para a autora, a entrevista constitui uma relação singular estabelecida entre pesquisado e pesquisador, na qual é importante o estabelecimento de uma relação de confiança e,

"neste sentido, o pesquisador não pode ser interpretado como se ele não fosse tal pessoa, não pertencesse a tal sexo, etnia e profissão, ou ainda, como se não ocupasse determinado lugar na sociedade. A entrevista expressa realidades, sentimentos e cumplicidades que um instrumento com respostas estandardizadas poderia ocultar, evidenciando a infundada neutralidade científica daquele que pesquisa" (p. 301).

A fotografia, utilizada como instrumento complementar, foi solicitada ao término da primeira entrevista. Tittoni (2009) pontua que a utilização da fotografia é bastante antiga na Psicologia. No entanto, somente na última década, esteve mais presente como instrumento de trabalho e produção de conhecimento. Corroboram e complementam tal opinião Maheirie, Boeing e Pinto (2005), quando consideram uma crescente ampliação e importância no uso dos recursos imagéticos. Assim, as imagens fotográficas, como recursos metodológicos, também têm sido utilizadas por distintas áreas de estudo, tais como Antropologia, Comunicação Social, Sociologia e Educação (Maurente & Tittoni, 2007).

O recurso imagético "marca" um momento, registrando um olhar com um fluxo discursivo próprio e singular. De acordo com Sato (2009, p. 220), "o olhar é tomado em apelo não apenas para se referir ao conhecimento, pois impregnado está de expressões que recorrem ao olhar para compor um sem número de expressões corriqueiras" e "assim, encarrega-se o olhar de garantir uma multiplicidade de sentidos". Além disso, "na sociedade da imagem, as cenas imagéticas não só falam do mundo como constituem, elas próprias, o mundo" (Da Ros, 2006, p. 222, grifos da autora). Titon (2008), em estudo com jovens da periferia da cidade de Florianópolis, ao utilizar-se da fotografia, considerou a possibilidade desse recurso metodológico se constituir uma forma de linguagem e ser concebido como representações do real, denotando um contexto histórico-cultural.

Neiva-Silva e Koller (2002) enunciam uma classificação na análise literária sobre o uso da fotografia nas pesquisas psicológicas, encontrando quatro funções para esse recurso: registro, modelo, função autofotográfica e instrumento de feedback4. Para os autores, a fotografia na função de registro tem uma ação documental de determinada ocorrência e sua importância dentro da pesquisa é apenas do conteúdo registrado. Como função modelo, as fotos são apresentadas pelo pesquisador aos sujeitos, sendo então analisadas suas percepções, fala e reações. Na função feedback, as fotografias, já previamente registradas por um terceiro, são apresentadas a um ou mais sujeitos tendo um intuito avaliativo de determinada temática em recorrentes encontros entre pesquisador e participante. Na presente pesquisa, os recursos imagéticos foram concebidos pela função autofotográfica, ou seja, o sujeito produziu suas próprias fotografias.

Assim, foi entregue ao jovem uma câmera fotográfica, convidando-o à produção de imagens, através da seguinte premissa: "pensando no que é trabalho para você, registre algumas cenas". Foi solicitada uma média de seis fotos. Pode-se pontuar que, entre as demais funções e a autofotográfica, existe, como principal diferença, o fato desta última possibilitar ao seu próprio produtor discorrer suas significações sobre cada cena criada e posteriormente ser materializada na sua revelação.

O contato com o jovem foi efetuado na escola pública onde ele estudava e cursava o segundo ano do ensino médio. Os critérios para a definição do participante da pesquisa foram: ter mais de 14 anos5, estar na condição de jovem aprendiz e vivenciando sua primeira experiência profissional, com o tempo mínimo de experiência de três meses. Tendo confirmados o aceite do jovem trabalhador e também a aprovação e autorização dos responsáveis, via Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE)6, foi realizada a primeira entrevista na sede da instituição pública. Essa entrevista pautou-se em um roteiro organizado em informações pessoais e familiares, sobre o primeiro emprego e a vida cotidiana, bem em como seu futuro. No final do encontro, o jovem foi convidado e aceitou produzir imagens com seu equipamento fotográfico digital. Posteriormente, as fotos foram enviadas para as pesquisadoras e, após a revelação, foi realizada a segunda entrevista, tendo como referência as imagens produzidas.

Assim, o jovem produziu quatro fotos do seu próprio local de trabalho e, na segunda entrevista, discorreu sobre suas próprias imagens. Também por meio de um roteiro semiestruturado, foram solicitados comentários sucintos de todas as imagens e a escolha de uma foto que representasse para ele a principal cena de trabalho, explorando o motivo da escolha. Desse modo, as duas entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas na íntegra, iniciando o tratamento das informações.

Tendo como pressuposto teórico a abordagem sócio-histórica, foi realizada a análise das informações levantadas através dos Núcleos de Significação, conforme preconizados e utilizados por Aguiar e Ozella (2006), numa estrutura epistemológica baseada na teoria de Vygotski. Segundos esses autores, os Núcleos de Significação constituem uma metodologia que intenta apreender os sentidos proclamados nos discursos dos sujeitos informantes procurando elucidações do processo de constituição do sujeito em seu contexto histórico. Assim, buscou-se conhecer a constituição do sujeito em sua processualidade histórico dialética, na qual os sentidos e os significados são produzidos por complexas relações na sua trajetória.

A análise começou com as leituras "flutuantes" das transcrições das duas entrevistas. As recorrentes leituras, feitas de forma meticulosa, possibilitaram a organização dos chamados pré-indicadores. Através de novas leituras, em uma "segunda fase", os pré-indicadores foram reduzidos, aglutinando-os pela similaridade, complementaridade ou contraposição, caminhando para a formação dos indicadores. Posteriormente, em novos processos de articulação, tivemos o desfecho em três núcleos de significação: 1) inserção no mercado de trabalho; 2) trabalho e vida cotidiana e 3) valor do trabalho. Os conteúdos desses três núcleos compõem os resultados deste estudo de caso e são apresentados a seguir.

 

Resultados: trajetória de um jovem trabalhador

Em uma breve caracterização, o jovem trabalhador entrevistado, aqui nomeado de João7, tinha 17 anos, cursava o segundo ano do ensino médio e trabalhava, desde os 14 anos, em uma prestadora de serviços de terceirização, tendo iniciado sua carreira como jovem-aprendiz. Na época da entrevista, porém, já havia galgado outras funções. Morava com sua mãe e uma irmã, e seus pais viviam separados desde a sua infância. Quando questionado sobre trabalhar, referiu-se a sua iniciativa de buscar uma atividade profissional, dizendo ser o trabalho parte essencial de sua rotina, local onde passava a maior parte do tempo e não pensava mais sua vida sem o mesmo. Ressaltou esse fato reiterando que, não somente em termos financeiros, pois não precisava contribuir no orçamento familiar, mas, sim, em termos de costumes e adaptações, do compromisso e responsabilidades adquiridas após a experiência laboral.

O primeiro núcleo identificado é relativo à inserção no mercado de trabalho e revela significações dos processos de busca do primeiro emprego e formas de inserção. O "pontapé" para esta análise se pauta nas transformações do contexto produtivo contemporâneo e do chamado "mundo do trabalho". Dessas alterações decorrem as dificuldades encontradas pelos jovens para ingressarem no mercado de trabalho. Pochmann (2007) denomina tal etapa como desemprego de inserção; trata-se de uma fase na qual o jovem sai à procura do seu primeiro emprego e por não dispor de experiência e devido, às vezes, à baixa escolaridade, encontra dificuldades de acesso ao mercado.

Contudo, as oportunidades também são conquistadas de modo dialético, exprimindo contradições sociais exemplificadas na fala e no modo como João consegue inserir-se no mercado de trabalho:

"[...] A princípio, quando eu botei na minha cabeça que queria começar a trabalhar e minha mãe foi contra, eu fui e fiz uma entrevista numa rede de alimentação, onde contratam a maioria dos adolescentes, e meio que meu pai, meio que daí, como ele era a favor, deu começar a trabalhar, ele deu um baque, assim ele disse assim: não meu filho, começar a trabalhar lá numa rede de lanchonete!... aí foi na fábrica do meu tio, onde ele é o proprietário da fábrica onde eu trabalho agora."

A fala do jovem sugere que a sua inserção familiar, em um grupo com uma condição socioeconômica favorável, facilitou sua inserção no mercado de trabalho, capacitando-o a enfrentar as barreiras do desemprego de inserção.

Os dados estatísticos informados por Branco (2005) sinalizam que entre as faixas etárias dos 16 aos 24 anos, constatam-se os maiores índices de inatividade profissional, denunciando uma desproporção no preenchimento das ocupações e, assim, "disponibilizando" vínculos precarizados de trabalho, frequentemente prejudiciais na escolarização e/ou até possíveis de levar a uma exclusão educacional. Contudo, continua o autor, "todos os indicadores disponíveis têm evidenciado uma forte 'pressão' dos jovens na procura por ocupação" (p. 131), promovendo o aumento substancial das taxas de desemprego. Dessa forma, corroborando com Branco (2005), a busca do primeiro emprego, com a iniciativa do próprio jovem, também ficou aqui reiterada, sendo destacada na fala de João:

"[...] meio que foi assim por vontade própria, porque foi o que eu sempre quis buscar a minha vida, porque eu nunca quis, eu sempre tive uma boa vida lá com a minha mãe, digamos né, mas sempre quis tá buscando meu eu, sempre o meu profissional, sabendo que naquele instante o salário era mínimo, mas futuramente acaba ficando melhor."

O segundo núcleo analisa a relação trabalho e vida cotidiana e essa "transformação" em jovens-trabalhadores. Segundo Guimarães (2005), esse é um dos "componentes" clássicos de transição para a vida adulta. A mesma opinião também é enunciada pelo IPEA (2008), indicando o trabalho como uma, entre outras "transições" que tipificam a "passagem" do jovem para o mundo adulto, tais como se tornar pai, ou mãe.

Destarte, a vida anteriormente dedicada aos estudos é agora atravessada pelo trabalho. A partir daí, no lugar da diversão e do prazer, que integram o chamado tempo livre, surgem os atributos valorativos sociais (como a responsabilidade) que passam a integrar o discurso do jovem João quando diz: "Então, como eu falei, cada um tem a sua responsabilidade, já tem o seu compromisso, eu acho que já tenho a minha responsabilidade e sei quando eu devo ficar e quando não devo". De acordo com Sarriera et al. (2007), o modo de utilização do tempo livre é subordinado a condições sociais, culturais, econômicas, ideológicas e físicas de cada sujeito, e este escolhe e destina a esse tempo atividades prazerosas e flexíveis escolhidas.

Com frequência, o senso comum expressa uma visão homogênea da juventude, como uma etapa da vida distante do mundo do trabalho, que dispõe de tempo livre exclusivamente para o lazer (Brenner, Dayrell & Carrano, 2005). De modo dialético, o tempo e as rotinas desses jovens trabalhadores também sofrem alterações, conforme descreve o entrevistado: "[...] primeiramente era somente meus estudos e então sempre era aquela vida estudar de manhã, depois de tarde um curso e depois à noite televisão ou passear com os colegas. E hoje em dia não, hoje tá, tem compromisso, acordar cedo, dormir tarde".

No terceiro núcleo, relativo ao valor do trabalho, num movimento dinâmico e contraditório, João trouxe algumas "perdas", como as do seu tempo livre, mas apontou "ganhos", expressos em significados objetivos e materiais, além de sentidos subjetivos para esse sujeito. Tais contradições foram assim narradas:

"[...] já falo que eu sou um realizado, assim por um lado e, não pelo outro. De um lado, o lado realizado, eu tenho meu salário, tenho um bom salário, tenho minha carreira, digamos né, tenho meus estudos em dia e, pelo lado contra, assim eu não tenho mais aquele tempo de sair com amigos, de tá... curtir assim, durante a semana."

Objetivamente, ter um trabalho/emprego e uma remuneração promovem uma autonomia financeira, um sentido ao trabalho relacionado à questão do ter. Dessa materialidade, desse consumir, surgem significados sociais da sociedade capitalista e, nas palavras de Marx (1818-1883/1985, p. 125), "a circulação de mercadoria é o ponto de partida do capital". Então, os jovens, na posse do seu próprio dinheiro (este considerado por Marx dotado de certa magia e mais um dos fetiches do capitalismo), são estimulados por meios de comunicação e se tornam "presas fáceis" ante as demandas de consumirem cada vez mais uma gama de produtos rapidamente obsoletos.

No discurso de João, entretanto, o trabalho expressou outros sentidos em maior prevalência, relacionados às alterações subjetivas promovidas a partir da sua primeira experiência laboral. Assim, para ele o trabalho é "satisfação, eu já me considero muito satisfeito pelo que eu exercito" e apresenta uma centralidade e importância no fato de ser um trabalhador quando diz: "não por termos financeiros e, sim, por termos de costumes, adaptação... porque uma pessoa que depois começa a trabalhar, começa a ter certa experiência, você passa a viver não só para você, pro que tá ao seu redor e sim pro mundo".

A importância de sua experiência laboral atual por meio da fotografia abaixo, produzida por João como a cena de trabalho mais significativa para ele, que traz seu próprio local de trabalho e colegas.

 

 

A imagem acima é assim descrita pelo entrevistado:

"Essas pessoas são as pessoas que eu mais convivo, estão no meu dia-a-dia e que eu tenho apego. A foto mostra diretamente o que é o faturamento, o que é o meu trabalho. As duas auxiliares: uma tá no sistema e a outra no arquivo. O arquivo é muito importante: mostra os contratos e as notas fiscais que é o foco da minha função."

Por meio de seu discurso, é possível notar o quanto as atividades realizadas em seu emprego são por ele valorizadas.

Assim, esse jovem trouxe imagens que reiteram o trabalho sob a forma de emprego e suas satisfações com essa primeira experiência profissional.

 

Considerações finais

A realização deste estudo de caso fez parte da fase exploratória da pesquisa posteriormente efetivada e, desse modo, possibilitou aprimorar ferramentas teóricas e metodológicas desenvolvidas ao longo de toda a investigação. Desde o início, foi evidenciada a importância de novos estudos na busca de contribuir com a compreensão das várias juventudes, dada a imprecisão dos termos utilizados e das delimitações etárias. Cabe, ainda, questionar: o que é a juventude/adolescência? Como foi apontado, existem muitas concepções, entre as quais a sócio-histórica aqui adotada. No entanto, não se trata de concepções passíveis de serem "enquadradas" em categorias absolutas. Através de um olhar crítico, é possível discutir as visões dicotômicas e conceber o homem como um ser significante, capaz de se "inventar" constantemente em suas particularidades sócio-históricas, para, assim, avançar na compreensão das múltiplas juventudes e/ou adolescências presentes na sociedade contemporânea.

Diante das metamorfoses do mundo do trabalho e concebendo essa categoria como central na essência humana, buscou-se investigar os sentidos do trabalho para a juventude, expressos na singularidade de cada sujeito com suas experiências sociais, concretas e distintas. Como exemplo de uma experiência concreta, foi apresentado o caso de um jovem trabalhador, com suas produções (discursos e imagens) sobre os processos de significação no trabalho.

A fotografia, como recurso metodológico, permitiu maior aproximação na apreensão dos sentidos do trabalho, pois através de imagens autoproduzidas, como também autointerpretadas, o participante expressou "novos olhares" que ampliaram os sentidos proclamados nas entrevistas. Corroborando com a experiência de Maheirie, Boeing e Pinto (2005, p. 215), também é possível afirmar que "a fotografia provoca dúvidas, gera reflexões, produz soluções". Além disso, tomando os recursos imagéticos em um contexto sócio-histórico, amplia-se a constituição do olhar humano de forma infinita, pois as imagens, como processos de criação, aludem a ações de subjetivação e objetivação dos sujeitos sempre em constantes movimentos (Strappazzon et al. 2008).

Assim, a fotografia e o ato de fotografar, desde quando surgiram por volta do século XVII, nos "brindam" com diversas formas de olhar. É possível pensar diferentes modos de uso desse recurso, seja como uma forma de demarcar o mundo com precisão, um registro da realidade vivida, como um prolongamento de experiências, sensações ou como registro memorial (Costa & Mautone, 2009). Desse modo, a fotografia pode ser apropriada e utilizada em pesquisas e atender, metodologicamente falando, a diferentes objetivos e modelos teóricos conceituais.

No presente estudo, o uso da fotografia, contemporaneamente bastante popularizada pelas máquinas digitais, trouxe novos "atributos" ao vínculo entre pesquisador e pesquisado como uma ferramenta por meio da qual foi possível a aproximação do "não observável", com a subjetividade, conforme aponta González Rey (2004). Tal aproximação é importante, pois, de acordo com Sato (2009), nas abordagens qualitativas "independentemente do caminho priorizado para se acessar os fenômenos 'ao vivo', tudo tem início no contato com as pessoas. E a qualidade do vínculo estabelecido entre pesquisador e pesquisado insinua-se como pré-condição para a qualidade do 'dado' coletado" (p. 218).

Ao utilizar também a fotografia como recurso para pesquisa, a mesma autora aponta o quanto o uso desse recurso se constituiu em "mediações importantes que permitiram conceber a pesquisa como um processo de construção de visibilidades" (Sato, 2009, p. 223). Nas investigações com jovens, caso do estudo aqui apresentado, essa "construção de visibilidades", mediada pelas imagens fotográficas, é particularmente fecunda, constituindo-se uma linguagem visual compartilhada entre pesquisador e sujeito participante.

Por meio do contato, com as imagens produzidas por João, o pesquisador pode "interagir" com o seu contexto social, ou seja, seu local de trabalho, e nessas "cópias" materiais e objetivas do seu dia a dia profissional, conhecer as expressões dos seus sentidos subjetivos sobre sua primeira experiência profissional. Sendo assim, concordamos com Maurente (2009), ao entender a fotografia como uma importante ferramenta metodológica da investigação, tornando-se tanto uma forma de ampliação nas possibilidades de expressão do sujeito, como um elo na relação pesquisador/pesquisado.

 

Referências

Abramo, H. W. (2005). Condição juvenil no Brasil contemporâneo. In H. W. Abramo & P. P. M. Branco (Orgs.), Retratos da juventude brasileira (pp. 37-72). São Paulo: Fundação Perseu Abramo.         [ Links ]

Aguiar, W. M. J. (2006). A pesquisa junto a professores: fundamentos teóricos e metodológicos. In W. M. J. Aguiar (Org.), Sentidos e significados do professor na perspectiva sócio-histórica: relatos de pesquisa (pp. 11-22). São Paulo: Casa do Psicólogo.         [ Links ]

Aguiar, W. M. J. (2007). A pesquisa em Psicologia Sócio-Histórica: Contribuições para o debate metodológico. In A. M. B. Bock, M. G. M. Gonçalves & O. Furtado (Orgs.), Psicologia sócio-histórica: uma perspectiva crítica em psicologia (pp. 129-140, 3ª ed.). São Paulo: Cortez.         [ Links ]

Aguiar, W. M. J., Bock, A. M. M. & Ozella, S. A. (2007). orientação profissional com adolescentes: um exemplo de prática na abordagem sócio-histórica. In A. M. B. Bock, M. G. M. Gonçalves & O. Furtado (Orgs.), Psicologia sócio-histórica: uma perspectiva crítica em psicologia (3a ed., pp. 163-178). São Paulo: Cortez.         [ Links ]

Aguiar, W. M. J. & Ozella, S. (2006). Núcleos de significação como instrumento para a apreensão da constituição dos sentidos. Psicologia Ciência e Profissão, 26(2), 222-245.         [ Links ]

Alves, J. A. (1991). O planejamento de pesquisas qualitativas em educação. Caderno de Pesquisa, 77, 53-61.         [ Links ]

Antunes, R. (2000). Os Sentidos do trabalho: ensaios sobre a afirmação e negação do trabalho (3a ed.). São Paulo: Boitempo.         [ Links ]

Blanch Ribas, J. M. (2003). Trabajar em la modernidad industrial. In J. M. Blanch Ribas & C. Gala Durán, Teoria de las relacionaes laborales: Fundamentos (pp. 19- 147). Barcelona: Editorial UOC.         [ Links ]

Bock, A. M. M. (2004). A perspectiva sócio-histórica de Leontiev e a crítica naturalização da formação do ser humano: a adolescência em questão. Cadernos Cedes, 24(62), 26-43.         [ Links ]

Branco, P. P. M. (2005). Juventude e trabalho: desafios e perspectivas para as políticas públicas. In H. W. Abramo & P. P. M. Branco (Orgs.), Retratos da juventude brasileira (pp.129-148). São Paulo: Fundação Perseu Abramo.         [ Links ]

Brenner, A. K., Dayrell J. & Carrno, P. (2005). Culturas do lazer e do tempo livre dos jovens brasileiros. In H. W. Abramo & P. P. M. Branco (Orgs.), Retratos da juventude brasileira (pp. 175-214). São Paulo: Fundação Perseu Abramo.         [ Links ]

Bogdan, R.; Biklen, S. K. (1994). Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora.         [ Links ]

Camarano, A. M. (2006). Considerações finais: transição para a vida adulta ou vida adulta em transição? In A. M. Camarano (Org.), Transição para a vida adulta ou vida adulta em transição? (pp. 319-330). Rio de Janeiro: IPEA.         [ Links ]

Castel, R. (1998). As metamorfoses da questão salarial: uma crônica do salário (5a ed.) (I. D. Pleti, Trad.). Petrópolis, RJ: Vozes.         [ Links ]

Corrochano, M. C., Ferreira, M. I. C., Freitas, M. V. & Sousa, R. (2008). Jovens e trabalho no Brasil: desigualdades e desafios para as políticas públicas. São Paulo: Ação Educativa, Instituto IBI.         [ Links ]

Costa, A. B. & Mautone, G. (2009). As imagens e as coisas: fotografia e produção de conhecimento. In J. Tittoni (Org.), Psicologia e Fotografia: experiências em intervenções fotográficas (pp. 24-45). Porto Alegre: Ed. Dom Quixote.         [ Links ]

Coutinho, M. C., Krawulski, E. & Soares, D. H. P. (2007). Identidade e trabalho na contemporaneidade: repensando articulações possíveis. Psicologia & Sociedade, 19(especial), 29-37.         [ Links ]

Da Ros, S. Z. (2006). Imagem, discursos e dialogismo: questões metodológicas. In S. Z. Da Ros, K. Maheirie & A. V. Zanella, (Orgs.), Relações estéticas, atividade criadora e imaginação: sujeitos e (em) experiência (pp. 221-238). Florianópolis: NUP/CED/UFSC.         [ Links ]

Frigotto, G. (2002). A dupla face do trabalho: criação e destruição da vida. In G. Frigoto, & M. Ciavatta (Orgs.), A experiência do trabalho e a educação básica (pp. 11-27). Rio de Janeiro: DP&A.         [ Links ]

Gonçalves, M. G. M. (2007). Fundamentos metodológicos da Psicologia Sócio-Histórica. In A. M. B. Bock, M. G. M. Gonçalves & O. Furtado (Orgs.), Psicologia sócio-histórica: uma perspectiva crítica em psicologia (3ª ed, pp. 113-127). São Paulo: Cortez, 2007.         [ Links ]

González Rey, F. L. (2004). O social na psicologia e a psicologia social: a emergência do sujeito (V. L. M. Joscelyne, Trad.). Petrópolis, RJ: Vozes.         [ Links ]

Gorz, A. (2007). Metamorfose do trabalho. Busca do sentido: critica da razão econômica (A. Montoia, Trad.). São Paulo: Annablume.         [ Links ]

Guimarães, N. (2005). Trabalho: uma categoria-chave no imaginário juvenil. In H. W. Abramo & P. P. M. Branco (Orgs.), Retratos da juventude brasileira (pp 149-174). São Paulo: Fundação Perseu Abramo.         [ Links ]

Guimarães, N. (2006). Trajetórias inseguras, automatização incerta: os jovens e o trabalho em mercado sob intensas transições ocupacionais. In A. M. Camarano (Org.), Transição para a vida adulta ou vida adulta em transição? (pp.171-197). Rio de Janeiro: IPEA.         [ Links ]

Instituto De Pesquisa Econômica Aplicada (s. n.). Juventude e políticas sociais no Brasil. Recuperado em 20 de setembro de 2008 de http://www.ipea.gov.br/sites/000/2publicacoes/tds/td_1335.pdf.         [ Links ]

León, O. D. (2005). Adolescência e juventude: das noções às abordagens. In M. V. Freitas (Org.), Juventude e adolescência no Brasil: referências conceituais (pp. 9-18). São Paulo: Ação Educativa. Recuperado em 25 de novembro de 2009 de http://www.acaoeducativa.org.         [ Links ]

Maheirie, K., Boeing, P. & Pinto, G. C. (2005). Pesquisa e intervenção por meio da imagem: o recurso fotográfico no cotidiano de varredores de ruas. Psico, 36(2), 213-219.         [ Links ]

Marx, K. (1985). Transformação do dinheiro em capital. In K. Marx, O Capital: crítica da economia política (Vol 1. Cap. IV. 2a ed., pp. 125-145), São Paulo: Nova Cultural. (Trabalho original publicado em 1818-1883).         [ Links ]

Marx, K. & Engels, F. (2007). A Ideologia Alemã. São Paulo: Martin Claret. (Trabalho original publicado em 1932).         [ Links ]

Maurente, V. (2009). Ver, conhecer e pensar nos caminhos fotográficos. In J. Tittoni (Org.), Psicologia e Fotografia: experiências em intervenções fotográficas (p. 46-55). Porto Alegre: Ed. Dom Quixote.         [ Links ]

Maurente, V. & Tittoni, J. (2007). Imagens como estratégia metodológica em pesquisa: a fotocomposição e outros caminhos possíveis. Psicologia e Sociedade, 19(3), 33-38.         [ Links ]

Navarro, V. L. & Padilha, V. (2007). Dilemas do trabalho no capitalismo contemporâneo. Psicologia & Sociedade, 19(especial), 14-20.         [ Links ]

Neiva-Silva, L. & Koller, S. H. (2002). O uso da fotografia na pesquisa em Psicologia. Estudos de Psicologia, 7(2), 237-250.         [ Links ]

Offe, C. (1989). Trabalho: a categoria-chave da sociologia? Revista Brasileira de Ciências Sociais, 10(4), 05-20,. Recuperado em 16 de abril de 2010 de http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_10/rbcs10_01.htm.         [ Links ]

Organista, J. H. C. (2006). O debate sobre a centralidade do trabalho. São Paulo: Expressão Popular.         [ Links ]

Ozella, S. (2003). Concepções sobre a adolescência. In S. Ozella (Org.), Adolescências Construídas: a visão da psicologia sócio-histórica (pp. 17-40). São Paulo: Cortez.         [ Links ]

Pandolfi, D. & Silva, I. (2010). Livro das Juventudes Sul-americanas. Rio de Janeiro: Ibase.         [ Links ]

Pochmann, M. (2007). A batalha pelo primeiro emprego: a situação e as perspectivas do jovem no mercado de trabalho brasileiro (2ª ed.). São Paulo: Publisher.         [ Links ]

Raitz, T. R. (2003). Jovens, trabalho e educação: rede de significados dos processos identitários na Ilha de Santa Catarina. Tese de Doutorado em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.         [ Links ]

Raitz, T. R. & Petters, L. C. F. (2008). Novos desafios dos jovens na atualidade: trabalho, educação e família. Psicologia & Sociedade, 20(3), 408-416.         [ Links ]

Rifkin, J. (1995). O fim do trabalho. In J. Riflin (Org.), O Fim dos empregos: o declínio inevitável dos níveis dos empregos e a redução da força global de trabalho (pp. 03-12) (R. G. Bahr, Trad.). São Paulo: Makron Books.         [ Links ]

Castellá Sarriera, J., Tatim, D. C., Schell Coelho, R. P. & Büsker, J. (2007). Uso do tempo livre por adolescentes de classe popular. Psicologia: Reflexão e Crítica, 20(3). 361-367.         [ Links ]

Sato, L. (2009). Olhar, ser olhado e olhar-se: notas sobre o uso da fotografia na pesquisa em psicologia social do trabalho. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 12(2), 217-225.         [ Links ]

Silva, M. M. (2009). A inserção profissional dos jovens em tempos de inovação tecnológica e organizacional. Revista Educação em Questão, 35(21), 74-97.         [ Links ]

Strappazzon, A., Santa, B., Werner, F. W. & Maheirie, K. (2008). A criação fotográfica e o aumento da potência de ação: experiências e possibilidades. Cadernos de Psicopedagogia, 7(12). Recuperado em 26 de novembro de 2009 de http://peosi.bvs-psi.org/scielo.php?script=sciarttex&pid=S167610492008000100002&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 1676-1049.         [ Links ]

Titon, A. P. (2008). Jovens de baixa renda de Florianópolis/SC e suas relações na e com a cidade (157 p.). Dissertação de Mestrado em Psicologia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.         [ Links ]

Tittoni, J. (2009). Sobre psicologia e fotografia. In J. Tittoni (Org.), Psicologia e Fotografia: experiências em intervenções fotográficas (pp. 7-23). Porto Alegre: Ed. Dom Quixote.         [ Links ]

Vygotski, L. S. (1992). Pensamiento y palabra. In L. S. Vygotski, Obras Escogidas II (pp. 287-348). Madrid: Visor Distribuiciones.         [ Links ]

Zago, N. (2003). A entrevista e seu processo de construção: reflexões com base na experiência prática de pesquisa. In: N. Zago, M. P. Carvalho, R. A. T. Vilela, (Org.), Itinerários de pesquisa: perspectivas qualitativas em Sociologia da Educação (pp. 287-309). Rio de Janeiro: DP&A.         [ Links ]

Zanella, A. V. (2001). Vygotski: contexto, contribuições à psicologia e o conceito de zona de desenvolvimento proximal. Itajaí: Ed. UNIVALI.         [ Links ]

 

 

Submetido: 13/12/2010
Revisto: 08/06/2011
Aceito: 15/08/2011

 

 

1 A pesquisa Perfil da Juventude Brasileira de 2004, desenvolvida pelo Projeto Juventude/Instituto Cidadania, com a parceria do Instituto de Hospitalidade e do Sebrae, foi um estudo realizado em áreas urbanas e rurais de todo o Brasil, com jovens de 15 a 24 anos de todos os segmentos sociais. Os dados foram colhidos em novembro e dezembro de 2003.
2 Reconhece a autora que, além do trabalho, há outras divisões no ciclo de vida dos jovens, tais como a saída da casa dos pais, o casamento e a maternidade que também assinalam sua transição para a vida adulta.
3 Este artigo fundamenta-se em um estudo de caso efetivado, durante a fase exploratória da pesquisa efetivada para a elaboração da dissertação de mestrado realizado pelo primeiro autor com orientação do segundo.
4 Os autores citados optaram por esta classificação. Ressalte-se, porém, um rol de infinitas outras possibilidades de "leituras" ou formas de utilização da fotografia nas produções de conhecimentos dentro da Psicologia, como foi apontado por Tittoni (2009).
5 De acordo com a legislação brasileira que autoriza a inserção no mercado de trabalho a partir dos 14 anos.
6 Esse projeto, pautado pelos parâmetros éticos vigentes no país, foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEPSH) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
7 Nome fictício.

Creative Commons License Todo o conteúdo deste periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons