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Contextos Clínicos
versión impresa ISSN 1983-3482
Contextos Clínic vol.10 no.1 São Leopoldo enero./jun. 2017
https://doi.org/10.4013/ctc.2017.101.04
ARTIGOS
Estudos clínicos em psicoterapia psicodinâmica: uma revisão do follow-up das intervenções
Clinical studies in psychodynamic psychotherapy: a systematic review of follow-ups interventions
Camila Piva da CostaI; Andre Goettems BastosII; Carolina Stopinski PadoanIII; Cláudio Laks EizirikIII
IUniversidade Federal do Rio Grande do Sul. Rua Ramiro Barcelos, 2400, 90035-003, Porto Alegre, RS, Brasil. camilapdacosta@gmail.com
IIPontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Av. Ipiranga, 6681, 90619-900, Porto Alegre, RS, Brasil. andregbastos@gmail.com.br
IIIUniversidade Federal do Rio Grande do Sul. Rua Ramiro Barcelos, 2400, 90035-003, Porto Alegre, RS, Brasil. carolinaspadoan@gmail.com, ceizirik.ez@terra.com.br
RESUMO
A efetividade de um tratamento costuma ser mensurada pela melhora clínica do paciente. No entanto, um fator importante a ser considerado é a manutenção dos resultados após o término do tratamento. Para isso, o follow-up é uma ferramenta relevante. O objetivo deste estudo foi revisar e analisar de forma sistemática os estudos de follow-up com intervenções clínicas em psicoterapia psicodinâmica de 2006 a 2016. As buscas foram feitas nas principais bases de dados com os seguintes descritores: psicoterapia psicodinâmica, resultado, follow-up e equivalentes. Vinte e sete artigos atenderam aos critérios de inclusão. Os estudos indicam que as psicoterapias são tratamentos efetivos não apenas durante o processo, mas que os resultados tendem a se manter após a alta do paciente. As conclusões indicam que, para avaliar a efetividade de tratamento, as medidas de follow-up devem ser consideradas. Nos estudos que comparavam a efetividade entre modelos de psicoterapia, foi visto que, na maioria dos casos, não existem diferenças significativas entre os grupos, ou seja, os pacientes apresentam melhora independentemente do tipo de psicoterapia. No entanto, evidenciou-se que os modelos de tratamento de longo prazo tendem a apresentar maiores taxas de manutenção da melhora no período após a alta. A manutenção dos resultados do tratamento em longo prazo parece ser um indicativo clínico relevante para ser considerado quando da indicação de tratamento.
Palavras-chave: follow-up, psicoterapia psicodinâmica, efetividade.
ABSTRACT
The effectiveness of a treatment is usually measured by the clinical improvement of the patient. However, an important factor to consider is the maintenance of the results after the end of the treatment. For this, the follow-up is a relevant tool. The objective of this study was to systematically review and analyze follow-up studies with clinical interventions in psychodynamic psychotherapy from 2006 to 2016. The searches were made in the main databases with the following descriptors: psychodynamic psychotherapy, outcome, follow-up and equivalents. Twenty-seven articles met the inclusion criteria. Studies indicate that psychotherapies are effective treatments not only during the process and results tend to remain after patient discharge. Conclusions indicate that follow-up measures should be considered to assess the long-term effectiveness of a treatment. In studies comparing models of psychotherapy effectiveness, it was seen that in most cases there were no significant differences between treatment groups, that is, patients presented improvement independently of the type of psychotherapy. However, long-term treatment models tend to have higher maintenance rates of improvement in the post-discharge period. The maintenance of long-term treatment results seems to be a relevant clinical indication to be considered when indicating treatment.
Keywords: follow-up, psychodynamic psychotherapy, effectiveness.
Introdução
A efetividade de um tratamento é indicada pela melhora do paciente. No entanto, um fator importante a ser considerado é a manutenção dos resultados ao longo de um certo período de tempo após a alta (Roth e Fonagy, 2005). Para isso, os estudos de follow-up têm se mostrado uma estratégia útil na análise da manutenção da melhora dos pacientes em diversas formas de psicoterapia, incluindo as de base psicodinâmica (Wallerstein, 2005).
Os objetivos de tratamento nas psicoterapias psicodinâmicas são mais abrangentes. Além da óbvia diminuição de sintomas, espera-se que o paciente desenvolva uma maior consciência de suas dificuldades interpessoais, sociais, profissionais, intrapessoais, de personalidade, etc. Essa abrangência se deve à própria forma como a terapêutica é estruturada, focando os afetos e a expressão das emoções, a exploração de sentimentos e pensamentos, a identificação de padrões repetitivos, a discussão de experiências do passado, o entendimento das relações interpessoais, da relação com o terapeuta e a exploração de desejos e fantasias (Shedler, 2010).
O progresso na psicoterapia psicodinâmica envolve a reativação do processo de desenvolvimento normal, no qual, as experiências na relação terapêutica contribuem para revisões construtivas do self expressando-se em mudanças nas representações de si e dos outros fomentada pelo aprimoramento de habilidades reflexivas. Os tratamentos bem-sucedidos propiciam maior liberdade interna, maior segurança na exploração de pensamentos e sentimentos complexos, capacidades adaptativas otimizadas e maior habilidade de utilizar recursos internos (Luyten et al., 2012).
Além disso, há evidências de que pacientes que recebem psicoterapia psicodinâmica (PP) não apenas mantém os ganhos terapêuticos, mas continuam melhorando no pós alta (Shedler, 2010). Assim, para avaliar adequadamente as taxas de manutenção da melhora das psicoterapias psicodinâmicas, é relevante estudar o período após o encerramento do tratamento (Kazdim, 2009), no qual espera-se que os resultados obtidos tenham certa permanência.
Em termos médicos, follow-up é o período no qual o paciente já terminou o tratamento, e realiza acompanhamento médico ambulatorial periódico (Pinto e Pais-Ribeiro, 2007). Nos estudos de psicoterapia, o termo follow-up tem sido utilizado de diferentes formas. Em alguns casos, follow-up significa acompanhar os pacientes ao longo de seu processo de tratamento, e a partir disso verificar variáveis relacionadas ao processo e ao resultado (por exemplo, Kuutmann e Hilsenroth, 2012; Quilty et al, 2008). Em outros estudos, follow-up refere-se à avaliação e acompanhamento do paciente logo após o encerramento da psicoterapia, no momento da alta (por exemplo, Vermote et al., 2011, Salminen et al., 2008). Há ainda outro conceito, que entende follow-up como um período de avaliação que deve acontecer um tempo depois de ser finalizado o tratamento (Leuzinger et al., 2003; Wallerstein, 2001).
O conceito que será utilizado no presente estudo refere-se ao follow-up realizado um tempo depois de o paciente já ter finalizado o tratamento, tendo ficado sem atendimento por um período após a alta terapêutica. Em outras palavras, esse tipo de follow-up visa investigar se houve ou não recaída do paciente, e se a melhora apresentada logo ao término do atendimento se manteve. Grande et al. (2012) dizem que estudos de follow-up são geralmente conduzidos para estabelecer se os efeitos de uma psicoterapia permanecem estáveis após o fim do tratamento. Isso é relevante, pois visa mensurar a manutenção dos ganhos obtidos e apreender fatores implicados após o término do tratamento.
Assim, o objetivo principal do presente estudo foi revisar e analisar de forma sistemática nas bases de dados mais relevantes os estudos de follow-up em psicoterapia psicodinâmica publicados entre 2006 e 2016. Para isso, consideramos como foram realizados os estudos, quais foram seus objetivos principais, quais as intervenções realizadas, quais as medidas de desfecho utilizadas e quais os resultados principais encontrados no follow-up. Como segundo objetivo, buscou-se analisar os resultados dos estudos que comparavam diferentes modelos de tratamento clínico.
Método
Critérios de inclusão dos estudos.
Tipos de estudo
Foram incluídos artigos empíricos originais. Foram excluídas pesquisas teóricas, revisões, meta-análises, estudos de caso, protocolos de pesquisa sem resultados, cartas ao editor, reanálises de dados de pesquisas anteriores.
Referencial teórico
Os artigos empíricos selecionados deveriam contar com pelo menos uma intervenção de orientação teórica psicodinâmica/psicanalítica.
Psicoterapia individual
Foram incluídos somente artigos que contavam com intervenção psicoterápica individual. Foram excluídos intervenções de grupo, tratamentos hospitalares, psicoterapia de família e outros.
Idioma
Foram incluídos artigos em inglês e português.
Participantes
A revisão incluiu somente estudos realizados com pacientes adultos.
Follow-up pós-alta
Foram incluídos estudos de follow-up em que pacientes foram avaliados depois de um período de tempo após a alta. Estudos nos quais follow-up significava somente seguimento ao longo do tratamento, ou medidas obtidas quando da alta terapêutica foram excluídos, pois não atendiam ao conceito definido no presente trabalho, tendo como base o conceito sugerido por Grande et al. (2012).
Métodos de busca
Foram realizadas buscas dos artigos através das bases de dados Pubmed, PsycINFO, Lilacs e Scielo. As estratégias básicas de busca mesh foram "Psychotherapy, Psychodynamic", "Psychotherapy, psychoanalytic", "Follow-Up Studies", "Outcome Assessment (Health Care)", e similares, em inglês e português. O período da busca foi de artigos publicados entre 2006 e 2016.
Extração de dados e análise
A busca nas bases de dados foi efetuada entre abril e setembro de 2016 e gerou 190 artigos no Pubmed, 196 no PsyINFO e nenhum no Lilacs e Scielo. No total 196 artigos foram selecionados. Após a leitura dos títulos e resumos, dois revisores independentes realizaram uma triagem dos artigos, para verificar inclusão ou exclusão dos mesmos na etapa seguinte do estudo. Quando havia discordância, um terceiro revisor fazia nova avaliação e/ou chegava-se a um consenso. Após a leitura dos títulos e resumos, esta fase da revisão resultou em 77 artigos que preencheram os critérios de inclusão estabelecidos.
Na etapa seguinte, realizou-se a leitura completa desses 77 artigos, para fins de categorização e análise sistemática. Após esta leitura, foram excluídos 50 artigos pelos seguintes critérios: dezoito estudos tinham follow-up como seguimento durante o tratamento ou medida somente na alta; nove eram revisões teóricas/metanálise, estudos de caso, carta ao editor e protocolos de pesquisa sem resultados preliminares; sete estudos eram reanálises de dados de pesquisas originais publicadas anteriormente; quatro não utilizavam psicoterapia psicodinâmica/psicanalítica; sete analisavam tratamento hospitalar ou psicoterapia de grupo; três eram estudos com crianças ou adolescentes; e dois eram em outros idiomas. No total, 27 artigos alcançaram a extração final desta revisão.
Os critérios de análise escolhidos foram divididos nos seguintes itens: descrição dos estudos, objetivos dos estudos, modalidades de psicoterapia, tamanho de amostra e perda amostral, tempo do follow-up, métodos e medidas utilizadas no follow-up e conclusões feitas pelos autores dos estudos.
Resultados
Descrição dos estudos
Os resultados estão apresentados nos quadros 1 e 2. Os 27 estudos selecionados avaliaram diferentes modelos de psicoterapia, totalizando 2.900 sujeitos de pesquisa (média de 107 participantes por estudo). Foram encontradas publicações entre os anos de 2007 e 2016 (média de três artigos publicados por ano). A maioria dos estudos são ensaios clínicos (17), seguidos por nove estudos de coorte e um estudo de caso controle. A maioria dos estudos foram realizados na Europa (Alemanha - 8; Suécia - 4; Holanda - 4; Finlândia - 3 e Noruega - 2 cada; Itália - 2; Dinamarca - 1 cada). O restante dos estudos foram no Canadá (2) e em Israel (1).
Objetivos dos estudos
Grande parte dos estudos objetivava testar a efetividade dos tratamentos envolvidos. Vinte e quatro eram estudos de resultado (e entre estes, um deles era um estudo misto de processo e resultado). Os três artigos restantes estudaram características do processo terapêutico.
Considerando as variáveis clínicas dos pacientes envolvidos nos estudos analisados, os perfis diagnósticos mais frequentes foram: transtornos depressivos, transtornos de ansiedade, transtornos de personalidade, transtornos alimentares, transtornos psicossomáticos e fibromialgia. Outros dados clínicos estudados foram: sintomas, problemas interpessoais, funcionamento interpessoal, representações objetais, qualidade das relações objetais, self, apego, defesas do ego e insight.
Modalidades de psicoterapia
As modalidades de psicoterapia avaliadas foram: psicoterapia psicodinâmica - PP (Lilliengren et al., 2015; Berghout e Zevalkink, 2009); psicoterapia psicodinâmica de curto prazo - PPCP (Leichsenring et al., 2014; Amianto et al., 2011); psicoterapia psicodinâmica de longo prazo - PPLP (Leichsenring et al., 2014; Arvidsson et al., 2011); psicoterapia psicodinâmica intensiva e curto prazo - PPICP (Solbakken e Abbass, 2015); psicoterapia psicodinâmica intensiva - PPI (Abass et al., 2015); psicoterapia psicodinâmica de apoio - PPA (Driessen et al., 2013); psicoterapia psicodinâmica breve - PPB (Amianto et al., 2011); psicoterapia psicodinâmica focal - PPF (Zipfel et al., 2014); tratamento comunitário de foco psicodinâmico - TCFP (Vinnars et al., 2009); psicoterapia psicodinâmica interpessoal - PIT (Sattel et al., 2012); psicoterapia psicodinâmica pela internet - PPIN (Johansson et al., 2013); psicanálise - PA (Grande et al., 2009); psicanálise com predomínio de interpretações transferências - PAT e sem interpretações transferenciais - PAST (Høglend et al., 2008) e terapia cognitivo comportamental - TCC; (Levi et al., 2015; Zipfel et al., 2014); terapia cognitivo comportamental pela internet - TCCI (Johansson et al., 2013); terapia do esquema - TE (Gude e Hoffart. , 2008); terapia de apoio - TA (Vinnars et al., 2009); e, terapia focal - TF (Heinonen et al., 2012). Foram encontradas também intervenções com medicamentos como a fluoxetina (Sørensen et al., 2011), sozinhos ou combinados com psicoterapia psicodinâmica (Koppers et al., 2011); e também intervenções combinadas com outros tratamentos multidisciplinares, tais como dieta alimentar e acompanhamento familiar (Abba-te Daga et al., 2015).
Tamanho da amostra e perda amostral
Na maioria dos estudos, houve redução do n amostral do início do tratamento para o período de follow-up. Essa perda foi referida como "erosão amostral" (Bastos et al., 2014). A média de perda amostral nos estudos foi de 36,5% (desvio-padrão de 23%), sendo que o maior índice de perda foi de 78% em dois estudos (Berghout e Zevalkink, 2009; Leichsenring et al., 2014). Somente um estudo não teve perda amostral entre início e follow-up (Arvidsson et al., 2011).
Tempos de follow-up
O tempo mínimo de realização de follow-up após a úlitma consulta de tratamento foi de três meses (Bögels et al., 2014) e o máximo de 60 meses (Koppers et al., 2011). Em muitos estudos, o follow-up era avaliado em mais de um tempo, por exemplo, aos 12, 24 e 36 meses após a última consulta. Todos que realizaram o follow-up com 36 meses já tinham realizado avaliações anteriores. O tempo médio para realização do primeiro follow-up foi de 15 meses (com desvio-padrão de 11 meses), e a moda foi de 12 meses (13 pesquisas).
Métodos e medidas utilizados no follow-up
Todos os estudos utilizavam como uma das medidas de follow-up a repetição de questionários autoaplicáveis com ou sem a presença do pesquisador, os quais já haviam sido respondidos no início e ao longo do estudo, a fim de comparar os resultados (teste-reteste). Em doze estudos essa foi a única medida utilizada (Heinonen et al., 2012; Solbakken e Abbass, 2015; Sheidt et al., 2013; Bögels et al., 2014; Driessen et al., 2013; Sattel et al., 2012; Amianto et al., 2011; Sørensen et al., 2010; Salzer et al., 2011; Puschner et al., 2008 Hasse et al., 2008). Em um estudo que avaliava a efetividade de uma intervenção combinada, a pesagem dos pacientes também foi um recurso adicional utilizado (Zipfel et al., 2014).
Os pacientes eram contatados através de telefone (Levi et al., 2015), e-mail (Marttunen et al., 2008) ou carta (Sattel et al., 2012) para retornarem ao local do atendimento. Em alguns estudos, quando havia dificuldade para o paciente realizar esta etapa da avaliação, os testes eram enviados e respondidos via correio (Sattel et al., 2012) ou email (Gude e Hoffart 2008).
Outro método utilizado para complementar os questionários foram entrevistas presenciais semiestruturadas desenvolvidas para o próprio estudo, ou entrevistas estruturadas, por exemplo: Operationalized Psychodynamic Diagnosis - OPD Task Force (Levi et al.,2015; Vinnars et al., 2009; Marttunen et al., 2008; Johansson et al., 2013; Kronström et al., 2009; Koppers et al., 2011; Høglend et al, 2008; Gude e Hoffart, 2008; Abbate-Daga et al., 2015; Berghout e Zevalkink, 2009; Lilliengren et al., 2015; Grande et al., 2009; Arvidson et al., 2011; Leichsenring et al., 2014). O estudo que avaliou custo-efetividade dos serviços de saúde também utilizou, além dos questionários, os registros nacionais de verificação para compor as medidas de follow-up (Abass et al., 2015).
As medidas de desfecho utilizadas para avaliar sintomas foram: Symptom Check List (SCL90); Beck Depression Inventory (BDI); Beck anxiety Inventary (BAI); Clinician-Administered Scale (PTSD); Social Phobia and Anxiety Inventory (SPAI); Liebowitz Social Anxiety Scale (LSAS); Fear Questionnaire (FQ); Psychiatric status rating (PSR); The Health Anxiety Inventory (HAI); The Hamilton Depression Rating Scale (HDRS); Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS); Inventory of Depressive Synptomatology (IDS-SR); The Montgomery and Asberg Depression Rating Scale (MADRS); Spielberger State-Trait Anxiety Inventory (STAI); Clinical Global Impression Scale (CGI); Patient Health Questionnaire Depression Scale (PHQ-9); Mobility Inventory for Agoraphobia (MI).
Para problemas interpessoais, foi a usado The Inventory of Interpersonal Problems (IIP). Para verificar aliança terapêutica foram utilizados o Working Alliance Inventory- Short Form (WAI-S) e o Helping allliance questionnaire (HAQ). Para mecanismos de defesa, o Defense Style Questionnaire (DSQ). Para transtornos de personalidade, Temperament and Character Inventory (TCI), The Minnesota Multiphasic Personality Inventory- 2 (MMPI-2); RORSCHACH, Karolinska Scale of Personality (KSP) e State-Trait Anger Expression Inventory (STAXI). Para analisar o progresso terapêutico, Outcome questionnaire (OQ45); Heidelberg Structural Change Scale (HSCS). Para funcionamento interpessoal, (Psychodynamic Functioning Scales (PFS); Perceived Psychological Functioning Scale (PPF); Global Assessment of Functioning (GAF); Sense of Coherence Scale (SOCS); self-report Social Adjustment Scale (SAS-RS); e, Karolinska Psychodynamic Profile (KAPP). Para a qualidade de vida, Quality of Life Inventory (QOLI) e Health-related quality of life (SF-36). Para avaliar medidas de saúde física, foram utilizados os seguintes instrumentos: Fibromyalgia-related symptoms (FIQ); Eating Disorder Inventory (EDI-2); Structured Interview for Anorexic and Bulimic Syndromes (SIAB-EX). Para relações objetais, Quality of Object Relations Scale (OQR). Para as características do terapeuta, The Development of Psychotherapists Common Core Questionnaire (DPCCQ).
Conclusões feitas pelos autores dos estudos
A psicoterapia psicodinâmica foi avaliada em treze estudos em relação a manutenção dos resultados positivos do tratamento após a alta. Em oito deles, foram comparadas intervenções psicanalíticas com tratamentos "as usual" (TAU), ou com grupo controle (GC). Em cinco estudos, a PP foi superior (Sattel et al., 2012; Amianto et al., 2011; Hasse et al., 2008; Zipfel et al., 2014; Lilliengren et al., 2015), e em dois, pacientes de ambos os estudos melhoraram e os resultados se mantiveram no follow-up (Scheidt et al., 2013; Vinnars et al., 2009).
Avaliando a PP de longa duração (PPLP) comparada à PP de curta duração (PPCP), houve dois estudos de resultado (Heinonen et al., 2012; Marttunen et al., 2008). Em ambos, a PPLP superou a PPCP na manutenção dos resultados durante o follow-up, indicando que as psicoterapias de longo prazo tendem a propiciar maior manutenção dos ganhos após a alta.
Em um dos estudos, uma modalidade de psicoterapia psicodinâmica intensiva de curta duração (PPIC) foi testada para avaliar a efetividade em pacientes refratários a tratamentos de ansiedade e depressão, ocorrendo melhora em todas as medidas (Solbakken e Abbass, 2015). A PP também foi comparada a PA em dois estudos. Em um deles, a PA mostrou maiores mudanças estruturais na comparação com a PP (Grande et al., 2009); no outro, os dois grupos foram efetivos após a alta sem diferenças significativas entre eles, mas os resultados não se mantiveram ao longo do follow-up (Berghout e Zevalking, 2009). A PA também foi testada na modalidade com interpretação da transferência (PAT) e sem interpretação da transferência (PAST) em um artigo. Os resultados demonstraram que ambos os grupos melhoraram e mantiveram os resultados no follow-up, mas o grupo com transferência apresentou medidas superiores de melhora quando comparadas ao grupo sem transferência (Høglend et al., 2008).
A PP também foi comparada com medicação ou psicoeducação em três estudos (Koppers et al., 2011; Kronström et al., 2009; Sattel et al., 2012). Novamente, ambos os grupos obtiveram resultados positivos de progresso terapêutico, sendo o grupo de PP superior em duas oportunidades, em relação à manutenção das medidas de melhora no follow-up comparada a medicação (Kronström et al., 2009) e a TAU (Sattel et al., 2012); e, sem diferenças significativas entre os grupos em um estudo, nos quais os dois grupos apresentaram recaída (Koppers et al., 2011). Houve também um estudo em que a PP foi combinada a outras intervenções multidisciplinares e também foi efetiva (Abbate-Daga et al., 2015).
Em nove artigos, os resultados da psicoterapia psicodinâmica foram comparados aos da terapia cognitivo-comportamental. Em quatro destes estudos, ambos os grupos demonstraram melhora e mantiveram os ganhos terapêuticos no follow-up em igual medida, sem diferenças significativas entre eles (Levi et al., 2015; Bögels et al., 2014; Driessen et al., 2013; Leichsenring et al., 2014). Em outros quatro estudos que utilizaram psicoterapias psicodinâmicas e TCC de curta duração (uma delas via internet), houve melhora em ambos os grupos, mas a TCC foi superior (Gude et al., 2008; Sørensen et al., 2011; Johansson et al., 2013; Salzer et al., 2011). Por fim, na pesquisa que comparava PP, TCC e TAU, a psicoterapia psicodinâmica mostrou resultados significativamente superiores em comparação aos demais grupos no follow-up (Zipfel et al., 2014).
Discussão
A manutenção dos resultados após o fim das psicoterapias tem sido considerada na literatura como uma medida relevante para testar a efetividade dos tratamentos. Isso é principalmente relevante para as psicoterapias psicodinâmicas, as quais consideram que a melhora deve ter um efeito duradouro na vida do paciente, que após a alta deve ser capaz de internalizar a função terapêutica anteriormente desempenhada pelo analista para a solução de conflitos futuros evitando recaídas (Shedler, 2010; Kazdin, 2007; Gabbard, 2004).
Apesar da crescente produção de estudos sobre psicoterapia psicodinâmica no Brasil (por exemplo, Santeiro, 2008; Yazigi et al., 2011; Bastos et al., 2013, 2014), essa revisão não encontrou nenhum estudo brasileiro que utilizasse o follow-up como medida de efetividade clínica. Acredita-se que as dificuldades de acompanhamento e o alto custo envolvido no recrutamento de pacientes após o fim do tratamento possa ser, em parte, responsável por este fato. Na maioria dos estudos, os pacientes foram recrutados via correio e telefone, demandando que as instituições de pesquisa tivessem recursos financeiros e material humano para esta parte do projeto. Além disso, localizar e avaliar ex-pacientes para fins de pesquisa exige profissionais capacitados, para que não se confunda as necessidades do estudo com propaganda ou interferência no processo de alta (Roth e Fonagy, 2005).
Nos estudos avaliados nessa revisão, os autores não descreveram com precisão qual profissional realizou o follow-up, qualificação e/ou capacitação deste pesquisador para essa função, bem como não houve discussão em relação aos possíveis danos que podem ocorrer por uma interferência no momento pós alta. Acredita-se que o pesquisador deva estar atento para não criar demandas de tratamento que não existiam antes da participação na pesquisa. Ao mesmo tempo, realizar intervenções que medem resultados de psicoterapia e bem-estar emocional podem desencadear nos entrevistados processos e necessidades que devem ser endereçados adequadamente pelos pesquisadores. Tudo isto se revela extremamente delicado, pois exige-se treinamento e conhecimento técnico para realizar abordagens que priorizem o bem-estar dos participantes de forma ética e responsável. Para tal tarefa, pode ser relevante investigar melhor a influência dos estudos de follow-up no estado emocional do paciente e na criação de novas demandas para tratamento. Um estudo de follow-up do próprio follow-up, neste sentido, constituiria uma pesquisa original e criativa.
As coortes e ensaios clínicos apresentaram uma alta taxa de perda amostral. Sabe-se que as psicoterapias apresentam altas taxas de abandono, que podem oscilar entre 20 e 60%, dependendo do modelo utilizado (Roth e Fonagy, 2005). A taxa de erosão amostral encontrada está de acordo com os principais dados internacionais, porém chama a atenção as diferenças de perda amostral encontrada entre os estudos, em torno de 78% em alguns e entre 12 e 17% em outros. Essas diferenças podem apontar a qualidade metodológica da pesquisa, por isso é relevante levantar hipóteses referentes a altas perdas amostrais. Em um estudo com alta perda amostral (Levi et al., 2015), os participantes não foram localizados ou se negaram a participar da avaliação. Além disso, o estudo mostrou que os pacientes que completaram o tratamento e/ou responderam as medidas de follow-up tendiam a concordar mais com seus terapeutas sobre o fim do tratamento.
Outro ponto que pode estar relacionado a não participação dos pacientes no follow-up são as medidas de desfecho utilizadas. No estudo de Berghout e Zevalink (2009), foram utilizados numerosos questionários, ainda que, fossem enviados por e-mail, além de avaliações de personalidade no consultório. A medida de personalidade englobava também testes projetivos que podem já ter mobilizado o paciente nas primeiras avaliações, tanto em termos emocionais como no tempo demandado para sua finalização. Já em dois estudos que apresentaram baixa perda amostral no follow-up, instrumentos mais breves e práticos foram utilizados (Arvidsson et al., 2011), um deles por email (Gude e Hoffart, 2008), o que pode ter facilitado o acesso aos pacientes.
Nesta revisão, em consonância com a literatura, as medidas de follow-up, em sua maioria, serviram principalmente como mensuração de efetividade dos tratamentos, os quais comparavam diferentes modalidades de psicoterapia. A diminuição de sintomas foi a medida de desfecho mais utilizada para medir os resultados, porém a maioria dos estudos, acrescentou outras medidas como: funcionamento interpessoal, defesas, relações objetais, etc. Além disso, é de fundamental importância a escolha dos instrumentos utilizados nas pesquisas de efetividade de tratamento, pois a significância clínica depende, em parte, da qualidade desses instrumentos (Berghout e Zevalink, 2009). Recomenda-se utilizar múltiplas medidas simultaneamente, considerando que a melhora clínica também depende dos objetivos do tratamento e do tipo de patologia encontrado nos pacientes (Roth e Fonagy, 2005).
Uma vez que a redução da sintomatologia é apenas um dos objetivos pretendidos pela PP (Shedler, 2010; Luyten e Blatt, 2012) e não é considerada a única medida de desfecho existente (Roth e Fonagy, 2005), há uma boa confiabilidade nos resultados dos estudos analisados. Para as psicoterapias psicodinâmicas, uma forma mais relevante de captar a totalidade da melhora pretendida pelo tratamento ocorre através de mudanças estruturais, as quais podem ser melhor evidenciadas através de índices de funcionamento global, qualidade das relações, qualidade de vida e uso de defesas mais maduras (Bastos et al., 2013). Essas medidas de avaliação da melhora se mostram essenciais para captar efeitos terapêuticos em todos os índices citados (Grande et al., 2012). Além disso, muitos estudos utilizaram as entrevistas como recurso adicional para contemplar a complexidade dessa avaliação.
Nos estudos que compararam dois ou mais tipos de tratamento, as medidas de follow-up foram utilizadas para demonstrar qual era o grupo mais efetivo ao longo do tempo, além de também serem parâmetros, para analisar características do processo nos diferentes tratamentos. Ainda, medidas de follow-up também foram utilizadas para analisar recaídas e uso de tratamentos auxiliares. Finalmente, para uma medida mais consistente de preditores de melhora, os estudos associaram dados de follow-up aos de alta, considerando assim a manutenção do ganho terapêutico. Esses resultados mostraram que as psicoterapias em suas diferentes modalidades têm efeitos positivos e seus resultados tendem a persistir ao longo do tempo (Lipsey e Wilson, 1993; Taylor, 2012; Shedler, 2010).
Os estudos sugerem que as psicoterapias psicodinâmicas de longo prazo e a psicanálise tentem a apresentar resultados mais duradouros no período pós alta, na comparação com modelos psicoterápicos de curta duração (Taylor, 2012; Vermote et al., 2010). Nos estudos em que a PP de curto prazo foi comparada à TCC de curto prazo, os resultados da TCC foram ligeiramente superiores. Os efeitos da TCC sobre os sintomas do paciente parecem se dar de forma mais rápida, porém em follow-up mais longo, a tendência é que esses efeitos não persistam (Taylor, 2012). Os tratamentos psicodinâmicos de longo prazo e a psicanálise tenderam a apresentar melhores resultados em seguimentos pós alta mais longos, nos quais existe uma tendência clara rumo à diminuição de sintomas que ocorre após o tratamento ser encerrado (Freedman et al., 2001; Sandell et al., 2000).
As modalidades de psicoterapia de curto prazo pareceram mais efetivas para pacientes com sofrimento mental agudo. Por outro lado, há evidencias que tratamentos de curto prazo não são suficientes para pacientes com transtornos mentais mais complexos, crônicos e de personalidade (Rabung e Leichesering, 2012). Acredita-se que a indicação para psicoterapia, bem como o tipo de tratamento oferecido, deve estar baseada no diagnóstico, estado mental de cada paciente, e disposição do mesmo para o tratamento em questão.
A maioria dos estudos recrutou pacientes com diagnósticos específicos, como depressão, transtornos de ansiedade, de personalidade (Leishchering et al., 2014; Driessen et al., 2013; Amianto et al., 2011). Está é uma abordagem muito utilizada em medicina, mas em muitos casos, acaba por não incluir pacientes com modalidades de patologias comórbidas, ou de diagnóstico não claro, que são os casos mais prevalentes em ambientes naturais de psicoterapia (Rabung e Leichsering, 2012). Já é sabido que a forma mais eficiente de pesquisar a psicoterapia é em seu ambiente natural através de métodos híbridos, os quais, tem maior potencial para captar a totalidade dos processos envolvidos nos tratamentos (De Maat et al., 2013). Assim, mais estudos de follow-up priorizando o ambiente natural das psicoterapias com pacientes com características mais prevalentes são necessários para testar os resultados desta revisão.
Nos estudos de processo, o follow-up também serviu para verificar se as mudanças ocorridas durante os tratamentos se mantinham ao longo do tempo, mas também se fatores relacionados ao processo de psicoterapia (aliança terapêutica, características do terapeuta e do paciente) estariam relacionados à melhora no follow-up. Diversos estudos enfatizam a relevância da associação entre fatores de processo e resultados do tratamento (Goldfried, 2000). A aliança terapêutica, por exemplo, é um relevante preditor de desfecho, em diferentes modalidades de psicoterapia (Norcros, 2002; McCabe e Priebe, 2004). Especialmente para as psicoterapias psicodinâmicas, as quais priorizam mudanças estruturais de longo prazo que se constroem dentro de uma relação transferencial entre terapeuta e paciente, as características do processo terapêutico e da relação terapêutica são elementares para avaliar a manutenção de resultados (Smith-Hansen et al., 2012).
Um fato que se destacou na presente revisão foi a ausência de estudos dos Estados Unidos da América, que é reconhecido como um centro de referência em pesquisa psiquiátrica. Uma das hipóteses para isso é que a maioria das pesquisas realizadas neste país possam estar centradas em abordagens de orientação cognitivo comportamental, o que estava fora do escopo da presente revisão. Neste trabalho, a TCC foi avaliada somente quando comparada a outras modalidades de psicoterapia psicodinâmica/psicanalítica.
Ainda em relação às dificuldades de realizar estudos com follow-up, o pensamento lógico leva a hipótese que quanto mais longo é o período de seguimento pós alta, maior seria a perda amostral. Porém, isso não foi encontrado nesta revisão. As maiores perdas amostrais não se mostraram relacionadas a um tempo maior de follow-up. Um ponto a ser avaliado em relação a este tema é o seguinte: quanto maior o período pós alta, mais difícil é associar de forma causal os resultados das medidas de follow-up com o tratamento original devido a quantidade de variáveis envolvidas na história de vida de uma pessoa, as quais podem alterar seu estado emocional (Roth e Fonagy, 2005).
Em 60 meses, maior prazo de follow-up encontrado nesta revisão, muitas variáveis poderiam estar envolvidas na manutenção dos ganhos terapêuticos, tais como questões profissionais, de saúde, de relacionamento (Fletcher et al., 1996). Porém, alguns autores revelam que um intervalo entre dois e cinco anos é um tempo necessário para avaliar o efeito duradouro do tratamento na vida do paciente (Wallerstein, 2001). Assim, estudos são necessários para aprimorar o cálculo do tempo mais adequado para realizar este acompanhamento pós alta, evitando a erosão amostral e desenvolvendo bons controladores para os reveses que podem surgir da vida cotidiana dos pacientes.
As pesquisas de eficácia e efetividade centradas em características do paciente surgem como um novo paradigma de avaliação de resultados das psicoterapias (Lambert e Ogles, 2004). A inserção de estratégias qualitativas com metodologia mais rigorosa e refinada seriam uma ferramenta adicional, profunda e complexa para investigar os processos envolvidos na cura, e também um recurso para compreender os motivos que levam os pacientes a não aceitarem responder os instrumentos e/ou participar do follow-up depois da alta. Estudos de caso detalhados documentam as sutilezas nas atitudes e nas intervenções do terapeuta e também captam mudanças no paciente (Lingiardi et al., 2010). Esses dados são importantes para aprimorar os estudos longitudinais e torná-los mais viáveis, já que essa perda amostral pode estar relacionada ao próprio tratamento, insatisfações quanto ao terapeuta, à instituição ou resultados da psicoterapia, e por isso precisam ser melhor endereçados.
Um balanço retrospectivo do tratamento também pode servir como recurso para investigar o andamento do mesmo. Assim, o resultado de um tratamento parece estar vinculado a pelo menos dois fatores importantes. A mudança da sintomatologia para melhor, ou seja, a diminuição dos sintomas clínicos manifestos e, também, o fator do alcance dos objetivos traçados em conjunto com o paciente no início do tratamento, o que envolve, muitas vezes, alterações na vida que vão além da diminuição de sintomas (Grande et al., 2012).
Considerações finais
A presente revisão demonstrou a importância do follow-up como ferramenta para mensurar os resultados dos tratamentos. É relevante verificar as medidas que são utilizadas para avaliar a melhora e conhecer as formas como esses estudos vêm sendo desenvolvidos como referência para futuros estudos no Brasil. Atestar a efetividade das intervenções psicodinâmicas no período após a alta continua sendo um importante e necessário desafio para o desenvolvimento teórico e clinico da área, e por isso é necessário aprimorar e viabilizar os estudos de follow-up.
Um ponto forte desta revisão foi a amplitude do tempo pesquisado (10 anos), e a delimitação de um foco específico, o que possibilita identificar com maior acerto as publicações sobre o tema. Optou-se por ler diversos artigos na íntegra quando suscitavam qualquer dúvida de inclusão durante a seleção dos resumos, garantindo assim maiores níveis de confiança. Uma das limitações da presente revisão é que os estudos incluídos não abrangiam todas as formas de tratamento existentes, o que impossibilitou a identificação de como é realizado o follow-up em outras abordagens teóricas. Outra limitação é a inclusão somente de artigos em inglês e português, visto que artigos em outros idiomas poderiam acrescentar novos dados à discussão. Além disso, um dos elementos de dificuldade no rastreamento dos artigos foi a indefinição conceitual do termo follow-up, que teve sua padronização realizada pelos autores através do estudo e identificação dos diversos conceitos do termo.
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Submetido: 30/09/2016
Aceito: 13/03/2017