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Revista Psicologia Organizações e Trabalho

versão On-line ISSN 1984-6657

Rev. Psicol., Organ. Trab. vol.23 no.1 Brasília  2023  Epub 02-Dez-2024

https://doi.org/10.5935/rpot/2023.1.23038 

Artigo

Prevalência e Preditores de Transtornos Mentais Comuns entre Professores Universitários do Interior Cearense

Prevalence and Predictors of Common Mental Disorders among University Professors from Ceará Countryside

Prevalencia y Predictores de Trastornos Mentales Comunes entre Profesores Universitarios del Interior de Ceará

Camilla Araújo Lopes Vieira1 
http://orcid.org/0000-0003-1706-3772

Francisco Pablo Huascar Aragão Pinheiro2 
http://orcid.org/0000-0001-9289-845X

Nathan Rodrigues Ximenes Furtado3 
http://orcid.org/0000-0002-7376-981X

Esthela Sá Cunha4 
http://orcid.org/0000-0002-4822-0454

Hellyne Maria Teles Aguiar5 
http://orcid.org/0000-0002-0292-8836

Geovanna Forte Escórcio6 
http://orcid.org/0000-0003-4585-1282

Samara Vasconcelos Alves7 
http://orcid.org/0000-0002-5452-2336

Vírnia Ponte Alcântara8 
http://orcid.org/0000-0002-8385-8795

1https://orcid.org/0000-0003-1706-3772 / Universidade Federal do Ceará (UFC), Brasil

2https://orcid.org/0000-0001-9289-845X / Universidade Federal do Ceará (UFC), Brasil

3https://orcid.org/0000-0002-7376-981X / Universidade Federal do Ceará (UFC), Brasil

4https://orcid.org/0000-0002-4822-0454 / Universidade Federal do Ceará (UFC), Brasil

5https://orcid.org/0000-0002-0292-8836 / Universidade Federal do Ceará (UFC), Brasil

6https://orcid.org/0000-0003-4585-1282 / Universidade Federal do Ceará (UFC), Brasil

7https://orcid.org/0000-0002-5452-2336 / Faculdade Luciano Feijão, Brasil

8https://orcid.org/0000-0002-8385-8795 / Universidade Federal do Ceará (UFC), Brasil


Resumo

O contexto de trabalho dos docentes universitários é desencadeador de adoecimento mental. Este estudo quali-quantitativo objetivou identificar a prevalência e os preditores dos Transtornos Mentais Comuns (TMCs) em professores universitários e analisar a percepção deles acerca do contexto de trabalho. Foram realizados um levantamento (n = 69) e entrevistas semiestruturadas (n = 3). O questionário utilizado era composto por questões sociodemográficas, pelo Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20) e pelo Inventário sobre Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA). Foram realizadas análises bivariadas, multivariadas e de conteúdo. Houve prevalência de TMCs em quase um terço dos participantes. A falta de reconhecimento laboral e o regime de trabalho (dedicação não exclusiva) foram seus preditores. Os dados qualitativos demonstraram que as relações socioprofissionais foram bem avaliadas; já as condições e a organização do trabalho foram apontadas como adversas. Conclui-se que regime de trabalho e reconhecimento profissional repercutem na saúde mental docente.

Palavras-chave trabalho docente; ensino superior; saúde mental

Abstract

The work context of university professors triggers mental illness. This quali-quantitative study aimed to identify the prevalence and predictors of common mental disorders (CMDs) in university professors, as well as to analyze the perception about the work context. A survey (n = 69) and semi-structured interviews were carried out (n = 3). The questionnaire used consisted of socio-demographic questions, the Self-Reporting questionnaire (SRQ-20) and the Inventory of Work and Illness Risks (ITRA). Bivariate, multivariate, and content analyses were performed. There was a prevalence of CMDs in almost a third of the participants, where the lack of job recognition and the work regime (non-exclusive dedication) were its predictors. Qualitative data showed that socio-professional relationships were well evaluated; work conditions and organization were identified as adverse. It is concluded that work regime and professional recognition have an impact on teachers’ mental health.

Keywords teaching work; higher education; mental health

Resumen

El contexto laboral de los profesores universitarios desencadena la enfermedad mental. Este estudio cuali-cuantitativo tuvo como objetivo identificar la prevalencia y predictores de Trastornos Mentales Comunes (TMC) en profesores universitarios, así como analizar la percepción que tienen del contexto laboral. Se realizó una encuesta (n = 69) y entrevistas semiestructuradas (n = 3). El cuestionario utilizado constó de preguntas sociodemográficas, el Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20) y el Inventario de Trabajo y Riesgos de Enfermedad (ITRA). Se realizaron análisis bivariados, multivariados y de contenido. Hubo prevalencia de TMC en casi un tercio de los participantes, donde la falta de reconocimiento laboral y el régimen de trabajo (dedicación no exclusiva) fueron sus predictores. Los datos cualitativos mostraron que las relaciones socioprofesionales estaban bien evaluadas; las condiciones de trabajo y la organización se identificaron como adversas. Se concluye que el régimen de trabajo y el reconocimiento profesional inciden en la salud mental de los docentes.

Palabras clave trabajo docente; educación superior; salud mental

As expressivas taxas de afastamentos do trabalho entre professores decorrentes de transtornos mentais e comportamentais (Machado et al., 2020) requerem uma ampliação do debate sobre o tema. Neste cenário, o contexto de trabalho dos docentes universitários tem sido apontado como desencadeador de adoecimento mental (Campos et al., 2020). Fatores referentes à organização do trabalho, como carga horária excessiva, baixa remuneração e falta de autonomia, são indicados como elementos que provocam sofrimento e adoecimento mental nestes professores, especialmente entre docentes substitutos (Tibães et al., 2019). Além disso, as demandas por produtividade acadêmica no ensino superior, caracterizadas, dentre outros aspectos, pela alta exigência de produção bibliográfica, levam a um estado de precariedade subjetiva e incidem negativamente na saúde mental dos docentes (Bernardo, 2014).

A saúde mental docente no ensino superior também é afetada pelo processo de mercantilização do conhecimento (D. A. Santos et al., 2016). A reestruturação produtiva repercutiu na transformação do ambiente laboral, na qualificação e nas formas de gestão do trabalho. Assim, para atender às demandas do capital, os professores foram sujeitos a processos de flexibilização, onde não há uma delimitação, por exemplo, entre tempo livre e tempo de trabalho. Há, ainda, uma pressão constante por qualificação, produtividade e adequação dos profissionais à lógica produtiva e empresarial (Locatelli, 2017; D. A. Santos et al., 2016).

O adoecimento psíquico afeta diretamente o exercício profissional e repercute na qualidade do ensino e nas relações interpessoais (Moura et al., 2019; Pizzio & Klein, 2015). Provoca, ainda, o aumento de casos de absenteísmo e afastamentos no trabalho (Batista et al., 2016). Na investigação de Batista et al. (2016) as principais causas do afastamento dos docentes foram: depressão (53%), esquizofrenia (12%), transtorno bipolar (10%), reação aguda ao estresse (8%), ansiedade (7%) e transtornos delirantes (4%).

Estudo realizado com professores universitários no sertão da Paraíba identificou que 24,4% dos docentes reportaram ter episódios de Depressão Maior no passado. Além disso, observou-se a incidência de Transtorno Misto de Ansiedade- Depressão (27,6%) e Transtorno de Ansiedade Generalizada (24,8%) no período que a pesquisa foi realizada (Coêlho et al., 2016). A investigação de Baptista et al. (2019), realizada em universidades públicas e privadas de uma região metropolitana do estado de São Paulo, apontou que 52% dos professores apresentaram nível médio de Burnout. Eventos estressores, sintomatologia depressiva e suporte laboral apresentaram-se como preditores.

Os TMCs (ou distúrbios psíquicos menores) são caracterizados por sintomas não-psicóticos como insônia, irritação, problemas de concentração e de memória, somatizações e exaustão (K. O. B. Santos et al., 2009). Foram encontrados índices de TMCs entre 19,5% e 29,6% (R. C. Ferreira et al., 2015; Neme & Limongi, 2019; Tavares et al., 2012). O estudo de Tavares et al. (2012) encontrou uma prevalência de 20,1% em enfermeiros docentes dos cursos de enfermagem das seis Universidades Federais do Rio Grande do Sul.

Em investigação realizada com professores da área da saúde de uma universidade privada no norte de Minas Gerais, os TMCs estavam associados com maior esforço no trabalho e a elementos como dor e desconforto, fadiga, sono e repouso, dependência de medicação ou de tratamentos, que correspondem ao domínio físico da qualidade de vida (R. C. Ferreira et al., 2015). Os TMCs também foram associados a fatores como relacionamento ruim com os pares e ritmo acelerado de trabalho em docentes de uma universidade federal brasileira. Por outro lado, a prática de exercícios físicos se mostrou protetora para essa condição (Neme & Limongi, 2019).

Ainda no que se refere aos TMCs, foi demonstrado que a alta exigência no trabalho e o trabalho ativo eram preditores deste quadro (Tavares et al., 2012). O trabalho ativo equivale à relação entre alta demanda e alto controle. A alta exigência, por sua vez, corresponde à associação entre alta demanda psicológica e baixo controle sobre o trabalho. A saber, as demandas são caracterizadas por pressões relacionadas ao tempo, velocidade na realização do serviço e divergências entre demandas contrárias; o controle concerne ao trabalhador usar suas habilidades para realizar as atividades e possuir o poder de tomar as decisões de como executá-lo (Alves et al., 2004).

Em síntese, os transtornos mentais estão associados a episódios estressores, sintomatologia depressiva, absenteísmo, afastamentos e falta de suporte no ambiente laboral. No que se refere especificamente aos TMCs, fatores relacionados ao esforço no trabalho, pressão para realização de atividades, relações interprofissionais conflituosas e falta de autonomia são indicados como preditores.

Vê-se na literatura uma maior prevalência de estudos sobre a saúde de docentes do ensino básico (Diehl & Marin, 2016). A respeito da relevância das investigações apresentadas, no que tange especificamente à saúde mental dos professores do ensino superior, a quantidade de pesquisas vem crescendo. Apesar disso, há a necessidade de mais estudos sobre a temática que enfoquem, dentre outros aspectos, fatores contextuais do trabalho que repercutem no processo saúde/adoecimento (Rebolo & Urt, 2022). Desse modo, determinar a prevalência de transtornos mentais e investigar seus preditores, no que tange aos aspectos relacionais e estruturais do trabalho de professores universitários, em especial daqueles que atuam no interior do Nordeste, é essencial para a implementação de medidas de promoção da saúde e de permanência no trabalho, de modo a gerar um impacto positivo na prática pedagógica, nas atividades de extensão, de pesquisa e, por conseguinte, para a comunidade como um todo. No que diz respeito à relevância científica, os achados deste estudo podem corroborar e/ou ampliar o campo de conhecimento sobre a temática na medida em que elementos específicos do contexto em que a pesquisa foi realizada possam ser evidenciados.

À vista do que foi exposto, foram traçados dois objetivos: (a) determinar a prevalência e identificar os preditores dos TMCs e (b) analisar a percepção qualitativa dos docentes acerca do contexto de trabalho. Serão consideradas como variáveis independentes para a análise de preditores o contexto de trabalho, o custo humano e os indicadores de prazer e sofrimento laboral e variáveis sociodemográficas.

No que diz respeito ao contexto, serão consideradas três dimensões: condições laborais, organização do trabalho e relações socioprofissionais. A primeira se refere ao ambiente físico, como também aos elementos estruturais que compõem o lócus de produção, como os instrumentos, matéria prima e suporte organizacional. A segunda dimensão expressa as práticas de gestão do trabalho e de pessoas, como divisão das tarefas, duração das jornadas, produtividade esperada, fiscalização e disciplina. Por fim, a última dimensão é designada pelas interações no local de trabalho, como as hierárquicas, entre equipes externas e com usuários e consumidores (M. C. Ferreira & Mendes, 2008).

No que se refere ao custo humano, serão analisados os aspectos físicos, que concernem ao desgaste corporal exigido do trabalhador; os elementos afetivos, relacionados ao gasto emocional decorrente de relações, sentimentos e humor; e, por fim, fatores cognitivos referentes ao dispêndio intelectual para aquisição de conhecimentos, solução de problemas e tomada de decisão no trabalho (A. M. Mendes et al., 2007). No tocante ao prazer e ao sofrimento laborais, será observado o sentido do trabalho, que está relacionado ao esgotamento profissional, à falta de reconhecimento, à realização profissional e à liberdade de expressão (A. M. Mendes et al., 2007). Foram testadas as seguintes hipóteses:

  • Percepções crítico-graves do contexto de trabalho, do custo humano e dos indicadores de prazer e sofrimento estarão associados à incidência de Transtornos Mentais Comuns;

  • As condições de trabalho serão percebidas como precárias, sendo observadas, por exemplo, questões relativas à infraestrutura, como ausência de salas e espaços para a realização do trabalho;

  • No que se refere à organização do trabalho, a intensificação laboral será vista como principal elemento avaliado negativamente pelos docentes;

  • No campo das relações socioprofissionais, as interações com os pares e com as chefias serão percebidas como satisfatórias.

Método

Trata-se de estudo de caso quali-quantitativo, realizado em duas fases sequenciais, que visou docentes que atuavam em um campus de uma universidade pública federal localizado no interior do estado do Ceará. Tal campus foi criado a partir do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI). Durante a realização da investigação, o campus ofertava 8 cursos de graduação: dois na área de saúde, dois de ciências exatas, dois de ciências sociais aplicadas, um de ciências humanas e um de artes. Havia, ainda, cinco cursos de mestrado.

Nesse contexto, a política de expansão e interiorização da universidade pública constitui-se como uma fundamental política inclusiva, uma vez que criou possibilidades de acesso à educação superior a uma parcela maior da população, e reconhece o papel estratégico da universidade para o desenvolvimento econômico e social. Ao mesmo tempo que a instituição pesquisada ainda estava em processo de expansão desde o movimento de interiorização, tem havido contínuos cortes orçamentários para seu financiamento e, por isso, conta com número insuficiente de docentes e técnicos- administrativos, além da carência de infraestrutura básica.

Participantes

Foi realizada uma amostragem por conveniência nas duas etapas do estudo. Foram incluídos todos os docentes que concordaram em participar da investigação. Na fase quantitativa, efetuada por meio de um levantamento, participaram 69 professores.

A maioria dos participantes (56,5%) era do sexo masculino. Com relação à idade, a maior parte da amostra (44,9%) tinha entre 31 e 40 anos. Em relação ao estado civil, 71% dos participantes eram casados. No que se refere à formação, mais da metade (50,7%) possuía doutorado. No que concerne ao tempo de trabalho na instituição, 39,1% atuavam nela entre 4 e 10 anos. Em relação ao curso que atuavam, 53,6% eram da área da saúde, 14,5% eram de ciências humanas, 11,5% de ciências exatas, 11,5% de ciências sociais aplicadas e 7,2% eram de artes. Verificou-se que 66,7% da amostra pesquisada possuía regime de trabalho de 40 horas semanais com dedicação exclusiva, que implica regime de trabalho integral e o exercício exclusivo da docência. A maioria (62,3%) não exercia atividades remuneradas fora da instituição. Pouco mais de um quarto (26,1%) ocupava cargos de gestão na universidade. No que diz respeito ao afastamento do trabalho por motivo de saúde, 13% já haviam se ausentado ao menos uma vez.

A etapa qualitativa, realizada por meio de entrevistas semiestruturadas, contou com a participação de três docentes, sendo duas mulheres e um homem que lecionavam em um mesmo curso de graduação na área de ciências humanas. No que se refere ao nível de escolaridade, os três possuíam doutorado. Quanto ao tempo de experiência como professores, os entrevistados 1, 2 e 3 possuíam, respectivamente, 17, 12 e 23 anos de atuação na área. Em relação especificamente ao trabalho na atual universidade, eles tinham, nessa ordem, 13, 12 e 10 anos. Além disso, dois dos participantes atuavam também como docentes de mestrado e dois exerciam funções de gestão.

Instrumentos

O questionário utilizado no levantamento era composto pelo Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20) e pelo Inventário sobre Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA). Também havia questões sociodemográficas: idade, gênero, estado civil, escolaridade, tempo de trabalho na instituição, regime de trabalho, atividades remuneradas fora da instituição, cargos de gestão e afastamento por motivo de saúde.

O SRQ-20 (SRQ-20; Harding et al., 1980 - adaptado por Gonçalves et al., 2008) contém 20 questões, investiga aspectos socioemocionais (p. ex.: “tem dificuldades para tomar decisões?”) e é utilizado como procedimento para o rastreio de TMCs (K. O. B. Santos et al., 2016). Esses são caracterizados por sintomas como: insônia, dificuldade de concentração, esquecimento, irritabilidade e queixas somáticas. As assertivas do instrumento variam entre sim e não. É atribuído valor 1 caso o participante marque afirmativamente e atribuído valor zero caso a resposta seja negativa. Os escores são somados e pontuações superiores a 8 indicam presença de TMCs (Gonçalves et al., 2008). No estudo de validação brasileiro, a medida apresentou adequada consistência interna (α = 0,86), bem como na presente investigação (α = 0,83).

O ITRA (validado e construído por M. C. Mendes e Ferreira, 2007) é composto por quatro escalas: Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT); Escala de Custo Humano do Trabalho (ECHT); Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho (EIPST) e Escala de Avaliação de Danos Relacionados ao Trabalho (EADRT). No presente estudo serão relatados os resultados das três primeiras escalas.

A EACT (M. C. Ferreira & Mendes, 2008) contém 31 itens que avaliam 3 dimensões: organização do trabalho (p. ex.: “existe forte cobrança por resultados”), condições de trabalho (p. ex.: “as condições de trabalho são precárias”) e relações socioprofissionais (p. ex.: “a distribuição de tarefas é injusta”). As assertivas do instrumento variam de 1 - nunca - a 5 - sempre-, de modo que escores mais altos implicam em piores avaliações do contexto de trabalho. A pontuação é obtida através da média dos escores. Os parâmetros também podem ser utilizados de forma qualitativa. Assim, médias entre 1 e 2,29 indicam uma percepção satisfatória, entre 2,30 e 3,69 apontam uma avaliação crítica e valores superiores a 3,7 sugerem uma percepção grave do contexto laboral. O estudo de validação do instrumento (M. C. Ferreira & Mendes, 2008) apontou consistência interna satisfatória (condições de trabalho: α = 0,89; organização do trabalho: α = 0,72; relações socioprofissionais: α = 0,87), bem como a presente investigação (condições de trabalho: α = 0,89; organização do trabalho: α = 0,83; relações socioprofissionais: α = 0,86).

A ECHT (A. M. Mendes & Ferreira, 2007) contém 32 itens relativos a três fatores: custo físico (p. ex.: “ser obrigado a ficar em pé”), custo cognitivo (p. ex.: “ser obrigado a lidar com imprevistos”) e custo afetivo (p. ex.: “ter custo emocional”). Suas opções de resposta formam uma escala likert de 5 pontos, que variam de 1 (nada exigido) a 5 (totalmente exigido). Os parâmetros são interpretados de maneira idêntica à EACT. O estudo de validação do instrumento encontrou adequada consistência interna (custo físico: α = 0,91; custo cognitivo: α = 0,86; custo afetivo: α = 0,84), assim como a investigação aqui apresentada (custo físico: α = 0,87; custo cognitivo: α = 0,89; custo afetivo: α = 0,89).

A EIPST (A. M. Mendes & Ferreira, 2007) contém 32 itens. O instrumento é formado pelos fatores realização profissional (p. ex.: “orgulho pelo que faço”), liberdade de expressão (p. ex.: “liberdade para com a chefia para negociar o que precisa”), esgotamento profissional (p. ex.: “esgotamento emocional) e falta de reconhecimento (p. ex.: “falta de reconhecimento do meu desempenho”). Os dois primeiros avaliam prazer no trabalho, enquanto os dois últimos mensuram sofrimento. A escala de resposta é do tipo likert e varia entre 0 (nenhuma) a 6 (seis ou mais vezes). O parâmetro é dado pela média dos itens. Assim, no que se refere à dimensão prazer, pontuações acima de 4,0 indicam uma avaliação satisfatória, entre 3,9 e 2,1 sugerem uma percepção crítica e abaixo de 2,0 se referem a uma avaliação grave. No que diz respeito aos indicadores de sofrimento, pontuações acima de 4,0 sugerem uma percepção grave, entre 3,9 e 2,1 indicam uma avaliação crítica, enquanto escores abaixo de 2,0 apontam uma avaliação satisfatória. Neste estudo, a medida apresentou consistência interna satisfatória (realização profissional: α = 0,94; liberdade de expressão: α = 0,90; esgotamento profissional: α = 0,89; falta de reconhecimento: α = 0,92).

Com o objetivo de aprofundar a percepção dos docentes sobre o contexto de trabalho, foram realizadas entrevistas semiestruturadas. Utilizou-se 18 imagens como mediadores para o diálogo com os professores. Tais imagens estavam relacionadas às três dimensões do contexto laboral: condições de trabalho (p. ex.: foto de uma sala de aula com birô, lousa e cadeiras dispostas em fila), organização do trabalho (p. ex.: figura que sinalizava pressão na qual havia uma pessoa carregando uma pilha de papel segurando um relógio) e relações socioprofissionais (p. ex.: imagem de uma reunião entre professores). Aos participantes era solicitado que sorteassem pelo menos uma imagem de cada dimensão e discutissem como a figura sorteada se relacionava com suas atividades laborais.

Procedimentos de Coleta de Dados e Cuidados Éticos

O questionário utilizado para a coleta de dados foi enviado a todos os docentes do campus (n = 201) por meio de correio eletrônico. Houve uma taxa de resposta de 34,3%. Inicialmente, aos participantes, era demandada a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e a concordância com a participação no estudo. No que se refere aos dados qualitativos, foram realizadas entrevistas individuais e também se solicitava a anuência para colaboração a partir da assinatura do TCLE. Os encontros foram registrados em áudio e tiveram, em média, uma hora de duração. Foi assegurada a confidencialidade de todos os participantes.

Este projeto foi apreciado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual Vale do Acaraú, registrado sob o número CAAE 36053220.6.0000.5053, seguindo as diretrizes e normas regulamentadoras da Resolução n.o 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

Procedimentos de Análise de dados

O programa IBM SPSS (versão 26) foi utilizado para efetuar a análise dos dados quantitativos. Foram realizadas análises estatísticas descritivas para mensurar a prevalência de TMCs e a percepção das variáveis relacionadas ao contexto de trabalho. Utilizaram-se, também, análises bivariadas para investigar possíveis relações entre fatores sociodemográficos, os construtos presentes nas escalas do ITRA e a presença de TMCs. Para isso, foi usado o teste Qui-quadrado (X2) e foi calculado a razão de chance (odds ratio). Vale salientar que, para atender aos critérios do X2, houve uma condensação dos resultados qualitativos de todas as escalas, de modo que as avaliações crítico e grave foram reunidas em uma única categoria (crítico-grave). O Qui-quadrado é adequado para analisar o relacionamento entre os TMCs e os parâmetros qualitativos das escalas do ITRA na medida em que se configura como um teste de associação entre variáveis categóricas, comparando as frequências observadas com as esperadas (Field, 2020). Quando mais do que 25% das categorias obtiveram frequências esperadas menores do que cinco, utilizou-se o teste Exato de Fisher (Dancey & Reidy, 2019).

Por último, foram feitas análises multivariadas a partir da regressão logística binária. Esse tipo de teste é utilizado quando se deseja verificar os preditores de uma variável de desfecho categórica (Field, 2020), tal como os TMCs. Foi testado o pressuposto de ausência de multicolinearidade. Não foi necessário verificar o critério de linearidade entre variáveis intervalares e os logaritmos do desfecho visto que os preditores eram categóricos. Apenas as variáveis que atingiram um coeficiente de significância p ≤ 0,05 nas análises bivariadas foram utilizadas para a construção do modelo final.

Os dados qualitativos foram transcritos e submetidos à Análise de Conteúdo. Tal procedimento é caracterizado por um conjunto de técnicas que tem por finalidade a interpretação daquilo que é comunicado através de uma descrição sistemática, objetiva e quantitativa. Objetiva ainda realizar inferências a partir da produção de mensagens com base em indicadores (Bardin, 2016).

Assim, procedeu-se à análise do corpus textual e à produção de categorias nas quais observaram-se os critérios de exclusão mútua, pertinência, objetividade e fidedignidade (Franco, 2005). Para tanto, os temas selecionados (unidades de registros) foram incluídos em uma grelha de codificação. Posteriormente, uma grelha individual foi entregue a três juízes, de modo que não tivessem acesso às codificações atribuídas entre si. Os juízes avaliaram as unidades de registro quanto ao pertencimento às três dimensões do contexto de trabalho: condições de trabalho (p. ex: ambiente físico, instrumentos), organização laboral (p. ex: divisão do trabalho, regras formais) e relações socioprofissionais (p. ex: interações hierárquicas e coletivas). Além de atribuir as dimensões teóricas, os juízes também avaliavam a percepção dos docentes quanto ao contexto de trabalho. Dessa forma, caso as falas dos professores revelassem uma percepção positiva do contexto laboral, o juiz atribuiria o código “satisfatório”. Por outro lado, caso a percepção fosse negativa, seria atribuído o código “crítico-grave”.

Depois da categorização independente dos três codificadores, os dados foram reunidos em uma única grelha para realizar a análise de concordância. Dessa forma, foram atribuídos codificação “Sim” quando todos os codificadores concordaram e “Não” quando ocorreu discordância de, pelo menos, um deles. Tal procedimento foi baseado na proposta de Lima (2014). Os dados foram ainda submetidos à análise de confiabilidade da concordância entre codificadores por meio do teste Kappa de Fleiss.

Resultados

Entre os professores que participaram da pesquisa, quase um terço (29%) apresentou indicativo de Transtornos Mentais Comuns. No que se refere ao contexto laboral, a maioria reportou uma avaliação crítico ou grave da organização (81,2%) e das condições de trabalho (63,8%). As relações socioprofissionais foram avaliadas como satisfatórias por 56,5% da amostra. Em relação ao custo humano, o custo físico foi percebido como crítico ou grave por mais da metade da amostra (57,9%), o custo cognitivo foi avaliado como crítico ou grave por quase a totalidade dos participantes (97,1%), já no que se refere ao custo físico, este foi observado como satisfatório por 53,6% dos professores.

No que diz respeito aos indicadores de prazer/sofrimento no trabalho, a realização profissional e a liberdade de expressão foram avaliadas como satisfatória por 71% dos docentes, o esgotamento profissional por 49,3% e a falta de reconhecimento por 72,5%. A tabela 1 apresenta os dados descritivos das avaliações do ITRA.

Tabela 1 Resultados descritivos do contexto de trabalho, do custo humano e dos indicadores de prazer-sofrimento 

Dimensão Satisfatório Crítico Grave
n (%) n (%) n (%)
Contexto de Trabalho
Organização do trabalho 13 (18,8) 51 (73,9) 5 (7,2)
Condições de trabalho 25 (36,2) 38 (55,1) 6 (8,7)
Relações socioprofissionais 39 (56,5) 29 (42) 1 (1,4)
Custo Humano do Trabalho
Custo físico 29 (42) 39 (56,5) 1 (1,4)
Custo cognitivo 2 (2,9) 26 (37,7) 41 (59,4)
Custo afetivo 37 (53,6) 28 (40,6) 4 (5,8)
Prazer-sofrimento do Trabalho
Realização profissional 49 (71) 16 (23,2) 4 (5,8)
Liberdade de expressão 49 (71) 15 (21,7) 5 (7,2)
Esgotamento profissional 34 (49,3) 26 (37,7) 9 (13)
Falta de reconhecimento 50 (72,5) 14 (20,3) 5 (7,2)

Nas análises bivariadas, os TMCs se associaram com o custo afetivo. Também houve relações significativas com a realização profissional, o esgotamento profissional e a falta de reconhecimento. A tabela 2 mostra a associação dos TMCs com as variáveis sociodemográficas e as subescalas do ITRA.

Tabela 2 Análises bivariadas entre Transtornos Mentais Comuns, características sociodemográficas, contexto de trabalho, custo humano e indicadores de prazer e sofrimento 

Variáveis TMCs(sim) TMCs(não) χ2 OR IC
n % n %
Gênero
Feminino 8 40 22 44,9

χ2 = 0,14

p = 0,71

0,82 [0,28; 2,35]
Masculino 12 60 27 55,1
Idade
Abaixo de 40 anos 14 70 27 55,1

χ2 = 1,31

p = 0,25

0,53 [0,17; 1,60]
Acima de 40 anos 6 30 22 44,9
Estado civil
Com companheiro(a) 14 70 38 77,6

χ2 = 0,44

p = 0,51

1,48 [0,46; 4,76]
Sem companheiro(a) 6 30 11 22,4
Regime de Trabalho
Com dedicação exclusiva 9 45 37 75,5

χ2 = 5,95

p = 0,02

3,77 [1,26; 11,27]
Sem dedicação exclusiva 11 55 12 24,5
Cargo de gestão
Sim 5 25 13 26,5

χ2 = 0,02

p = 0,90

1,08 [0,33; 3,58]
Não 15 75 36 73,5
Tempo na instituição
Entre 0 e 3 anos e 11 meses 8 40 17 34,7

χ2 = 0,17

p = 0,68

0,80 [0,27; 2,33]
Entre 4 e 20 anos 12 60 32 65,3
Organização do trabalho
Crítico-grave 17 85 39 79,6 ap = 0,74 1,45 [0,35; 5,95]
Satisfatório 3 15 10 20,4
Condições de trabalho
Crítico-grave 14 70 30 61,2

χ2 = 0,47

p = 0,49

1,47 [0,48; 4,51]
Satisfatório 6 30 19 38,8
Relações socioprofissionais
Crítico-grave 11 55 19 38,8

χ2 = 1,52

p = 0,22

1,93 [0,67; 5,53]
Satisfatório 9 45 30 61,2
Custo físico
Crítico-grave 11 55 29 59,2

χ2 = 0,10

p = 0,75

0,84 [0,29; 2,41]
Satisfatório 9 45 20 40,8
Custo afetivo
Crítico-grave 13 65 19 38,8

χ2 = 3,93

p = 0,05

2,93 [0,99; 8,67]
Satisfatório 7 35 30 61,2
Custo cognitivo
Crítico-grave 19 98 48 95 ap = 0,50 0,40 [0,02; 6,66]
Satisfatório 1 2 1 5
Realização profissional
Crítico-grave 11 55 9 18,4

χ2 = 9,26

p = 0,01

5,43 [1,73; 16,98]
Satisfatório 9 45 40 81,6
Liberdade de expressão
Crítico-grave 9 45 11 22,4

χ2 = 3,51

p = 0,06

2,82 [0,93; 8,554]
Satisfatório 11 55 38 77,6
Esgotamento profissional
Crítico-grave 15 75 20 40,8

χ2 = 6,64

p = 0,01

4,35 [1,36; 13,89]
Satisfatório 5 25 29 59,2
Falta de reconhecimento
Crítico-grave 11 55 8 16,3

χ2 = 10,65

p = 0,001

6,26 [1,96; 20,01]
Satisfatório 9 45 41 83,7

Nota. OR = odds rAtio (razão de chance); IC = Intervalo de Confiança. aSignificância baseada no teste Exato de Fisher.

Na construção do modelo final da regressão logística binária, o pressuposto de ausência de multicolinearidade foi atendido. Os resultados revelaram que os docentes sem dedicação exclusiva se mostraram mais propensos a apresentar os TMCs. Já em relação à falta de reconhecimento, os professores que a avaliaram como crítico-grave possuíam quase 6 vezes mais possibilidades de desenvolverem TMCs. A tabela 3 apresenta as razões de chance (odds ratio) dos professores apresentarem TMCs para as variáveis inseridas no modelo final.

Tabela 3 Modelo final de regressão logística binária para variáveis associadas aos Transtornos Mentais Comuns 

Variáveis OR IC 95%
Regime de Trabalho
Com dedicação exclusiva
Sem dedicação exclusiva 8,40** [1,79; 39,22]
Custo afetivo
Satisfatório
Crítico-grave 3,16 [0,80; 12,40]
Realização profissional
Satisfatório
Crítico-grave 3,92 [0,98; 15,68]
Esgotamento profissional
Satisfatório
Crítico-grave 2,35 [0,50; 11,01]
Falta de reconhecimento
Satisfatório
Crítico-grave 5,96* [1,09; 32,53]

Nota. OR = odds ratio (razão de chance); IC = Intervalo de Confiança. *p < 0,05; **p < 0,01.

No que se refere aos dados qualitativos, foram selecionadas 35 unidades de registro. As avaliações pelos três codificadores (Kappa = 0,67, p < 0,001) obteve concordância substancial (Zuehlke et al., 2009). Quinze unidades de registro tiveram concordância total. As condições de trabalho obtiveram concordância em três unidades, todas avaliadas como crítico- grave. Nessa categoria, os docentes relataram a precariedade da infraestrutura física. Em relação à organização do trabalho, seis unidades de registro apresentaram concordância de todos os codificadores, avaliadas como crítico-grave. Os entrevistados apontaram fatores relacionados à intensificação do trabalho. As relações socioprofissionais, por sua vez, alcançaram concordância entre os codificadores em seis unidades de registro, todas avaliadas como satisfatórias. A maioria dos excertos se referiam às boas relações entre pares. A tabela 4 apresenta exemplos das falas dos entrevistados para cada dimensão do contexto de trabalho analisada.

Tabela 4 Excertos das entrevistas realizadas com os professores acerca do contexto de trabalho 

Categoria Exemplos de unidade de registro
Condições de trabalho

“A falta de condição de trabalho que a gente tem hoje, no curso, né? Porque a sala [da imagem], além de ampla, ela é nova, coisa que obviamente a gente não tem no curso. Nem espaço, nem, é... e nem recurso material novo” (Entrevistado 1)

“Na minha lista de chamada tem 56 pessoas matriculadas, a sala cabe, mas é uma sala que fica quente para o professor que fica lá na frente.” (Entrevistada 3)

“Na parte da estrutura eu acho que é o que falta mais.” (Entrevistada 2)

Organização do trabalho

“Você não consegue manter equilibrada a pilha [de tarefas] que chega e a pilha que sai...” (Entrevistada 3)

“O trabalho vai invadindo espaços, ele vai empurrando cada vez mais as outras coisas pra periferia, pra borda, até não sobrar mais tempo pra elas.” (Entrevistado 1)

“Eu nunca tô fora, não tem o dia que você diz assim “hoje eu não sou professora” não existe esse dia.” (Entrevistada 3)

Relações socioprofissionais

“Eu sinto que nosso colegiado é bem colaborativo” (Entrevistada 2)

“Eu acho o espaço da reunião um espaço muito potente... fazer algumas equiparações e aprender coisas com pessoas que vêm de realidades, muitas vezes, completamente diferente da nossa.” (Entrevistada 3)

“As reuniões elas casam muito com o momento de relação com os pares, porque o trabalho do professor em sala de aula é um trabalho solitário no final das contas.” (Entrevistado 1)

Os dados qualitativos corroboram os achados referentes aos resultados quantitativos e aprofundaram o diagnóstico situacional. Em ambas as abordagens metodológicas, a organização e as condições de trabalho apresentaram-se, majoritariamente, com percepções crítico-grave. Também se verificou que as relações socioprofissionais foi a dimensão melhor avaliada positivamente em ambas as análises.

Discussão

Foi encontrado que 29% dos professores apresentaram indicativos de TMCs. Resultado semelhante foi achado nos estudos de Neme e Limongi (2019) com docentes de universidades federais. Entretanto, a prevalência de TMCs no presente estudo foi superior às encontradas na investigação de Tavares et al. (2012) e R. C. Ferreira et al. (2015) que realizaram suas pesquisas, respectivamente, com enfermeiros docentes e professores da área da saúde. É importante considerar a época da coleta de dados, visto que foram realizadas no final do semestre e, também, início das aulas. Este período é caracterizado pelo acúmulo de demandas. Nesse sentido, Gasparini et al. (2006) discutem sobre um aumento sazonal dos TMCs, no qual os transtornos mentais apresentariam maior incidência devido ao acúmulo de atividades em períodos específicos do ano.

Foi encontrado, ainda, que os docentes que percebiam de forma mais acentuada a falta de reconhecimento no trabalho tinham mais chances de apresentarem TMCs. Conforme a Psicodinâmica do Trabalho, o reconhecimento está ligado à construção da identidade e pode assumir duas formas: realizado pelas hierarquias, que se refere ao julgamento de utilidade social, econômica e técnica do trabalhador para com a organização, e a conferida pelos pares, que produz senso de pertencimento a um coletivo de trabalho (Bendassolli, 2012; Silva et al., 2015).

A atividade reconhecida favorece a transformação de si e a realização no âmbito social. Por outro lado, a sua impossibilidade gera descompensação no trabalhador (Nogueira & Brasil, 2013). Desta forma, a falta de reconhecimento laboral é relatada em todos os níveis de ensino e provoca adoecimento nos professores (Diehl & Marin, 2016). Além disso, outros fatores, como a desvalorização e a perda do significado social da profissão, produzem sofrimento psíquico nos docentes (Forattini & Lucena, 2015).

Os professores sem dedicação exclusiva tiveram até oito vezes mais chances de apresentar TMCs. A despeito de não se poder fazer uma comparação direta, este resultado diverge daqueles encontrados por K. B. Rocha e Sarriera (2006), que demonstraram maiores níveis de distúrbios do sono e menores índices de saúde geral em professores universitários com dedicação exclusiva de uma faculdade particular brasileira. Além disso, maiores níveis de estresse psíquico e desejo de morte foram marginalmente significativos nesse tipo de vínculo. Os docentes da instituição ora estudada que não tinham dedicação exclusiva se ocupavam de outras atividades laborais, o que pode ter gerado sobrecarga e implicações para a saúde.

No tocante à percepção do contexto de trabalho, observou-se a prevalência de uma percepção negativa em relação à organização e às condições laborais. Os dados qualitativos confirmaram este achado e trouxeram à tona problemas relacionados às estruturas das salas de aula, da biblioteca e à ausência de espaços de convivência. Também houve menções à sobrecarga de trabalho, ao excesso de burocracias e à falta de reconhecimento.

Em um quadro mais amplo, a sobrecarga de trabalho decorre de uma mercantilização do conhecimento que adentrou às universidades, em prol de um suposto aumento de eficiência e modernização das instituições (Borsoi, 2012). Ademais, é evidenciado que, além das atividades relacionadas à docência, pesquisa e extensão, os professores são demandados a exercer funções de gestão. O enriquecimento do cargo vem acompanhado de metas de produção acadêmicas, a partir das quais os professores são cobrados por uma ampliação quantitativa de pesquisas, relatórios científicos, artigos e livros (Borsoi, 2012).

Ainda vale ressaltar o crescimento da instituição ora investigada: nos últimos anos, ela contou com a criação de programas de pós-graduação, mas não houve um aumento no corpo docente para tais atividades. Isto também converge com os apontamentos de Borsoi (2012), quando esta afirma que a expansão dos números de cursos e de alunos em universidades públicas não contou com a devida contrapartida em relação ao quantitativo de professores.

Várias publicações apontaram os percalços que ocorreram na implementação de novas universidades e campi a partir do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais - REUNI (Léda & Mancebo, 2009; C. S. Rocha, 2018). Pois, ao mesmo tempo que foi proposta uma ampliação do Ensino Superior, este já sofria com um processo de precarização (Bittencourt et al., 2017). A despeito dos ganhos que a interiorização das universidades federais e a ampliação do número de vagas ofertadas trouxeram, o financiamento insuficiente do programa e políticas posteriores de sucateamento implicaram, em vários casos, em condições laborais precárias e na exploração do trabalho docente (Léda & Mancebo, 2009). Isto é evidenciado nos resultados do presente estudo, onde são trazidas evidências dos problemas básicos de infraestrutura e da intensificação das atividades dos professores.

O excesso de burocracia destacado pelos participantes referia-se às demandas administrativas que, por vezes, eram repetitivas e geravam cansaço. Na pesquisa realizada por Souza e Hein (2021), professoras do ensino superior também relataram o excesso de demandas burocráticas. As atividades de ordem administrativa e extraclasses não são reconhecidas pela sociedade como parte do fazer docente, por vezes, circunscrito somente às atividades em sala de aula.

Ainda em relação à avaliação do contexto de trabalho, a maioria dos participantes considerou as relações socioprofissionais satisfatórias, o que também se alinhou com os dados qualitativos, que indicaram uma convivência positiva com outros professores e com a comunidade acadêmica de modo geral. Os docentes relataram, ainda, que as reuniões eram momentos importantes de interação, aprendizado e colaboração com os pares. Além disso, os entrevistados mencionaram a boa relação com as chefias, que se dedicavam ao atendimento das demandas dos professores. Nesse sentido, a satisfação com as relações socioprofissionais atua como um fator protetivo em relação à organização e às condições de trabalho adversas. Isto pode explicar o fato de que, embora essas duas dimensões tenham sido avaliadas negativamente, não se apresentaram como preditores dos TMCs.

Contudo, estudos realizados em outras universidades apresentaram dados divergentes no que se refere à percepção das relações socioprofissionais (Hoffmann et al., 2019; Pizzio & Klein, 2015). Os resultados de Pizzio e Klein (2015) mostraram que a competitividade entre os docentes era uma fonte de mal- estar. Tundis e Monteiro (2018) relataram disputas profissionais que ocasionavam um isolamento nas relações interpessoais, bem como, a falta de integração na relação com as chefias. Além disso, as condições de trabalho e suporte organizacional desiguais fomentavam a competitividade entre os pares (Pizzio & Klein, 2015).

Em síntese, este estudo teve como objetivo identificar a presença de TMCs em professores universitários ao analisar a percepção quantitativa e qualitativa do contexto de trabalho. Foram realizadas análises bivariadas, testes Qui-quadrado (X2), com o cálculo da razão de chance (odds ratio), e análises multivariadas por meio de regressões logísticas. Além disso, foram feitas entrevistas com docentes, que foram transcritas e submetidas à Análise de Conteúdo.

Foi evidenciada prevalência de TMCs em 29% dos participantes. Ademais, foi elucidado, também, que a falta de dedicação exclusiva e a falta de reconhecimento apresentaram- se como preditores dos TMCs. Estas, aumentavam em oito e seis vezes, respectivamente, a chance dos transtornos. Em relação aos dados qualitativos foi demonstrado que as relações socioprofissionais foi a dimensão mais bem avaliada, enquanto as condições e à organização do trabalho foram apontadas como adversas, o que foi corroborado pelos dados quantitativos. Assim, conclui-se que o regime de trabalho e o reconhecimento profissional possuem implicações na saúde mental docente. Além disso, melhorias nas condições e na organização laborais precisam ser efetivadas para proporcionarem maior saúde no trabalho.

Forças e Limitações

Os questionários foram aplicados com uma amostra pequena e limitada ao campus de uma universidade. Isto impossibilita generalizar os achados para contextos mais amplos. Além disso, as entrevistas foram realizadas somente com docentes de um dos oito cursos de graduação existentes e não exploraram diretamente questões relacionadas à saúde mental dos professores, o que poderia ter proporcionado uma compreensão mais aprofundada da relação desta variável com o contexto de trabalho. Ainda no que se refere às limitações do estudo, não foram realizadas análises por cursos. Isto poderia proporcionar uma compreensão mais direta de como o trabalho afeta diferencialmente a saúde mental dos docentes, uma vez que a distribuição de recursos é feita de forma distinta entre as áreas do conhecimento. Também se menciona como limitação desta investigação não ter sido levantadas informações sobre o tipo de vínculo dos professores sem dedicação exclusiva. Estes dados poderiam auxiliar na compreensão das especificidades do trabalho docente.

No que diz respeito às forças do estudo, o primeiro destaque refere-se à pesquisa ter sido realizada em um campus novo e localizado no interior de um estado nordestino, visto que diversas investigações abordam a realidade de universidades localizadas em cidades de médio e grande porte. Além disso, o caráter quali-quantitativo permitiu analisar a temática de forma mais profunda a partir da articulação entre os dados obtidos com os questionários e os significados subjetivos atribuídos ao contexto de trabalho. Nesse sentido, para além dos indicadores quantitativos, as entrevistas com os participantes possibilitaram compreender questões relevantes que serviram de base para o diagnóstico do contexto laboral.

Recomendações para Pesquisas Futuras e Intervenções

Como orientação para pesquisas posteriores, é válida a realização de uma nova coleta de dados para compreender o contexto de trabalho e a saúde mental dos docentes após a pandemia de COVID-19, pois, além da relevância da temática, o presente estudo pode ser uma base de comparação adequada por ter sido realizado em período imediatamente anterior à conjuntura pandêmica. Por fim, diante dos resultados evidenciados, é necessário sensibilizar os gestores acerca da necessidade de melhorias nas condições laborais, sendo pertinente repensar as formas de gestão do trabalho. Também é importante proporcionar ações que promovam o reconhecimento laboral da atividade docente. Além disso, coloca-se como possibilidade de intervenção a realização de grupos de apoio à saúde dos professores, além da promoção de espaços de maior interação entre os docentes.

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Recebido: 25 de Agosto de 2021; Revisado: 01 de Dezembro de 2022; Aceito: 22 de Março de 2023

Camilla Araújo Lopes Vieira Universidade Federal do Ceará, Campus de Sobral, Rua Coronel Estanislau Frota, 563 – Centro, 62010-560 Sobral, CE, Brasil. E-mail: tgd.camilla@gmail.com

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