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Contextos Clínicos

versão impressa ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.2 no.2 São Leopoldo dez. 2009

 

ARTIGOS

 

Modelo clínico de estilos parentais de Jeffrey Young: revisão da literatura1

 

Jeffrey Young's parenting styles clinical theory: literature review

 

 

Felipe ValentiniI; João Carlos AlchieriII

IUniversidade de Brasília (UnB). EQN 406/407, Bloco A, apto. 136, Asa Norte, 70847-400, Brasília, DF, Brasil. valentini.felipe@gmail.com
IIUniversidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Departamento de Psicologia. Campus Lagoa Nova, 93022-000, Natal, RN, Brasil. jcalchieri@gmail.com

 

 


RESUMO

Os estudos focados na família e sua influência no desenvolvimento social, emocional e cognitivo da criança e do adolescente receberam destaque nas últimas décadas. Pesquisadores têm ressaltado a importância dos estilos parentais, os quais se referem às características globais de interações entre pais e filhos. Tais características foram discutidas por autores como Baumrind, Maccoby e Martin e Steinberg, dentre outros, que ampliaram a compreensão do tema e respaldaram, ainda, as investigações das relações entre os estilos parentais, as psicopatologias e os aspectos positivos do desenvolvimento. Entretanto, um modelo clínico foi proposto somente na década de 1990, por Jeffrey Young, associado à Terapia Focada em Esquemas. Para ele, os estilos parentais estão associados aos esquemas mentais desadaptados e recebem os mesmos nomes desses últimos. O autor propõe, com isso, a existência de dezoito estilos, distribuídos em cinco domínios: Desconexão e Rejeição; Autonomia e Desempenho Prejudicados; Limites Prejudicados; Orientação para o Outro; Hipervigilância e Inibição. Alguns modelos teóricos de estilos parentais, assim como o de Young, são apresentados neste texto. Também são discutidas algumas implicações práticas para a clínica e para a Avaliação Psicológica.

Palavras-chave: Estilos Parentais, revisão teórica, Terapia Focada nos Esquemas.


ABSTRACT

The family studies and its influence on social, emotional and cognitive development of children and adolescents have received atention in recent years. Researchers have stressed the importance of parenting styles, which to overall characteristics of interactions between parents and children. These characteristics have been discussed by Baumrind, Maccoby and Martin, and Steinberg, which expanded the understanding of the subject. Based on these authors, some studies aimed to investigate the association between parenting styles, psychopathology and positive aspects of development. However, a clinical model was proposed just in the nineties by Jeffrey Young, based on Schema Therapy. According to Young, the parenting styles are linked with the maladaptive mental schemas and are appointed as the same schemas names. The author proposes eighteen styles, grouped into five domains: Disconnection and Rejection, Impaired Autonomy and Performance, Impaired Limits, Other-Directedness, Overvigilance and Inhibition. Therefore, the current review presents some parenting styles models as well as Young's theory. Some clinical and psychological assessment concerns also are discussed.

Key words: Parenting Styles, literature review, Schema Therapy.


 

 

Introdução

Nas últimas décadas, observa-se o aumento de estudos sobre a família e sua influência no desenvolvimento normal e patológico da criança e do adolescente (Cecconello et al., 2003; Salvo et al., 2005; Spera, 2005). Benet i e Balbinoti (2003) salientam que essas pesquisas têm focado as dimensões de estilos parentais, práticas parentais e abuso e a relação das práticas parentais com a psicopatologia infantil, dentre outros temas. Outros trabalhos também procuraram estabelecer associações entre os estilos, as psicopatologias (Choquet et al., 2008; Haslam et al., 2008; Yu et al., 2007) e os aspectos positivos do desenvolvimento (Boon, 2007; Cuarati-Burgio, 2001; Nijhof e Engels, 2007). Entretanto, até o final do século passado, as discussões sobre a família e sua relação com a clínica psicológica restringiam-se àquelas propostas pelas teorias psicodinâmicas e comportamentais. O modelo proposto por Young (Young et al., 2003), a partir da clínica cognitiva - Terapia Focada nos Esquemas -, pôde suprimir, em parte, tal deficiência.

A necessidade de estabelecerem-se estudos sobre as práticas parentais e os estilos relacionados ao contexto brasileiro, principalmente na verificação de novos modelos teóricos em nossa realidade, fundamentou o presente estudo. Apresenta-se, assim, uma revisão das principais teorias, suas características e aspectos metodológicos, objetivando a sistematização de tais resultados. Além disso, é discutido o recente modelo clínico de compreensão dos estilos parentais de Jeffrey Young (Young, 2003; Young et al., 2003).

 

Estilos parentais

A partir da década de 1950, diversas pesquisas têm ressaltado a importância das práticas e dos estilos parentais para a compreensão da família, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento da criança e do adolescente (Baumrind, 1966, 1971, 1997; Darling e Steinberg, 1993; Glasgow et al., 1997; Hoffman, 1960, 1975, 1979; Lamborn et al., 1991; Steinberg, 2001; Steinberg et al., 1994). Esses e outros estudos permitem identificar duas dimensões de interação entre pais e filhos: os estilos parentais e as práticas parentais. Darling e Steinberg (1993) ressaltam a importância de manter essa diferenciação nas pesquisas da família, apesar de alguns autores não darem a devida importância a tais conceitos.

As práticas parentais referem-se aos comportamentos dos pais, de conteúdos específicos, que objetivam a socialização da criança e do adolescente. O uso de palmadas como método punitivo e o auxílio aos deveres escolares podem ser citados como exemplos de práticas parentais. De maneira mais ampla, os estilos parentais referem-se às características globais de interações entre pais e filhos, as quais geram um clima emocional. Partindo deste, os comportamentos parentais são expressos. Os estilos parentais englobam, portanto, as práticas parentais e outros aspectos da interação pais-filhos, tais como tom de voz, linguagem corporal e atenção (Darling e Steinberg, 1993). Os estilos autoritário, autoritativo e permissivo, propostos por Baumrind (1966, 1971), podem ser citados como exemplos.

Destaca-se que, neste trabalho, as discussões que se apoiam na literatura em foco, restringem-se ao tema dos estilos parentais. Ressalta-se, contudo, a importância das pesquisas sobre as práticas para a compreensão da família brasileira. Em razão disso, na sequência deste artigo, alguns modelos de estilos parentais são discutidos.

Os estudos sobre os estilos parentais realizados pela psicologia iniciaram ainda no século XX, e Baumrind (1966) foi um dos primeiros autores a propor uma teoria tipológica, razoavelmente independente das correntes psicanalíticas e comportamentalistas. Baumrind (1966, 1971, 1997) incorporou os aspectos emocionais e comportamentais do processo de socialização a um sistema de estilos parentais, ancorado nas crenças dos pais. O papel dos pais centra-se na tarefa de socializar a criança, conforme demandas alheias, e, ao mesmo tempo, manter nela o senso de integridade pessoal. Esse processo é mediado pelos padrões de autoridade desempenhados pelos pais. De fato, as pesquisas de Baurmrind enfatizaram a autoridade parental sobre o desenvolvimento infantil, ampliando e reformulando a antiga visão de controle, definida pela rigidez e pela punição física. Para essa autora, o controle parental refere-se às tentativas de integrar a criança na família e na sociedade, por meio de expectativas de maturidade, confrontação direta, supervisão e disciplina consistente e contingente (Baumrind, 1997).

Baurmrind propôs uma tipologia baseada apenas em uma função parental ampla: o controle. A variação nos níveis de controle, associados ao afeto e à comunicação entre pais e filhos, define os três tipos de estilos parentais: autoritário, autoritativo e permissivo (Baumrind, 1966, 1971, 1997). Pais autoritários são rígidos e autocráticos. Eles tendem a enfatizar a obediência e o respeito pela autoridade e pela ordem, como também impõem altos níveis de exigência e são rígidos no estabelecimento e no cumprimento das regras impostas sem qualquer participação da criança: não estimulam, sequer valorizam a autonomia, rejeitam qualquer questionamento ou opinião da criança e do adolescente, esperando que as regras sejam seguidas sem explicações adicionais. Por fim, eles utilizam frequentemente a punição física como método educativo-punitivo (Baumrind, 1966, 1991, 1997; Cecconello et al., 2003; Glasgow et al., 1997).

Pais autoritativos também estabelecem regras e padrões de comportamento e os reforçam consistentemente, monitoram a conduta infantil, corrigindo as negativas e gratificando as positivas. Além disso, responsabilidade e maturidade são esperadas e reforçadas. Todavia, a comunicação entre os pais e os filhos é ampla e baseia-se no respeito mútuo, o que respalda a imposição da disciplina de forma indutiva, com a participação da criança e do adolescente. Assim, métodos punitivos raramente são utilizados quando as regras são violadas. Esses pais são afetuosos e oferecem amplo suporte às necessidades dos filhos; solicitam suas opiniões, encorajando-os à autonomia e proporcionam oportunidades para o desenvolvimento de suas habilidades (Baumrind, 1966, 1991, 1997; Cecconello et al., 2003; Glasgow et al., 1997).

Pais permissivos exercem pouca autoridade, são excessivamente tolerantes e tendem a satisfazer qualquer demanda que a criança apresente. Estabelecem poucas regras e limites aos filhos, não estimulando o desenvolvimento da maturidade e da responsabilidade. Consequentemente, a criança necessita monitorar sozinha seu próprio comportamento (Baumrind, 1966, 1991, 1997; Cecconello et al., 2003; Glasgow et al., 1997).

Baumrind entendia a socialização como um processo dinâmico: os estilos parentais, além da capacidade de modificar os comportamentos infantis, também influenciavam a abertura da criança às tentativas dos pais em socializálas; ou seja, as modificações das características da criança propiciadas pelas intervenções dos pais, poderiam, por sua vez, aumentar as habilidades socializadoras parentais (Baumrind, 1967, 1971).

No início da década de 1980, a tipologia de Baumrind estava bem estabelecida e respaldou a maior parte das discussões sobre a influência parental no desenvolvimento da criança e do adolescente. Entretanto, nesse mesmo período, surgiu a necessidade de ampliar as investigações às populações distintas daquelas estudadas por Baumrind (Darling e Steinberg, 1993). As propostas de Maccoby e Martin (1983) supriram, em parte, tal lacuna.

Maccoby e Martin (1983) propuseram um modelo que limitou o número de dimensões parentais e facilitou a mensuração e a pesquisa. Para eles, os estilos parentais podiam ser compreendidos a partir da variação de duas dimensões lineares: exigência e responsividade. A exigência refere-se aos comportamentos parentais de supervisão e disciplina, tais como controle e demandas de maturidade. A responsividade abrange comportamentos de apoio e aquiescência, que favorecem a individualidade e a autoafirmação da criança. Pais responsivos são descritos como afetuosos, atenciosos, envolvidos e acolhedores. Em outras palavras, a dimensão exigência representa os comportamentos parentais de socialização, enquanto a responsividade, os de reconhecimento da individualidade da criança.

As variações e associações possíveis entre as dimensões exigência e responsividade definem os quatro tipos de estilos parentais propostos por Maccoby e Martin (1983): autoritativo, autoritário, indulgente e negligente. Pais autoritativos apresentam altos níveis de exigência e de responsividade; pais autoritários são caracterizados pela baixa responsividade e alta exigência. O estilo indulgente, ao contrário, resulta da combinação entre alta responsividade e baixa exigência. O estilo negligente, por sua vez, é caracterizado pela baixa responsividade e exigência (Cecconello et al., 2003; Glasgow et al., 1997; Maccoby e Martin, 1983).

Pais indulgentes são excessivamente tolerantes, exercem pouca autoridade e quase não estabelecem regras e limites à criança. Eles são afetivos e comunicativos e tendem a satisfazer qualquer demanda apresentada pela criança. Os pais negligentes não são exigentes nem afetivos, envolvem-se pouco na tarefa de socialização da criança e não se preocupam em monitorar o comportamento dos filhos. Neste estilo parental, os pais respondem somente às necessidades básicas da criança, tendendo a mantê-la distante. Em outras palavras, enquanto pais indulgentes encontram-se focados nas demandas de seus filhos, pais negligentes centram-se em seus próprios interesses (Cecconello et al., 2003; Glasgow et al., 1997; Maccoby e Martin, 1983).

As características dos estilos autoritativo e autoritário, propostos por Maccoby e Martin, são semelhantes àquelas propostas pelo modelo de Baumrind. Entretanto, pequenas divergências podem ser encontradas na importância atribuída ao controle e à comunicação na diferenciação desses dois estilos: Baumrind parece dar mais importância a ambos os conceitos (Baumrind, 1967, 1971; Darling e Steinberg, 1993; Maccoby e Martin, 1983).

A maior diferença entre o modelo de Maccoby e Martin e o proposto por Baumrind, refere-se à separação do estilo permissivo em indulgente e negligente. Tal distinção respaldou avaliações mais precisas acerca das variações no nível de responsividade parental das famílias pouco exigentes (Baumrind, 1967, 1971; Cecconello et al., 2003; Glasgow et al., 1997; Maccoby e Martin, 1983).

As discussões propostas por Baumrind (1967, 1971, 1991), Maccoby e Martin (1983) influenciaram e modificaram a compreensão das relações entre pais e filhos. Todavia, na década de 1990, a literatura ainda carecia de um entendimento mais profundo das diferenças entre os conceitos de práticas e de estilos parentais. Darling e Steinberg (1993) propiciaram um avanço nos estudos desses aspectos ao proporem um modelo integrativo.

Segundo Darling e Steinberg (1993), a distinção entre estilos e práticas parentais é necessária para um entendimento mais profundo dos processos pelos quais os pais influenciam o desenvolvimento de seus filhos. Essa separação também é fundamental para a compreensão do modelo proposto por elas. As práticas, como afirmado anteriormente, referem-se aos comportamentos parentais voltados especificamente aos objetivos de socialização da criança e do adolescente; os estilos referem-se às características globais de interações entre pais e filhos, que geram um clima emocional.

Apesar de manterem clara a distinção entre práticas e estilos, Darling e Steinberg (1993) propõem que ambas sejam definidas, em parte, pelos valores e objetivos de socialização sustentados pelos pais. Estes objetivos englobam tanto os comportamentos e as habilidades específicas (sociais e escolares), quanto as qualidades mais globais (por exemplo, pensamento crítico e independência).

Os valores e objetivos parentais influenciam o desenvolvimento da criança por intermédio de diferentes processos (Figura 1). Por um lado, as práticas parentais exercem um efeito direto no desenvolvimento de comportamentos e características específicas na criança. Ou seja, as práticas são os mecanismos por meio dos quais os pais auxiliam, diretamente, a criança no processo de socialização. Por outro lado, todo esse processo é influenciado, indiretamente, pelos estilos parentais. Os estilos modificam e potencializam a eficácia das práticas pela realização de dois processos: transformando a interação entre pais e filhos e modulando, consequentemente, o uso de práticas específicas; e influenciando a personalidade infantil, principalmente sua abertura às intervenções parentais de socialização. Esta abertura da criança pode influenciar a associação entre as práticas e os comportamentos infantis (Darling e Steinberg, 1993). Tal processo pode ser visualizado na Figura 1.

Os estilos parentais, conforme visualização da Figura 1, exercem uma influência apenas indireta no desenvolvimento e na socialização da criança. De fato, Darling e Steinberg (1993) entendem os estilos como uma variável contextual capaz de modular a relação entre as práticas específicas e as consequências no desenvolvimento e no comportamento da criança e do adolescente. Em resumo, a manifestação de características comportamentais e psicológicas na criança varia em função da associação entre as práticas e as consequências no desenvolvimento e na socialização e da eficácia da influência dos estilos parentais. Isso explica, hipoteticamente, por que o uso de práticas idênticas, por famílias de estilos distintos, gera diferentes resultados nos comportamentos da criança e do adolescente (Darling e Steinberg, 1993). Apesar de pesquisas confirmarem a relação entre os estilos, práticas e os comportamentos na infância e na adolescência (veja, por exemplo, Cuarati-Burgio, 2001; Silva et al., 2007), não foi encontrado nenhum estudo empírico, nos bancos PsycINFO e Web of Science - até o ano de 2009 -, que confirme a dinâmica apresentada por Darling e Steinberg (1993).

Não obstante, os modelos de Darling e Steinberg (1993), Maccoby e Martin (1983) e Baumrind (1967, 1997) embasaram diversas pesquisas empíricas, auxiliando o estudo de distintos aspectos do comportamento adulto, bem como a compreensão das origens e desenvolvimento de psicopatologias. Essas investigações têm associado, por um lado, os estilos parentais a diversas características psicopatológicos, tais como transtornos alimentares e sobrepeso (Haslam et al., 2008; Rhee et al., 2006), uso de drogas (Castrucci e Gerlach, 2006; Choquet et al., 2008; Tucker et al., 2008), ansiedade e depressão (Choquet et al., 2008; Dwairy, 2004; Silva et al., 2007) e traços de personalidade desadaptados (Yu et al., 2007). Por outro lado, há estudos que apontam para relações entre os estilos e aspectos positivos do desenvolvimento, como resiliência e coping (Cuarati-Burgio, 2001; Nijhof e Engels, 2007), qualidade de vida (Zimmermann et al., 2008), alimentação saudável (Arredondo et al., 2006) e desempenho acadêmico (Boon, 2007; Spera, 2006).

As pesquisas das relações entre os estilos parentais e aspectos psicossociais propiciaram um avanço teórico, principalmente a partir da segunda metade do século passado. Neste contexto, as psicopatologias, as medidas preventivas e suas correlações com a família têm recebido destaque na literatura científica. Todavia, nenhum modelo clínico de compreensão dos estilos parentais foi proposto até a década de 1990. Sua construção pode ampliar ainda mais a discussão da temática, justamente ao abarcar os aspectos relacionados ao desenvolvimento das psicopatologias. O modelo de estilos parentais de Young (Young, 2003; Young et al., 2003) pôde suprir em parte essa lacuna. Essa teoria será discutida a seguir.

 

Modelo clínico de estilos parentais de Jeffrey Young

Grande parte das teorias psicológicas procura relacionar o desenvolvimento humano com os estilos de cuidados parentais recebidos na infância e na adolescência. A Terapia Cognitiva Focada nos Esquemas, ao enfatizar aspectos estruturais da personalidade - o que não ocorria com o modelo tradicional -, abre espaço para a discussão dos estilos parentais e sua relação com o desenvolvimento destas estruturas (Young et al., 2003).

Os estilos parentais propostos por Young (2003) encontram-se dentro do escopo da Terapia Cognitiva Focada nos Esquemas. Esse modelo surgiu no intuito de solucionar alguns problemas que a terapia cognitivo-comportamental tradicional vinha enfrentando no tratamento dos transtornos de personalidade, como, por exemplo, a rigidez nas crenças e pensamentos dos pacientes e a desconexão entre a patologia e os ambientes parentais (Mc-Ginn e Young, 2004).

Young (2003) propõe a existência de dezoito esquemas - denominados Esquemas Iniciais Desadaptativos (EID) - distribuídos em cinco domínios descritos na Tabela 1. Estudos empíricos têm sido conduzidos e, apesar de não confirmarem definitivamente esse número de esquemas, apoiam, razoavelmente, os cinco domínios (Lee et al., 1999; Schmidt et al., 1995).

O desenvolvimento dos EIDs é normalmente precoce, ocorrendo principalmente na infância e na adolescência e dentro do núcleo familiar. Dessa forma, acredita-se que os EIDs possuem certa correlação com os estilos parentais (Young et al., 2003). Os resultados do estudo de Sheffield et al. (2005) corroboram tal associação.

Young et al. (2003) postulam a existência de quatro tipos de ambientes capazes de nutrir a aquisição dos esquemas. O primeiro é denominado de frustração/privação de necessidades, cujo ambiente da criança é deficiente em estabilidade, compreensão ou amor. Esquemas como privação emocional e abandono tendem a ter sua origem em ambientes como esse. O segundo ambiente é denominado traumático ou abusador e refere-se às práticas de vitimização da criança, podendo respaldar o desenvolvimento dos esquemas de abuso, defectividade e vulnerabilidade ao dano. O terceiro ambiente provê à criança coisas boas em demasia. Nesse caso, limites reais e autonomia não são estimulados, tendendo a reforçar os esquemas de dependência, incompetência e merecimento. No último ambiente, a criança abstrai seletivamente os pensamentos, sentimentos e comportamentos de seus cuidadores. Algumas das abstrações seletivas tornam-se esquemas, e outras, estilos de coping.

Além dos ambientes, Young (2003) propôs a existência de dezoito estilos parentais. Os estilos estão, teoricamente, relacionados aos EIDs e recebem os mesmos nomes destes últimos. Um padrão parental que falha, por exemplo, em prover suficiente apoio emocional à criança recebe o mesmo nome de seu EID correspondente: privação emocional. Um ambiente que não estimule a independência de seus membros associa-se ao EID de dependência/ incompetência, e assim sucessivamente. Os estilos parentais também estão distribuídos em cinco domínios. Na Tabela 2, são apresentadas essas cinco dimensões e a família típica de origem, bem como alguns exemplos de itens do Inventário de Estilos Parentais de Young (Young Parenting Inventory - YPI) (Young, 1999), construído com o objetivo de avaliar os estilos parentais de Young.

O YPI (Young, 1999) foi desenvolvido no intuito de avaliar os dezoito estilos parentais (materno e paterno). O instrumento é composto de 72 itens. A cada item, a pessoa é solicitada a avaliar o quanto aquela sentença descreve seu pai e sua mãe durante a sua infância e adolescência. Esta tarefa é realizada por intermédio de uma escala do tipo Likert de seis pontos. Por fim, os escores para cada uma das dezoito dimensões são gerados separadamente para os estilos paternos e os estilos maternos. Apesar da literatura a respeito do modelo não ser vasta, foram encontrados alguns estudos de validação do instrumento (Sheffield et al., 2006; Sheffield et al., 2005; Valentini, 2009) e associações entre estilos parentais e psicopatologia (Hinrichsen et al., 2007; Sheffield et al., 2006; Vlierberghe et al., 2007).

Sheffield et al. (2005) realizaram uma pesquisa de validação preliminar do YPI e da relação entre estilos parentais e esquemas mentais. Para tanto, uma amostra não clínica de 422 universitários (com idades entre 24,5 anos) foi estudada. Os resultados apontaram para uma solução de nove fatores - estilos parentais - dos dezoito teoricamente propostos. Os estilos foram assim denominados: privação emocional (pais que privam a criança de afeto); superprotetivo (pais que protegem a criança em demasia); depreciativo (pais que fazem a criança sentir-se cheia de defeitos); perfeccionista (pais que esperam que a criança demonstre perfeição em tudo); pessimista/medroso (pais normalmente ansiosos, medrosos e com uma visão negativa da vida); controlador (pais excessivamente controladores e que não estimulam a independência da criança); emocionalmente inibido (pais com dificuldades em expressar e compartilhar emoções com a criança); punitivo (pais que punem a criança, normalmente de forma coerciva, quando ela comete qualquer erro); e condicional/narcisista (pais que condicionam a expressão de seu amor/afeto/consideração ao sucesso da criança). Os pesquisadores também estudaram e encontraram associações significativas entre os estilos parentais e esquemas e concluíram que, após a realização de ajustes, o instrumento apresenta níveis psicométricos aceitáveis.

Em outro estudo, Sheffield et al. (2006) estudaram a validação de critério da versão reduzida do YPI. Os autores investigaram as associações entre os estilos parentais e as comorbidades psicológicas em pacientes com transtornos alimentares. A amostra foi constituída de 124 mulheres diagnosticadas com tais patologias. As análises de regressão apontaram para a importância dos estilos parentais punitivo, pessimista e controlador na predição de quadros de somatização, explicando 30,6% da variância dos sintomas. As participantes que descreveram seus pais como pessimistas, controladores, emocionalmente inibidos, superprotetores, condicionais, perfeccionistas e punitivos também apresentaram maior ocorrência de comportamentos impulsivos (overdose, tentativas de suicídio e comportamento sexual de risco). Em suma, o YPI foi capaz de predizer quadros sintomáticos, assim como distinguir as pacientes que apresentavam comportamentos impulsivos daquelas em que tais sintomas não foram observados. Estes resultados, de maneira geral, apontam para uma validade de critério consistente.

No Brasil, Valentini (2009) buscou adaptar e validar o YPI. O autor utilizou o método de tradução reversa (Backtranslation), contando com a participação de quatro tradutores, dez juízes e um comitê. Para a realização do estudo empírico, 920 estudantes (543 do sexo feminino) do Ensino Médio e Superior, das cidades de Natal, Petrolina, Brasília e região metropolitana de Porto Alegre responderam aos inventários. As análises fatoriais (exploratórias e confirmatórias) corroboraram, em parte, com os fatores de segunda ordem propostos por Young. Os cinco fatores extraídos explicaram 45,12% da variância da escala materna e 47,59% da escala paterna. Assim, a versão final do instrumento foi composta pelos seguintes fatores: (i) Desconexão e Rejeição (α=0,89 e 0,90); (ii) Afetividade e Estabilidade Emocional (α=0,85 e 0,88); (iii) Hipervigilância e Orientação para o Outro (α=0,83 e 0,85); (iv) Superproteção e Autonomia Prejudicada (α=0,78 e 0,79); e 5) Limites Prejudicados (α=0,66 e 0,71). Valentini (2009) ainda encontrou correlações moderadas entre os fatores do YPI e as dimensões do Teste Familiograma. Embora alguns ajustes tenham sido realizados, o autor conclui que o YPI apresenta parâmetros psicométricos adequados, podendo ser utilizado em pesquisas futuras nesta área.

Além dos estudos de validação e adaptação do YPI, o modelo de Young tem orientado pesquisas na área clínica e na área psicopatológica. Hinrichsen et al. (2007) apresentaram os resultados de um estudo correlacional entre estilos parentais, ansiedade social e agorafobia. Setenta mulheres (com idades entre 17 e 56 anos), atendidas por um serviço para transtornos alimentares, participaram da pesquisa (todas apresentavam algum transtorno alimentar como diagnóstico principal). Os autores previam, hipoteticamente, a associação entre o estilo parental punitivo e a ansiedade social (comórbida), bem como entre o estilo pessimista e a agorafobia. Não obstante, os resultados das regressões múltiplas apontaram para correlações entre o estilo paterno emocionalmente inibido e a ansiedade social, e entre o estilo materno pessimista/medroso e a agorafobia (ainda que a explicação da variância tenha sido baixa: 8,9% e 15,1%, respectivamente), ou seja, somente a segunda hipótese pode ser respaldada pelos dados empíricos. Dessa forma, os autores concluíram que pais (do sexo masculino) com dificuldades em expressar e compartilhar seus sentimentos podem contribuir para o desenvolvimento de ansiedade social em seus filhos. Além disso, mães com uma visão pessimista da vida podem contribuir para o desenvolvimento da agorafobia (Hinrichsen et al., 2007).

Vlierberghe et al. (2007) estudaram as relações entre os estilos familiares, depressão e comportamento antissocial em crianças e adolescentes, ambos propostos por Young. 82 crianças e adolescentes (com idades entre oito e 18 anos) participaram da pesquisa. Os autores concluíram que os participantes do estudo com sintomas depressivos e comportamento antissocial percebiam seus pais mais frios, não confiáveis e imprevisíveis (ligados a esquemas de desconexão e rejeição), se comparados àqueles sem sintomas depressivos.

 

Considerações finais

Como se pode verificar, os estudos preconizam alterações e adaptações dos modelos empregados devido ao desenvolvimento e às vicissitudes da sociedade e da cultura, as quais acarretam mudanças no meio familiar, alterando os papéis e esquemas aprendidos anteriormente. Instrumentos para uso na prática clínica no Brasil ainda são escassos e extremamente necessários, devido às características dos diversos procedimentos técnicos empregados nos esquemas terapêuticos. A possibilidade do uso responsável de instrumentos, testes e técnicas psicológicas está intimamente relacionada ao conhecimento dos processos teóricos empregados em sua elaboração. Novos modelos teóricos acabam restringindo suas discussões aos centros universitários, especialmente nos programas de pós-graduação, levando, por vezes, décadas para serem conhecidos e ensinados nos cursos de graduação e utilizados na clínica psicológica.

Neste artigo buscou-se diminuir o hiato entre o conhecimento teórico atualizado e sua empregabilidade, quanto ao modelo dos estilos parentais de Young, ofertando ao leitor uma pequena expressão das ideias principais relacionadas à clínica. Nesse contexto, diversos autores também têm ressaltado a importância dos estilos parentais, como as características globais das interações entre pais e filhos para a compreensão da família, principalmente no que se refere ao desenvolvimento social, cognitivo e emocional da criança e do adolescente (Cecconello et al., 2003; Salvo et al., 2005; Sheffield et al., 2006; Sheffield et al., 2005; Spera, 2005; Young, 2003; Young et al., 2003).

Desde as discussões de Baumrind (1966), é possível perceber a evolução do conceito de estilos parentais. As propostas de Maccoby e Martin (1983) e Darling e Steinberg (1993) ampliaram a compreensão do tema e facilitaram as pesquisas na área. Da mesma maneira, diversas pesquisas ressaltaram as relações entre os estilos parentais e as psicopatologias (Castrucci e Gerlach, 2006; Choquet et al., 2008; Haslam et al., 2008; Yu et al., 2007). Entretanto, nenhum modelo clínico de compreensão dos estilos parentais havia sido proposto até a década de 1990. As discussões elaboradas por Young (Young, 2003; Young et al., 2003) supriram, em parte, essa deficiência teórica e ampliaram a compreensão da temática, justamente ao abarcar os aspectos relacionados ao desenvolvimento das psicopatologias. A teoria, contudo, é bastante recente e necessita de mais estudos empíricos. Além disso, a temática ainda não foi explorada no Brasil, o que respalda a necessidade de pesquisas para esse contexto cultural.

Este estudo apresentou um modelo teóricoclínico de estilos parentais, a fim de embasar pesquisas ulteriores sobre a temática, além de subsidiar novos contextos na clínica cognitiva. Além disso, uma compreensão mais aprofundada dos estilos parentais pode estar associada à qualidade dos instrumentos de pesquisa disponíveis. Neste sentido os estudos de validade e uso do Inventário de Estilos Parentais de Young, no Brasil, estão sendo realizados pelos autores desse artigo com vistas ao seu emprego no contexto brasileiro e, em breve, estarão disponíveis para avaliação.

 

Referências

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Submetido em: 05/08/2009
Aceito em: 08/09/2009

 

 

1 Essa pesquisa foi desenvolvida durante o curso de mestrado do primeiro autor, sob orientação do segundo autor, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com o apoio do Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq.

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