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Revista do NUFEN
versão On-line ISSN 2175-2591
Rev. NUFEN vol.9 no.1 Belém jan. 2017
Artigo
Linguagem teatral, reflexão filosófica e grupo psicológico no cobate à violência em escolas: uma experiência em Belém (PA)
Theatrical language, philosophical reflection and psychological group in combating violence in schools: an experience in Belém (PA)
Lenguaje teatral, reflexión filosófica y grupo psicológico en el combate a la violencia en escuelas: una experiencia en Belém (PA)
Marlise A. Bassani; Diego Sabádo; Zakiee C. Mufarrej Hage
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP)
RESUMO
A escola é um espaço físico e social, no qual nos colocamos em constante inter-relação e se constitui em um território do qual nos apropriamos, ou não. Os conceitos de territorialidade e de apropriação de espaço, advindos da Psicologia ambiental, podem auxiliar na compreensão de possíveis conflitos e situações de violência que ocorrem no ambiente escolar. Este artigo apresenta a experiência do projeto "Lumiee: arte para a vida" e a transformação do espaço escolar pelos responsáveis pelo projeto e pelos alunos que dele participaram. Realizado em uma escola de Belém do Pará, teve como objetivo utilizar a linguagem teatral para promover a reflexão filosófica de temas do cotidiano e oferecer suporte emocional num grupo psicológico a alunos para combate à violência. Relata-se a experiência do projeto que une três áreas do conhecimento: Filosofia, Psicologia e Arte. A proposta do projeto baseou-se nas noções do Teatro Épico de Bertold Brecht e do Teatro do Oprimido de Augusto Boal, utilizando suas propostas juntamente com as noções de grupo psicológico e os instrumentos de reflexão oriundos da filosofia. São sintetizados os resultados positivos para os alunos participantes nas esferas educacionais, sociais, familiares, espirituais e pessoais.
Palavras-chave: Linguagem Teatral; Reflexão Filosófica; Grupo Psicológico; Combate à Violência; Territorialidade.
ABSTRACT
The school is a physical and social space that we put ourselves into constant inter-relation and consists in a territory that we approppriate of, or not. The concepts of territoriality and appropriation of space, originated in the Environmental Psychology, can help in understanding possible conflicts and situations of violence that occur in the school environment. This article presents the experience report of the project "Lumiee: art for life" and the transformation of the school environment by the project leaders and the students involved. Held in a Belém of Pará school, the purpose was to use theatrical language to promote the philosophical reflection of everyday themes and to offer emotional support to students in a psychological group focused into the theme of violence. The experience of the project is described, uniting three areas of knowledge: Philosophy, Psychology and Art. The project proposal was based on the notions of Bertold Brecht's Epic Theater and Augusto Boal's Theater of the Oppressed, using his proposals along with the notions of psychological group and the instruments of reflection derived from philosophy. The positive results for students participating in the educational, social, family, spiritual and personal spheres are summarized.
Keywords: Theatrical Language; Philosophical Reflection; Psychological Group; Fighting Violence, Territoriality.
RESUMEN
La escuela es un espacio físico y social, en el cual nos ponemos en constante inter-relación y se constituye en un territorio de lo cual nos apropiamos, o no. Los conceptos de territorialidad y de apropiación de espacio, propios de la Psicología ambiental, pueden facilitar la comprensión de posibles conflictos y situaciones de violencia que ocurren en el ambiente escolar. Este artículo presenta la experiencia del proyecto "Lumiee: arte para a vida" y la transformación del espacio escolar por los responsables por el proyecto y por los alumnos que participaron. Realizado en una escuela en Belém de Pará, tuvo como objetivo utilizar el lenguaje teatral para promover la reflexión filosófica de temas del cotidiano y ofrecer soporte emocional en un grupo psicológico a alumnos para el combate a la violencia. Se relata la experiencia del proyecto que une tres áreas del conocimiento: Filosofía, Psicología y Arte. La propuesta del proyecto se inspira en las nociones de Teatro Épico de Bertold Brecht y de Teatro del Oprimido de Augusto Boal, utilizando sus propuestas juntamente con las nociones de grupo psicológico y los instrumentos de reflexión de la filosofía. Son sintetizados los resultados positivos para los alumnos participantes en las dimensiones educacionales, sociales, familiares, espirituales y personales.
Palabras-clave: Lenguaje teatral; Reflexión filosófica; Grupo psicológico; Combate a la violencia; Territorialidad.
A escola. Esta palavra evoca muitos significados na vida de cada um de nós: experiências exitosas ou fracassadas de domínio de algum conhecimento específico nas letras, matemáticas, ciências; vivências inesquecíveis de afetos e desafetos entre colegas, professores, pais; contato com hierarquia e regras; primeiras descobertas de quem somos e de quem projetamos ser!
Pouco nos apercebemos, talvez, que a escola é um espaço físico e social, com o qual nos colocamos em constante inter-relação: modificamos este espaço com nossas ações e somos modificados por ele, em um contínuo de relações mútuas.
A escola se constitui em um território do qual nos apropriamos, ou não. De acordo com a Psicologia Ambiental, área da Psicologia que estuda as inter-relações pessoaambiente, tanto o ambiente construído pelo ser humano quanto o natural (Bassani, 2012), os conceitos de territorialidade e de apropriação de espaço podem auxiliar na compreensão de possíveis conflitos e situações de violência que ocorrem no ambiente escolar.
Retomando a definição clássica de Gifford (1997), territorialidade é "(...) um padrão de comportamentos e atitudes por parte de um indivíduo ou grupo, baseado no controle percebido, pretendido ou real de um espaço físico, objeto ou ideia definíveis, que pode envolver ocupação habitual, defesa, personalização e marcação" (p.120).
O autor define, também, dois termos importantes constituintes desta definição: primeiro o de "marcação", como "colocar um objeto ou alguma substância em um lugar para indicar sua intenção territorial" e, em seguida, "personalização", como a "marcação de tal maneira a indicar sua identidade".
Não é difícil a lembrança de nossas próprias vivências escolares em que, ao sentarmos em duplas nas aulas, em grande harmonia e divisão de materiais como lápis de cor, canetas, borrachas, entre nós, deparávamos em bruscas proibições deste uso comum de materiais, quando em situação de prova escrita (avaliação de desempenho) em que poderíamos tirar nota "zero", caso a professora considerasse os "empréstimos" como veículos de "cola" (informações compartilhadas para suprir dificuldades de nossos colegas, ou nossas, ao respondermos as questões da prova/avaliação)!
Cotidianamente, marcamos, ou tentamos marcar, nossos territórios, com objetos, cores, fotografias, enfim, algo que indique ao outro os limites de sua entrada ou permanência em nossos espaços privados ou compartilhados. Quem nunca discutiu com um familiar por mudar algum objeto de seu canto preferido da casa sem consultar antes! Pior, descarta-lo por ser muito "velho"!
Pois bem: na escola há muitas marcas de território, desde uma carteira, uma mesa de professor/a (quando existe em nossas escolas), um pátio para brincar. Na verdade, ela é um espaço com muitos simbolismos a priori, como Pol (2002) bem assinalou, ao apresentar seu modelo dual de apropriação de espaço, sobre alguns espaços públicos na cidade ou com os quais convivemos em nossa infância e juventude. Entramos em alguns ambientes nos quais já identificamos os territórios delimitados, bem como as regras de permissão, ou não, de intervenção nestes espaços. Basta tomarmos os exemplos de algumas exposições de arte em que há sinalização de "permitido mexer na obra, inclusive modifica-la" e outras, em que a simples aproximação do quadro já dispara um alarme de proibição.
O modelo dual de apropriação de espaço proposto por Pol (2002), que implica em ação/ transformação do ambiente e identificação simbólica, pode implicar em diferentes processos, conforme destacou o trabalho de Bassani (2006) com famílias de agricultores em São Paulo. Para o presente artigo, cumpre ressaltar de para crianças e jovens, o processo de apropriação de espaço ocorre mais por ação/transformação, sendo necessária a participação do adulto para que eles busquem as marcas simbólicas que mais os representem naquele ambiente.
O presente artigo apresenta o relato de experiência dos autores Diego Sabádo e Zakiee Hage, atualmente alunos do Programa de Estudos Pós Graduados em Psicologia Clínica da PUC/SP, no projeto "Lumiee: Arte para a Vida", na tentativa de ampliar o simbolismo a priori das escolas em Belém do Pará, transformando o espaço escolar em um processo de progressiva alteração na vida dos alunos e dos profissionais que dele participaram, aliando Arte, Filosofia e Psicologia em ações para combate à violência, interna e externa à escola.
O Projeto Lumiee: Arte para a Vida foi realizado na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Augusto Meira (E.E.E.F.M. Augusto Meira), em Belém do Pará, durante o ano letivo de 2014, e foi fruto da parceria da escola com o Projeto de Extensão da Universidade da Amazônia intitulado Observatório de Violências nas Escolas. O coordenador do projeto era Diego Sabádo, ator profissional, com registro na DRT (Delegacia Regional do Trabalho), formado em Conservatório Teatral, Psicólogo e Mestre em Filosofia, atualmente Doutorando em Psicologia Clínica na PUC/SP, e teve o auxílio de três outros psicólogos: Zakiee Hage, que na época era bolsista de extensão do Observatório de Violências nas Escolas e atualmente Mestranda em Psicologia Clínica na PUC/SP, Reno Mendes e Fábio Takao, psicólogos voluntários do projeto.
O objetivo primeiro do projeto era promover a formação de lideranças estudantis, possibilitar o empoderamento destes estudantes e combater as diversas formas de violências presentes no contexto escolar. Esta meta inicial, ao longo da elaboração do projeto transformou-se em algo maior, em um programa de apoio emocional realizado nos moldes de um grupo psicológico e de formação ética do cidadão e do indivíduo por meio da reflexão filosófica tradicional, ambos relacionados ao uso da linguagem teatral.
A base inicial para o uso desta linguagem é o teatro épico como Bertold Brecht o pensou, um teatro feito para promover a crítica social aliada ao engrandecimento pessoal e a diversão. A mera diversão não surge de uma atividade crítica, ao contrário disso, se exime de qualquer discussão e da necessidade de um pensamento mais detido, ela é puro divertirse por divertir-se (Teixeira, 2003).
O projeto de teatro para os jovens estudantes, realizado assim, juntamente com um trabalho de reflexão filosófica em grupo, e com o apoio psicológico do grupo, trouxe resultados positivos e significativos, tanto no âmbito acadêmico/escolar, quanto no âmbito social, familiar e pessoal dos alunos participantes.
Para Furtado et al (2011) as relações que envolvem a arte e a estética, que integram afetividade, razão, corpo e desejo, oferecem aos sujeitos possibilidades de se distanciar de alguma forma das suas realidades, e com isso podem criar novos significados de suas existências, transformando as imagens que possuem de si próprios.
Furtado et al (2011) denominam de atividades criadoras àquelas que permitem as pessoas recriarem suas vidas e a si próprios. Desta forma, a relação com o grupo é de suma importância, pois os sujeitos só se constituem a partir das relações sociais. A relação com o outro é fundamental no cenário teatral, pois oferece possibilidades de se expor e transformar seu posicionamento perante o social.
Foram realizadas duas semanas de divulgação e apresentação do projeto em todas as salas de aula do 6° ao 9° ano, dos turnos da manhã e da tarde, totalizando 10 turmas, duas de 6° ano, duas de 7° anos, três de 8° e três de 9° ano. Estas turmas foram escolhidas por ainda não estarem se preparando para o vestibular, sendo que 20 alunos se inscreveram para participar, mas somente doze vieram ao primeiro dia, o dia da inscrição; outros quatro procuraram o coordenador do projeto na escola e justificaram sua ausência e realizaram sua inscrição, totalizando 16 participantes no projeto: 9 do turno da tarde e 7 do turno da manhã. Compuseram o grupo sete alunos do 9° ano, cinco do 8° ano, três do 7° ano e um do 6° ano, com idades entre 12 e 17 anos.
Assim, 16 alunos da escola iniciaram o projeto, e destes, 13 seguiram o programa até o final.
O PROJETO: CARACTERÍSTICAS, EIXOS FILOSÓFICOS E PSICOLÓGICOS
O projeto dividiu-se em 5 módulos, com 10 encontros em cada módulo, compondo 50 encontros e contabilizou 200 horas de atividades presenciais, durando um ano letivo completo.
Os encontros, nos módulos 1, 2, 3 e 4 dividiram-se em cinco momentos: exercício inicial, o debate filosófico, o grupo psicológico, a prática teatral e a auto avaliação. Apenas o módulo 5 se estruturava de modo diferente, e se dividia em exercício inicial e prática teatral (arte para a vida), que explicaremos à frente, finalizando com a auto avaliação.
As solicitações de acompanhamento individual com um dos três psicólogos que auxiliavam no projeto aconteciam durante o próprio encontro, sempre após o 3° momento (grupo psicológico), quando iriam se iniciar as práticas teatrais. Era dado um intervalo de quinze minutos, momento em que eles buscavam o acompanhamento, e na maioria das vezes o acompanhamento seguia após o intervalo, com duração aproximada de 40 minutos. Então o participante retornava para a sala e apenas observava o momento de prática teatral que já estava acontecendo.
O projeto possuía apenas uma sala, grande o suficiente para realizarmos nossos exercícios e práticas teatrais, porém ocorria sempre aos sábados, de oito da manhã ao meio dia, totalizando 4 horas de encontro. E como a escola não possuía atividades aos sábados, os acompanhamentos individuais ocorriam em outras áreas da escola, na área comum do intervalo entre as aulas, em outra sala de aula ou mesmo nas cadeiras e mesas da cantina.
O percurso e os resultados do projeto, bem como a importância da utilização da linguagem teatral nos moldes de grupos de reflexão filosófica e de apoio psicológico, objetivando o combate às violências, o empoderamento, o desenvolvimento de lideranças e da autonomia dos estudantes, é o que abordaremos a seguir.
A conquista inicial do projeto se dá, logo de início, ao permitir que os jovens falassem por si mesmos de si mesmos, das emoções e dos modos como compreendiam o mundo e vivenciavam as experiências da vida. Os experimentos de vivência de papéis, de escola de emoções, de reflexão sobre os lugares sociais, as personas, os papéis e os estigmas sociais, os preconceitos, entre outros, perpassaram todos os quatro módulos, e o quinto módulo resumiu-se na produção de um espetáculo teatral.
Nos encontros era possibilitado um espaço de debate e construção de um pensamento crítico acerca da sociedade, bem como o empoderamento juvenil com relação aos temas do cotidiano; em seguida, o debate se encaminhava para uma fala mais autônoma e individualizada, assumindo os contornos de um grupo psicológico, no qual os alunos participantes experimentavam um lugar seguro e acolhedor para falar de si mesmos, de suas emoções, seus medos, seus projetos. O objetivo de empoderar, de acolher emocionalmente e de minimizar a violência intra-escolar por meio da socialização e sensibilização próprios do fazer artístico fundamentou-se na noção de que a arte é um dos modos que a humanidade encontrou para absorver, interpretar e presentificar as verdades do mundo, sejam estas verdades subjetivas, científicas, conceituais ou emocionais.
Eixos do projeto: a experiência teatral
Furtado et al (2011) afirmam que a experiência teatral une fragmentos da realidade dos sujeitos e os amplia através de situações imaginadas e criadas no palco. Nesta construção em cena, pensamentos e memórias se entrelaçam com as emoções e se tornam visíveis a partir da linguagem oral e da corporal que surgem em cena.
Estes autores afirmam, ainda, que a experiência enriquecedora de improvisação teatral auxilia no desenvolvimento dos sujeitos para além do seu caráter racional, considerando seus aspectos afetivos, corporais e relacionais.
O teatro se constituiu como um importante fator de interação social, mas não somente isso: para além do simples fazer teatral estava presente o acontecer fundamental de um grupo de existências individuais, e estas existências se presentificavam num mundo social próprio. A fim de realizar um teatro crítico nestes moldes, unimos as noções do teatro épico de Brecht com o que Augusto Boal elaborou em seu Teatro do Oprimido.
Teixeira (2007) afirma que o Teatro do Oprimido de Augusto Boal surge em meio a um contexto histórico e político no início dos anos 1960 com o objetivo principal de lidar com problemas sociais. Boal organizou diversos exercícios e jogos teatrais para criação e interpretação de cenas, partindo do pressuposto de que qualquer grupo teatral possa se reunir para debater questões de cunho social e pessoal, voltando-se para transformar situações oprimidas vivenciadas e democratizar o teatro. Os temas do Teatro do Oprimido voltam-se para a condição humana, envolvendo temas políticos, psicológicos, sociais, entre outros. Seus objetivos principais são transformar o espectador, considerado inicialmente um ser passivo e receptor de informações, em protagonista da dramatização e debater questões que preparem os sujeitos para o futuro, sem contentar-se em apenas refletir o passado.
Segundo Teixeira (2007), a metodologia do Teatro do Oprimido consiste em técnicas e jogos teatrais para realização de intervenções sociais, possibilitando aos sujeitos transformarem suas realidades através de uma participação ativa pela linguagem teatral. O Teatro do Oprimido visa à reflexão acerca das relações de poder, discutindo trajetórias entre opressor e oprimido, em um cenário que o espectador se transforma em protagonista. Os textos são construídos a partir da reunião de histórias de vida que envolvem experiências de preconceito, violências, entre outros, que estão diretamente ligadas às questões que permeiam a comunidade e os indivíduos.
Segundo Oliveira (2015), Augusto Boal propagava que o teatro é um espaço no qual é possível encontrar ou reencontrar a si mesmo no próprio palco. Com isso, permitir que os jovens possam encontrar-se desde a infância/adolescência auxilia na construção de uma sociedade mais compreensiva e sensível. O teatro corresponde a um espaço de formação intelectual e pessoal, transmitindo mensagens através do lúdico.
Descrevendo o projeto Lumiee: arte para a vida
Os objetivos do projeto foram assim delineados:
▪ Realizar reflexões filosóficas sobre diversos temas. ▪ Possibilitar um ambiente acolhedor de grupo psicológico. ▪ Vivenciar o a arte do teatro como uma experiência para a vida.
E estes objetivos desmembravam-se em outros:
▪ Aprender técnicas de interpretação teatral.
▪ Discutir a arte e o papel dela na sociedade.
▪ Desenvolver a leitura e interpretação de significações em textos teatrais.
▪ Vivenciar situações reais do cotidiano dentro das quatro paredes do teatro.
▪ Desenvolver as relações interpessoais através das encenações teatrais.
▪ Possibilitar e permitir a percepção das emoções e compreensões de mundo.
▪ Dialogar e refletir sobre a vida, sobre a sociedade, e assuntos relacionados.
▪ Acolher demandas pessoais num ambiente propício ao diálogo grupal ou individual.
▪ Permitir o desenvolvimento da criatividade dos alunos. ▪ Permitir o pensamento livre.
▪ Desenvolver as lideranças estudantis. ▪ Incentivar o protagonismo dos alunos.
▪ Ensinar o respeito necessário para com o outro, suas crenças, suas escolhas e etc. ▪ Combater a violência intra-escolar.
Os cinco módulos foram então divididos em 1. Iniciação Teatral, 2. Teatro e Filosofia, 3. A Psicologia e o Teatro, 4. Mimetismo do Cotidiano e 5. Produção Teatral de uma Arte para a Vida. E em cada um deles o formato do encontro permanecia o mesmo, composto por três momentos: primeiramente a reflexão filosófica, em segundo o grupo psicológico e o terceiro a prática teatral, mesmo que a cada módulo a ênfase a uma das três áreas, Filosofia, Psicologia e Teatro, fosse dada de forma diferente.
Os encontros possuíam o seguinte roteiro:
1° Momento.
▪ Exercício inicial de concentração, respiração e meditação. Objetivando harmonizar os alunos a trazê-los "inteiros" para o encontro, com variação entre os exercícios a cada encontro para evitar serem repetitivos.
2° Momento.
▪ Reflexão filosófica em grupo sobre algum tema ou questão. Geralmente um conceito chave em filosofia (Bom/Mau, Felicidade, Liberdade, Justiça, Sociedade, Mentira, Guerra e etc.), que seriam atrelados aos exercícios teatrais do terceiro momento.
3° Momento.
▪ Grupo Psicológico. De forma natural e acolhedora o debate filosófico adentrava o terreno da subjetividade, das questões pessoais do cotidiano de cada aluno. De modo que eles podiam emitir suas opiniões, narrar suas vivências e suas percepções individuais sobre o tema em questão.
4° Momento.
▪ Prática Teatral. Com técnicas de interpretação e expressão corporal, interligadas com o tema abordado no primeiro momento e com o que surgiu do segundo momento.
5° Momento.
▪ Auto avaliação. No qual os alunos falavam suas percepções da experiência e sugeriam temas ou questões para o encontro seguinte.
Cada encontro, dividido nestes três momentos principais, antecedido por um exercício inicial de concentração, de respiração e meditação, que objetivava buscar certa unidade no grupo, e se encerrando por uma roda de auto avaliação, em que cada um falava da sua experiência, do que percebeu, do que poderia melhorar ou mesmo do que gostaria de falar num encontro seguinte, trazendo um feedback contínuo, que possibilitava a reformulação do cronograma e das temáticas e mantinha o grupo sempre vivo, sempre interessante para os alunos e sempre ligado aos interesses próprios de cada aluno.
Abaixo os quadros apresentam de forma detalhada os módulos e cada um dos 50 encontros. Lembrando que esta ideia inicial de programa sofreu pequenas alterações durante o percurso, mas sem que isso alterasse de todo a estrutura do programa. Estas alterações foram fruto dos feedbacks dados nos momentos de auto avaliação. Os quadros mostram o título do módulo, o número do encontro, o tema proposto e o número de alunos que frequentaram cada encontro.
Este módulo voltou-se para a iniciação própria à arte do teatro. Dando enfoque à história e ao modo como o teatro acontece como expressão humana. Refletimos sobre o corpo, sobre a palavra falada, sobre a palavra escrita, sobre significados e importância desta linguagem teatral para a sociedade. Abordamos a arte do improviso, refletimos sobre a criatividade. O monólogo ganhou destaque por ser a arte feita por um único artista.
Nas reflexões filosóficas sobressaiu-se o debate sobre o que é a arte, o que é o corpo e a corporeidade, o que é a linguagem e o humano como animal que fala, que possui linguagem, bem como a reflexão sobre as possíveis interpretações que surgem na leitura do mesmo texto.
No grupo psicológico destacaram-se os temas significados pessoais da arte, serventia e utilidade pessoal dela, temas em torno do corpo, "o meu corpo", "o corpo do outro", "limites do corpo", "liberdade corporal", e da fala (linguagem), "o que penso e o que falo", "o que meu eu fala pra mim e não escuto", durante o encontro do improviso falou-se muito de vergonha, de medo, e durante o encontro do monólogo falou-se muito da solidão, do sentir-se só em meio à multidão (plateia e sociedade), sentir-se só no mundo. E nos jogos cênicos e de corpo os alunos trouxeram também vivências de suas realidades pessoais.
Neste módulo, com ênfase ao que a filosofia tem a dizer sobre a arte e o teatro destacou-se o debate sobre a função da arte para nossa sociedade hoje, o papel do teatro como uma arte de certa forma substituída pela música e pelo cinema. Tinha como objetivo trazer ideias de filósofos e grandes nomes do teatro mundial e brasileiro para fomentar os debates e as vivências.
Nas reflexões filosóficas sobressaíram-se as falas sobre "quem" é o artista, que espécie de sociedade é a nossa que idolatra certos artistas e ignora outros. Foi também abordado e discutido o papel da mídia na formação da opinião pública e da identidade do povo, e indústria cultural, a arte como produto e demais conceitos oriundos desta reflexão.
No grupo psicológico as demandas e os desabafos que se sobressaíram foram os que giravam em torno dos anseios pessoais, da fama, da busca por reconhecimento pessoal e a importância ou não disso para a auto-estima e a felicidade. Neste módulo já surgiram as primeiras solicitações de acolhimento individual, por parte de três alunos do grupo, cujo mote era os projetos para o futuro (carreiras, o que fazer no vestibular e etc.), que os psicólogos que acompanhavam o projeto atenderam de forma ética e embasada.
Neste módulo, voltado mais para a psicologia, o objetivo era abordar a identidade dos alunos a partir dos exercícios teatrais, dos estilos dramático, trágico, cômico, e das reflexões acerca do que é interpretar e vivenciar outras personalidades.
Na reflexão filosófica os conceitos de Verdade, Verossimilhança, Falsidade, Absurdo, Realidade, Mentira permearam a discussão de vários encontros. Assim como o debate acerca da importância do grupo para a sociedade e dos papeis sociais, dos preconceitos, dos estigmas sociais, que, por sua vez, geraram grandes polêmicas.
No grupo psicológico estas polêmicas geradas na reflexão filosófica foram aprofundadas, os alunos passaram a falar de si mesmo, do que eles próprios esperavam de si mesmo e de como isso contrastava ou não com o que a família esperava deles. Os encontros sobre vivência do real, papéis sociais, troca de papéis e Eu desejado foram os que mais mobilizaram demandas psicológicas e atenção dos psicólogos que acompanhavam o projeto, com oito alunos buscando falar individualmente de sua vida, de suas emoções e seus sentimentos. As questões da identidade estiverem presentes nos 10 encontros deste módulo.
A mimeses é o modo como a arte copia, reproduz a realidade, ou mesmo produz sua própria realidade, este módulo buscava exatamente aprofundar os módulos anteriores, os debates e as discussões, bem como possibilitar novas vivencias para demandas psicológicas surgidas anteriormente, possibilitando um espaço de descoberta dos caminhos de ressignificação dessas demandas.
Na reflexão filosófica os conceitos de Felicidade, Realidade, Verdade, foram revisitados, e a noção da família e suas novas configurações foram amplamente discutidos. A importância da arte também retornou ao debate, e a função do teatro e da arte em geral pareceu encontrar respostas nos debates.
No grupo psicológico a identidade pessoal foi mais uma vez a demanda predominante, e as falas sobre relações familiares, relações entre amigos e relacionamentos amorosos apareceu com frequência. Percebemos que os alunos, após mais de trinta encontros, já falavam de si, de seus segredos, de seus anseios, ansiedades, medos e expectativas de forma mais confiante, sentindo-se seguros no espaço do grupo, e a procura pelo acolhimento e atendimento individual foi decaindo até não acontecer mais nos últimos cinco encontros.
Este quinto módulo possuía uma estrutura diferenciada dos módulos anteriores, ao invés de cinco momentos (exercício de concentração/respiração/meditação, debate filosófico, grupo psicológico, prática teatral e roda de auto-avaliação) ele possuía apenas três momentos: o exercício inicial de concentração/respiração/meditação, a prática teatral (que consistia no estudo do texto, na preparação e ensaio do espetáculo final do projeto) e o momento de auto-avaliação. Porém não ocorreu a total eliminação da reflexão filosófica e do grupo psicológico, apenas não eram mais momentos específicos dos encontros, que se focavam no ensaio e na produção do espetáculo de encerramento do projeto.
O debate filosófico e o grupo psicológico se mantiveram nos exercícios iniciais e na auto avaliação, girando em torno da noção de Arte para a Vida e das falas acerca de como estava sendo a experiência para cada um dos alunos. Debateu-se muito sobre para que ensaiar um espetáculo, sobre para que mostrá-lo a um público, falou-se muito sobre a vergonha, o medo de se apresentar, a ansiedade. Os alunos buscaram novamente o acompanhamento individual, porém com estas questões específicas de medo de não se sair bem no palco e ansiedade.
Nas auto avaliações foram unânimes as falas de como ensaiar a peça e a expectativa de apresentar para todos os colegas da escola e familiares deu um gás a mais no cotidiano de cada um. E realizaram muitas comparações com todas as cenas, esquetes, monólogos e improvisos os quais criaram ao longo do ano e que não seriam mostrados para ninguém de fora do grupo.
A apresentação do espetáculo ocorreu na escola mesmo, no auditório, no evento natalino de encerramento e dos 13 alunos que restaram até o fim do projeto apenas um aluno não participou da apresentação, pois estava viajando. Os demais se dividiram entre atores e atrizes, sonoplasta e contra-regras.
Ao final o projeto foi avaliado positivamente pelo Observatório de Violências nas Escolas, pela Diretoria da E.E.E.F.M Augusto Meira, pelo Conselho Escolar (formado pro professores, funcionários, alunos, pais e membros da comunidade), pelos pais, responsáveis e familiares dos alunos participantes e pelos próprios alunos da escola que não participaram do projeto, e fizeram varias perguntas sobre a continuidade no ano letivo seguinte.
No ano seguinte o coordenador do projeto e professor da escola Diego Sabádo e a Bolsista do Observatório de Violências nas Escolas, uma das psicólogas do projeto, mudaram-se para São Paulo e a continuidade do projeto foi inviabilizada, pois os outros dois psicólogos não tinham nem ligação com o projeto de extensão, nem com a Secretaria de Educação do PA e nem com a escola, sendo apenas voluntários.
Entretanto os resultados obtidos ao longo do ano letivo de 2014 foram de muita validade, para pensarmos a aplicação deste programa em outras escolas públicas, promovendo sempre a autonomia, o protagonismo, o empoderamento e o desenvolvimento de lideranças nos grupos estudantis, aliando a isso uma reflexão filosófica consistente e oferecendo um suporte emocional e psicológico.
Lumiee: o brilho distante, fugaz, mas…
Mais que uma produção artística tratava-se de uma arte voltada integralmente para a vida de cada aluno participante do projeto. Na ausência do público externo para quem o espetáculo (as esquetes montadas, as performances, as cenas, os monólogos, os improvisos) deveria ser apresentado, cada aluno fazia de si mesmo o público da sua arte, era para si mesmo que aquela experiência servia, para seu próprio crescimento, para o engrandecimento psicológico, ético e social de si. Lumiee é o brilho distante, fugaz, mais encantador que nos faz seguir sempre em frente, embebidos de paixão, ávidos de vida.
Nestes encontros de reflexão filosófica, grupo psicológico e prática teatral, era sempre necessário o esforço individual de cada membro, para que no grupo a coexistência dos membros estivesse em harmonia. A resolução dos conflitos que surgiam nos relacionamentos internos era debatida e resolvida dentro do próprio grupo.
O retorno dentro do ambiente escolar foi relevante e positivo, além de dotar de significados o ambiente escolar para estes alunos, uma vez que realizavam uma atividade extracurricular de cunho não acadêmico, inseriu-os no mundo artístico e possibilitou a discussão, para além da sala de aula, de questões éticas, sensibilizando-os para a percepção dos problemas sociais e para a reflexão de possíveis soluções, ampliando o protagonismo destes alunos em todos os ambientes da escola.
A arte foi usada como canal, como um meio para refletir e formar mentalidades, como motor social para apontar novas formas de ser no mundo, tudo isso com o apoio constante de quatro psicólogos, que ofereciam acolhimento individual sempre que algum aluno procurasse.
Durante as aulas de teatro e debates sobre as produções artísticas deixamos os valores humanos há muito perdidos alcançarem acalanto nos braços dos jovens. Não bastava aprender a interpretar, improvisar ou conhecer a história e as teorias teatrais, era necessário que, junto com estas tarefas, o grupo de teatro se reconhecesse como parte de um grupo maior, que era a escola e que este grupo maior era parte de uma sociedade, que possui leis e normas que precisam ser compreendidas, e que cada um, ao mesmo tempo em que era parte desta sociedade, era em si um indivíduo único, dotado de características peculiares, e portador de sua própria liberdade para ser si mesmo em meio ao todo social.
Foi neste sentido que o grupo de teatro assumiu, ao mesmo tempo, os moldes de um grupo de reflexão filosófica conjunta e os moldes de um grupo psicoterapêutico. Buscavam-se ao mesmo tempo os significados fundamentais de certos conceitos, mas também se fazia o contraponto destes significados filosóficos com os significados individuais, pessoais, subjetivos. Os alunos participantes encontraram apoio para suas dúvidas, encontraram as ferramentas para buscar suas próprias respostas, bem como acolhimento para os problemas pessoais que lhes incomodavam.
O programa do projeto foi estabelecido assim por entendermos que é tarefa da escola receber, ouvir e dar o apoio aos seus estudantes, independente do fato de este encontrar ou não apoio em casa ou na sociedade. De acordo com Oliveira (2015) utilizar o teatro como disciplina curricular nas escolas auxilia os jovens a desenvolverem capacidades de comunicação, imaginação e de cunho afetivo possibilitando um crescimento libertário, enfrentando o mundo e as dificuldades com mais facilidade e de forma crítica e reflexiva.
É tarefa da escola educar, idealmente em parceria com a sociedade e a família; mas se isto não for possível, como muitas vezes não o é, ainda permanece tarefa da escola fazê-lo. Foi por esta visão que o Observatório de Violências nas Escolas apostou no projeto como um meio para combater as violências e buscar a construção de uma escola de paz.
O teatro há muito é conhecido por ajudar a solucionar conflitos de natureza pessoal e voltadas para as questões de personalidade como a timidez, agressividade, entre outras. Porém, Oliveira (2015) afirma que na adolescência os exercícios teatrais são primordiais, pois nesta fase os jovens estão conhecendo o próprio corpo, buscando construir identidade pessoal e social, que envolve a saída da infância e a preparação para a vida adulta.
Há quem discorde da importância da arte, mas é inegável que dentre os conhecimentos humanos, entre os modos de ser do homem no mundo, ela tem o poder de mudar grandes grupos. Basta ver a força que grupos musicais ou livros, ou filmes tem no grande público. Com o teatro como uma das mais antigas formas de arte ocorre o mesmo: na representação do social encontramos um espelho desta mesma sociedade e o caminho para repensarmos nosso mundo e refazermos nossos destinos.
A arte aponta para a necessidade de mudança, e esta começa no diálogo; só por meio dele podemos evitar que estes nossos alunos cresçam e se tornem mais um número em meio à multidão marchando para a perdição. A arte, aliada a outros saberes, no caso em pauta, a Filosofia e seu método reflexivo de conhecer, e a Psicologia, e seu método científico de intervenção, prevenção e promoção de saúde, podem constituir em um dos caminhos possíveis.
Referências
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Notas sobre os autores:
Profa. Dra. Marlise A. Bassani. Professora titular. Doutora em Psicologia da Educação (PUC/SP). Coordenadora do Núcleo Configurações Contemporâneas da Clínica Psicológica do PEPG em Psicologia Clínica, Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. E-mail: marlise@pucsp.br.
Msc. Diego Sabádo. Doutorando do Programa de Estudos Pós Graduados em Psicologia Clínica da PUC/SP. MESTRE em Filosofia pela UFPA. Especialista em Docência do Ensino Superior pela UEPA. Psicólogo formado pela UNAMA. Bacharel / Licenciado em Filosofia pela UFPA. E-mail: diego_lfb@hotmail.com.
Zakiee C. Mufarrej Hage. Mestranda do Programa de Estudos Pós Graduados em Psicologia Clínica da PUC/SP. Psicóloga formada pela UNAMA. E-mail: zakieehage@hotmail.com.
Recebido em: 02/10/2016
Aprovado em: 18/12/2016