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Psicologia em Pesquisa

On-line version ISSN 1982-1247

Psicol. pesq. vol.1 no.2 Juiz de Fora Dec. 2007

 

RELATOS DE PESQUISA

 

Teste de Nomeação de Figuras: evidências de precisão e validade em crianças pré-escolares

 

Picture Naming Test: evidences of validity and reliability in pre-school children

 

 

Alessandra Gotuzo Seabra Capovilla* ; Fernanda Ferracini ** ; Natália Martins Dias*** ; Bruna Tonietti Trevisan****; José M. Montiel*****

Universidade São Francisco

 

 


RESUMO

A habilidade de nomeação tem sido relatada como fundamental para o desenvolvimento da linguagem oral e relacionada à aquisição da linguagem escrita. Também tem sido apontada como um aspecto importante a ser considerado na avaliação de linguagem em pré-escolares. Este estudo teve como objetivo verificar as características psicométricas de precisão e validade de um teste de nomeação de figuras. Participaram 122 crianças, de 3 a 5 anos de idade, avaliadas com o Teste de Nomeação de Figuras (TNF) e Escala de Maturidade Mental Colúmbia, individualmente, em duas sessões. Resultados evidenciaram boa precisão do TNF, com coeficiente alfa de 0,96 e Spearman-Brown de 0,76. Ancova do efeito de idade, controlando inteligência não-verbal, revelou que o escore no TNF aumentou com a progressão da idade. Desta forma, o estudo proveu evidências de precisão e validade do TNF e contribuiu para a futura disponibilização de testes para avaliação da habilidade de nomeação em pré-escolares.

Palavras-chave: Avaliação psicológica, Linguagem oral, Nomeação, Pré-escolares.


ABSTRACT

Naming ability has been reported as fundamental for oral language development and it has been related to written language acquisition. It also has been pointed out as an important aspect of language evaluation on pre-school. This study had as an objective verify the psychometric characteristics of validity and reliability of picture naming test. Participated in this study 122 children, from age 3 to 5 years old. They were evaluated individually, on two sections, on a Picture Naming Test (PNT) and Columbia Metal Maturity Scale. Results show good reliability scores on the PNT with Cronbach alpha coefficient of 0,96 and Spearman-Brown coefficient of 0,76. The Ancova of age effect, controlling for non-verbal intelligence, revealed that the PNT score increased with age. This way, this study offered evidence of reliability and validity of the PNT and contributed for in the future picture naming evaluation tests be available for evaluation of pre-schoolers.

Keywords: Psychological Evaluation, Oral language, Naming, Pre-schoolers.


 

 

Introdução

Os transtornos específicos do desenvolvimento de fala e linguagem caracterizam-se por padrões anormais de aquisição da linguagem nos primeiros estágios do desenvolvimento, sendo que a capacidade para a linguagem está comprometida em qualquer situação, ou seja, em ambientes e com pessoas familiares ou não à criança, assim como em situações rotineiras ou novas do dia-a-dia (Organização Mundial da Saúde, 1993). Segundo Bishop (1992), crianças com transtornos específicos da linguagem podem ter dificuldades em aprender aspectos semânticos e sintáticos da linguagem, bem como apresentar falhas em habilidades morfológicas e cometer maior número de erros gramaticais. As crianças com transtornos específicos da linguagem nos anos pré-escolares podem, ao ingressar na escola fundamental, apresentar problemas gerais de linguagem, que envolve tanto a linguagem oral quanto a linguagem escrita (Fujiki, Brinton & Todd, 1996).

Assim, crianças com significativas limitações nas habilidades de linguagem, apesar de apresentarem pontuações dentro do esperado em testes de inteligência não-verbal e de não terem dificuldades auditivas ou lesões neurológicas importantes, podem ser caracterizadas como tendo transtornos específicos da linguagem, cuja taxa de ocorrência em pré-escolares é de aproximadamente 7,4%. Este transtorno pode ter conseqüências de longa duração, continuando por todos os anos escolares até a fase adulta com dificuldades persistentes na linguagem e podendo levar a problemas secundários, como dificuldades de aprendizagem e problemas sociais (Organização Mundial da Saúde, 1993).

A importância de avaliar tais habilidades em crianças antes mesmo do período formal de alfabetização repousa na observação de que muitos dos transtornos de linguagem oral podem ser amenizados com tratamento, principalmente quando diagnosticados no seu início e tratados oportunamente (Grant, 1987). De fato, estudos têm demonstrado que a avaliação e a detecção precoces de transtornos de linguagem oral permitem a introdução eficaz de procedimentos de intervenção, diminuindo não somente os transtornos de linguagem oral, mas também a incidência ou a severidade de problemas futuros na alfabetização (Ball & Blachman, 1991; Borstrom & Elbro, 1997; Cunningham, 1990), bem como alterações comportamentais secundárias causadas por esse transtorno (Robertson & Weismer, 1999).

A avaliação da linguagem oral é bastante complexa, exigindo tanto a avaliação das próprias habilidades lingüísticas, quanto a exclusão de possíveis problemas em outras áreas, tais como rebaixamento intelectual, privação ambiental severa, distúrbios auditivos, emocionais ou neurológicos. Dentre as habilidades lingüísticas que devem ser inseridas numa avaliação de linguagem oral, está a habilidade de nomeação, que tem sido relatada, na bibliografia, como fundamental para o desenvolvimento da linguagem oral e como estando relacionada à aquisição da linguagem escrita (Acosta, Moreno, Victória, Quintana & Espino, 2003).

De fato, dificuldades em testes de nomeação de figuras têm sido associadas com problemas na alfabetização. Por exemplo, crianças com dislexia tendem a ser mais lentas para produzir palavras em tarefas de nomeação, além de apresentar maior freqüência de erros. Da mesma forma, crianças não-disléxicas, mas com dificuldades de compreensão de leitura, tendem a apresentar desempenhos rebaixados em testes de nomeação (Acosta e cols., 2003).

Dificuldades em nomeação, além de estarem relacionadas a problemas de leitura em crianças no início da alfabetização, também têm um valor preditivo para identificar crianças de risco para problemas de leitura. No estudo descrito por Snowling (2004), foram avaliadas 173 crianças consideradas de risco para dislexia, por terem um parente de primeiro grau disléxico. As crianças, que foram avaliadas antes de completarem quatro anos em tarefas orais, verbais e não-verbais, apresentaram desempenho geral inferior ao esperado nos testes de linguagem, incluindo nomeação, apesar de terem habilidades não-verbais normais.

Scarborough (1990) também realizou um estudo com crianças consideradas de risco para dislexia, por serem filhas de pais disléxicos, comparando-as a crianças filhas de pais não-disléxicos, todas com idade entre dois e sete anos de idade. O estudo, com delineamento longitudinal, revelou que, na idade de cinco anos, as crianças do grupo de risco apresentaram dificuldades em nomeação de objetos, bem como em consciência fonológica, conhecimento de letras e associação entre imagens e palavras impressas. Em um outro estudo, Catts (1993) examinou habilidades de leitura e processamento fonológico de crianças com distúrbios específicos de linguagem na educação infantil, acompanhando-a até a segunda série do Ensino Fundamental. Os resultados demonstraram que as habilidades de nomeação e de consciência fonológica foram preditoras da leitura. Assim, tais estudos corroboram a hipótese de que dificuldades em tarefas de nomeação estão relacionadas a futuros problemas de leitura e escrita, reforçando a necessidade de avaliar tal habilidade em crianças pré-escolares.

Também o estudo de Capellini, Ferreira, Salgado e Ciasca (2007) evidenciou a relação entre a habilidade de nomeação e o desenvolvimento da leitura. Em tal estudo, as autoras avaliaram 30 crianças com idade entre 8 e 12 anos, divididas em 3 grupos: grupo com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (G1, N = 10), grupo com dislexia (G2, N = 10) e grupo com bom desempenho escolar (G3, N = 10). Os grupos foram pareados segundo idade e escolaridade. Os participantes dos três grupos foram avaliados no Teste de Nomeação Automática Rápida (RAN), utilizado para medir velocidade de nomeação e composto por quatro subtestes, a saber, nomeação de cores, dígitos, letras e objetos. Os resultados evidenciaram que o G3 desempenhou-se significativamente melhor que o G1 e o G2 nos quatro subtestes do RAN, e que o grupo com dislexia teve o pior desempenho da amostra. As autoras concluíram que estudantes sem dificuldades de aprendizagem tendem a apresentar melhor desempenho em habilidades de nomeação do que estudantes com TDAH e dislexia, o que corrobora estudos prévios sobre a importância de tal habilidade como pré-requisito para o desempenho em leitura (Capellini, Ferreira, Salgado & Ciasca, 2007).

Outro estudo de Cardoso-Martins e Pennington (2001) buscou investigar a contribuição das habilidades de consciência fonêmica e de nomeação rápida para o desempenho em leitura e escrita. Participaram 146 crianças e adolescentes com idade entre 7 e 18 anos, avaliados em diversas medidas de leitura e escrita, inteligência, consciência fonêmica e nomeação rápida, também utilizando o RAN. Análises de regressão evidenciaram que ambas as habilidades, consciência fonêmica e nomeação rápida, contribuem independentemente para habilidades de leitura e escrita. Sendo assim, os autores alertaram para o fato de que a consciência fonêmica e a nomeação rápida contribuíram de maneira diferente para a habilidade de leitura, ou seja, enquanto a consciência fonêmica apresentou-se mais associada à leitura por meio da decodificação fonológica, a habilidade de nomeação rápida pareceu estar mais relacionada à habilidade de leitura fluente. No entanto, os resultados desse estudo, assim concluem os autores, sugerem que a habilidade de nomeação rápida desempenha um papel modesto na aquisição da leitura (Cardoso-Martins & Pennington, 2001).

De um modo geral, a avaliação de nomeação tem sido feita usando letras ou figuras. Na nomeação de letras, pede-se à criança que diga qual é a letra mostrada e, na nomeação de figuras, apresenta-se a figura de um objeto, animal ou outro estímulo e pede-se à criança que diga qual é o nome da figura apresentada. A nomeação de letras somente pode ser verificada a partir do último ano da pré-escola, quando, para a maioria das crianças, essa habilidade começa a ser desenvolvida. No entanto, é possível verificar a habilidade de nomear figuras a partir do momento em que a criança começa a falar, o que torna essa tarefa mais adequada para crianças pré-escolares (Locke, 1980). A nomeação de figuras pode ser usada, inclusive, para avaliar a integridade da produção fonológica de crianças, por meio da análise dos padrões de fala apresentados (Vance, 2004). Utilizando uma amostra de 50 crianças, com idade entre 4 e 12 anos, com diagnóstico de transtorno fonológico, Wertzner, Papp e Galea (2006) corroboraram tal assertiva, evidenciando que provas de nomeação caracterizam instrumento adequado para a detecção do transtorno fonológico.

Sendo assim, a disponibilização de um instrumento para avaliação da habilidade lingüística de nomeação se faz pertinente, sobretudo nos âmbitos clínico e escolar pois, ao instrumentalizar o profissional atuante na área, pode auxiliar a identificação dos processos prejudicados, subsidiar e orientar uma intervenção subseqüente. Antes, porém, é preciso certificar-se de que tal instrumento possui as características psicométricas que o definem como um teste psicológico (Urbina, 2007), ou seja, é imprescindível buscar por evidências da validade e precisão de seus escores.

A validade refere-se à justificativa empírica, oriunda dos estudos de validação, que atesta a legitimidade das interpretações feitas a partir dos escores de teste, ou seja, alude a todas as evidências acumuladas que corroborem a interpretação pretendida dos escores de um teste, considerando seu uso e objetivo específico (Urbina, 2007). A precisão ou fidedignidade, por sua vez, pode ser compreendida como a qualidade dos escores de teste, ou seja, refere-se ao quão consistente o teste é em sua medida e o quanto esta é isenta de erros (Urbina, 2007).

O presente estudo teve como objetivo verificar as características psicométricas de precisão e validade do Teste de Nomeação de Figuras (Capovilla, Montiel, Capovilla & Macedo, em preparação), visando contribuir para a disponibilização de testes para avaliar nomeação em crianças pré-escolares.

 

Método

Participantes

Participaram 122 crianças, com faixa etária de 3 a 5 anos, sendo 42 crianças de 3 anos, 40 de 4 anos e 40 de 5 anos. Havia 61 meninos e 61 meninas. Todas foram selecionadas em creches municipais de uma cidade do interior do estado de São Paulo, com nível socioeconômico médio-baixo, matriculadas nas seguintes séries pré-escolares, conforme a terminologia do município: maternal I, maternal II e jardim. Foram excluídas da pesquisa crianças com histórico de deficiências sensoriais, intelectuais ou motoras graves conhecidas não corrigidas.

Instrumentos

Todas as crianças foram avaliadas individualmente no Teste de Nomeação de Figuras (Capovilla, Montiel, Capovilla & Macedo, em preparação) e na Escala de Maturidade Mental Colúmbia (Alves & Duarte, 2001).

Teste de Nomeação de Figuras

O Teste de Nomeação de Figuras (Capovilla, Montiel, Capovilla & Macedo, em preparação) foi construído com base no Teste de Nomeação de Boston (Kaplan, Goodglass & Weintraub, 1983), que consiste em 60 itens com desenhos de linha com diferentes graus de familiaridade, sendo a tarefa do sujeito nomear as figuras apresentadas pelo examinador. Estudos usando a versão original americana do Teste de Nomeação de Boston revelaram que, com adultos, o nível educacional influencia os resultados, mas não o sexo dos sujeitos (Ska & Goulet, 1989), e que o escore no Teste de Nomeação de Boston está altamente correlacionado com escores em testes de habilidades verbais, especialmente de vocabulário (Thompson & Heaton, 1989).

A versão preliminar do Teste de Nomeação de Figuras, usada nesse estudo, consta de 124 itens com desenhos de linha com diferentes graus de familiaridade. Para selecionar o grau de familiaridade dos desenhos, foi usada a lista de freqüência de palavras em português desenvolvida por Françozo (1995). Foram selecionados itens com diferentes graus de freqüência na língua. Após a seleção inicial dos itens a serem apresentados, foram selecionados os desenhos correspondentes a partir de um banco de figuras previamente desenvolvido por uma especialista em artes plásticas (Capovilla & Raphael, 2001). O teste é composto por um caderno de aplicação com uma figura por folha e uma folha de respostas. O caderno é manuseado pelo aplicador que anota a resposta do participante na folha de respostas, permitindo a posterior correção. Neste estudo foi computado o total de acertos, sendo o máximo possível de 124 pontos.

Escala de Maturidade Mental Colúmbia

A Escala de Maturidade Mental Columbia (EMMC) é um teste padronizado que avalia a aptidão geral de raciocínio de crianças entre 3 anos e 6 meses e 9 anos e 11 meses de idade (Alves & Duarte, 2001). A criança deve observar pranchas com 3 a 5 desenhos cada e escolher qual desenho é diferente ou não se relaciona aos outros. Para tanto, a criança deve descobrir qual a regra subjacente à organização das figuras, permitindo-lhe excluir apenas uma. Nesse estudo, o resultado das crianças na EMMC foi usado como estanino, um escore padronizado e varia numa escala de 1 a 9 pontos, com uma média de 5 pontos para cada grupo de idade da EMMC. O estanino é calculado a partir do número de acertos da criança no teste e de sua idade cronológica. O estanino na EMMC foi empregado como covariante nas análises estatísticas, de modo a controlar o efeito de inteligência durante a condução das análises dos efeitos da idade sobre os desempenhos, visto que, sem tal controle, não seria possível verificar os efeitos da idade, pois poderiam ser atribuidos às diferenças no nível de inteligência das crianças (Capovilla, 1999).

Procedimento

As 122 crianças participantes foram avaliadas individualmente, em duas sessões, em sala disponibilizada pela escola, durante o período escolar regular. Na primeira sessão aplicou-se o Teste de Nomeação de Figuras e o tempo médio de aplicação foi de 20 minutos. Na segunda sessão foi aplicada a Escala de Maturidade Mental Colúmbia, com duração aproximada de 10 minutos.

 

Resultados

A precisão no Teste de Nomeação foi verificada por meio do alfa de Conbrach, tendo sido obtido um valor de 0,96, e por meio do método das metades, tendo sido obtido um coeficiente de Spearman-Brown de 0,78. Tais dados são muito satisfatórios, revelando a boa precisão do teste.

Foi analisado o escore no Teste de Nomeação como função da faixa etária das crianças em anos. A Tabela 1 sumaria as estatísticas descritivas obtidas.

 

 

Como se pode verificar na Tabela 1, o escore médio no Teste de Nomeação de Figuras aumentou em função da faixa etária. É interessante observar que nenhum participante desta amostra pontuou o escore máximo possível neste teste, de 124 pontos.

Análise de Variância do efeito da idade sobre o desempenho no Teste de Nomeação revelou efeito significativo, com F (2, 121) = 20,09, p < 0,000. Análises de comparação de pares de Bonferroni revelaram que o desempenho das crianças de 5 anos foi superior ao desempenho das crianças de 3 e 4 anos. Análises pós-teste Fisher LSD revelaram diferenças significativas entre as três faixas etárias.

De forma a verificar o efeito da idade sobre o desempenho no Teste de Nomeação controlando o efeito da inteligência não-verbal, foi conduzida uma Análise de Covariância tendo a idade em anos como fator e o estanino na EMMC como covariante. As estatísticas descritivas obtidas após correção feita pela ANCOVA encontram-se sumariadas na Tabela 2.

 

 

Novamente, verificou-se aumento do escore médio na progressão de 3 a 4 a 5 anos de idade. A fim de verificar a significância estatística de tais achados, aplicou-se uma análise de covariância, tendo como covariante o estanino na EMMC.

A Ancova revelou efeito significativo de idade, com F (2, 118) = 11,12, p < 0,000, e do covariante estanino na EMMC, com F (1, 118) = 4,17, p < 0,043. Análises de comparação de pares de Bonferroni revelaram que o desempenho das crianças de 5 anos foi superior ao desempenho das crianças de 3 e 4 anos. Análises pós-teste Fisher LSD revelaram diferenças significativas entre todas as faixas etárias.

O escore no Teste de Nomeação foi analisado, também, como função do sexo das crianças, do nível de escolaridade da mãe e do nível de escolaridade do pai. Porém, tais análises não revelaram efeitos significativos.

 

Discussão

Conforme anteriormente descrito na Introdução, alguns estudos têm demonstrado que a avaliação e a detecção precoces de transtornos de linguagem oral permitem a introdução eficaz de procedimentos de intervenção, diminuindo não somente os transtornos de linguagem oral, mas também a incidência ou a severidade de problemas futuros na alfabetização (Ball & Blachman, 1991; Borstrom & Elbro, 1997; Cunningham, 1990). Portanto, é essencial definir quais habilidades devem ser incluídas em um procedimento de avaliação de linguagem oral em crianças pré-escolares, bem como desenvolver, validar e normatizar instrumentos para tal avaliação.

Há, porém, uma grande escassez de pesquisas com o objetivo de avaliar linguagem em crianças de 3 a 5 anos de idade, especialmente no âmbito nacional. Algumas habilidades, tais como consciência fonológica e consciência sintática, têm sido mais estudadas, havendo maior número de pesquisas com tais temas. Porém outras habilidades, tais como as de nomeação, têm sido pouco abordadas em pesquisas com crianças dessa faixa etária. Tais evidências reforçam a necessidade de ampliar pesquisas sobre o tema e justificam o presente estudo.

Sendo assim, de acordo com os resultados obtidos, pode-se considerar que o Teste de Nomeação de Figuras apresentou características bastante satisfatórias de precisão e de validade, mostrando-se adequado para a avaliação de crianças pré-escolares. Como esperado, os escores aumentaram com o avanço da faixa etária, provendo evidências de validade baseada em mudanças desenvolvimentais (Urbina, 2007). É interessante observar que não houve efeito de piso ou de teto, ou seja, em nenhuma faixa etária os escores estiveram muito próximos do mínimo (0 ponto) ou do máximo (124 pontos), sugerindo que a aplicação do teste pode ser expandida a outras faixas etárias.

Desta forma, conforme os objetivos propostos, o presente estudo contribuiu para fornecer evidências de precisão e validade de um instrumento para avaliar nomeação de figuras em pré-escolares, o que pode auxiliar na detecção de alterações de linguagem expressiva. Neste sentido, este estudo pôde contribuir para a disponibilização de testes para avaliar a habilidade de nomeação em crianças pré-escolares, sendo de grande importância diante da carência de testes brasileiros com esse objetivo. Novas pesquisas estão sendo conduzidas, com maior número de crianças, de forma a disponibilizar tabelas de normatização por faixa etária.

 

 

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* Docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia - Bolsista de Produtividade CNPq. Contato: alessandra.capovilla@saofrancisco.edu.br
** Psicóloga e Mestre em Psicologia - Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia
*** Graduanda do curso de Psicologia - Bolsista de Iniciação Científica Pibic-CNPq
**** Graduanda do curso de Psicologia - Bolsista de Iniciação Científica FAPESP
***** Psicólogo, Mestre e Doutorando em Psicologia - Programa de Pós- Graduação Stricto Sensu em Psicologia - Bolsista CAPES

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