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 ISSN 0101-3106

MORAES, Eliane Robert. A ingenuidade de um perverso: linguagem e erotismo em Nabokov. []. , 30, 45, pp.115-119. ISSN 0101-3106.

^lpt^aEmbora o romance Lolita, de Vladimir Nabokov, tenha se celebrizado por colocar em evidência a figura da ninfeta, é notável a complexidade com que elabora a imagem do perverso. Humbert Humbert é um personagem construído sobre paradoxos: se, de um lado, ele se define como “pervertido”, de outro, jamais corresponde à caricatura do “tarado”, sendo que tais estereótipos são colocados em xeque ao longo de todo o livro. A começar pela identificação do perverso com a criança, que ganha sentido maior quando se recorda que o romance foi escrito na mesma época em que o autor redigia sua autobiografia, com ênfase nas memórias de infância. Com efeito, os dois livros expõem um intrincado jogo entre passado e presente, no qual adulto e criança se aproximam para intercambiar seus papéis. Aproximação que se realiza por meio de instigantes jogos de linguagem que permitem a Nabokov a criação de uma língua própria à perversão.^len^aAlthough the novel Lolita, by Vladimir Nabokov, owes its reputation to the nymphet, the way it presents the pervert’s profile is also remarkable. Humbert Humbert is a character built up on paradoxes. If, on one hand, he is briefly defined as a pervert, on the other, he never corresponds to the caricatures of a sex maniac; in fact, these steriotypes are deeply discussed along the whole narrative. First, by the identification of the pervert to a child, which gains a special meaning when we remember that the novel was written while the author was composing an autobiography, with emphasis on his childhood. In fact, both books play with past and present in particular ways that allow child and adult to interchange their roles. To accomplish this approach, Nabokov’s witty plays on words end to create a peculiar language for perversion.

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