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Revista Subjetividades
versão impressa ISSN 2359-0769versão On-line ISSN 2359-0777
Rev. Subj. vol.18 no.3 Fortaleza set./dez. 2018
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v18i3.6525
ESTUDOS TEÓRICOS
Revisão sistemática dos instrumentos de avaliação cognitiva de autores de agressão sexual contra criança e adolescente (AASCA)
Systematic review of the instruments of cognitive evaluation from authors of sexual aggression against children and adolescents (AASCA)
Revisión sistemática de los instrumentos de evaluación cognitiva de autores de agresión sexual contra niños y adolescentes (AASCA)
Revue systématique des instruments d'évaluation cognitive des auteurs d'agression sexuelle contre enfants et adolescents (AASCA)
Daniela Castro dos Reis (Lattes)I; Lília Iêda Chaves Cavalcante (Lattes)II
IDoutora em psicologia pela Universidade Federal do Pará. Professor efetivo da Universidade Federal Rural da Amazônia
IIPós-Doutorado em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Professora da Faculdade de Serviço Social da UniversidadeFederal do Pará
RESUMO
O objetivo desta revisão foi identificar e descrever as medidas psicométricas de instrumentos de avaliação cognitiva de autores de agressão sexual contra criança e adolescente, cientificamente validados, encontrados em estudos que investigaram inteligência, empatia e distorção cognitiva, na literatura nacional e internacional, disponíveis na fonte de dados no Portal de Periódicos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Utilizou como critérios de elegibilidade, termos em português e inglês, agressor sexual, abusador sexual, perpetrador sexual, estuprador sexual, molestador sexual. Em um total 1122 artigos, foram selecionados 58 para revisão e, neles, 13 instrumentos de avaliação cognitiva: verificação do coeficiente de inteligência (1), avaliação de empatia (2), e distorção cognitiva (10). Entre as propriedades psicométricas relatadas, seis dos instrumentos encontrados exibiram alto o índice de confiabilidade. Quando comparados os instrumentos de inteligência, empatia e distorção cognitiva, percebe-se que os resultados apontam para medidas de alta de confiabilidade e completeza entre esses últimos. A literatura internacional sobre o tema vem ganhando visibilidade no meio científico, contudo ainda são escassos os métodos e instrumentos de pesquisa voltados à avaliação cognitiva dessa população no Brasil.
Palavras-chave: avaliação cognitiva; revisão sistemática da literatura; criança; adolescência.
ABSTRACT
The objective of this review was to identify and describe the psychometric measures of cognitive evaluation instruments of authors of sexual aggression against children and adolescents, scientifically validated, found in studies that investigated intelligence, empathy and cognitive distortion, in the national and international literature, available in the source of data in the Portal de Periódicos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). As criteria of eligibility, terms in Portuguese and English, sexual aggressor, sexual abuser, sexual perpetrator, sexual rapist, sexual molester, were used. In a total of 1122 articles, 58 were selected for review and in them 13 cognitive evaluation instruments: intelligence quotient checking(1), empathy evaluation (2), and cognitive distortion (10). Among the psychometric properties reported, six of the instruments found exhibited a high reliability index. When comparing the instruments of intelligence, empathy and cognitive distortion, it is noticed that the results point to measures of high reliability and completeness between the latter. The international literature on the subject has been gaining visibility in the scientific field; however, there are still few methods and research instruments aimed at the cognitive evaluation of this population in Brazil.
Keywords: cognitive evaluation; systematic literature review; kid; adolescence.
RESUMEN
El objetivo de esta revisión fue identificar y describir las medidas psicométricas de instrumentos de evaluación cognitiva de autores de agresión sexual contra niños y adolescentes, científicamente validados, encontrados en estudios que investigan inteligencia, empatía y distorsión cognitiva, en la literatura nacional e internacional, disponible en la fuente de datos en el Portal de Periódicos de la CAPES (Coordinación de Perfeccionamiento Personal de Nivel Superior). Fueron utilizados como criterio de elegibilidad términos en portugués e inglés, agresor sexual, acosador sexual, perpetrador sexual, estuprador sexual, molestador sexual. En un total de 1122 artículos, fueron seleccionados para la revisión 58 y, en estos, 13 instrumentos de evaluación cognitiva: verificación del coeficiente de inteligencia (1), evaluación de empatía (2), y distorsión cognitiva (10). Entre las propiedades psicométricas informadas, seis de los instrumentos encontrados mostraron alto índice de fiabilidad. Cuando comparados los instrumentos de inteligencia, empatía y distorsión cognitiva, se percibe que los resultados indican medidas de alta fiabilidad e integridad entre estos últimos. La literatura internacional sobre el tema está ganando espacio en el medio científico, sin embargo los métodos e instrumentos de investigación relacionados a la evaluación cognitiva de esa populación en Brasil todavía es insuficiente.
Palabras clave: evaluación cognitiva; revisión sistemática de la literatura; niños; adolescencia.
RÉSUMÉ
L'objectif de cette analyse a été identifier et de décrire les mesures psychométriques d'outils d'évaluation cognitive pour les auteurs d'agressions sexuelles contre les enfants et les adolescents, scientifiquement validés, trouvés dans les études qui ont étudié l'intelligence, l'empathie et distorsions cognitives, chez la littérature nationale et internationale, disponible dans la base de données du portail des revues CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). On a utilisé comme critères d'éligibilité, termes en Portugais et Anglais, agresseur sexuel, détracteur sexuel, perpétreur sexuel, violeur. Sur un total de 1122 articles, 58 ont été sélectionnés pour être révisé, parmi eux, 13 instruments d'évaluation cognitive: le quotient intellectuel (1), l'évaluation de l'empathie (2) et la distorsion cognitive (10). Parmi les propriétés psychométriques rapportées, six instruments trouvés on présenté un indice de fiabilité élevé. Lorsqu'on compare les instruments d'intelligence, d'empathie et de distorsion cognitive, on trouve des résultats qui indiquent des mesures de grande fiabilité et de complétude entre ces derniers. La littérature internationale sur le sujet gagne visibilité dans le domaine scientifique. Cependant, il existe encore peu de méthodes et d'instruments de recherche ciblés sur l'évaluation cognitive de cette population au Brésil.
Mots-clés: évaluation cognitive; revue systématique de la littérature; enfant; adolescence.
A cognição tem sido alvo de estudos atuais em diversas áreas de conhecimento, como a neurociência (Miranda & Espírito-Santo, 2010), a ciência jurídica (Camargo, Fortes & Calabrez, 2011) e a psicologia (Eisenberg, 2015), despertando o interesse pela compreensão de habilidades relacionadas ao pensamento, à ideia, à percepção e à forma de agir dos indivíduos. A habilidade do indivíduo de perceber e pensar o mundo e as atividades cognitivas envolvidas nesse processo têm espaço cativo nos estudos da psicologia (Eisenberg, 2015), representando, hoje, um tema de grande relevância acadêmica para a área.
Para Suehiro, Benfica e Cardim (2015), a cognição pode ser definida como um conceito amplo que serve para descrever as habilidades e/ou o funcionamento mental. O termo cognição diz respeito à capacidade do indivíduo de produzir resposta diante de estímulos externos: sentir, pensar, lembrar, raciocinar e perceber. Para Ward, Hudson, Johnston e Marshall (1997), a cognição também desempenha um papel fundamental no social, e vem associada a fortes componentes emotivos. A cognição compreende, portanto, um conjunto de habilidades cerebrais necessário à aquisição de conhecimento (Suehiro et al., 2015) e também emocionais.
Nesse sentido, a cognição é um conceito que remete ao trato de questões ligadas à inteligência e às aptidões, que exigem capacidades mentais das mais simples às mais complexas. Ela envolve a capacidade de reconhecimento e de abstração, bem como de aprendizado, memória, atenção, inteligência, pensamento, criatividade, capacidade de resolução de problemas e/ou aptidões específicas. Entre outras, destaca-se a capacidade que os indivíduos têm de refletir sobre as informações adquiridas, por meio da percepção, e aplicá-las às demandas dos mais diferentes contextos nos quais se encontram inseridos (Suehiro et al., 2015).
Diante dessa variedade de capacidades cognitivas, os estudos sobre a cognição humana apontam para áreas específicas do conhecimento. Geralmente, voltadas à aprendizagem, à memória, à atenção e à percepção, no sentido de entender os diversos aspectos que influenciam o pensamento humano (Brown, Walker, Gannon, & Keown, 2013). Entre as mais variadas áreas do conhecimento, têm-se, como exemplos atuais, pesquisas acerca da cognição dos autores de agressão sexual contra criança e adolescente (AASCA) (Moura & Koller, 2010; Nunes & Jung, 2012).
Conforme Nunes e Jung (2012), apesar da importância dessa área do conhecimento, até o momento, os fatores cognitivos não receberam a atenção que merecem dos seus pesquisadores, principalmente por se constituírem em um objeto de estudo relativamente recente no meio científico. As pesquisas com foco na cognição do AASCA tiveram um grande impulso quando Abel, Becker e Cunningham-Rathner, em 1984, descreveram o pensamento distorcido dessa população (Nunes & Jung, 2012). Para Brown et al. (2013), nos últimos 20 anos, não há como negar que a investigação sobre crimes sexuais tem aumentado e fornecido evidências que associam, fortemente, a reincidência dessa forma de agressão à ausência de empatia com a vítima e à presença de distorção cognitiva (DC) entre seus AASCAs.
Nos últimos anos, assistiu-se à emergência de estudos sistemáticos sobre os fatores cognitivos que buscam explicar como percebem e o que pensam os AASCAs (Huss, 2011; Nunes & Jung, 2012). Entre os temas estudados, mais recentemente, a literatura traz relato de pesquisas que investigaram o quociente de inteligência (QI) desses indivíduos, além de medidas, como a empatia, as fantasias e as distorções cognitivas (Nunes & Jung, 2012).
São vários os estudos que discutiram temas relacionados à cognição de AASCA, sendo aqui destacados alguns exemplos de pesquisas em que o QI foi utilizado para aferir a capacidade intelectual dos participantes. Neles, foi investigado o quociente de inteligência associado à psicopatologia (Myers, Chan, Vo, & Lazarou, 2010), assim como as características e o comportamento de agressores sexuais e sua relação com algum tipo de deficiência.
Outro ramo das pesquisas cognitivas aponta para a investigação da empatia, geralmente considerada como uma medida relacionada à presença de déficit na capacidade da pessoa em se colocar no lugar de outra. Essa medida tem sido descrita como um traço que permite categorizar o AASCA como tendo ou não empatia pela vítima (Marshall, Hudson, Jones & Fernandez, 1995). Os estudos de empatia geralmente estão associados aos estudos de distorção cognitiva (Marshall et al., 1995).
Nessa direção, também as fantasias sexuais têm presença na literatura da área. Elas são descritas como estilo de pensamento desviante que serve para realizar atos sexualmente abusivos, comumente utilizados para reduzir sentimentos negativos. Os estudos sobre essa temática são recentes e merecem ainda mais pesquisas para a fundamentação de instrumentos e métodos para aferir as fantasias sexuais (Woodworth, Freimuth, Hutton, Carpenter, Agar, & Logan, 2013).
Outro exemplo é a DC que tem sido conceituada como crenças que toleram, justificam, desculpam, minimizam, racionalizam, ou que, de alguma forma, dão apoio ao ato de agressão sexual. Os estudos sobre DC, em sua maioria, estão associados à empatia e aos fatores de risco para reincidência do ato de agressão sexual (Brown, et al., 2013; Fisher, Beech & Browne, 1999; Nunes, & Jung, 2012). Entretanto, mesmo sendo essa uma área científica recente, o papel do pensamento distorcido tem sido amplamente reconhecido em pesquisas que o apresentam como um fator importante, tanto na iniciação como na manutenção do abuso sexual infantil (Brown et al., 2013).
Apesar da importância do papel que cumprem as cognições dos AASCAs na compreensão desse fenômeno, o conhecimento científico que embasa esse construto ainda está caminhando a passos curtos (Moura & Koller, 2010). No Brasil, a produção científica ainda é escassa. Em particular na área da psicologia, a análise dos estudos científicos vem se desenvolvendo, embora se possa considerar que os estudos específicos sobre sua produção são ainda insuficientes na literatura brasileira (Moura & Koller, 2010). Diferentemente do que ocorre em países da América do Sul, como Colômbia, Peru e Chile (Campo-Arias & Herazo, 2018, Rivera, Ramírez, Montoya, & Quiroz, 2013), que já tem uma cultura científica mais desenvolvida sobre a população referida.
Tendo em vista a importância da produção científica, pode-se afirmar que, no mundo, a análise desse tipo de produção tem sido constante e consistente, com ampla visibilidade no meio científico (Brown et al., 2013). Internacionalmente, a literatura, mesmo que circunscrita à produção de poucos países (Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Nova Zelândia, Portugal), já se mostra crescente, destacando-se os trabalhos de Burn e Brow (2006), Brown et al. (2013) e Deluca, Vaccaro, Rudnik, Graham, Giannichi e Yanos (2018).
Quando se toma como referência os estudos de revisão da literatura sobre a cognição dos AASCAs realizados nos últimos anos, cita-se especialmente o trabalho de Nunes e Jung (2012). Os pesquisadores realizaram análises de dados secundários existentes para aprofundar o grau de associação entre várias medidas de DC, como a negação e/ou a minimização das agressões entre AASCAs e estupradores.
Do mesmo modo, Burn e Brown (2006) publicaram estudo de revisão da literatura sobre aspectos da natureza das DCs,de AASCA, e examinaram a construção de teorias causais subjacentes percebidas pelos autores quanto a si mesmo, suas vítimas, e do seu mundo, considerando o modelo de pré-requisito de Finkelhor (quatro condições que ocorrem numa sequência temporal, em que cada uma delas é necessária para que a outra possa se desenvolver) em comparação com o modelo de Pathways descrito por Ward e Durrant (2013) (as estratégias interpessoais mal adaptativas são acompanhadas por DC).
Na literatura internacional, é possível mencionar ainda uma série de revisões de literatura sobre AASCA, sobretudo as que se apresentam como revisões sistemáticas, com uma diversidade de temas abordados. Entre eles, citam-se: tipologias (Robertiello & Terry, 2007); tratamento (Ward & Durrant, 2013); fatores de risco e de proteção (Piquero, Jennings, Diamond & Reingle, 2015); transtornos mentais (Valença, Nascimento, & Nardi, 2012); pedofilia (Gosling & Abdo, 2011); discussão legal (Loeber & Ahonen, 2014); ansiedade (Porter, Newman, Tansey & Quayle, 2015); cognição de autores de agressão sexual feminino (Colson, Boyer, Baumstarck & Loundou, 2013); DC (Nunes, & Jung, 2012) e tratamento andrógeno (Gooren, 2011). Contudo, embora pareça razoável a quantidade de estudos de revisão de literatura sobre os AASCA, eles deixam claro que as pesquisas sobre aspectos da sua cognição receberam, comparativamente, menor atenção até hoje.
No Brasil, quando se compara as iniciativas de revisão sistemática internacional com a nacional, é possível perceber que há uma produção ainda incipiente sobre essa população. Nenhum estudo foi encontrado com essa característica, tendo sido identificados casos de revisões narrativas, que abordaram teoricamente achados da literatura sobre a pedofilia. Isto sinaliza a urgência e a necessidade de se investir mais em estudos brasileiros que investiguem quem são e o que pensam os AASCAs em contextos diversos.
Nesse cenário, é possível notar que cresce o interesse por estudos que possam tratar de aspectos metodológicos envolvidos nesse tipo de investigação, com destaque para os instrumentos que têm sido utilizados para a avaliação cognitiva de AASCAs, tal qual o trabalho de Gannon et al. (2007). Esses autores especificaram em suas análises as medidas psicométricas dos instrumentos utilizados em suas pesquisas, defendendo que suas propriedades devem ser consideradas quando se pretende avaliar com segurança os fatores de risco associados ao tratamento de reincidência da agressão sexual.
Enfatiza-se, contudo, que nenhuma revisão sistemática que objetivou descrever e analisar a composição de instrumentos cientificamente validados para avaliação cognitiva de AASCA foi encontrada. Os trabalhos localizados que trataram, em particular, de instrumentos utilizados com essa população, quando assim o fizeram, focalizaram somente aqueles destinados à avaliação dos fatores de risco para reincidência (Rossegger et al., 2013; Tully, Kevin & Browne, 2015).
Nota-se que as pesquisas realizadas nos últimos anos (Rossegger et al., 2013; Tully et al., 2015) muitas vezes não descreveram de maneira clara as medidas psicométricas consideradas nesse tipo de análise, tais como a confiabilidade e a validade, que são duas propriedades de medida estreitamente relacionadas e que desempenham papéis complementares. É importante lembrar que a confiabilidade que versa sobre a consistência interna está relacionada à homogeneidade das respostas dos distintos avaliadores, enquanto a validade está associada ao grau de certeza que se tem sobre o conceito medido (Bem, Lanzer, Filho, Sanchez, & Junior, 2011; Pasquali, 2009).
Estes aspectos psicométricos dos instrumentos disponíveis para esse tipo pesquisa começaram a ser discutidos na década passada, conforme sinalizado por Pasquali (2009). Essa realidade dificulta a comparação de resultados obtidos em investigações realizadas em distintos contextos e a compreensão dos dados empíricos que retratam épocas anteriores. Conhecer os instrumentos que avaliam os fatores cognitivos deve ser entendido como o primeiro passo para desenvolver pesquisas qualificadas e enfrentar com êxito o desafio de avaliar aspectos que cercam o comportamento e o desenvolvimento dos AASCAs.
Nesses termos, o objetivo deste estudo foi identificar e descreveras medidas psicométricas dos tipos de instrumentos de avaliação cognitiva de AASCAs, cientificamente validados, encontrados em estudos que avaliaram instrumento de inteligência, empatia e distorção cognitiva, na literatura nacional e internacional.
Método
Esta pesquisa caracteriza-se por ser uma revisão sistemática realizada no ano de 2014. A revisão sistemática tem início com uma pergunta formulada de maneira clara e objetiva e que, para ser respondida, se utiliza de métodos sistemáticos, cuja finalidade é identificar, selecionar e avaliar os principais estudos de uma determinada área ou tema (Galvão, Pansani, & Harrad, 2015). Essa revisão sistemática seguiu algumas diretrizes do modelo PRISMA, que compreende as fases de escolha das fontes de dados, eleição dos descritores, busca de artigos, análise dos títulos e resumos, leitura dos textos na íntegra, adoção de critérios de inclusão e exclusão, extração dos dados e avaliação das publicações selecionadas.
A pergunta norteadora elaborada para a busca dos artigos seguiu o formato PVO (população, variável e objeto). Assim, procurou-se investigar os tipos e a validação dos instrumentos de avaliação cognitiva dos autores de agressão sexual contra criança e adolescente. A população investigada foram os autores de agressão sexual contra criança e adolescente, a variável foi a cognição (de inteligência, empatia e distorção cognitiva) da referida população, e o objeto de avaliação os instrumentos de avaliação cognitiva.
Procedimentos Gerais
Fontes de dados
O Portal de Periódicos de Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) foi a fonte de dados escolhidas para ter acesso à obtenção dos artigos. Essa fonte de dados foi escolhida em função dos critérios de confiabilidade e de abrangência de periódicos científicos, por conter um acervo extenso dos principais artigos publicados em diversas áreas do conhecimento, no âmbito nacional e internacional, com fácil acesso para a maioria dos pesquisadores.
Eleição dos descritores
Foram delimitados 10 descritores, sendo cinco em português (agressor sexual, abusador sexual, perpetrador sexual, estuprador sexual, molestador sexual) e cinco em inglês (sexual aggressor, sexual abuser, perpetrator sexual assault, rapist, sex ofender), combinados com as palavras criança/child e adolescente/adolescent. Utilizaram-se operadores booleanos (AND), delimitando o escopo da pesquisa. Todos os termos foram checados na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), especificamente na sessão terminologia, no entanto nenhum foi encontrado correlato, sendo considerados termos livres com base na literatura da área.
Pré-seleção
Os artigos foram baixados e adicionados para o software Endnote, ajudando na verificação de duplicidade. Nesta fase, os títulos e resumos foram lidos e, posteriormente, foi realizada a leitura integral após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, por dois pesquisadores e de forma independente.
Adoção de critérios de inclusão e exclusão para pré-seleção
Critérios de inclusão e exclusão foram delimitados para a realização das buscas dos artigos científicos no Portal de Periódicos da CAPES. Para inclusão: artigos publicados em português e inglês; nos últimos 30 anos completos e empíricos; que envolvessem somente AASCA; de AASCA acima de 18 anos de idade; que utilizassem instrumentos de avaliação cognitiva. Para exclusão: literatura cinzenta (por exemplo: documentação técnica, anúncio de jornais, entre outros); teses, dissertações e demais trabalhos de conclusão de curso (TCC); artigos teóricos e de revisão sistemática de literatura; artigos com ênfase na sexualidade e em doença sexualmente transmissível; estudos que envolviam especificamente vítimas de agressão sexual; artigos que apresentavam no título termos que representam tipos específicos de AASCA: pedófilo, psicopatas, aliciador, traficante sexual, explorador sexual; e estudos com animais não humanos.
Extração dos dados
Após a pré-seleção os artigos, foram encaminhados a três juízes externos. Para se chegar ao índice de confiabilidade, foi calculado IC = A (concordância) x 100÷A + D (discordância) no teste de relevância (Pereira & Bachion, 2006), com um índice de confiabilidade aceitável de IC > 80%. Assim, foi realizada a análise para os artigos escolhidos, pois, entre os 64 artigos pré-selecionados, seis foram selecionados por, pelo menos, dois juízes, obtendo o IC de 87,5%.
Avaliação das publicações selecionadas considerando os critérios de exclusão e inclusão para avaliação cognitiva
Os artigos foram analisados em dois seguimentos: (a) caracterização das publicações, como métodos da pesquisa; (b) análise dos artigos: instrumentos com padronização referentes àqueles validados de acordo com os parâmetros científicos da área e os sem padronização, que envolve entrevista e questionário construído para uma determinada pesquisa, e que provavelmente não tinha sido testado ou validado cientificamente (Santos, Silveira, Oliveira, & Caiaffa, 2011).
Para a análise dos artigos, foram considerados somente os instrumentos com padronização (validados na literatura da área), sendo analisados a partir de categorias que definem os diferentes tipos e finalidades dos instrumentos de avaliação cognitiva de AASCAs (inteligência, empatia e DC).
Para apresentação da análise dos instrumentos de avaliação cognitiva, foram levantadas informações diversas, tais como: nome do instrumento, autor, item, ano da publicação, característica da amostra da população (sexo, amplitude de idade abordada nos estudos), além da propriedade psicométrica de cada instrumento.
Resultado e Discussão
Caracterização das Publicações
O resultado da busca identificou um total de 1.122 artigos, sendo 928 descartados, 130 repetidos, e 58 selecionados, com 57 títulos em inglês e 1 (hum) em português, conforme Figura 1.
Para a análise dos artigos, os estudos foram divididos entre aqueles que utilizaram exclusivamente procedimentos de pesquisa documental, empírica ou método misto. No geral, verificou-se que 13 (22,41%) artigos procederam à coleta de dados exclusivamente em fontes documentais, como nos estudos de Langevin e Curnoe (2012); nove (15,51%) estudos que utilizaram dados mistos (envolvendo fontes documentais e estudos empíricos), como as pesquisas de Sanfeli e Di Antoni (2010), e 36 (62,08%) trabalhos científicos com dados unicamente empíricos coletados, como os trabalhos de Jeglic, Mercado e Levenson (2012).
Os artigos que utilizaram a coleta de dados exclusivamente documental foram descartados e a presente análise priorizou os instrumentos identificados nos artigos com método de coleta mista e exclusivamente empírica, que somaram 92 instrumentos no total. Destes, foram identificados 20 (21,7 %) instrumentos sem padronização e 72 (78,3%) instrumentos com padronização, como escalas, questionários e inventários validados cientificamente, totalizando 45 (80,36%) artigos com instrumentos padronizados.
Entre os instrumentos (N=72) levantados nos artigos revisados (N=45), nota-se que 24 (33,3%) instrumentos mediam aspectos psicológicos, como personalidade, emoção, ansiedade, estilo de apego; cinco (6,9 %) instrumentos examinaram aspectos fisiológicos, a exemplo dos testes falométricos; 30 (41,7 %) instrumentos investigaram dados comportamentais, mas sobretudo a ocorrência de comportamento antissocial e condutas que levavam à reincidência ou à prática do ato sexual; e por fim, 13 (18,1%) averiguaram fatores cognitivos, tais como inteligência, empatia e DC. Comparativamente, foram encontrados menos instrumentos de avaliação cognitiva de AASCAs que os instrumentos de investigação psicológica e comportamental.
Dessa forma, os temas centrais encontrados, majoritariamente, em pesquisas sobre a cognição dos AASCA foram: inteligência, empatia e DC. Esse dado corrobora a literatura, pois, para Huss (2011), as pesquisas que utilizaram instrumentos de avaliação cognitiva para essa população concentram-se em três eixos principais: DC, empatia e fantasias sexuais.
Descrição dos Instrumentos de Avalição Cognitiva
Para a análise dos instrumentos cognitivos, foram identificados nove artigos com 13 instrumentos de avaliação cognitiva, categorizados segundo os seus objetivos e apresentados na seguinte ordem: um instrumento de verificação do quociente de inteligência (QI); dois instrumentos de avaliação de empatia (E); e 10 instrumentos de identificação de distorção cognitiva (DC). As informações sobre as características dos instrumentos encontram-se na Figura 2.
Um aspecto que pode ser sinalizado para a descrição dos instrumentos de avaliação cognitiva é quanto ao tamanho da amostra com essa população específica por suscitar a discussão da dificuldade de acesso aos AASCAs, principalmente no caso de pesquisas realizadas no Brasil (Moura & Koller, 2010). A discussão sobre a importância do tamanho da amostra dos grupos específicos é necessária e, geralmente, deve ser realizada por uma amostra que contenha uma quantidade de indivíduos representativa da população estudada, pois é a partir da amostra que o padrão pode ser estabelecido e que os testes conseguem apresentar dados significativos de uma determina população (Kline, 1986).
Para Kline (1986), quando as amostras são menores, as normas devem ser usadas com cautela, e mais esforços devem ser feitos para reunir as normas a partir de uma amostra maior. Um aspecto crucial na padronização de um teste é que a amostra da qual as normas são reunidas devam ser representativas da população para a qual o teste está sendo utilizado (Fisher et al., 1999), barreira ainda não superada, principalmente no cenário brasileiro.
Outro aspecto que envolve a discussão acerca dos instrumentos utilizados em pesquisas que avaliam as características/os fatores cognitivos são as medidas psicométricas. Essas medidas são fundamentais, uma vez que a psicometria procura explicar o sentido que têm as respostas dadas pelos participantes a uma série de itens (Pasquali, 2009). Desse modo, duas medidas são consideradas fundamentais na avaliação dos instrumentos: a confiabilidade e a validade.
Confiabilidade e validade são duas propriedades de medida estreitamente relacionadas, desempenhando papéis complementares. A confiabilidade de consistência interna está relacionada à homogeneidade das respostas dos distintos avaliadores, enquanto a validade está associada ao grau de certeza que se tem sobre o conceito medido (Bem et al., 2011; Pasquali, 2009). Nesse sentido, foram adotados os seguintes valores: acima de 0,70 (consistência interna boa, com confiabilidade aceitável), acima de 0,80 (consistência interna satisfatória), e, finalmente, acima de 0,95, (consistência interna alta, com nível elevado de confiabilidade).
Para delinear um quadro síntese de indicadores de apreciação dos instrumentos, seguiu-se a orientação apresentada por Paixão e Reichenheim (2006), que propõem a avaliação do histórico de cada instrumento, que eles denominam de completeza. Assim, para avaliar os instrumentos reportados nas publicações revisadas neste artigo, deve-se considerar a completeza que inclui uma apreciação sobre o acúmulo e aprofundamento dos estudos de confiabilidade ou validade do instrumento na literatura.
A completeza pode ser resumida em três níveis: (a) Basal, considera-se quando há apenas uma descrição ou conceituação teórica sobre o instrumento no artigo, sendo inexistente qualquer estudo psicométrico ou quando o artigo não descreve os valores dos testes realizados, isto é, de forma clara, como o instrumento foi estudado no tocante às suas qualidades psicométricas; (b) Bom, quando o histórico psicométrico do instrumento é demonstrado no artigo oriundo de vários testes; (c) e Excelente, se todas as formas de avaliação de confiabilidade e validade descritas foram realizadas e descritas no artigo (Paixão & Reichenheim, 2006). Seguindo essa orientação, os instrumentos nos respectivos artigos selecionados foram avaliados conforme a sua completeza, os dados estão apresentados conforme a Figura 3.
Os dados demonstram que nove dos 13 instrumentos incluídos no estudo têm o índice de confiabilidade apresentados nos artigos e que, destes, seis têm uma alta confiabilidade. Quanto à validade do instrumento, cinco estudos não deixam claros os dados sobre as análises psicométricas, ou seja, os artigos não descreveram os estudos correspondentes de forma objetiva nem informaram como o instrumento foi estudado no tocante às suas qualidades psicométricas, fazendo somente uma descrição ou conceituação teórica sobre o instrumento. Apesar das pesquisas não relatarem os valores dos testes psicométricos, há referência no estudo de que as medidas psicométricas são satisfatórias para aplicação do instrumento de avaliação, ou seja, relataram que a confiabilidade e validade eram satisfatórias e que tais instrumentos já haviam sido validados por outros estudos.
As análises das medidas psicométricas dos instrumentos de avaliação cognitiva utilizados nos estudos de AASCAs levantam a discussão sobre o quanto um teste psicológico pode ter poder ou força para avaliar determinado indivíduo. Deve haver algum padrão pelo qual se possa fazer um julgamento sobre o resultado válido após a aplicação do teste em um indivíduo. Desse modo, é preciso verificar as pontuações encontradas em uma amostra de grupos considerados normais, para ser possível, na sequência, calcular o quanto determinado indivíduo se desvia da pontuação esperada. Uma das dificuldades na utilização de muitos testes é que, comumente, estão ausentes normas apropriadas para orientar o procedimento de comparação dos escores obtidos pelo grupo controle e pelo grupo pesquisado, tornando plausível a razão pela qual o teste está sendo utilizado.
Muitas das medidas usadas com AASCA, por exemplo, têm normas obtidas em amostras de estudantes universitários na América do Norte, conforme os estudos analisados (Carvalho & Nobre, 2013). Além do problema em usar os estudantes universitários como uma amostra do grupo controle, os dados que são analisados são elaborados, principalmente, a partir de uma determinada classe social, e representam um grupo de jovens de faixa de idade estreita. Além desse aspecto, há a problemática das diferenças culturais, que podem provocar variação nos resultados do teste e, portanto, pode ser inapropriado comparar indivíduos de uma cultura com os de outra (Fisher et al., 1999).
Afora esses aspecto, tem particular importância a recomendação de que sejam produzidos dados normativos sobre medidas relacionadas com o AASCA devido à ênfase dada por aqueles que trabalham com essa população, principalmente sobre os traços considerados como sendo características de muitos AASCAs em contextos diversos.
Quando se analisa o instrumento de avaliação de quociente de inteligência, como o Matrizes Progressivas de Raven, que avalia a estimativa de inteligência, percebe-se que é um instrumento que, em sua análise psicométrica, não houve relato no estudo sobre os valores dos testes apresentados, apesar de haver referências da sua validação no estudo. Quanto à amostragem utilizada nesse instrumento, percebe-se baixa, e infere-se que ainda sejam necessários mais estudos para entender a avaliação do processo de inteligência nessa população específica. Além desse aspecto, quando comparados com os instrumentos de empatia e de distorção cognitiva, foi encontrada nessa revisão sistemática somente um instrumento.
Na análise dos dados sobre avaliação da empatia, dois instrumentos foram encontrados nesta revisão sistemática: o Empat, cujo objetivo é analisar o grau de empatia em relação às vítimas, e o General empathy-Interpersonal Reactivity Index cuja finalidade é medir quatro componentes da empatia: perspectiva, preocupação empática, fantasia e angústia pessoal, os principais. O Empat apresentou dados altos de medidas psicométricas, enquanto o General empathy-Interpersonal Reactivity Index não relatou os índices dos testes. As amostras foram maiores quando se compara com o instrumento de inteligência. Pode-se dizer, assim, que os dois instrumentos que aferem níveis de empatia têm na literatura uma validação consolidada para esse tipo de população estudada, sendo necessários estudos em contexto distinto, como no Brasil.
A última categoria de análise sobre avalição cognitiva do AASCA é a DC. A DC tem sido relatada na literatura como uma variável essencial para avaliar o AASCA. Assim, cinco instrumentos (Sex Offender Acceptance of Responsibility Scales, Comprehensive Inventory of Denial Sex Offender Version (CID-SO), Molest Scale e Selected scales of the Hanson Sex Attitudes Questionnaire) foram enquadrados com uma completeza boa. Os demais cinco instrumentos (Victim Empathy Distortion Scale, Child Molester Scale, Attributional Dimension Scale, Multiphasic Sex Inventory e Questionnaire on Attitudes Consistent with Sexual Offending) foram enquadrados na completeza basal. Comparando-se com as demais categorias de análise (inteligência e empatia), os instrumentos de DC estão sendo utilizados com essa população e também apresentam maiores índices de completeza.
A análise dos artigos selecionados para compor esta revisão de literatura indica que este é um tema que vem ganhando notoriedade no meio científico e que a literatura sobre as razões para a ocorrência da agressão sexual contra criança e adolescente amplia-se década após década. O que parece ser reduzido em termos de publicação científica é a preocupação com temas que enfocam o AASCA, pois a ênfase são trabalhos com as vítimas.
Considerações Finais
Este estudo de revisão sistemática de literatura atingiu sua finalidade, uma vez que levantou nove estudos que tiveram como objetivo proceder à avaliação cognitiva de AASCA, sinalizando e diferenciando os instrumentos guiados por seus objetivos. Os estudos revisados relataram o uso de 13 instrumentos padronizados (QI, empatia e DC) com o intuito de avaliar aspectos da cognição de AASCA.
Os instrumentos de DC, apesar de ser a maioria, ainda requerem, sobretudo no cenário brasileiro, procedimento de validação e um direcionamento para uso em estudos empíricos capazes de satisfazer a condição contextual, ou seja, que possam ser capazes de avaliar indivíduos de uma determinada cultura, considerando os fatores culturais, sociais e biológicos.
Especificamente sobre essa perspectiva, esta revisão sistemática da literatura sinaliza a necessidade de realizar estudos, particularmente no Brasil, que possam dedicar-se à validação de instrumentos que sejam aplicáveis e sensíveis à realidade brasileira, com a finalidade de produzir um conhecimento científico legítimo e atento aos parâmetros nacionais e regionais, permitindo ajudar a estudar essa problemática de forma mais completa e contextualizada. Recentemente, uma revisão de literatura concluiu que são necessários mais estudos sobre avaliação neuropsicológica, cujos achados possam integrar fatores neuroquímicos, estruturais, genéticos e psiquiátricos sobre AASCA. Os autores reforçam, ainda, a necessidade de pesquisa em nosso meio, o que permite privilegiar aspectos culturais locais (Gosling & Abdo, 2011).
Quantos às contribuições deste estudo de revisão sistemática da literatura, além de conhecer os instrumentos que vêm sendo utilizados, ajuda a compreender e expandir o conhecimento sobre a cognição voltado para a teoria e a prática clínica. Em termos de contribuição teórica, sugere-se o aperfeiçoamento da utilização dos instrumentos para aferir sobre a condição cognitiva do AASCA e a consolidação de um construto teórico.
Sobre as perpsectivas da pesquisa propõe-se estudos com instrumentos de avaliação cognitiva para esta população com o intuito de validá-los cientificam para a realidade brasileira. Ainda em termos da contribuição prática, a revisão sistemática aplicada à prática promove e fomenta a discussão dos instrumentos, servindo para despertar o interesse de uma nova forma de avaliar essa população, sobretudo na prática clínica e/ou nos centros de recuperação, onde está concentrada essa população.
Como limitação desta pesquisa levanta-se a busca por descritores mais fechados, envolvendo palavras-chave como avaliação e instrumentos, aspecto não considerado nesta revisão sistemática da literatura. Somada a essa limitação, apresenta-se outra, a busca em mais de uma base de dados, como PubMed, MEDLINE, EMBASE, LILACS, SCISEARCH e Registro Cochrane de ensaios clínicos, procedimento não realizado nesta pesquisa.
Finalmente, conclui-se que esta revisão sistemática contribui para aprofundar os conhecimentos sobre os instrumentos de avaliação cognitiva com a perspectiva de que novas pesquisas possam aprofundar e consolidar um conhecimento que necessita, cada vez mais, de novos olhares, especialmente para estudos contextualizados, considerando realidades culturais distintas.
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Endereço para correspondência:
Daniela Castro dos Reis
Email: danireispara@yahoo.com.br
Lília Iêda Chaves Cavalcante
Email: liliaccavalcante@gmail.com
Recebido em: 17/05/2017
Revisado em: 22/12/2017
Aceito em: 24/04/2018