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Gerais : Revista Interinstitucional de Psicologia

On-line version ISSN 1983-8220

Gerais, Rev. Interinst. Psicol. vol.16 no.2 Belo Horizonte  2023  Epub May 12, 2025

https://doi.org/10.36298/gerais202316e19765 

Artigo

Multidimensional Jealousy Scale: estrutura fatorial, validade convergente e consistência interna

The Multidimensional Jealousy Scale: factorial structure, convergent validity and reliability

Renan Pereira Monteiro1 
http://orcid.org/0000-0002-5745-3751

Tatiana Beckmann dos Reis2 
http://orcid.org/0000-0002-4307-7759

Gabriela Camargo Nogueira3 
http://orcid.org/0000-0002-5769-2904

Bruna da Silva Nascimento4 
http://orcid.org/0000-0003-2696-9250

1Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Brasil. E-mail: renanpmonteiro@gmail.com

2Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá, Brasil. E-mail: tatianabeckmann@gmail.com

3Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá, Brasil. E-mail: gabrielanogueirapsicologia@gmail.com

4University of West of England, Bristol, Inglaterra. E-mail: bruna.s.nascimento@hotmail.com


Resumo

O presente estudo objetivou adaptar para o contexto brasileiro a Multidimensional Jealousy Scale (MJS), reunindo evidências de sua validade e precisão. Participaram 283 pessoas (Midade = 25,04; DPidade = 7,64; 72,4% mulheres). Por meio de uma Análise Fatorial Confirmatória (estimador Diagonally Weighted Least Squares), verificou-se que os indicadores de ajuste do modelo aos dados apoiaram a estrutura de três fatores interrelacionados da MJS (e.g., CFI = 0,99, TLI = 0,99, RMSEA = 0,034), tendo coeficientes de consistência interna variando entre 0,83 (ciúme emocional) a 0,91 (ciúme cognitivo). Ademais, verificou-se que os fatores da MJS apresentaram correlações significativas com os escores totais da Escala e do Inventário de Ciúme Romântico, atestando a validade convergente da medida. Os resultados endossam o modelo multidimensional do ciúme romântico, sendo a MJS um instrumento teoricamente fundamentado, que cobre expressões normais e patológicas do ciúme, com fortes evidências psicométricas. Portanto, configura-se como uma alternativa em estudos que buscam conhecer os antecedentes e consequentes do ciúme romântico.

Palavras-chave Ciúme romântico; Escala; Validade; Precisão

Abstract

The present study aimed to adapt the Multidimensional Jealousy Scale (MJS) to Brazil, gathering evidence of validity and reliability. Two hundred and eighty-three people participated (Mage= 25.04; SDage = 7.64; 72.4% women). Through a Confirmatory Factor Analysis (Diagonally Weighted Least Squares estimator), we verified an adequate model fit with indicators that supported the three interrelated factors of the MJS (e.g., CFI = .99, TLI = .99, RMSEA = .034), with internal consistency coefficients ranging from .83 (emotional jealousy) to .91 (cognitive jealousy). Moreover, these factors presented significant correlations with the Romantic Jealousy Scale and Inventory, endorsing the convergent validity of the MJS. The results support the multidimensional model of romantic jealousy. The MJS is a theoretically grounded instrument that covers both normal and pathological expressions of jealousy, with strong psychometric properties. Therefore, such measure is an alternative for studies that seek to understand the antecedents and consequences of romantic jealousy.

Keywords Romantic jealousy; Scale; Validity; Reliability

O ciúme é um tema amplamente discutido entre a população em geral e observado com frequência nos relacionamentos humanos, amorosos ou não (Canezin & Almeida, 2015). Quando ocorre em relacionamentos íntimos, é conhecido como ciúme romântico, sendo esse tipo o foco do presente estudo. Existe um consenso geral entre pesquisadores na área que o ciúme se trata de um conjunto de sentimentos, pensamentos e ações, que tem lugar a partir da percepção, real ou imaginária, de que um rival possa ameaçar o relacionamento (Guerrero, Spitzberg, & Yoshimura, 2004; Pfeiffer & Wong, 1989; White, 1981). Portanto, o ciúme é um construto complexo e multifacetado que envolve três componentes distintos: emocional, cognitivo e comportamental (Pfeiffer & Wong, 1989). Esta visão multidimensional do ciúme também é compartilhada pelo modelo componencial do ciúme (Guerrero & Andersen, 1998), um modelo teórico amplo que versa sobre a experiência e expressão do ciúme.

Em relação à função do ciúme, uma perspectiva evolucionista propõe que ele se trata de um mecanismo adaptativo que tem o objetivo de prevenir infidelidade e, portanto, evitar a perda parcial ou total de um relacionamento (Buss, Larsen, Westen, & Semmelroth, 1992). Nesse sentido, o ciumento possui medo de que o parceiro o abandone ou troque-o por alguém mais atraente (Almeida, Rodrigues, & Silva, 2008), sendo eliciado quando há suspeita ou envolvimento sexual ou emocional do parceiro com outra pessoa fora do relacionamento primário (Visser et al., 2020). Apesar da função de proteção ao relacionamento, o ciúme pode ter um lado obscuro.

A propósito do anteriormente comentado, essa variável se distribui ao longo de um contínuo, isto é, as pessoas se diferenciam em razão da magnitude que o apresentam (Tandler & Petersen, 2020), indo de variações mais brandas e saudáveis até formas mais intensas e patológicas (Zheng et al., 2019). Portanto, pequenas quantidades de ciúme normal (i.e., reagir emocionalmente a uma ameaça ao relacionamento) podem ser saudáveis para a relação, pois são interpretados como uma demonstração de que o outro é importante, relacionando-se com amor, proximidade, satisfação e comprometimento com o relacionamento (Attridge, 2013; Orosz, Szekeres, Kiss, Farkas, & Roland-Lévy, 2015). Por outro lado, expressões mais patológicas que envolvem desconfiança constante e suspeitas infundadas, além do controle e da vigilância sistemática do parceiro representam o lado aversivo do ciúme (Pfeiffer & Wong, 1989). Tal faceta associa-se a baixos níveis de satisfação e qualidade do relacionamento (Attridge, 2013; Barelds & Barelds-Dijkstra, 2007), violência doméstica, tentativas de homicídio e homicídios do parceiro (Conceição, Martins, & Freitas, 2015; Easton & Shackelford, 2009).

Portanto, verifica-se que o ciúme possui um lado tóxico, deteriorando o relacionamento e sendo um fator de risco para a saúde física e mental do parceiro. Por outro lado, mesmo tendo um lado positivo, quando muito intenso pode gerar forte reação emocional negativa para quem o sente (Almeida et al., 2008). Tais aspectos que envolvem o ciúme indicam a centralidade que o seu estudo tem para a Psicologia, sendo a sua adequada mensuração uma preocupação básica entre os pesquisadores. Não obstante, ainda são raros os estudos que adaptam ou constroem medidas para a mensuração do ciúme em contexto brasileiro (Gouveia, Silveira, Santos, Bomfim, & Belo, 2015), o que ensejou o desenvolvimento da presente pesquisa, objetivando adaptar para o Brasil a Multidimensional Jealousy Scale (MJS; Pfeiffer & Wong, 1989), que avalia as três dimensões gerais do ciúme (Attridge, 2013). Como o foco do artigo trata da mensuração do ciúme, na seção a seguir são listadas tentativas de operacionalizar o construto no Brasil.

Mensuração do Ciúme Romântico

No Brasil, destacam-se dois instrumentos de autorrelato para medir o nível de ciúme romântico das pessoas: a Escala de Ciúme Romântico (ECR; Ramos, Yazawa, & Salazar, 1994) e o Inventário de Ciúme Romântico (ICR; Carvalho, Bueno, & Kebleris, 2008). Especificamente, a ECR foi o primeiro instrumento para operacionalizar o ciúme romântico desenvolvido no Brasil, com 58 itens objetivando estimar o nível de ciúme nos relacionamentos, checando as reações das pessoas diante de uma ameaça percebida, seja ela real ou imaginária. Ramos et al. (1994) realizaram uma Análise Fatorial Exploratória, verificando a existência de três fatores com autovalores maiores que 1,5, nomeando-os como não-ameaça, exclusão e interferência, indicando a possibilidade de uma estrutura unidimensional em razão da interrelação entre tais fatores. Entretanto, a ECR tem uma série de limitações, tais como itens com conteúdo distinto do fator em que saturam, ser um instrumento extenso que inviabiliza a sua utilização em estudos com múltiplas medidas, não ter uma fundamentação teórica que o sustente e de o estudo conduzido por Ramos et al. (1994) ser essencialmente exploratório (Bueno & Carvalho, 2012; Gouveia et al., 2015).

Algumas dessas limitações levaram Gouveia et al. (2015) a revisarem a ECR, propondo uma versão reduzida da medida. Para tanto, tiveram em conta uma versão de 28 itens, selecionando aqueles com as maiores cargas fatoriais no estudo original, que submetidos a uma Análise Paralela resultou em uma estrutura de três fatores não interpretáveis e distintos da proposta inicial de Ramos et al. (1994). Por conta de tais resultados, Gouveia et al. (2015) realizaram nova análise fixando a extração de dois fatores, nomeando-os como ameaça (composto por nove itens) e não ameaça (composto por 15 itens), que corresponderam a apenas 28,8% da variância, distante de valores aceitáveis (Hair, Black, Babin, Anderson, & Tatham, 2006). Em análises subsequentes, Gouveia et al. (2015) excluíram sete itens e por meio de uma Análise Fatorial Confirmatória verificaram valores aceitáveis para o modelo de dois fatores, não ameaça e ameaça. Por exemplo, o item “É tolerável ela/ele ficar de papo com alguém” representaria o primeiro, enquanto o segundo seria expresso pelo item “Fico furioso(a) quando ela/ele conversa com um(a) amigo(a) que acha bonito(a)”. Entretanto, tal estrutura é incipiente, de modo que os dois fatores não são dimensões qualitativamente distintas, sendo que a inspeção dos itens acima demonstra que eles representam polos opostos de um mesmo contínuo. Tal modelo pode ter resultado do não controle de itens invertidos, originando um fator espúrio. Em resumo, a ECR trata-se de um instrumento com estrutura fatorial confusa, sem base teórica que o sustente, além de não cobrir adequadamente as múltiplas dimensões do construto.

O ICR, por sua vez, foi construído por Carvalho, Bueno e Kebleris (2008), sendo que tais autores elaboraram um conjunto inicial de 60 itens. Por meio de uma Análise dos Componentes Principais identificaram uma estrutura composta por seis fatores com autovalores maiores que um (ciúme romântico, não ciúme, não agressão, desconfiança, investigação e insegurança), tendo sua versão final formada por 28 itens. Carvalho et al. (2008) indicam, ainda, que os seis fatores primários se reagrupam em dois fatores de segunda ordem (ciúme e não ciúme), resultando na mesma limitação da ECR, pois ambos representam extremos de um mesmo contínuo.

O ICR foi revisado duas vezes, na primeira revisão (Bueno & Carvalho, 2012), alguns itens foram reformulados e outros adicionados para cobrir variações mais patológicas do ciúme romântico. Uma estrutura equivalente à versão original foi encontrada, tendo seis fatores de primeira ordem (não contato, contato parceiro-rival, agressão ao parceiro, agressão ao rival, autoestima e investigação) e um fator geral de segunda ordem. Entretanto, os coeficientes de consistência interna de alguns fatores foram baixos (α < 0,70; Urbina, 2007), além do critério adotado para a extração de fatores ser impreciso (Critério de Cattel), sendo demasiado subjetivo e superestimando o número de dimensões (Laros, 2012). Na segunda revisão (Golino et al., 2016) verificou-se que o modelo bifator testado apresentou os melhores indicadores de ajuste, isto é, a variância dos itens é mais bem explicada por um fator geral do que pelos seis fatores específicos, podendo o ICR ser considerado um instrumento unidimensional.

Apesar dos esforços para construção de um instrumento multidimensional, o ICR apresenta uma série de limitações, tendo itens que, teoricamente, não avaliam o ciúme. Por exemplo, casais podem experienciar problemas diversos em seus relacionamentos além do ciúme romântico, sendo que o item do ICR “Já agredi fisicamente o meu parceiro por problemas no relacionamento” ser mais adequado para quantificar episódios de violência doméstica do que ciúme. Similarmente, o ciúme envolve percepção de que o relacionamento está ameaçado, sendo o item “Tenho vontade de perguntar para os amigos do meu(minha) parceiro(a) se ele(ela) realmente gosta de mim” inadequado, pois tal vontade pode surgir em razão de múltiplos fatores que não o ciúme (e.g., ser agredido no relacionamento, insegurança com o relacionamento). Por fim, o ciúme é um construto multidimensional, sendo que seus fatores apresentam um padrão de correlações distinto com variáveis externas (e.g., Barelds, Dijkstra, Groothof, & Pastoor, 2017; Chin, Atkinson, Raheb, Harris, & Vernon, 2017), tendo um lado positivo e outro negativo (Attridge, 2013), tornando perigoso considerá-lo enquanto construto unidimensional.

Em razão das limitações previamente elencadas, é fundamental proceder com novas investigações adaptando instrumentos que cubram a complexidade do ciúme romântico. Uma alternativa interessante e teoricamente fundamentada é a Multidimensional Jealousy Scale (MJS; Pfeiffer & Wong, 1989), que contempla as dimensões emocionais, cognitivas e comportamentais do ciúme. Essa medida é apoiada pelo modelo multidimensional do ciúme (Pfeiffer & Wong, 1989), que considera que o ciúme emocional não está relacionado apenas a ameaças percebidas ao relacionamento (e.g., irritar-se ao ver o parceiro beijando outra pessoa), sendo também uma resposta condicionada (e.g., ter reação emocional negativa ao ver o ex-marido com nova parceira) independendo de avaliações cognitivas Em relação ao ciúme cognitivo o modelo multidimensional o caracteriza como medos e suspeitas acerca da fidelidade do parceiro mesmo que não esteja relacionado a uma situação real cobrindo aspectos patológicos do ciúme que envolvem ideias paranoicas Pfeiffer e Wong (1989) descrevem ações investigativas (eg mexer nos pertences do parceiro) ou protetivas (eg falar mal de possíveis rivais) como formas de representar o ciúme comportamental tendo lugar quando rivais reais ou imaginários ameaçam o relacionamento Finalmente tais autores pontuam que os três fatores do modelo não são hierarquizados mas sim ocorrem simultaneamente havendo influências recíprocas

A partir das descrições acerca dos fatores e considerando orientações teóricas sobre o ciúme Pfeiffer e Wong (1989) geraram 24 itens oito por fator Tais itens passaram pelo crivo de oito juízes que concordaram acerca da adequação desses para representar os fatores em questão Por meio de três estudos tais autores reuniram evidências sobre a estrutura de três fatores da MJS com todos os itens saturando adequadamente em seus respectivos fatores de origem sendo observado que todos os fatores tiveram indicadores de consistência interna que atestam a sua precisão (α > 080) Os autores concluem que o ciúme emocional seria uma experiência mais comum ao passo que as expressões cognitivas e comportamentais do ciúme seriam mais próximas de uma variação patológica

Por ser uma medida útil para cobrir tanto os aspectos normais e patológicos do ciúme e tendo sustentação teórica a MJS tem sido adaptada para diferentes países Por exemplo tal estrutura de três fatores foi replicada em contexto australiano (Elphinston Feeney & Noler 2011) sérvio (Tošić-Radev & Hedrih 2017) e canadense (Brassard Brault-Labbé Gasparetto Claing & Lussier 2020) o que indica a relevância de uma versão adequada em português brasileiro possibilitando a condução de estudos transculturais para estimar se o ciúme é uma diferença individual universal além de identificar as possíveis diferenças culturais que o permeiam Nesta direção o presente estudo objetivou adaptar para o Brasil a Multidimensional Jealousy Scale obtendo evidências acerca de sua estrutura fatorial validade convergente e consistência interna

Método

Participantes

Participaram 283 pessoas com idades variando entre 18 e 58 anos (M = 2504; DP = 764) A maioria dos participantes se autodeclarou do sexo feminino (N = 205; 724%) heterossexuais (N = 214; 756%) de classe média baixa (N = 109; 385%) brancos (N = 1 1 7; 413%) e pardos (N = 11 7; 413%) Em relação ao estado civil a maioria indicou ser solteira (N = 1 93; 682%) sendo que 537% (N = 1 52) declararam estar namorando

Instrumentos

Multidimensional Jealousy Scale (MJS): Proposta por Pfeiffer e Wong (1989), tal medida possui 24 itens divididos equitativamente em três fatores (αs do estudo original): cognitivo (αs entre 0,89 a 0,91), comportamental (αs entre 0,86 a 0,90) e emocional (αs entre 0,82 a 0,85). O fator cognitivo avalia com que frequência (1 – Nunca; 7 – Sempre) a pessoa suspeita que seu parceiro esteja envolvido com outra pessoa ou preocupa-se com eventuais rivais (e.g., Preocupa-me que alguém esteja tentando seduzir o meu parceiro). No fator comportamental, os participantes são orientados a indicar com que frequência (1 – Nunca; 7 – Sempre) eles têm comportamentos de investigação (e.g., Mexo nas gavetas, nas bolsas ou nos bolsos do meu parceiro) e de proteção (e.g., Aproximo-me quando vejo o meu parceiro falando com alguém). Por fim, no fator emocional os participantes indicam como reagem (1 – Muito Bem; 7 – Muito Mal) a situações que evocam ciúme (e.g., O seu parceiro flerta com alguém).

Para efetuar a tradução do instrumento recorreu-se ao método backtranslation. Concretamente, dois psicólogos com expertise na área e proficientes em língua inglesa traduziram os itens do inglês para o português. Um terceiro psicólogo, também bilíngue e com experiência na área, retraduziu os itens do português para o inglês, comparando as versões e prezando pelo consenso. A versão preliminar da medida foi aplicada com 10 universitários buscando verificar incompreensões nos itens e escala de resposta. Ressalta-se que deste procedimento não se demandou qualquer alteração no instrumento.

Escala de Ciúme Romântico (ECR): Utilizou-se a versão validada por Gouveia et al. (2015), formada por 24 itens que descrevem situações que eliciam ciúme [e.g., Fico furioso(a) quando minha(meu) parceira(o) conversa com alguém que acha bonito], sendo os participantes orientados a indicar o seu nível de concordância a cada item (1 – Discordo Totalmente; 5 – Concordo Totalmente). Na presente ocasião, verificou-se um coeficiente alfa adequado (α = 0,92).

Inventário de Ciúme Romântico (ICR): Utilizou-se a versão refinada por Golino et al. (2016), composta por 27 itens. Os participantes foram orientados a indicar o quanto cada um dos itens o descrevia (1 – Nada ou muito pouco característico de mim; 5 – Extremamente ou totalmente característico), a exemplo de “Quando desconfio do(a) meu(minha) parceiro(a) o(a) sigo”. Na presente ocasião, verificou-se um coeficiente alfa adequado (α = 0,93).

Procedimento

A princípio, o projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso, tendo parecer favorável (CAAE: 12175919.1.0000.5690). Após a aprovação, iniciou-se a coleta de dados, que se deu de forma online por meio da plataforma Google Formulários, sendo o link do questionário compartilhado nas redes sociais, utilizando-se do procedimento bola de neve. Antes do participante iniciar o preenchimento do questionário, era necessário que lesse e concordasse com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que continha informações sobre o objetivo da pesquisa, destacando o caráter anônimo e voluntário da participação, seguindo a Resolução 510/2016 que orienta as pesquisas com seres humanos nas ciências humanas e sociais.

Análise de dados

Os dados foram analisados por meio dos softwares R (R Development Core Team, 2015) e SPSS. Com o R, especificamente utilizando o pacote lavaan (Rosseel, 2012), realizou-se uma Análise Fatorial Confirmatória (estimador Diagonally Weighted Least Squares), considerando os seguintes indicadores de ajuste do modelo aos dados (entre parênteses valores para um modelo adequado; Kline, 2015): Razão χ²/gl (< 3,0), Comparative Fit Index (CFI > 0,95), TuckerLewis Index (TLI > 0,95), Root Mean-Square Error of Approximation (RMSEA < 0,06) e Standardized Root Mean Square Residual (SRMR < 0,08). Já o SPSS foi utilizado para o cálculo de estatísticas descritivas (média, desvio padrão) para caracterização da amostra, análise de correlação de Pearson (validade convergente da MJS) e coeficiente alfa, para aferir a precisão das medidas utilizadas.

Resultados

Inicialmente, por meio de uma Análise Fatorial Confirmatória (estimador DWLS), verificou-se que os indicadores de ajuste do modelo aos dados apoiaram a estrutura de três fatores interrelacionados da MJS (χ²/gl = 1,32, CFI = 0,99, TLI = 0,99, SRMR = 0,076, RMSEA = 0,034, IC90% = 0,023 – 0,043). Todos os itens apresentaram saturações estatisticamente significativas e diferentes de zero (z ≠ 0; z > 1,96, p < 0,05), sendo detalhadas na Tabela 1.

Tabela 1 Estrutura Fatorial da Multidimensional Jealousy Scale 

Fatores/Itens Saturação
Fator 1 – Ciúme Cognitivo α = 091
MJS 1 0,79
MJS 2 0,67
MJS 3 0,83
MJS 4 0,72
MJS 5 0,66
MJS 6 0,84
MJS 7 0,73
MJS 8 0,71
Fator 2 – Ciúme Comportamental α = 088
MJS 9 0,57
MJS 10 0,52
MJS 11 0,58
MJS 12 0,61
MJS 13 0,69
MJS 14 0,78
MJS 15 0,71
MJS 16 0,48
Fator 3 – Ciúme Emocional α = 083
MJS 17 0,74
MJS 18 0,85
MJS 19 0,81
MJS 20 0,74
MJS 21 0,51
MJS 22 0,63
MJS 23 0,61
MJS 24 0,57

Nota: a covariância dos fatores variou entre 0,47 (Fator 1 e Fator 3) a 0,68 (Fator 1 e Fator 2)

Para o fator Ciúme Cognitivo, o valor médio das saturações foi de 0,74 (DP = 0,07), variando entre 0,66 (Item 5. Acho que algumas pessoas estão romanticamente interessadas no meu parceiro) a 0,84 (Item 6. Preocupa-me que alguém esteja tentando seduzir o meu parceiro). Esse fator teve coeficiente alfa que atesta a sua precisão (α = 0,91). Por outro lado, o fator Ciúme Comportamental teve saturação média de 0,62 (DP = 0,10), variando entre 0,48 (Item 16. Faço visitas surpresa ao meu parceiro apenas para ver com quem ele está) a 0,78 (Item 14. Questiono meu parceiro sobre os seus paradeiros), além de ter coeficiente de consistência interna adequado (α = 0,88). Para o fator Ciúme Emocional, o valor médio das saturações foi de 0,68 (DP = 0,12), variando entre 0,51 (Item 21. O seu parceiro flerta com outra pessoa) a 0,85 (Item 18. O seu parceiro mostra um grande interesse ou entusiasmo ao falar com outra pessoa), além de ter coeficiente alfa que assegura a sua precisão (α = 0,83).

Conhecida a estrutura da medida, o passo seguinte foi explorar a validade convergente da MJS, correlacionando-a com a ECR e o ICR (Tabela 2). Inicialmente, observaram-se as seguintes correlações entre os fatores da MJS: Ciúme Cognitivo e Comportamental (r = 0,60, p < 0,01), Ciúme Cognitivo e Emocional (r = 0,40, p < 0,01) e Ciúme Comportamental e Emocional (r = 0,44, p < 0,01). Em seguida, verificou-se que o Ciúme Cognitivo se correlacionou com as duas escalas de ciúme romântico (ECR, r = 0,34, p < 0,01; ICR, r = 0,65, p < 0,01), assim como o fizeram o Ciúme Comportamental (ECR, r = 0,37, p < 0,01; ICR, r = 0,73, p < 0,01) e o Emocional (ECR, r = 0,60, p < 0,01; ICR, r = 0,59, p < 0,01). Finalmente, o escore total da MJS se correlacionou positivamente com a ECR (r = 0,69, p < 0,01) e com o ICR (r = 0,88, p < 0,01).

Tabela 2 Validade Convergente da MJS 

1 2 3 4 5
1. MJS Total
2. CCG 0,79**
3. CC 0,80** 0,60**
4. CE 0,78** 0,40** 0,44**
5. ECR 0,69** 0,34** 0,37** 0,60**
6. ICR 0,88** 0,65** 0,73** 0,59** 0,62**

Nota: **p < 0,01 (teste unicaudal). Identificação das variáveis: MJS Total = Escore total da MJS; CCG = Ciúme Cognitivo; CC = Ciúme Comportamental; CE = Ciúme Emocional; ECR = Escore total da Escala de Ciúme Romântico; ICR = Escore total do Inventário de Ciúme Romântico.

Discussão

O ciúme romântico é um construto muito debatido e discutido entre a população geral. A comunidade científica também tem se detido ao seu estudo, buscando predizê-lo e identificar as suas consequências. Para que a natureza do ciúme possa ser estudada, a sua adequada mensuração é um tópico elementar. Entretanto, os estudos que buscam construir ou adaptar instrumentos para medir o ciúme romântico são escassos em contexto brasileiro (Gouveia et al., 2015). O presente estudo resultou da necessidade de lidar com essa limitação, aportando com a adaptação da Multidimensional Jealousy Scale para o Brasil, reunindo evidências de sua validade e precisão.

Os estudos brasileiros eram restritos a dois instrumentos (ECR e ICR) que apresentam uma série de limitações, utilizando métodos imprecisos para extração de fatores, como o critério de Kaiser (que os superestimam) e o de Cattel (que é demasiadamente subjetivo) (Laros, 2012; Moi, Sarstedt, & Mooi-Reci, 2018), além de contar com itens que não representam o construto ciúme. Ademais, apesar de a literatura convergir em torno da multidimensionalidade do ciúme (Pfeiffer & Wong, 1989; White, 1981), a ECR e o ICR podem ser consideradas medidas unidimensionais (Golino et al., 2016; Gouveia et al., 2015). Tais limitações abrem espaço para a MJS, medida pautada na visão multidimensional do ciúme romântico (i.e., cognitivo, emocional e comportamental) e com versões adaptadas em diferentes países (Brassard et al., 2020; Elphinston et al., 2011; Tošić-Radev & Hedrih, 2017), mas ainda inexplorada no Brasil.

No presente estudo, confirmamos tal modelo tridimensional em contexto brasileiro, com indicadores de ajuste do modelo aos dados que apoiam a sua adequação (Kline, 2015). Verificamos que a MJS representa o ciúme a partir de três variáveis latentes interrelacionadas, cada uma com oito indicadores manifestos, tendo itens com saturações adequadas em seus respectivos fatores de origem (Pasquali, 2012). De fato, a proposta de três fatores de Pfeiffer e Wong (1989) tem sido replicada em diferentes contextos (Brassard et al., 2020; Elphinston et al., 2011), e endossada no presente estudo, reforçando a ideia de que o ciúme é um conjunto de sentimentos, pensamentos e ações, que tem lugar a partir da percepção, real ou imaginária, de que um rival possa ameaçar a continuidade de um relacionamento (Guerrero et al., 2004; Pfeiffer & Wong, 1989; White, 1981).

Além da estrutura fatorial convergir com estudos prévios (Brassard et al., 2020; Elphinston et al., 2011), observou-se, também, que a MJS apresentou validade convergente com as medidas de ciúme tradicionalmente utilizadas em contexto brasileiro. Entretanto, cabe ressaltar que as relações mais consistentes foram com a ICR, que, em sua versão revisada, contempla itens que cobrem variações mais patológicas do ciúme romântico (Bueno & Carvalho, 2012), justificando as associações mais fortes com as dimensões Ciúme Cognitivo e Comportamental. Por outro lado, as correlações da ECR com essas duas dimensões foram fracas, apontando a ineficácia dessa medida para cobrir a variação mais tóxica do ciúme romântico, que envolve desconfiança constante e suspeitas infundadas, controle e vigilância do parceiro (Attridge, 2013; Pfeiffer & Wong, 1989), sendo essencialmente uma medida que cobre o ciúme emocional. Analisando mais a fundo, os itens da ECR criam cenários que podem eliciar respostas emocionais de ciúme (e.g., Fico furioso se minha parceira começa a dançar com um amigo numa festa; Ligar para minha parceira e uma voz não-familiar atender, causa-me raiva; Fico furioso quando minha parceira conversa com alguém que acha bonito), não avaliando especificamente a frequência de pensamentos e comportamentos relacionados ao ciúme.

Logo, medidas que cobrem apenas o ciúme emocional, que seria uma forma mais normal de expressão desse construto, são problemáticas. De fato, é fundamental contar com instrumentos que cubram expressões mais patológicas do ciúme, de modo que tal faceta associa-se a baixos níveis de satisfação e qualidade do relacionamento (Attridge, 2013; Barelds & Barelds-Dijkstra, 2007), violência doméstica, tentativas de homicídio e homicídios do parceiro (Conceição, Martins, & Freitas, 2015; Easton & Shackelford, 2009).

Verificou-se, ainda, que a MJS apresentou valores do coeficiente alfa que asseguram a sua consistência interna, tendo valores tidos como bons (α entre 0,80 e 0,89) e excelentes (α > 0,90; George & Mallery, 2002). Tais valores são próximos aos observados por Pfeiffer e Wong (1989) e em outros estudos internacionais (e.g., Elphinston et al., 2011; Tošić-Radev & Hedrih, 2017), o que demonstra que tal medida é confiável para estimar o real nível de ciúme romântico dos participantes.

Portanto, por ter fortes evidências de validade e precisão, a MJS é uma ferramenta importante de se ter em conta ao se operacionalizar o ciúme. Têm como vantagens a sua multidimensionalidade, capturando expressões qualitativamente diferentes do construto, além de cobrir desde formas normais até patológicas do ciúme, tendo estrutura simples, parcimoniosa e teoricamente fundamentada (Elphinston et al., 2011). Por ser uma medida muito utilizada internacionalmente, ter uma versão psicometricamente adequada em português brasileiro possibilita a condução de estudos transculturais, objetivando identificar possíveis fatores culturais que possam explicar o construto e sua expressão.

Apesar dos resultados promissores, é importante interpretá-los com cautela. A amostragem não probabilística inviabiliza generalizações para além da amostra utilizada. Ademais, a amostra é relativamente pequena e homogênea (maioria universitários), o que torna difícil a identificação de pessoas com níveis mais extremos de ciúme. Outra limitação reside na natureza dos instrumentos de autorrelato, que são mais susceptíveis ao viés da desejabilidade social, levando os respondentes a se descrever de uma forma mais positiva (Cozby, 2003). Em possibilidades futuras, é importante contar com amostras maiores e mais heterogêneas, testando outras propriedades psicométricas do instrumento, a exemplo dos parâmetros individuais de seus itens e da replicabilidade de tal estrutura em diferentes grupos. Ademais, é importante controlar o viés da desejabilidade social, podendo ser útil desenvolver uma medida implícita (Gouveia, Athayde, Mendes, & Freire, 2012) que reduz tal viés.

Desta forma, visto que o ciúme pode ser um fator responsável por sofrimento, término de relacionamentos, podendo resultar inclusive em violência doméstica e homicídios (Attridge, 2013; Barelds & Barelds-Dijkstra, 2007; Conceição et al., 2015; Easton & Shackelford, 2009), a sua adequada mensuração é fundamental. Ter uma medida adequada possibilita a identificação de pessoas com níveis perigosos de ciúme (sobretudo elevada pontuação nos fatores cognitivo e comportamental), o que pode auxiliar no planejamento e implementação de estratégias de intervenção com o intuito de reduzi-lo e, consequentemente, evitar consequências extremas.

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Recebido: 14 de Janeiro de 2020; Aceito: 11 de Junho de 2020

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