Revista Mal Estar e Subjetividade
ISSN 1518-6148 ISSN 2175-3644
MELLO, Renata HERZOG, Regina. Subjetividade e defesa na obra de Michael Balint. []. , 8, 4, pp.1121-1142. ISSN 1518-6148.
^lpt^aNa atualidade, nos deparamos com a difusão dos chamados pacientes difíceis na clínica psicanalítica. Estes pacientes se mostram resistentes à técnica dita clássica da psicanálise, remetendo à necessidade de se debruçar sobre sua dinâmica psíquica, com vistas a um entendimento maior do que está em jogo nestes casos. Verifica-se que o processo de subjetivação reporta para uma vivência traumática precoce que incide sobre a relação do indivíduo com o que lhe é externo. Por conta do transbordamento de intensidades provocado pelo trauma, medidas de proteção elementares são mobilizadas visando evitar um colapso narcísico. A defesa passa a ser a via privilegiada pela qual o psiquismo se constitui, o que se traduz em um significativo empobrecimento da vida subjetiva. Para tentar compreender esta dinâmica e propor uma direção ao tratamento psíquico, vamos recorrer às idéias de Michael Balint sobre as relações objetais primárias, visto que seu pensamento oferece elementos importantes para uma renovação do entendimento, tanto da prática analítica, quanto da própria dinâmica psíquica em jogo nos dias de hoje. Com respeito às idéias de Balint, vamos nos deter em sua teoria do amor primário e na questão das modalidades de vínculo defensivas - ocnofilia e filobatismo - face ao desamor dos objetos primordiais, idéias que podem fornecer subsídios para lidar com estes pacientes ditos difíceis.^len^aCurrently we can observe the diffusion of the so-called tough patients in psychoanalytic clinic. These patients have proven resistant to the classic psychoanalysis technique, leading to the necessity of relying on their psychic dynamics, aiming at a broader understanding of what is at stake in these cases. It can be observed that the subjectivation process relates to a precocious traumatic experience that touches the relation of the individual with what is external to him. Because of the overwhelming intensity provoked by the trauma, elementary protection measures are mobilized in order to prevent a narcissistic collapse. The defense then becomes the preferred way through which psychism constitutes itself, which translates into a meaningful impoverishment of subjective life. In an attempt to understand this dynamic and propose a direction for the psychic treatment, we will resort to Michael Balint's ideas about primary object relations, as his thinking offers important elements for a renewal of the understanding of both the analytical practice and the very psychic dynamic we currently see. In regards to Balint's ideas, we will hold on to his primary love theory and to the question of the modalities of defensive links - ocnophilia and philobatism - given the lack of loving of the primordial objects, ideas that can provide subsidies to deal with these tough patients.
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