SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.10 issue1Brazilian studies about the daily routine in the context of teaching: a systematic reviewFrom father to son: the fundamental paradox of masculinity author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Services on Demand

article

Indicators

Share


Estudos Interdisciplinares em Psicologia

On-line version ISSN 2236-6407

Est. Inter. Psicol. vol.10 no.1 Londrina Jan./Apr. 2019

 

Artigos

 

Diferenças nas práticas parentais de pais e mães e a percepção dos filhos adolescentes

 

Differences in fathers and mothers parental practices and 6th grade middle school children’s perceptions

 

Diferencias en las prácticas parentales de padres y madres y la percepción de los hijos de 6º año de la enseñanza fundamental

 

 

Fátima de Almeida MaiaI i; Adriana Benevides Soares I II ii

I Universidade Salgado de Oliveira

II Universidade do Estado do Rio de Janeiro

 

 

 


Resumo

O estudo objetivou comparar a percepção das práticas parentais de pais e mães com a percepção dos filhos sobre essas práticas. Participaram 154 estudantes do 6º ano, com idades entre 9 a 15 anos (M = 11,5; DP = 0,8), 29 pais e 125 mães. Foi utilizado o Inventário de Estilos Parentais (IEP). Foram encontradas diferenças nas médias das percepções de mães, pais e da percepção dos filhos sobre o estilo parental dos pais e mães. As mães avaliaram seu estilo parental de forma mais positiva, enquanto os pais avaliaram seu estilo de forma mais negativa, em comparação à percepção dos filhos. Os resultados refletem a importância da função parental exercida por mães e pais em famílias majoritariamente não nucleares indicando que as práticas positivas podem desenvolver habilidades sociais que valorizem os vínculos estabelecidos entre pais e filhos e estimulem interações sociais futuras mais relevantes.

Palavras-chave: práticas parentais; estilos parentais; ensino fundamental.


Abstract

The study aimed to compare parents perceptions about its parental practices with their children’s perceptions. Participants were 6th grade students (n =154), from 9 to 15 years old (M = 11.5; SD = 0.8) and their parents (29 fathers and 125 mothers). The instrument was the Inventário de Estilos Parentais (IEP). The results showed differences in the parental style of mothers, fathers, and the evaluation of their kids on their parents styles. Mothers evaluated their parental style more positively, whereas the fathers evaluated their style more negatively, in comparison with their children’s perception. The results reflect the importance of the parental function practiced by mothers and fathers in predominantly non-nuclear families, which indicates that positive practices can develop social skills that enhance parents-children relationships and foster for interactions more relevant in the future.

Keywords: entrepreneurship; attitudes; personality traits; entrepreneurial profile; literature review.


Resumen

El siguiente estudio tuvo como objetivo comparar la percepción de las prácticas parentales de los padres y madres con la percepción de sus hijos sobre estas prácticas. Participaron 154 estudiantes del 6° año, con edades entre 9 y 15 años, además de 9 padres y 125 madres. Fueron encontradas diferencias en los promedios de las percepciones entre madres, padres en comparación de la percepción de sus hijos sobre el estilo parental de los padres y madres. Las madres evaluaron su estilo parental de forma más positiva, mientras que los padres evaluaron su estilo de forma más negativa en comparación a la percepción de sus hijos. Los hallazgos reflejan la importancia de la función parental hecha por madres y los padres en familias mayoritariamente no nucleares, indicando que las prácticas positivas pueden desarrollar habilidades sociales que valoran los vínculos establecidos entre padres e hijos y estimulen interacciones sociales futuras más relevantes.

Palabras clave: Prácticas parentales; estilos parentales; enseñanza fundamental.


 

Introdução

A família, como o primeiro agente socializador, constitui a base referencial para que os filhos se desenvolvam e possam viver em sociedade (López, Quintana, Casimiro & Chaves, 2009; Patias, Siqueira & Dias, 2013; Romanelli, 2013; Wagner, Tronco & Armani, 2011). As relações entre pais e filhos são reconhecidas como fonte de grande influência no desenvolvimento humano, trazendo apoio, estabelecendo redes de comunicação, organizando regras de convívio e aceitação mútua (Mondin, 2008; Soares & Almeida, 2011; Wagner et al., 2011). Com isso, observa-se uma preocupação na investigação de temas relacionados à forma como os pais educam e interagem com seus filhos e também como estimulam o desenvolvimento de comportamentos mais sadios para enfrentarem demandas durante a infância. Essas integrações que se estabelecem no núcleo familiar podem ser entendidas como práticas educativas parentais e definem-se como estratégias cotidianas específicas da parentalidade para orientar a conduta dos filhos. Tais estratégias podem promover tanto comportamentos sociais e moralmente aceitáveis que reduzam desempenhos indesejáveis quanto comportamentos antissociais, que retraiam a competência social das crianças (Gomide, 2009).

Segundo Goetz e Vieira (2009), tem havido um aumento nas pesquisas sobre a interação familiar voltado para o estudo das práticas parentais, mas são escassos aqueles sobre como os filhos percebem a educação dada por seus pais principalmente no que diz respeito ao período de ingresso no 6º ano do Ensino Fundamental. Esta transição escolar costuma trazer uma série de preocupações, porque coincide com o início da puberdade e as mudanças contextuais que podem tornar esse período particularmente difícil (Crockett, Petersen, Graber, Schulenberg, & Ebata, 1989).

Portanto, essa transitoriedade dos estudantes para o 6º ano implica uma adaptação ao novo e configura também um momento de reformulação na estrutura educacional, visto que há um aumento de disciplinas e atividades a serem cumpridas, o que exigirá do estudante uma maior competência acadêmica (Maia & Soares, 2014). Em contrapartida, os pais se preparam para a transição e para a adaptação dos seus filhos. O que se espera é que tenham um envolvimento maior na comunicação e no apoio aos novos desafios a serem enfrentados pelos filhos (Martins & Martins, 2017; Wagner et al., 2011).

Outro ponto importante de análise das práticas parentais com estudantes do 6º ano, é o fato de que nessa fase compreendida entre 10 e 12 anos, esperase que a criança já comece a operar o pensamento e formar esquemas conceituais mais abstratos. Assim, estarão mais aptos a estabelecer relações e coordenar pontos de vista diferentes, organizar ideias mais lógicas e coerentes, discutir valores da família e construir a própria autonomia deles (Goetz & Vieira, 2013).

Estudos indicam que o papel dos pais na educação de crianças e adolescentes, isto é, a forma como cada um desempenha suas funções e utilizam-se dessas práticas, podem evitar problemas de comportamento dos filhos que comprometam os domínios cognitivo, emocional e social da criança (Manfroi, Macarani & Vieira, 2011; Patterson, Reid, & Dishion, 2002). Segundo Macarini, Martins, Minetto e Vieira (2010); Mondin (2008) existem diferentes categorias e modelos teóricos para destacar e explicar o conjunto de comportamentos exercidos por mães e pais em relação aos filhos. As práticas educativas, por sua vez, têm se destacado por estabelecerem o importante papel dos pais como direcionadores e reforçadores das modificações produzidas no comportamento dos filhos (Paiva & Ronzani, 2009).

Os primeiros estudos sobre a forma de como os pais criam seus filhos foram introduzidos por Baumrind (1966), que exerceram grande influência nas práticas com as crianças em desenvolvimento. Em relação à parentalidade, a autora descreve os pais a partir de três estilos parentais: modelo permissivo - os pais tentam se comportar de forma não punitiva, aceitando e afirmando os impulsos, os desejos e ações da criança; modelo autoritário - os pais tentam moldar, controlar e avaliar o comportamento e as atitudes da criança, de acordo com um padrão definido de conduta, geralmente mantendo um padrão de autoridade; modelo democrático - os pais tentam direcionar as atividades da criança de uma maneira orientada, pautada em decisões claras sobre o que é permitido ou vetado. Este último estilo favorece um relacionamento familiar voltado para práticas responsáveis e de resolução de problemas.

Os estudos relacionados às práticas educativas obtiveram um avanço a partir de 1970. Hoffman (1975) conceituou as práticas educativas parentais como estratégias indutivas nas quais os pais apontam para o seu filho as consequências do seu comportamento na relação com o ambiente e com as outras pessoas. Ainda reforça que essas estratégias desenvolvem a autonomia e podem regular o próprio comportamento do indivíduo. Outra estratégia é a utilização de práticas coercitivas, que incluem atitudes disciplinares utilizando a punição para modificação de comportamentos indesejáveis.

Mais tarde, Darling e Steinberg (1993) elaboraram um modelo para entender os efeitos da parentalidade e a relação com o desenvolvimento da criança. Para os autores, os estilos parentais são definidos como um conjunto de práticas educativas que representam uma cultura parental ou clima emocional predominante na relação entre pais e filhos. Ainda, segundo os autores, para entender como os componentes do estilo parental influenciam o desenvolvimento da criança, é necessário compreender as relações familiares, a cultura, a classe social, bem como as metas que os pais estabelecem para seus filhos.

Mais recentemente Gomide (2011), fundamentou, em seu modelo teórico, sete práticas educativas compreendidas em duas práticas positivas e cinco negativas. As positivas são: (A) monitoria positiva, que consiste na demonstração de afeto e carinho dos pais, principalmente relacionados aos momentos de maior necessidade da criança; (B) comportamento moral, que se refere à prática pela qual os pais transferem valores, como honestidade, senso de justiça aos filhos e generosidade, ajudando-os a discernir o certo do errado por meio de modelos positivos. As negativas são: (C) punição inconsistente, que se dá quando os pais punem ou reforçam os comportamentos de seus filhos de acordo com o seu bom ou mau humor; (D) a negligência, ocorrendo quando os pais não estão vigilantes às necessidades de seus filhos, afastando-se das responsabilidades, interagindo sem afeto e sem amor; (E) a disciplina relaxada, quando os pais não cumprem as regras estabelecidas por eles, omitindo-se; (F) a monitoria negativa que consiste no excesso de fiscalização dos pais sobre a vida dos filhos dando instruções repetitivas, as quais não são seguidas por eles; e finalmente (G) o abuso físico, que se caracteriza quando os pais ferem ou causam dor e constrangimentos a seus filhos.

Gomide (2011) aponta que a forma como os pais conduzem suas práticas repercute de modo considerável na educação dos filhos, principalmente se a formação proporcionar uma educação com qualidade, permitindo espaços com limites que contribuem na formação de um adulto adaptado para outros contextos. Além disso, os pais que estabelecem relações calorosas com seus filhos podem usar a autoridade com menos frequência e de forma mais eficaz (Towe-Goodman & Teti, 2008). O cuidado parental (isto é, a maternidade e a paternidade) significa muito mais que gerar e garantir a sobrevivência. A mãe (biológica ou não) quando utiliza a monitoria positiva, incentiva o diálogo, valoriza a autonomia e a supervisão, envolvendo-se emocionalmente com eventos e circunstâncias menos estressoras (Pacheco, Silveira, & Schneider, 2008). Vários autores (p. ex., Buckley & Schoppe-Sullivan 2010; Dessen & Braz 2000; Hofferth, Pleck, Stueve, Bianchi,& Sayer 2002; Manfroi et al., 2011; Pleck & Masciadrelli, 2004), relatam que, embora o envolvimento paterno tenha crescido modestamente nas últimas décadas, aumentando a participação nas responsabilidades parentais, os pais continuam a gastar menos tempo na educação dos filhos. Os autores ainda ressaltam que embora tenha havido mudanças contemporâneas no exercício da paternidade, ainda é conferida às mães os cuidados e a responsabilidade na educação dos filhos.

Goetz e Vieira (2009) realizaram um estudo para identificar a percepção que os filhos têm em relação ao cuidado paterno e as diferenças em relação ao cuidado materno. Participaram 216 estudantes com idades entre 10 e 11 anos, matriculados regularmente nas 4ª e 5ª séries do Ensino Fundamental de duas escolas públicas municipais da cidade de Florianópolis. Os resultados mostram que existem diferenças significativas entre a percepção das crianças sobre o pai real, isto é, aquele que está presente na rotina dos filhos, em relação ao pai ideal, que se ajusta a um modelo simbólico, existindo na imaginação deles (Berger & Luckmann, 2000). Os resultados revelaram ainda que os pais, no desempenho de suas funções, precisam estar mais presentes para que se aproximem do ideal dos filhos, no que se refere ao cuidado, à atenção, à orientação do comportamento, ao brincar e ao dar carinho. Em relação à percepção real da mãe, essa aproxima-se mais do ideal dos filhos, pois o que está mais presente são os gestos de cuidado, de maior atenção e proximidade ao modelo percebido por eles. Conhecer o que pensam os filhos sobre o cuidado materno e paterno é muito significativo para os pais, pois proporciona para ambos, uma compreensão mais definida das atribuições dos papéis parentais no contexto familiar, possibilitando uma relação mais efetiva no desenvolvimento dos filhos.

Em pesquisa realizada por Gomide (2009), foi avaliada a percepção dos filhos sobre suas mães, mulheres inseridas no mercado de trabalho, como educadoras. Foi aplicado o Inventário de Estilos Parentais em 160 jovens, de 12 a 24 anos, 88 do sexo feminino e 72 do masculino, filhos de 40 engenheiras, 40 médicas, 40 advogadas e 40 psicólogas. Os dados foram coletados em escolas, faculdades, universidades e nas residências dos participantes, no estado do Paraná. Os resultados mostraram que as mães, independentemente da profissão, utilizam pobremente as práticas educativas positivas (monitoria positiva e comportamento moral) recorrendo, com muita frequência, às práticas negativas (abuso físico e supervisão estressante), tentando alcançar controle sobre seus filhos, apresentando, em média, altos índices de negligência para com seus filhos, que não sentem que estão sendo cuidados. Segundo Gomide (2009), os resultados deste estudo mostram que mesmo as mulheres tendo alcançado papéis profissionais considerados importantes, ainda existem desafios a serem enfrentados, principalmente na educação dos filhos. A formação acadêmica, as informações e os conhecimentos adquiridos nos diferentes níveis da formação profissional delas não foram suficientes para melhorar as práticas educativas com seus filhos. A autora ainda ressalta que a sobrecarga de funções profissionais não as isentou das atribuições necessárias à formação dos filhos e das responsabilidades com as tarefas domésticas.

O estudo de Weber, Prado, Viezzer e Brandenburg (2004) corrobora os resultados de Gomide (2006) à medida que identifica, entre famílias brasileiras, os pais classificados como: 45,4% negligentes, 32,8% autoritativos, 11,8% permissivos e 10,1% autoritários. Embora os pais tenham se percebido como mais responsivos e exigentes do que seus filhos perceberam, a correlação entre as respostas dadas pelas crianças e por seus pais foi significativa e positiva. As diferenças de percepção dos estilos parentais foram discutidas e observou-se um número muito alto de famílias negligentes. Perceber a melhor forma de educar um filho é sempre um questionamento para as famílias. Um aspecto de grande importância também está no fato de não só saber o que fazer para educar bem, mas saber se o que está sendo feito é interpretado pela criança como se espera. Famílias em que ambos os pais trabalham e têm pouco tempo livre e disponível para os filhos podem manter a disciplina dos filhos pela autoridade excessiva ou negligência, com riscos para o desenvolvimento saudável dos filhos.

Em pesquisa realiza por Mensah e Kuranchie (2013), verificou-se os estilos parentais dominantes dos pais. A amostra do estudo foi composta por alunos e professores da Escola Básica (480 alunos que estavam em sua fase adolescente e 16 professores), nos Distritos Educativos Leste e Oeste de Sunyani da região de Brong Ahafo, no Gana. Os resultados do estudo revelaram que a maior parte dos pais foi percebida por adotar estilos criativos da parentalidade na educação dos seus filhos. Inferiu-se que a autoridade paterna com base na confiança, na compreensão e no consenso resultou em um comportamento pró-social dos filhos, enquanto que uma educação autoritária baseada em regras rígidas, punições verbais e físicas resultou em comportamento antissocial. É importante perceber que os pais que adotam estilos parentais mais autênticos podem permitir que os filhos apresentem comportamentos mais sadios e socialmente mais competentes, ajudando-os a superar situações sociais mais difíceis e a participar da vida social de forma mais positiva.

Em termos gerais, no que se refere às práticas parentais dos pais, há consenso entre os pesquisadores de que as formas positivas de relacionamento são preditores importantes no desenvolvimento social de crianças e adolescentes (Alvarenga & Piccinini, 2007; Goetz & Vieira, 2009; Gomide, 2009; Weber et al., 2004). Entretanto, saber como os pais se relacionam e educam seus filhos tem sido muito discutido na literatura, mas, compreender a relação entre as práticas educativas de pais e mães e indicadores da percepção dos filhos em relação a eles são estudos bastante escassos (Goetz & Vieira, 2009; Gomide, 2009; Weber et al., 2004). A forma como os filhos veem essa atuação e como ampliam essa percepção, pode trazer implicações para etapas futuras do seu desenvolvimento (Alvarenga & Piccinini, 2007). Contribuir com práticas educativas positivas e adotar estratégias que atendam às necessidades dos filhos, como atenção, diálogo, incentivo aos estudos, estabelecimento de regras e limites, é papel fundamental dos pais, pois estas atitudes podem estabilizar e organizar o repertório comportamental dos filhos (Alvarenga & Piccinini, 2007; Goetz & Vieira, 2009; Gomide, 2009; Weber et al., 2004).

É importante perceber que o apoio dos pais no momento de mudanças significativas impacta na preparação do indivíduo para sua vivência em sociedade e traz novas demandas na interação e aceitação das relações parentais (Taggart, Sylva, Melhuish, Sammons, & Siraj-Blatchford, 2011; Trivellato-Ferreira & Marturano, 2008). Portanto, os autores ainda relatam que passar por transições escolares, como por exemplo, ingressar no 6º ano, pode acarretar dificuldades, evidenciando muitas vezes pouco comprometimento com o ambiente escolar. Alguns autores (p. Ex., Burt & Roisman, 2010; Marturano, 2013; Reynolds, Sander, & Irvin, 2010), consideram que o cumprimento e o sucesso na resolução de tarefas e a qualidade de interações positivas com os colegas e professores podem influenciar o adolescente no ajustamento ao novo contexto, na competência futura e no progresso das etapas posteriores. Para os autores, parece bem definido que a aquisição precoce de habilidades acadêmicas, promovida por práticas estimulantes e responsivas dos pais, pode impactar no desenvolvimento das crianças em relação ao fracasso escolar e ao crescente risco de um desajustamento social.

Os estudos apresentados sugerem que os estilos parentais que envolvem cada família podem tanto intensificar a qualidade da relação, como comprometer todo o relacionamento (p. ex., Goetz & Vieira, 2009; Gomide, 2009; Manfroi et al., 2011; Paiva & Ronzani, 2009). Diante destas considerações, o presente estudo tem por objetivos comparar a percepção das práticas parentais paternas e maternas e a percepção dos filhos sobre essas práticas, na transição para o 6º ano.

 

Método

O presente estudo foi realizado em uma Escola da Rede Pública Estadual, localizada na região norte da cidade de Niterói – RJ, que atende adolescentes de 11 a 17 anos, alunos do 6º ano do Ensino Fundamental. Contou com a participação dos estudantes do 6º ano e de seus respectivos pais. Os participantes pais assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e os filhos deram o consentimento verbal. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade sob o Parecer 1933916, atendendo às normas da Resolução 466/2012 e a 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde.

Participantes

Participaram desta pesquisa 147 estudantes com idades entre nove a 15 anos (M = 11,5; DP = 0,8), sendo 55% (N=81) do sexo masculino. Além dos estudantes, foram pesquisados 29 pais e 125 mães dos estudantes. A idade média dos pais foi 41,5 anos (DP = 7,8 anos; amplitude de 31 anos a 56 anos) e a idade média das mães foi 38,1 anos (DP = 6,9 anos; amplitude de 27 anos a 65 anos). Quanto à escolaridade 2,5% (N=4) eram de pais analfabetos, 17,4% (N=27) de pais com Ensino Fundamental incompleto, 9,7% (N=15) de pais com Ensino Médio incompleto, 51% (N=78) de pais com nível Médio, 7,7% (N=12) com Ensino Superior e 11,8% (N=18) não responderam. Em relação ao estado civil dos pais, 27% (N=41) eram casados, 32% (N=50) eram divorciados, 39% N=60) tinham outro estado civil e 2% (N=3) não responderam. Conforme oo dados da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas (ABEP, 2016), baseado no levantamento socioeconômico, as famílias do estudo encontram-se na classe B1 (11,6%) (N=18), classe B2 (11%) (N=17), classe C1 (43,5%) (N=67), classe C2 (27%) (N=43), classe D/E (5,8%) (N=9) e não responderam (1,2%) (N=2).

Instrumentos

O Inventário de Estilos Parentais (IEP – versão pais e filhos), elaborado e validado por Sampaio e Gomide (2006) apresenta 42 questões, contendo a ação à qual a criança/ mãe /pai deve responder indicando a frequência com que cada situação acontece. Então, responde-se: Nunca: se em 10 ocasiões, ele (a) agiu daquela maneira de 0 a 2 vezes; Às Vezes: se em 10 ocasiões, ele (a) agiu daquela maneira de 3 a 7 vezes; Sempre: se em 10 ocasiões, ele (a) agiu daquela maneira de 8 a 10 vezes. As questões são distribuídas de maneira que envolvam as sete práticas educativas: (A) monitoria positiva, (B) comportamento moral, (C) negligência, (D) punição inconsistente, (E) disciplina relaxada, (F) monitoria negativa e (G) abuso físico, cada fator apresentando seis perguntas. Quanto à consistência interna (Alpha de Cronbach), os componentes indicaram, no grupo de mães e pais, os seguintes valores monitoria positiva (mãe: 0,61; pai: 0,80); comportamento moral (mãe: 0,70; pai: 0,78); negligência (mãe: 0,73; pai: 0,80); punição inconsistente (mãe: 0,66; pai: 0,76); disciplina relaxada (mãe: 0,62; pai: 0,74); monitoria negativa (mãe: 0,47; pai: 0,62); abuso físico (mãe: 0,82; pai: 0,87).

Procedimentos

Para a coleta de dados, a pesquisadora entrou em contato com a Direção da escola, solicitando autorização para realizar pesquisa com os pais/mães do público-alvo. A reunião foi marcada previamente pela Coordenação Pedagógica. Participou da coleta de dados o responsável presente na reunião (pai ou mãe do estudante), que foi esclarecido e convidado a realizar a pesquisa. Os instrumentos foram aplicados em uma única sessão. Para a aplicação dos instrumentos com os alunos, a pesquisadora marcou previamente com os professores em um horário que não fosse interferir na rotina escolar.

Na análise de dados, a fim de investigar se a percepção dos pais e mães sobre o seu próprio estilo parental, e dos filhos sobre o estilo parental de seus pais, apresentavam médias significativamente diferentes, foi realizada uma Análise Univariada de Variância (ANOVA) (Field, 2013). Para a correção da homogeneidade de variância da amostra foi realizada por meio do teste de Welch. Além disso, foi utilizado o post-hoc Games-Howell (G-H) por este ser um teste robusto para comparar amostras com variâncias heterogêneas (Field, 2013). As análises foram realizadas por meio do software Statistical Package for the Social Sciences versão 21 (SPSS 21).

Resultados

A Tabela 1 apresenta análises descritivas, com os valores das médias e desvios-padrão dos grupos de pais, mães e filhos nos escores de estilo parental e suas dimensões (abuso físico, punição inconsistente, disciplina relaxada, monitoria negativa, negligência, monitoria positiva e comportamento moral). A Tabela 2 apresenta as diferenças de médias nas comparações entre grupos de pais, mães e filhos nos escores de estilo parental e suas dimensões (abuso físico, punição inconsistente, disciplina relaxada, monitoria negativa, negligência, monitoria positiva e comportamento moral). Os resultados da ANOVA demonstraram que há diferenças nas médias das percepções de estilo parental das mães e dos pais (GH= -15,1, p=0,05) e da avaliação que os filhos realizam sobre o estilo parental de seus pais (GH=-6,9, p=0,05) e mães (GH=-17,3, p=0,05). Foi observado que as participantes mães avaliaram seu estilo parental de forma significativamente mais positiva que a percepção de seus filhos sobre o seu estilo parental (GH= -17,3, p=0,05). Já os participantes pais avaliaram o seu estilo parental de forma mais negativa em comparação ao estilo parental percebido pelos filhos, que também mantiveram diferenças significativas da percepção sobre o estilo parental dos seus pais (GH=-6,9, p=0,05).

As mães avaliaram seu estilo parental de forma mais positiva, o qual pode ser categorizado como um estilo parental bom, segundo Sampaio e Gomide (2007). A avaliação dos filhos sobre o estilo parental dos seus pais e mães pode ser classificado como um estilo parental de risco. Por fim, o grupo de pais foi o que avaliou o seu estilo parental de forma mais negativa, o qual também pode ser categorizado como um estilo parental em risco (Sampaio & Gomide, 2007). No que se refere às diferenças de médias nas dimensões de estilo parental, foram observadas distinções entre a percepção dos pais, mães e a percepção dos filhos sobre os pais e mães em todas as dimensões (abuso físico, punição inconsistente, disciplina relaxada, monitoria negativa, negligência, monitoria positiva e comportamento moral), conforme descreve-se a seguir.

Na dimensão abuso físico, as percepções dos filhos sobre as práticas parentais das mães apresentaram as médias mais altas (GH=-4,7, p=0,01), seguidas pelas percepções dos filhos sobre as práticas dos pais (GH=-6,9, p=0,05). Na dimensão punição inconsistente, não foram observadas diferenças significativas entre os índices das percepções das mães sobre suas próprias práticas educativas e da percepção dos filhos sobre as práticas maternas. Os pais apresentaram as médias mais altas na dimensão punição inconsistente e estas médias se diferenciaram significativamente da percepção das mães sobre suas próprias práticas (GH=-7,5, p=0,01). A percepção dos pais apresentou médias significativamente superiores para a punição inconsistente em relação à percepção dos filhos (GH=7,7, p=0,01).

Na dimensão disciplina relaxada, os índices de percepção das mães sobre suas práticas parentais apresentaram médias mais altas do que os índices de percepção dos pais (GH=4,4, p=0,01). As percepções dos filhos sobre as mães foram significativamente superiores (GH=1,2, p=0,01) aos índices de percepção dos pais em comparação aos índices das percepções dos filhos sobre os pais (GH=-2,8, p=0,01). Na dimensão monitoria negativa, os índices de percepção das mães sobre suas próprias práticas parentais apresentaram médias significativamente superiores em comparação aos índices de percepção dos pais (GH=4,7, p=0,01) e da percepção dos filhos sobre as práticas maternas (GH=4,9, p=0,01). Não foram observadas diferenças nos índices de monitoria negativa entre os grupos de pais dos índices de percepção dos filhos.

 

 

A dimensão negligência apresentou médias mais altas nos índices de percepção no grupo de pais, sendo que estes níveis foram significativamente diferentes das percepções das práticas das mães (GH=-7,1, p=0,01) e da percepção dos filhos sobre os seus pais (GH=6,5, p=0,01) e suas mães (GH=-1,2, p=0,01).

Os índices de monitoria positiva foram mais altos na percepção das práticas das mães, sendo que os escores das mães diferenciaram-se significativamente dos índices de percepção dos pais (GH=4,4, p=0,01) e da percepção dos filhos sobre os pais (GH=-2,9, p=0,01) e mães (GH=1,1, p=0,01). A dimensão comportamento moral apresentou os índices mais altos para as percepções das mães, sendo que estes escores foram significativamente superiores aos índices de percepção dos pais (GH=6,8, p=0,01) e da percepção dos filhos sobre suas mães (GH=7,2, p=0,01).

 

 

 

Discussão

Esse estudo objetivou comparar a percepção das práticas parentais de pais e mães com a percepção dos filhos sobre essas práticas. A família e suas relações, bem como a forma que os pais se utilizam para educar seus filhos, tem sido tema de investigação, uma vez que envolve a formação de indivíduos que estão em desenvolvimento. A família por se apresentar como o primeiro ambiente social no qual a criança participa e aprende as diversas maneiras de se relacionar, passa a ser responsável pela formação dos filhos sob os aspectos comportamentais, emocionais e intelectuais. Em virtude disso, existe uma singularidade de cada família na formação dos filhos e os pais muitas vezes desconhecem o processo de desenvolvimento de crianças e adolescentes, utilizando-se da mesma prática que receberam de seus pais. Seja como for, os efeitos dessa educação trazem uma importância no estudo, pois além da preocupação de educar, é necessário que os pais se identifiquem nessa relação e a utilizem de maneira positiva a aproximação dos filhos para um crescimento mais harmonioso e saudável. A partir da análise dos trabalhos empíricos abordados nessa pesquisa e os próprios resultados apresentados, percebe-se que a maneira como os pais se veem na relação com os filhos não é a mesma como os filhos veem os pais. Apesar de existir uma pluralidade na configuração familiar e os pais terem que buscar a sobrevivência da família no trabalho, o desempenho dos papéis sociais dentro do ambiente familiar continua alto e reflete aos anseios dos filhos que buscam o afeto, a atenção e a segurança necessária ao seu desenvolvimento.

Dessa forma, os resultados do estudo demonstram que há diferenças nos índices de percepção das mães e dos pais sobre suas práticas parentais dos índices de percepção que os filhos realizam sobre o estilo parental de seus pais. As participantes mães perceberam seu estilo parental de forma significativamente mais positiva que a percepção de seus filhos. Segundo Goetz & Vieira (2013), a percepção está relacionada na maneira subjetiva com que cada indivíduo compreende o mundo que o cerca, especialmente as relações que se estabelecem no contexto no qual está inserido. Darling e Steinberg (1993) consideram que para se compreender como os elementos do estilo parental se configuram e influenciam no desenvolvimento dos filhos, é importante entender o contexto familiar, pois este sofre influências e varia de acordo com a cultura, a classe social e a composição familiar. Os autores ainda consideram que as práticas parentais podem ser influenciadas pelos valores e objetivos que os pais têm em relação ao filho. Para alguns autores (por exemplo, Manfroi et al., 2011; Pacheco et al., 2008), as mães sempre foram vistas como cuidadoras, com uma formação sólida de vínculos permanentes e atenciosos com os filhos, que expressam uma ligação que fortalece o ambiente familiar.

Nota-se a importância da relação da mãe com a criança, embora, a partir do século XX, a estrutura familiar comece a ser modificada e o papel da mãe deixe de possuir a exclusividade no lar (Gabriel & Dias, 2011). Com as mudanças de paradigmas acerca das transformações sociais, a mulher conquista direitos políticos, a liberdade de escolha aos vínculos matrimoniais, com a descoberta dos anticoncepcionais controla e decide sobre o número de filhos, além de passar a exercer outras funções de trabalho fora de casa, dividindo seu tempo entre as obrigações com o sistema familiar e o laboral (Gabriel & Dias, 2011; Salvagni & Canabarro, 2015; Zamberlan & Alves, 2008).

O grupo de pais foi o que avaliou seu estilo parental de forma mais negativa. Em relação aos pais, este comportamento pode se destacar pela própria construção cultural e histórica da função paterna de ser um provedor, e, sobretudo, porque na sociedade brasileira, os pais não se ausentavam do trabalho no momento do nascimento do filho, tornando o processo de vínculo mais demorado (Manfroi et al., 2011). Segundo Maia et al. (2013), a família patriarcal é exemplo de uma instituição social, no qual o machismo apresenta-se como um aspecto cultural que influencia nos comportamentos dos pais e, mesmo ocorrendo mudanças socioculturais importantes na sociedade, continua sua difusão. Os autores concluem que apesar de transformações nas estruturas familiares, as novas gerações continuam repassando uma cultura machista, envolvendo-se pouco no cuidado com seus filhos, atribuindo ao homem uma função de provedor.

Os filhos expõem nesta pesquisa, sua percepção em relação às práticas parentais que recebem de seus pais e mães. Suas percepções em relação às práticas educativas paternas estão bem diferentes da forma como os pais se veem. Embora os filhos apresentem percepções mais negativas nas práticas utilizadas pelos seus pais e mães, há indicação de que as mães estão mais presentes, com uma coordenação de esforços para exercer seu papel. Essa atuação pode ser notada com a participação e presença marcante nas reuniões escolares, que contribuem para um impacto mais positivo no comportamento dos adolescentes. Quanto aos cuidados das mães com os seus filhos, as evidências mostram que o acompanhamento e o apoio desenvolvidos em um período importante de transição escolar, melhoram as adaptações escolares, as aprendizagens e aperfeiçoam os níveis de comportamento nos anos de escolaridade subsequentes (Mondin, 2008).

Na descrição do relacionamento entre mães, pais e filhos, foram encontradas percepções diferentes em todas as dimensões: abuso físico, punição inconsistente, disciplina relaxada, negligência, monitoria negativa, monitoria positiva e comportamento moral. As discussões a seguir comparam as percepções das mães, dos pais e dos filhos em relação ao estilo parental cada um deles.

Abuso Físico
Na dimensão abuso físico, a percepção dos pais sobre suas próprias práticas apresentou médias mais altas do que as mães. A percepção dos filhos sobre as práticas maternas apresentou médias mais altas do que a percepção sobre as práticas paternas. Segundo Buschgens et al. (2010), os filhos que percebem falta de calor parental, altos níveis de rejeição e superproteção podem exibir comportamentos externalizantes, agressivos e delinquentes. A punição no contexto familiar ainda persiste e culturalmente é compreendida como disciplinadora (Gershoff & Grogan-Kaylor, 2016). É justificada como uma prática educativa que os pais usam para tentar controlar o comportamento negativo de seus filhos e promover seu comportamento positivo (Gershoff et al., 2010). A utilização deste tipo de estilo parental, especialmente quando se apresenta como uma punição física tem sido exposta na literatura como ineficaz e prejudicial ao desenvolvimento de crianças e adolescentes (Gershoff & Grogan-Kaylor, 2016). Para Gomide (2003) e para Marin, Martins, Silva e Piccinini (2013), a prática do abuso físico é prejudicial ao desenvolvimento dos filhos e pode originar emoções penosas como apatia, medo, desinteresse, ansiedade, raiva, podendo diminuir o entendimento para a necessidade de modificação de seu comportamento. Na descrição desses relacionamentos com os pais, foi percebido que utilizar práticas mais negativas pouco facilita a interação, o envolvimento e a etapa evolutiva dos filhos.

Punição Inconsistente
Na dimensão punição inconsistente, a percepção dos pais apresentou as médias mais altas. Nessa dimensão não foram observadas diferenças entre osíndices das percepções das mães e da percepção dos filhos sobre os pais. Podese verificar que os filhos observam de maneira diferente o desempenho de ambos, no cuidado direto ou indireto para com eles. A punição inconsistente pode gerar dúvidas na reação do filho, pois ele fica sem saber como proceder, aprendendo mais a perceber o humor do pai do que a forma correta de agir (Gomide, 2009). Esta situação pode ajudar no aparecimento de transtornos internalizantes, como tristeza, timidez e medos devido a uma relação insegura e sem afeto (Cavalcante & do Carmo Kabengele, 2014).

Disciplina relaxada
Ao considerar o índice de estilo parental na dimensão disciplina relaxada, a percepção das mães sobre suas práticas apresentou médias mais altas do que os pais e a percepção dos filhos sobre as práticas paternas e maternas. Portanto, os filhos consideram o uso desse estilo na educação deles. Segundo Gomide (2009), o não cumprimento de regras estabelecidas, leva os filhos a não saberem como agir, a perceberem que regras podem ser descumpridas, não levando em conta seu comportamento inadequado. Para Gomide (2007), Pacheco e Hutz (2009) introduzir a disciplina na vida das crianças, acentua a interação familiar e começa a estabelecer desde cedo, regras, limites, trazendo o bem-estar, a saúde psíquica, desenvolvendo atitudes pró-sociais, a confiança e aumentando o grau de civilidade no comportamento humano.

MMonitoria Negativa
Na dimensão monitoria negativa, a percepção das mães sobre suas práticas apresentou médias significativamente superiores à percepção dos pais. Não foram observadas diferenças entre as médias de percepção dos filhos sobre as práticas dos pais e mães. A prática da monitoria negativa causa, segundo Gomide (2009), ambiente estressado, identificado por ordens excessivas e sem diálogo. A adolescência é um momento de transição e o excesso de regras e exigências que influenciam negativamente aprendizagens futuras, pode favorecer uma maior susceptibilidade aos efeitos negativos dos ambientes de risco, acarretando comportamentos externalizantes precoces, como impulsividade, agressão e agitação (Buschgens et al., 2010).

Negligência
Na dimensão negligência, a percepção dos pais apresentou as médias mais altas. A percepção das mães apresentou médias mais baixas em relação a dos pais e a percepção dos filhos sobre os pais e mães. A literatura tem mostrado que na negligência existe pouco envolvimento emocional, o atendimento inadequado das necessidades básicas das crianças, o distanciamento da tarefa de socialização e monitoramento dos filhos, a violência familiar e a falta de adoção de limites causam profundos problemas na afetividade e proteção à criança. Com isso, os filhos demonstram uma maior probabilidade de terem dificuldades de aprendizagem e atrasos no desenvolvimento (Di Leo, 2011; Dubowitz, 2007; Gomide, 2011; Mayer, Lavergne, Touring, & Wright, 2007; Pacheco & Hutz, 2009).

Monitoria positiva
Considerando o índice de estilo parental na dimensão monitoria positiva, a percepção das mães apresentou médias mais altas do que a dos pais. Os filhos também apresentam escores superiores nos índices de percepção sobre as práticas educativas da mãe em comparação a percepção das práticas paternas. Nessa dimensão, as mães sabem da necessidade do monitoramento positivo e, consequentemente, precisam saber em que espaço seus filhos estão e com quem. Nesta faixa etária de transição escolar, isto é, entrando no 6º ano, o estudante se depara com um mundo que precisa conhecer, almejando maior autonomia e identidade social. A literatura sobre várias práticas de socialização e seus efeitos, fornece evidências consistentes de que o afeto dos pais, o relacionamento estreito, a frequência de interações mais positivas do que mais negativas, o monitoramento constante durante a adolescência, a construção de limites e as regras, estão associadas com menos comportamentos externalizantes problemáticos (Alvarenga & Piccinini, 2007; Burt & Roisman, 2010; Dessen & Polonia, 2007; Gomide, 2011; Smetana, 2008; Van Voorhis, Maier, Epstein, & Lloyd, 2013). Os comportamentos externalizantes disfuncionais podem trazer sérias consequências em longo prazo, podendo contribuir para um aumento de problemas comportamentais para os adolescentes.

Comportamento moral
A última dimensão apresentada é o comportamento moral que mostrou médias mais altas na percepção das mães sobre suas próprias práticas. A família é o primeiro grupo que promove a educação e é o ambiente no qual se aprende regras de convívio social e respeito (Patias, Siqueira, & Dias, 2013). Outros ambientes irão exercer muitas influências nos indivíduos, mas é na família e no convívio social que os valores morais serão consolidados, utilizando-se de estratégias de formação com a intenção de tornar os filhos capacitados e viverem em sociedade (López et al., 2009; Macarini et al., 2010; Patias et al., 2013; Romanelli, 2013; Wagner et al., 2011). O comportamento moral como prática educativa é entendido como o processo de modelagem de papéis sociais, na comunicação de normas e valores mediante modelo das ações e exemplos dos pais na interação familiar (Gomide, 2004).

 

Considerações finais

Este estudo levantou diferenças na percepção de pais e filhos em relação às práticas parentais utilizadas pela família, com a intenção de educar seus filhos. Apesar de as mães terem apresentado alguns resultados que indicam atitudes mais severas, os filhos apontam que elas estão mais presentes na supervisão, no acompanhamento, na formação de hábitos, além de estarem mais próximas das expectativas reais dos filhos. Esses resultados vislumbram fatos semelhantes aos já apresentados em outros estudos, percebendo-se que os filhos atribuem às mães um envolvimento parental ligado ao carinho, ao cuidado e aos pais uma preocupação ligada ao sustento e segurança da família (Goetz & Vieira, 2009; Pacheco et al., 2008). Os filhos também apresentam uma expectativa alta em relação às atitudes dos pais, pois suas percepções sobre a forma como os pais os educam são bem diferentes da forma como os pais se veem.

É importante ressaltar que o envolvimento dos pais nas práticas educativas, principalmente no período de transição para o 6º ano, pode facilitar a continuidade e o êxito neste ano de escolaridade e para os anos subsequentes. Neste momento em que o estudante enfrenta novas demandas como a organização de um novo ambiente acadêmico, a participação parental reserva progressos positivos quando existe um acompanhamento direto na vida escolar. A presença dos pais na supervisão das atividades escolares e de lazer, o acompanhamento dos avanços e êxitos escolares são importantes mecanismos de apoio educativo. Embora muitos pais justifiquem sua ausência devido a uma presumida maturidade dos filhos, distanciando-se das vivências tão importantes nesta fase da vida dos adolescentes, sua participação ainda é imprescindível neste momento. É certo que a transição vai exigir dos estudantes mais autonomia e maior desempenho cognitivo, pois ele é o condutor e protagonista neste processo, mas a influência parental é decisiva para o sucesso escolar. Portanto, espera-se que o estudo possa levantar questionamentos e melhorar a informação entre a família e a escola, sobre a importância das práticas parentais no desenvolvimento dos adolescentes.

Como limitação pode-se apontar o fato de a pesquisa ter sido feita numa só escola o que pode ter restringido os resultados para outras realidades educacionais, além de um número reduzido de pais participantes na pesquisa, em relação à participação materna. Pode-se pensar em estudos futuros que apontem para o papel do pai nas relações familiares e na sua influência na formação infantil. É importante ampliar o estudo para verificar possíveis diferenças entre as práticas parentais para os fatores característicos dos filhos, a fim de verificar se existem diferenças na educação de meninos e meninas.

 

Declaração de conflitos de interesse

Não há conflitos de interesse.

 

Referências

Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa [ABEP]. Critério de Classificação Econômica Brasil. (2016). Recuperado de http://www.abep.org/novo/Utils/FileGenerate.ashx?id=197.

Alvarenga, P., & Piccinini, C. (2007). O impacto do temperamento infantil, da responsividade e das práticas educativas maternas nos problemas de externalização e na competência social da criança. Psicologia: Reflexão e Crítica, 20(2), 314-323. http://dx.doi.org/10.1590/S0102- 79722007000200018f.

BBaumrind, D. (1966). Effects of authoritative parental control on child behavior. Child Development, 37, 887-907. http://dx.doi.org/10.2307/1126611.

Berger, P. L., & Luckmann, T. (2000). A construção social da realidade: Tratado de sociología do conhecimento. Petrópolis, RJ: Vozes.

Buckley, C. K., & Schoppe-Sullivan, S. J. (2010). Father involvement and coparenting behavior: Parents' nontraditional beliefs and family earner status as moderators. Personal Relationships, 17 (3), 413-431. https://dx.doi.org/10.1111%2Fj.1475-6811.2010.01287.x.

Burt, K. B., & Roisman, G. I. (2010). Competence and psychopathology: Cascade effects in the NICHD Study of Early Child Care and Youth Development. Development and Psychopathology, 22, 557-567. http://dx.doi.org/10.1017/S0954579410000271.

Buschgens, C. J., van Aken, M. A., Swinkels, S. H., Ormel, J., Verhulst, F. C., & Buitelaar, J. K. (2010). Externalizing behaviors in preadolescents: Familial risk to externalizing behaviors and perceived parenting styles. European Child & Adolescent Psychiatry, 19(7), 567-575. http://dx.doi.org/10.1007/s00787-009-0086-8.

Cavalcante, A. K., & do Carmo Kabengele, D. (2014). A sensibilização psicológica dos pais de crianças e adolescentes considerados indisciplinados. Caderno de Graduação-Ciências Humanas e Sociais-UNIT-ALAGOAS, 2(2), 137-148. Recuperado em 29 de abril de 2019, de https://periodicos.set.edu.br/index.php/fitshumanas/article/view/1863/1068.

Conselho Nacional de Saúde (Brasil). Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Brasília, 2012. Dispõe sobre a função de implementar normas e diretrizes regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Recuperado de http://www.conselho.saude.gov.br/web_comissoes/conep/index.html.

Conselho Nacional de Saúde (Brasil). Resolução nº 510 de 7 de abril de 2016. Dispõe sobre as especificidades éticas das pesquisas nas ciências humanas e sociais e de outras que utilizam metodologias próprias dessas áreas. Recuperado de http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/reso510.pdf.

Crockett, L. J., Petersen, A. C., Graber, J. A., Schulenberg, J. E., & Ebata, A. (1989). School transitions and adjustment during early adolescence. The Journal of Early Adolescence, 9(3), 181-210. http://dx.doi.org/10.1177/0272431689093002.

Garzón, M. D. (2010). A comparison of personal entrepreneurial competences between entrepreneurs and CEOs in service sector. Service Business, 4(3), 289–303. doi:10.1007/s11628-009-0090-6

Darling, N. & Steinberg, L. (1993). Parenting style as context: an integrative model. Steinberg, L. (1993). Parenting style as context: an integrative model. Psychological Bulletin, 113(3), 487-496. https://psycnet.apa.org/doi/10.1037/0033-2909.113.3.487.

Di Leo, P. F. (2011). Violencias y climas sociales en escuelas medias: experiencias de docentes y directivos. Educação e Pesquisa, 37(3), 599-612. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-97022011000300010.

Field, A. P. (2013). Discovering statistics using IBM SPSS Statistics: And sex and drugs and rock’n’roll. London: Sage.

Gabriel, M. R., & Dias, A. C. G. (2011). Percepções sobre a paternidade: Descrevendo a si mesmo e o próprio pai como pai. Estudos de Psicologia (Natal), 16(3), 253-61. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-294X2011000300007.

Gershoff, E. T., & Grogan-Kaylor, A. (2016). Spanking and child outcomes: Old controversies and new meta-analyses. Journal of Family Psychology. http://dx.doi.org/10.1037/fam0000191.

Gershoff, E. T., Grogan-Kaylor, A., Lansford, J. E., Chang, L., Zelli, A. Deater-Deckard, K., & Dodge, K. A. (2010). Parent discipline practices in an international sample: Associations with child behaviors and moderation by perceived normativeness. Child Development, 81 2), 487-502. https://doi.org/10.1111/j.1467-8624.2009.01409.x.

Goetz, E. R., & Vieira, M. L. (2009). Percepções dos filhos sobre aspectos reais e ideais do cuidado parental. Estudos de Psicologia (Campinas), 26(2), 195-203. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-166X2009000200007.

Goetz, E. R., & Vieira, M. L. (2013). Pai real, pai ideal: O papel paterno no desenvolvimento infantil. Curitiba, PR: Juruá Editora.

Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes: Regras e limites. Petrópolis, RJ: Vozes.

Gomide, P. I. C. (2007). Estilos parentais e comportamento antissocial. In A. Del Prette, & Del Prette (Eds.), Habilidades sociais, desenvolvimento e aprendizagem (pp. 21-60). São Paulo, SP. Editora Alínea.

Gomide, P. I. C. (2009). A influência da profissão no estilo parental materno percebido pelos filhos. Estudos de Psicologia (Campinas), 26(1), 25-34. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-166X2009000100003.

Gomide, P. I. C. (2011). Inventário de Estilos Parentais, modelo teórico: Manual de aplicação, apuração e interpretação. Petrópolis, RJ: Vozes.

Hofferth, S. L., Pleck, J., Stueve, J. L., Bianchi, S., & Sayer, L. (2002). The demography of fathers: What fathers do. In C. S. Tamis-LeMonda, & N. Cabrera (Eds.), Handbook of Father Involvement (pp. 63–90). United States of America, USA. Fifth Edition.

Hoffman, M. L. (1975). Moral Internalization, parental power, and the nature of parent-child interaction. Developmental Psychology, 11(2), 228–239. https://psycnet.apa.org/doi/10.1037/h0076463.

López, M. J. R., Quintana, J. C. M., Casimiro, E. C., & Máiquez Chaves, M. L. (2009). Las competencias parentales en contextos de riesgo psicosocial. Psychosocial Intervention, 18(2), 113-120. Recuperado en 29 de abril de 2019, de http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1132-05592009000200003&lng=es&tlng=es.

Macarini, S. M., Martins, G. D. F., Minetto, M. D. F. J., & Vieira, M. L. (2010). Práticas parentais: Uma revisão da literatura brasileira. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 62 62(1), 119-134. Recuperado em 29 de abril de 2019, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672010000100013&lng=pt&tlng=pt.

Maia, C. C., Silva, K. L., Ferreira, A. G. N., Gubert, F. A., Scopacasa, L. F., Pinheiro, P. N. C., Vieira, N. F. C. (2013). Influência da cultura machista na educação dos filhos e na prevenção das doenças de transmissão sexual: Vozes de mães de adolescentes. Adolescência e Saúde, 10(4), 17-24. Recuperado em 29 de abril de 2019, de http://www.adolescenciaesaude.com/detalhe_artigo.asp?id=421.

Maia, F. A., & Soares, A. B. (2014). Habilidades sociais na transição do segundo ciclo do Ensino Fundamental. In L. Campos (Ed.), Resiliência & Habilidades Sociais: Reflexões acerca de suas articulações e seus desdobramentos na escola e na vida (pp. 21-39). Curitiba, PR: Appris.

Manfroi, E. C., Macarini, S. M., & Vieira, M. L. (2011). Comportamento parental e o papel do pai no desenvolvimento infantil. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, 21(1), 59-69. http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.19996.

Marin, A. H., Martins, G. D. F., Freitas, A. P. C. O., Silva, I. M., Lopes, R. C. S., Piccinini, C. A. (2013). Transmissão intergeracional de práticas educativas parentais: Evidências empíricas. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 29(2), 123-132. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722013000200001.

Martins, E. C., & Martins, S. I. B. (2017). Educação parental na transição e adaptação das crianças portuguesas da pré-escola ao 1º Ciclo do Ensino Básico. Revista de Educação PUC-Campinas, 22(1), 19-35 http://dx.doi.org/10.24220/2318-0870v22n1a3300.

Marturano, E. M. (2008). Tensões cotidianas na transição da primeira série: um enfoque de desenvolvimento. Psicologia em Estudo, 13, 79-87. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-73722008000100010

Marturano, E. M. (2013). A Criança, a família, a escola e a transição para o Ensino Fundamental. In E. C. Konkiewitz (Ed.), Aprendizagem, comportamento e emoções na infância e adolescência: Uma visão transdisciplinar (pp. 47-69). Dourados, MS: Editora UFGD.

Mayer, M., Lavergne, C., Tourigny, M., & Wright, J. (2007). Characteristics differentiating neglected children from other reported children. Journal of Family Violence, 22(8), 721-732. http://dx.doi.org/10.1007/s10896-007-9120-0.

Mensah, M. K., & Kuranchie, A. (2013). Influence of parenting styles on the social development of children. Academic Journal of Interdisciplinary Studies, 2(3), 123-129. http://dx.doi.org/10.5901/ajis.2013.v2n3p123.

Mondin, E. M. C. (2008). Estilos parentais e desenvolvimento de habilidades sociais da criança. In M. A. T. Zamberlan, & Z. M. M. B. Alves. (Eds.), Interações familiares: Teoria, pesquisa e subsídios à intervenção (pp. 59-79). Londrina, PR: Eduel.

Pacheco, J. T. B., & Hutz, C. S. (2009). Variáveis familiares preditoras do comportamento anti-social em adolescentes autores de atos infracionais. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 25(2), 213-219. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722009000200009.

Pacheco, J. T. B., Silveira, L. M. O. B., & Schneider, A. M. A. (2008). Estilos e práticas educativas parentais: Análise da relação desses construtos sob a perspectiva dos adolescentes. Psico, 39(1), 66-73. Recuperado em 29 de abril de 2019, de http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistapsico/article/download/1480/2797.

Paiva. F. S., & Ronzani, T. M. (2009). Estilos parentais e consumo de drogas entre adolescentes: Revisão Sistemática. Psicologia em Estudo, 14(1), 177-183. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-73722009000100021.

Patias, N. D., Siqueira, A. C., & Dias, A. C. G. (2013). Práticas educativas e intervenção com pais: A educação como proteção ao desenvolvimento dos filhos. Psicologia da Saúde, 21(1), 29-40. http://dx.doi.org/10.15603/2176-1019/mud.v21n1p29-40.

Patterson, G., Reid, J., & Dishion, T. (2002). Antisocial boys. Comportamento antissocial. Santo André, SP: ESETec Editores Associados.

Pleck, J. H., & Masciadrelli, B. P. (2004). Parental involvement by U.S. residential fathers: Levels, sources, and consequences. In M. E. Lamb (Ed.), The role of the father in child development (pp. 222–271). New York, NY: Wiley.

Reynolds, M. R., Sander, J. B., & Irvin, M. J. (2010). Latent curve modeling of internalizing behaviors and interpersonal skills through elementary school. School Psychology Quarterly, 25(4), 189-201. http://dx.doi.org/10.1037/a0021543.

Romanelli, G. (2013). Levantamento crítico sobre as relações entre família e escola. In G. Romanelli, M. A. Nogueira, & N. Zago (Eds.), Família & escola: Novas perspectivas de análise (pp. 29-60). Petrópolis, RJ: Editora Vozes.

Salvagni, J., & Canabarro, J. (2015). Mulheres líderes: As desigualdades de gênero, carreira e família nas organizações de trabalho. Revista de Gestão e Secretariado, 6(2), 88-110. https://doi.org/10.7769/gesec.v6i2.347.

Sampaio, I. T. A., & Gomide, P. I. C. (2006). Inventário de Estilos Parentais (IEPGomide, 2006): Percurso de padronização e normatização. Argumento, 25(48), 15-26. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-82712007000100015.

Smetana, J. G. (2008). “It’s 10 o’clock: Do you know where your children are?” Recent advances in understanding parental monitoring and adolescents’ information management. Child Development Perspectives, 2(1), 19-25. http://dx.doi.org/10.1111/j.1750-8606.2008.00036.x.

Soares, D., & Almeida, L. (2011). Percepção dos estilos educativos parentais: Sua variação ao longo da adolescência. In Libro de Actas do Congreso Internacional Galego-Portugués de Psicopedagoxia (pp. 4071–4083). La Coruña: Universidad de La Coruña.

Taggart, B., Sylva, K., Melhuish, E., Sammons, P., & Siraj-Blatchford, I. (2011). The power of pre-school: Evidence from the Eppe Project. Cadernos de Pesquisa, 41(142), 68-99. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-15742011000100005.

Towe-Goodman, N. R., & Teti, D. M. (2008). Power assertive discipline, maternal emotional involvement, and child adjustment. Journal of Family Psychology, 22(4), 648. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-97022011000300010http://dx.doi.org/10.1037/a0012661.

Trivellato-Ferreira, M. D. C., & Marturano, E. M. (2008). Recursos da criança, da família e da escola predizem competência na transição da 1ª série. Interamerican Journal of Psychology, 42(3), 549-558. Recuperado em 29 de abril de 2019, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-96902008000300015&lng=pt&tlng=pt.

Van Voorhis, F. L., Maier, M., Epstein, J. L., & Lloyd, C.M. (2013). The Impact of family involvement on the education of children ages 3 to 8. New York, NY: MDRC.

Wagner, A. Tronco, C., & Armani, A. B. (2011). Os desafios da família contemporânea: Revisitando conceitos. In A. Wagner (Ed.), Desafios psicossociais da família contemporânea: Pesquisa e reflexões (pp. 19-35). Porto Alegre, RS: Artmed.

Weber, L. N. D., Prado, P. M., Viezzer, A. P., & Brandenburg, O. J. (2004). Parenting style: Perceptions of children and their parents. Psicologia: Reflexão e Crítica, 17(3), 323-331. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722004000300005.

Zamberlan, M. A. T., & Alves, Z. M. M. B. (2008). Interações familiares: A perspectiva ecológico-relacional. In M. A. T. Zamberlan, & Z. M. M. B. A. (Eds.), Interações familiares: Teoria, pesquisa e subsídios à intervenção (pp. 3-22). Londrina, PR: Eduel.

 

 

 

 

 

Endereço para correspondência
Fátima de Almeida Maia

e-mail: maiafalmeida@gmail.com

Endereço para correspondência
Adriana Benevides Soares

e-mail: adribenevides@gmail.com

Recebido em: 06/03/2017
1ª revisão em: 14/09/2017

Aceito em: 17/01/2018

 

 

 

Certificamos que todas as autoras participaram suficientemente do estudo para tornar pública sua responsabilidade pelo conteúdo. A contribuição de cada autor pode ser atribuída como se segue: Fátima de Almeida Maia - Concepção, planejamento de todo o artigo; Redação do artigo e sua revisão intelectual crítica; Montagem do experimento e coleta de dados, bem como análise e interpretação dos dados; Redação do texto e padronização das normas de acordo com a revista e responsável pela revisão final para publicação. Adriana Benevides Soares – Orientação e revisão de todo o artigo, definiu seus objetivos e o objeto a ser estudado, além dos métodos que foram empregados para essa pesquisa; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante; Revisão do texto e adição de partes significativas, inclusive análise e interpretação dos dados; Responsável pela revisão final para publicação.

Os autores agradecem a ASOEC pelo financiamento da pesquisa.

 

i Doutoranda do Curso de Psicologia da Universidade Salgado de Oliveira. Pedagoga da FAETEC do Estado do Rio de Janeiro.

ii Professora Titular da Universidade Salgado de Oliveira e professora Associada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Creative Commons License All the contents of this journal, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution License