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Gerais : Revista Interinstitucional de Psicologia

On-line version ISSN 1983-8220

Gerais, Rev. Interinst. Psicol. vol.16 no.2 Belo Horizonte  2023  Epub May 12, 2025

https://doi.org/10.36298/gerais202316e19783 

Artigo

Arte para que(m)?: Oficina de Artes com crianças e jovens em contexto de desigualdade social

Art for what/who?: Arts Workshop with children and youngsters in context of social inequality

Letícia dos Santos1 
http://orcid.org/0000-0001-5634-4257

Andréa Vieira Zanella2 
http://orcid.org/0000-0001-8949-0605

1Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil. E-mail: leticiasantosbarbosa7@gmail.com

2Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil. E-mail: avzanella@gmail.com


Resumo

Este artigo apresenta a experiência de estágio em psicologia em uma Oficina de Artes com crianças e jovens de uma das comunidades que integram o Maciço do Morro da Cruz, região central de Florianópolis/SC. Realizadas em parceria com um CRAS, as oficinas eram oferecidas uma vez por semana, no contraturno escolar, com duração de três horas. O registro semanal dos acontecimentos, realizado pela estagiária, consistiu no material analisado. Selecionamos para discussão algumas cenas e falas, as quais possibilitam compreender as problemáticas sociais que marcavam as vidas das crianças e jovens participantes das oficinas, bem como o que foi possível realizar naquele contexto de desigualdade social, com as condições que se apresentavam.

Palavras-chave Oficinas de arte; Jovens; Desigualdade social; Psicologia

Abstract

This article presents the experience of a Psychology internship in an Arts Workshop with children and youngsters of one of the communities that integrate a central region of Florianopolis/SC called Maciço do Morro da Cruz. The workshops were done in partnership with a CRAS (Center of Reference of Social Assistance) and were offered once a week on school extra-curricular shift, with duration of three hours. The weekly register of events, done by the intern consisted on the analyzed material. We have selected some scenes for discussion, which have made possible comprehending the social issues that marked the lives of the children and youngsters who participated in the workshops, as well as what was possible to do in that social inequality context, and with the specific conditions of the work.

Keywords Art workshops; Youngsters; Social inequality; Psychology

A trajetória dos direitos sociais demarcados a partir da Constituição de 1988 foi, e ainda é trilhada por lutas que visam reconhecer e dar subsídio aos desafios dos processos de mudança e transformações sociais voltadas à garantia desses direitos. Um importante marco desse processo foi o reconhecimento da Assistência Social como dever do estado e direito de todo e qualquer cidadão, sendo regida, desde 1993, pela Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS). A implementação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é, por conseguinte, um marco para a política de atendimento à população e luta pela garantia de direitos preconizados na Carta Magna (Brasil, 2007).

Atuar segundo os parâmetros dessa política de assistência social se configura como prática interdisciplinar que pressupõe compreender as pessoas com as quais se trabalha de forma integral, conhecendo o contexto em que vivem, seus enfrentamentos cotidianos e suas possibilidades de criação. Segundo Filho e Souza (2017), com o SUAS, as profissionais de psicologia, Serviço Social e agentes de saúde trabalham em equipes, configurando-se as ações técnicas e troca de conhecimentos como prática possível e integral de colaboração entre diferentes áreas de conhecimento.

A psicologia se inseriu nos espaços de Assistência Social antes da promulgação da LOAS, sendo caracterizadas suas práticas por uma perspectiva elitista. Com críticas a esse modo de ver e intervir em contextos de desigualdade social desenvolveu-se a psicologia social comunitária, comprometida com a produção de conhecimentos e práticas voltadas à transformação de contextos desiguais, com a aproximação às dinâmicas do cotidiano (Ximenes; Paula; Barros, 2009).

A psicologia social comunitária surge, então, com o propósito de identificar e estudar os impactos e consequências psicossociais das diversas formas de opressão que fizeram, e ainda fazem, parte da vida cotidiana de populações socialmente excluídas do acesso a bens e direitos. Sendo uma psicologia comprometida com a transformação da realidade social e a luta contra as desigualdades e variadas formas de violência, seu trabalho, em conjunto com a Política de Assistência Social em diversas instâncias como SUS, CRAS, CREAS etc., é de suma importância (Santos; Oliveira, 2015).

Necessário, porém, se faz problematizar o lugar da psicologia nesses contextos, pois falar em comunidades periféricas ou à margem geralmente implica discursos naturalizados que os reduzem à fatalidade ou ao simples lugar de falta, sem dialogar com perspectivas que buscam compreender esses territórios também como lugares de potência, geradores de rede, de bons encontros e de afirmação da vida (Lacaz; Lima; Heckert, 2015). Alguns estudos que têm como foco as contribuições da arte para a psicologia, analisados por Costa, Zanella e Fonseca (2016), se contrapõem a esse olhar reducionista e investem na potência de reinvenção da vida. Afirmam que olhar esteticamente a realidade implica ampliar as possibilidades de ver, ouvir, sentir, pensar, o que se constitui como condição para o estabelecimento de relações outras com pessoas e suas diferenças, com suas visões de mundo; é condição para o reconhecimento de e para a criação de formas de vida outras (Furtado; Zanella, 2007).

Quando falamos de olhar estético, uma vez ressaltada a interdependência entre ver, sentir e pensar, falamos sobre possibilitar a abertura para uma atitude estética, como destaca Pereira (2012). Essa atitude implica em uma intencionalidade em nossa percepção das coisas e do mundo, uma abertura não enquanto uma antecipação racional ou preparação para o que está por vir, mas sim como uma disposição para os efeitos que esse outro, seja pessoa, objeto, imagem, palavra, ideia, pode produzir. Uma atitude que amplia a capacidade de percepção das diferentes possibilidades de existência e, por conseguinte, a própria subjetividade.

De acordo com Vigotski (1999), a arte é fundamental para a constituição dessas relações outras, pois objetiva sentimentos e contribui para transformá-los. A arte implica em si algo que transforma, que supera o sentimento comum. Quando possibilitamos o encontro com a arte, por conseguinte, possibilitamos às pessoas o encontro com a vida em sua diferença, com novas possibilidades de sentido, com a capacidade de (re)inventar sua própria existência (Zanella, 2006). Eis o que nos move a trazer a arte para nosso trabalho, a constituir um fazer em psicologia mediado pela potência dos encontros e a aposta na condição inventiva de toda e qualquer pessoa.

Importante se faz esclarecer que o diálogo entre psicologia e arte é marcado historicamente por perspectivas diferenciadas de se conceber cada um desses campos, bem como as possíveis relações entre ambos. Ao analisarem os artigos que apresentam esse diálogo na revista Psicologia & Sociedade, Costa, Zanella e Fonseca (2016), constataram três modos distintos de articular arte e psicologia social, a saber: 1) trabalhos que assumem a arte como foco, discutindo sua potência na relação com a psicologia social; 2) trabalhos que assumem a arte como ferramenta para provocar algo através de intervenções em contextos e com sujeitos específicos; 3) trabalhos que tem como foco a discussão da criatividade (ou de processos de criação, ou de invenção, a depender do referencial teórico adotado).

Se, por um lado, vemos que a psicologia tem historicamente se beneficiado ao dialogar com e trazer a arte para suas práticas, por outro lado há um risco sério de que essa apropriação seja feita de um modo utilitário e acrítico. Necessário, pois, a autocrítica constante para não reduzir possibilidades complexas de interlocução e de aprendizagens mútuas.

Esse risco, importante esclarecer, é presente também no próprio campo da arte, em especial no modo como trabalhos artísticos se propõem a atuar “na transformação psíquica e subjetiva” na esfera pública. Rosalyn Deutsche (2009, p.179/180), ao analisar a obra Projeção Pública: Hiroshima, do artista Krystif /Wodiczki, tece discussões sobre a importância de práticas de arte que produzam “imagens críticas” que “interrompam o excesso de autorreferencialidade, promovendo ‘responsabilidade’ ao outro, estabelecendo modos de ver, e desenvolvendo a experiência do ser em público”.

Eis um desafio que se apresenta para artistas e, considerando nosso campo de atuação, para profissionais da psicologia que compreendem a importância de intervir nos modos de ver, sentir, pensar e agir, visando transformações subjetivas que considerem a condição inexoravelmente relacional de toda e qualquer pessoa, de humanos e não humanos. Trata-se de desafio que pauta nossos modos de pensar e atuar em psicologia e que balizam as discussões aqui apresentadas da experiência de estágio da primeira autora, realizada com a orientação da segunda autora.

A atividade principal do estágio consistiu na realização de uma oficina de artes com crianças e jovens que residem em uma das comunidades que integram o Maciço do Morro da Cruz, região central de Florianópolis/SC. Alguns dos encontros com essas crianças e jovens são apresentados, os quais nos possibilitam pensar nos desafios, nas possibilidades, nos limites e dificuldades que se apresentam quando oficinas mediadas por atividades artísticas são propostas para pessoas que vivem em situação de desigualdade social e aviltamento de direitos.

Breves considerações sobre Desigualdade Social, Arte e Psicologia

Questões como a desigualdade social caracterizam-se pela permanente ameaça à existência, pois ela inscreve lugares, limita a experiência e impõe diferentes formas de humilhação. O sofrimento abarca as diferentes afecções do corpo e da alma que atravessam a vida dos sujeitos de diferentes formas. É um sofrimento que fala da vivência das desigualdades sociais como algo que vai além das necessidades materiais (Sawaia, 2018).

As ações desenvolvidas cotidianamente, em diferentes contextos e condições, são constituintes do processo histórico, pois é a partir dessas ações que as pessoas vivem, a história se objetiva e as pessoas se subjetivam. Essas ações, sejam elas mecânicas, repetitivas, impulsivas, planejadas, inserem-se no fluxo incessante da vida e a ele respondem de algum modo. Considerando essa condição responsiva, é possível a ocorrência de ações que resistam à lógica de produção de desigualdades.

A arte tem um importante lugar nessas práticas em psicologia que buscam resistir a essa lógica, como evidenciaram Zanetti (2018), Silva e Viana (2017), Costa, Zanella e Fonseca (2016), entre outros. A psicologia está amalgamada à esfera do vivido, às (im)possibilidades e condições que se apresentam para cada pessoa e que as constitui; ela busca intervir no modo como os sujeitos levam suas vidas, entendendo que seu desenvolvimento criativo e emocional precisa ser estimulado quando se apresenta o desejo de criar uma nova possibilidade de existência (Sawaia, 2009).

Assumir como horizonte de atuação o desenvolvimento criativo e emocional de pessoas com as quais se trabalha - e por conseguinte o desenvolvimento do próprio profissional, uma vez implicado com a intervenção realizada - conecta a psicologia com a arte, sendo esse encontro compreendido como dispositivo para a resistência a situações produtoras de desigualdades sociais. Afinal, “trata-se de inventar modos de existência, segundo regras facultativas, capazes de resistir ao poder bem como de furtar ao saber, mesmo se o saber tenta penetrá-los e o poder tenta apropriar-se deles” (Deleuze, 1997, p.116).

De quais resistências estamos falando? Segundo Liberato e Dimenstein (2013), faz-se importante destacar que, ao falarmos de resistência, não falamos apenas de uma resistência como forma de sobrevivência ou uma ação reativa a algo, mas sim uma resistência que produz uma “vontade de resistir”, de criar possibilidades outras de existência, de novos caminhos, de afetar e ser afetado pelas forças do que existe fora. Resistir como forma de sentir os afetos que nos movem e produzir outros afetos.

A arte, no encontro com o corpo, transforma-se em uma experiência singular, pois traz à tona a possibilidade de produzir em nós algo até então não experimentado. A arte resiste e faz resistir, ela abarca uma potência de dissentir, de mudar nossa visão do que significa estar no mundo. Ela possibilita o tensionamento de preceitos e maneiras de enxergar a vida. A arte traz consigo a possibilidade da quebra com as prescrições atuais que enquadram possibilidades de existência em modelos com fronteiras tão bem delimitadas (Lacaz; Lima; Heckert, 2015).

A resistência esteve sempre interligada aos que trabalham com a arte, justamente por sua potência de resistir. Resistir ao tempo, aos conceitos da época em que se encontra, ao poder. Quando falamos sobre resistir, por conseguinte, falamos também em política, pois a palavra resistência denota em si algo que se posiciona contra um estado de “luta” em relação aos poderes vigentes de determinada sociedade (Guzzo; Spink, 2015).

Segundo Vigotski (1999), a arte surge como um instrumento potencializador na luta pela existência, pois contribui para a transformação das emoções, as quais se constituem como substrato de toda e qualquer ação humana. Se o discurso que tem pautado as diversas ações no campo social é marcado por hierarquizações, pela subjugação de alguns sobre outros em virtude de marcadores sociais de classe, raça, gênero entre outros, ou em outras palavras, daquilo que o sujeito não é e não possui, é importante abrir possibilidades para discursos, práticas e vozes outras. Discursos que não neguem a condição de pobreza material, mas que sejam capazes de misturar ela a outras possíveis. Discursos que falem da vida, da criação de referências outras de existência (Lacaz; Lima; Hecker, 2015).

A arte é importante nesse processo, pois atua nas relações produzidas entre os corpos e em suas compreensões; ela denota em si a capacidade de reorganizar um sistema de opiniões ao passo que produz sentidos outros (Guzzo; Spink, 2015). Quando encontra o corpo, a arte torna-se singular, pois é capaz de produzir em nós experiências antes não vivenciadas. A arte tem a potência de fazer com que sejam criadas e modificadas nossas formas de estar e agir no mundo. Ela rompe com enquadramentos que marcam nossas vidas com suas fronteiras tão delineadas (Lacaz; Lima; Hecker, 2015).

Um dos modos como a psicologia que atua em uma perspectiva crítica vem trazendo a arte para suas práticas é com a realização de oficinas (ver como exemplo Thomazoni e Fonseca, 2011; Maheirie et. Al, 2015; Brito e Zanella, 2017; Ferreira et al., 2019). Sejam denominadas de estéticas, de criatividade ou com outras denominações, nessas oficinas o trabalho com diferentes linguagens artísticas se apresenta como dispositivo para a produção de modos de ver, sentir, pensar e agir outros, voltados à potência do existir e à possibilidade de resistir ao que avilta a própria vida.

No caso das oficinas em foco neste artigo, partimos da compreensão de estética para definir a maneira como as atividades seriam propostas e desenvolvidas. Segundo Vieira, Dias e Pereira (2016), o conceito vigotskiano de estética é entendido como uma relação em que existe uma sensibilização do sujeito para com uma ou mais pessoas, objeto, fenômeno da natureza ou mesmo uma situação vivida, possibilitando assim novas formas de entendê-lo e com eles se relacionar. As relações estéticas seriam então aquelas relações que tensionam sentidos cristalizados e possibilitam a emergência de olhares, afetos e pensares outros (Zanella, 2006). O entendimento deste conceito nos permitiu investir na experiência estética para que pudessem emergir, em cada encontro com os jovens, possibilidades outras de relações, deles consigo mesmos, deles entre si, nossas em relação a eles e deles em relação a nós, de todos/as nós em relação à vida.

Método

As oficinas de artes consistiram em uma das atividades do estágio obrigatório em psicologia realizado pela primeira autora, de março a dezembro de 2018. A acadêmica estava inserida no cotidiano do campo de trabalho, participando das atividades realizadas juntamente com a orientadora.

A compreensão do campo situa-se, neste caso, em diálogo com o conceito de campo tema que, segundo Spink (2003), não é entendido como um espaço específico, delimitado, circunscrito, mas sim como uma esfera na qual ocorrem diversas interações sociais, diálogos, diferentes formas discursivas e lugares de encontro. O campo em questão compreendia atividades desenvolvidas em parceria com um CRAS junto a uma das comunidades que integram o Maciço do Morro da Cruz, localizado na região central de Florianópolis/SC.

A presença do CRAS no local decorreu da solicitação da própria comunidade, preocupada com a condição de um espaço que a ela era destinado. Tratava-se de um prédio abandonado pelo Estado, em processo de deterioração, porém ocupado pela comunidade para recreação, atividades geradoras de renda e lazer. A comunidade se organizava de algum modo e, preocupada com o avanço do tráfico de drogas no bairro e seu interesse pelo local, solicitou ajuda do CRAS. Desse modo, deu-se início ao movimento “Ocupa Cooperativa”, estratégia coletivamente construída para garantir o uso do local pela comunidade com atividades culturais, educativas, ambientais e de lazer. Nesse cenário é que as oficinas de artes foram propostas, como uma possibilidade de aproximação da psicologia àquele contexto e contribuição para o fortalecimento de sua potência de resistir às desigualdades e violências.

As oficinas eram oferecidas a toda a comunidade, mas em virtude do interesse dos/as participantes, no ano de 2018 foi se delineando como público preferencial crianças e jovens com idades entre 6 e 16 anos. Os encontros aconteciam uma vez por semana, tendo duração de três horas cada, não havendo restrições em relação à idade e número de participantes. Em decorrência, a presença em cada encontro era variável.

As oficinas eram entendidas como espaço de convivência, aprendizagens e desenvolvimento interpessoal (Reis; Zanella 2015). As atividades e os recursos utilizados foram sendo definidos ao longo dos encontros tanto pela psicóloga/orientadora responsável, segunda autora deste artigo, pela estagiária, coparticipante de todo o processo de realização das oficinas, como pelos próprios participantes, em um movimento que visava o envolvimento de todos/as na criação de atividades que os/as interessassem e de algum modo os mobilizasse para o encontro com o outro. Eram oferecidos materiais para a realização de colagem, pintura, desenho e confecção de pulseiras e colares; cada participante escolhia qual atividade realizaria a cada encontro.

Reuniões semanais entre psicóloga/orientadora e estagiária eram realizadas, com o objetivo de refletir sobre os acontecimentos, sobre as possibilidades e possíveis disparadores futuros, buscando não restringir uma atividade já pré-estabelecida ou um horário. Buscava-se, desse modo, favorecer que os/as participantes transitassem na oficina e reconhecessem que o espaço ali ocupado pertencia a eles/as e era então de livre trânsito dos/as moradores/as.

Para compreender o que foi possível com a as oficinas junto aos/às jovens participantes, lançamos mão de anotações realizadas no decorrer do estágio, após cada encontro. Com a leitura dessas anotações, selecionamos algumas cenas e falas para análise, as quais apresentamos a seguir. Essas cenas possibilitam compreender: as problemáticas sociais que marcam as vidas das crianças e jovens participantes das oficinas (as quais podemos entender como expressão de questões presentes para tantas pessoas que vivem em contextos de desigualdade social, de violência e aviltamento de direitos); a contribuição das atividades mediadas por linguagens artísticas para que essas condições venham à tona e sejam discutidas em grupo; e os desafios que as situações apresentam para se pensar a atuação da psicologia nesses contextos. Necessário se faz esclarecer, no entanto, que a problematização sobre o modo como a arte se apresentou nos encontros e o que foi possível com sua mediação artisticamente produzir, foge ao escopo de discussão neste artigo.

Os encontros com as crianças e jovens

Uma das primeiras questões que saltaram aos olhos ao iniciar o trabalho na oficina de artes foi o encontro das crianças e adolescentes com as tintas e o papel. Possibilitar um espaço para o desenho, a pintura, a conversa, mesmo que aos poucos, foi um processo importante para a criação de vínculos e para a constituição de lugares sociais outros. Nós que oferecemos a oficina éramos estranhas no bairro, pessoas desconhecidas; a desconfiança por parte dos/as moradores ao tentar compreender o que estávamos fazendo ali constituiu muitos de nossos encontros.

De princípio, não tínhamos uma tarefa pré-estabelecida, tínhamos tinta, papel branco, lápis de cor, papel colê, alguns outros materiais e uma aposta no encontro. Os/as participantes chegavam aos poucos, ainda curiosos sobre o que fazíamos lá. As crianças nos procuraram primeiro, muitas em seu contraturno escolar, curiosas; intrigadas com a proposta, foram reconhecendo o espaço e nos conhecendo.

Os primeiros três meses funcionaram como um conhecimento do campo, das pessoas que ali passavam e a formação de vínculos com a comunidade e seus atores. Constituiu-se, após esse período, um grupo de pelo menos 12 crianças e jovens que frequentavam a oficina semanalmente.

Elas chegavam aos poucos, se dividiam entre pintar, desenhar, fazer pulseiras com miçangas e conversar. Os assuntos muitas vezes surgiam a partir de uma vivência de um dos adolescentes e então se espalhava pelo grupo. Lá, eles podiam conversar, trocar experiências, descobrir vivências outras ou, muitas vezes, parecidas com as suas. Foi possível conversar sobre temas como racismo, violência policial, sexualidade e relações escolares a partir do conteúdo que o grupo trazia a cada encontro.

Com o grupo, foi possível vivenciar o que Liberato e Dimenstein (2013) afirmam: que o trabalhar com a arte possibilita o encontro e o contato com questões essenciais, como a relação que cada pessoa tem com a cidade e com o espaço ocupado; a possibilidade de resistir a partir da criação que a arte possibilita e refletir acerca dos atravessamentos que constituem os corpos e as subjetividades.

Nas oficinas realizadas, isso aconteceu de diversas formas: era comum, por exemplo, para aqueles/as moradores/as, conviverem no bairro com um camburão da Polícia Militar parado no alto do morro, local onde a Cooperativa se encontrava. Os/as moradores/as, principalmente as crianças e os adolescentes, encontravam na Cooperativa, e na oficina de artes, um lugar seguro para conviver:

Eu venho pra cá porque minha mãe deixa, mas se não tivesse hoje, eu ficaria em casa

(“L”, 7 anos).

Não pode andar na rua quando eles (PM) estão lá (“I”, 14 anos).

Eu tenho mais medo deles (PM) do que das pessoas (“J”, 13 anos).

Em diversos momentos, a oficina teve que ser encerrada mais cedo, ou deixou de acontecer, por conta dos confrontos entre a PM e o tráfico de drogas local. Essas situações eram narradas pelos/as participantes na medida em que desenvolviam as atividades artísticas. Partilhavam ali sentimentos e entendimentos sobre sua relação com a PM, encontrando assim outras formas de expressão e elaboração de seus afetos. Em um desses encontros, marcado pela ação policial no bairro, uma das crianças trouxe, em forma de massinha de modelar, as relações entre sua família, o tráfico de drogas e a polícia, contando sobre seus medos. A escuta daquela narrativa, bem como de tantas outras, nos colocava diante de um cenário marcado pela violência de estado, que produzia seus efeitos naquelas crianças e jovens, e também em nós diante da impotência em encontrar alternativas para a modificação de situações tão complexas. Restava-nos a oferta daquele espaço de trocas.

Cabe destacar que a luta por espaços de convivência que promovam educação e cultura foi e ainda é uma das principais lutas daqueles moradores. Sem oferta de contraturno escolar e praças para a prática de exercícios e atividades de cultura e lazer, muitos/as jovens e crianças ficam expostos ao tráfico de drogas local que, assim como em outros contextos em que as políticas públicas falham, se apresenta como uma opção de trabalho, vinculação e cuidado. Trata-se de uma situação similar a de várias outras cidades, em que o tráfico de drogas ocupa o lugar de lazer, geração de renda e pertencimento para muitos/as jovens e suas famílias. Mas integrar-se e entregar-se ao tráfico tem seu preço, o que se evidencia com os altos índices de assassinato de jovens nas periferias das cidades brasileiras, predominantemente pobres e negros.

O modo como as crianças e jovens falavam das oficinas, de certo modo, fazia referência a esses apelos e suas implicações:

É legal aqui, né, a gente não fica ali com os cara na rua, né, vendendo (drogas) (“I”, 14 anos).

Eu gosto de ficar aqui, na rua não tem nada para fazer (“J” 13 anos).

Eu gosto de poder inventar e aqui tem coisa para inventar (“J” 13 anos).

Existiram momentos em que os participantes da oficina pararam as atividades que vinham realizando – seja pintar, colar, desenhar... - para brincar na rua. Em um encontro, ao pintarem alguns balões, as crianças foram para a frente da Cooperativa para jogar com eles, dizendo que quem estourasse o balão primeiro perdia a brincadeira. Cenas como essa fazem parte dos objetivos da oficina e da própria Cooperativa, ao se considerar esses espaços como de livre trânsito da e para a comunidade, não restringindo a participação e o acesso aos horários e às propostas demarcadas. O próprio movimento de ocupação se dava nessa livre circulação dos espaços que são desses sujeitos por direito. Espaços que oferecem possibilidades de criação, encontros, de brincadeira. Sair da sala e ir para a rua configurou-se, por conseguinte, como um reapropriar-se de um espaço que vinha sendo disputado pela polícia e pelos traficantes, sendo a eles/as de certo modo negado. Os balões os/as levaram para a rua, e a brincadeira aconteceu de um modo que de lhes estava sendo objetado.

Outra cena que marcou nossos encontros na oficina foi a de um adolescente que, ao colar uma de suas pinturas na parede, perguntou: “a gente é artista? Como que nois é artista?” Muitas são as discussões no campo da arte do que implica ser artista e vir a ser reconhecido pelo seu circuito, as quais fogem ao escopo deste artigo; mas destacamos que o trabalho na oficina possibilitou àquelas crianças e jovens compreender que a arte também fazia parte de suas vidas, em suas músicas, seus desenhos, grafites, pinturas. Que a arte, e ser artista, existe para além dos grandes museus e galerias, pois

...a criação, na verdade, não existe apenas quando se criam grandes obras históricas, mas por toda parte em que o homem imagina, combina, modifica e cria algo novo, mesmo que esse novo se pareça a um grãozinho, se comparado às criações dos gênios. Se levarmos em conta a presença da imaginação coletiva, que une todos esses grãozinhos não raros insignificantes da criação individual, veremos que grande parte de tudo o que foi criado pela humanidade pertence exatamente ao trabalho criador anônimo e coletivo de inventores desconhecidos... (Vigotski, 1990, p.16).

A surpresa com a possibilidade de criarem e de virem a se reconhecer e serem reconhecidos como artistas emergia como acontecimento potente para aquelas crianças e adolescentes, a afirmar a importância das oficinas e da mediação de atividades artísticas para o trabalho da psicologia. Uma discussão, porém, que precisa ser feita cuidadosamente, de modo a não reduzir a arte a uma função meramente utilitária e acrítica, como discutimos na introdução. Reiteramos que entendemos o encontro da psicologia com a arte a partir do reconhecimento de sua potência para nos lançar ao encontro com um outro, com a diferença, com a possibilidade de virmos a ser outros. Afinal, “É precisamente a atividade criadora do ser humano faz dele um ser projetado para o futuro, um ser que cria e modifica seu presente” (Vigotski, 1990, p.9).

Se essa questão nos foi possível conversar com as crianças e jovens participantes, algumas outras situações nos capturavam e tensionavam para além do que nos era possível naquele tempo e espaço. Certa tarde, quando estávamos fazendo a oficina com cerca de 10 crianças e jovens, dois garotos encontraram, no banheiro desativado do prédio, dois pedaços de cano, colados um ao outro, cuja forma era semelhante a de uma arma. As crianças, então, começaram a brincar com aquele cano, fingindo que estavam armadas e apontando para as janelas da Cooperativa. A situação era complicada, pois o bairro vivia em um momento de tensão com a polícia e mesmo um brinquedo, por parecer com uma arma, trazia a possibilidade de confronto com os policiais. Tentamos conversar sobre o que aquilo significava, mas para as crianças, elas só estavam brincando com algo do seu cotidiano. Segundo Vigotski (1998), o brincar é fundamental para a elaboração do cotidiano, e aquela situação parecia se tratar justamente disso. Mas como proceder diante daquela cena? O que fazer? A brincadeira com balões do outro dia nos deixou confortáveis, mas com uma arma/brinquedo era diferente. Nosso medo emergiu com força, nossa diferença, assim como a dificuldade de intervir.

Enquanto nos debatíamos sobre o que fazer, tentando conversar com eles para pensar sobre a própria brincadeira e suas implicações, o pai de um dos meninos entrou na sala e, ao ver a cena, começou a falar sobre o quão errado era aquela brincadeira e que o filho dele, que segurava o brinquedo, não iria brincar de “ser bandido”, que a polícia poderia atirar nele se o visse com aquele objeto na mão. Perguntou se ele queria ser como outros garotos do bairro que estavam presos ou haviam morrido. Os garotos, que pareciam envergonhados, entregaram o brinquedo a esse pai e ele o quebrou dizendo que não queria mais nenhum deles brincando com essas coisas porque aquilo não era uma “brincadeira de verdade” e eles não iriam “brincar de bandido”.

O mal-estar permaneceu após a saída do pai de cena. Para os garotos, provavelmente em virtude do medo de se verem confrontados com a realidade do que poderia vir a acontecer, seja em um curto lapso de tempo - ser a arma de brinquedo confundida pela polícia como verdadeira e eles, por conseguinte, reconhecidos como bandidos -, seja um pouco mais adiante, caso viessem a optar por ceder aos apelos do tráfico local para trabalharem com a venda de drogas. Em um ou outro caso, a morte a eles se apresentou como horizonte.

Para nós, também o mal-estar se apresentou, pela incapacidade de trabalharmos a situação de modo a que pudessem reconhecer que, naquele contexto e local, brincar com arma é muito mais que uma simples brincadeira. É colocar-se em risco. Risco de vida. Após a saída do pai, conversamos sobre o que aconteceu. Silêncio. Constrangimento mútuo. Medo. O mal-estar permaneceu.

Cenas como essa traziam para nós questionamentos sobre o nosso trabalho e sobre o lugar que ocupávamos ali. As diversas situações que faziam parte da realidade daqueles jovens nos deixaram, por vezes, sem saber muito bem como agir no momento. Tentávamos resolver tudo no diálogo e na aposta do vínculo que havíamos criado, mas algumas situações escapavam. A violência que eles traziam nas brincadeiras e no discurso, a fome que às vezes aparecia, as questões de gênero, de raça, todas emergiam na oficina, muitas vezes simultaneamente, seja na brincadeira, nos desenhos, nas conversas. Ao mesmo tempo que algumas situações nos faziam repensar o trabalho, elas também nos ensinavam sobre aqueles/as jovens, a realidade em que eles/as viviam e sobre o lugar da oficina de artes naquele local. Ainda que, por vezes, nós não soubéssemos como mediar uma determinada situação, estávamos dispostas a aprender com eles/as, a ouvi-los/as, a compreender a complexidade que é atuar em contextos de desigualdade social, de violência e aviltamento de direitos.

Além do grupo de jovens e crianças, foi se criando, aos poucos e em paralelo, um grupo de mulheres. No início, as mulheres apareciam uma por vez, sem realizar uma atividade específica: às vezes, elas pintavam, às vezes, faziam pulseiras, às vezes, apareciam para dar uma olhada e depois voltavam para suas casas. Porém, após uma oficina de confecção em que uma artista da cidade atendeu ao nosso convite e foi até a cooperativa ensinar como confeccionar colares com materiais que estavam por ali, remanescentes de outras oficinas, as mulheres começaram a se interessar um pouco mais e pela possibilidade daquela oficina de artes vir a gerar, além de um saber fazer, algum retorno financeiro.

Em março de 2018, a oficina de artes mudou seu horário da tarde para a manhã, atendendo à solicitação das profissionais do CRAS que atendiam à população concomitante ao trabalho que realizávamos, e com isso houve também uma mudança significativa na oficina. As crianças e adolescentes passaram a frequentá-la esporadicamente, pois as que até então participavam, estudavam de manhã. As que estudavam no período da tarde, por sua vez, não tinham o hábito de acordar cedo, ainda mais com as baixas temperaturas climáticas que ocorrem em prolongados períodos do ano. Predominou, em decorrência, a participação de mulheres na oficina de artes e o grupo de jovens, como era antes, deixou de existir.

O grupo de mulheres demorou dois anos para se consolidar: de início, participavam 3 mulheres, junto com as crianças e jovens, ainda descobrindo suas próprias formas e maneiras de se apropriar do espaço e das atividades. Quanto maior e mais consolidado o grupo de mulheres se tornava, mais a oficina em si ia se transformando. Mas essa é a continuidade de uma história que vem sendo construída e será narrada em escritos outros.

Conclusão

Desenhar livremente em uma folha em branco, colorir com tinta as mãos, as folhas, as próprias criações artísticas, sejam elas quais forem. Criar, desde uma máscara com papel colê, até a “reforma” de um prato de cerâmica abandonado, pode vir a ser dispositivo para encontros com um outro e para constituir-se outro, uma vez que a arte intervém nos modos de ver, ouvir, sentir e pensar. Trazer oficinas de artes para populações que vivem em condições de desigualdade e marcadas por diversas problemáticas sociais, que os impedem ou inviabilizam, configura-se, por conseguinte, desde que assumidas em uma perspectiva crítica e considerando seus limites, em possibilidade de intervenção que tensiona o olhar assistencialista e pessimista pelo qual muitas vezes estas comunidades são retratadas.

A mediação da arte foi importante para o trabalho em psicologia naquele contexto. As cenas aqui relatadas evidenciam como as atividades possibilitaram àquelas crianças e jovens modos de criar, resistir e existir em uma sociedade que insiste em colocá-los em uma posição de subalternidade. Mesmo com o campo complexo de forças atuando sobre suas vidas e as limitações do trabalho proposto, a oficina de artes configurou-se como um local de diálogo, de encontro e de formação de vínculos, como possibilidade para enfrentamentos, lazer e resistência.

A oficina de artes possibilitou, tanto para os/as participantes como para nós, formas outras de ver e de ouvir, de produzir em relação, de se ver e expressar. A oficina possibilitou o encontro com formas de criação em contextos em que existir e resistir, talvez, sejam a própria obra de arte.

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Recebido: 16 de Janeiro de 2020; Aceito: 22 de Julho de 2020

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