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Estudos de Psicanálise
versão impressa ISSN 0100-3437versão On-line ISSN 2175-3482
Resumo
ANDRE, Jacques. Laura ou os confins sexuais da necessidade. Estud. psicanal. [online]. 2008, n.31, pp.65-76. ISSN 0100-3437.
A propósito da análise de uma paciente, o autor discorda de Winnicott quando, afastando-se da perspectiva freudiana, pretende poder isolar e tratar da falha do ambiente humano, nos primeiros momentos da vida, apartada da vida pulsional. A experiência humana faz fracassar a idéia de “necessidades naturais”. Nunca isoladas, elas sempre estão marcadas pelo inconsciente dos adultos. “Necessidades” como a dependência, por exemplo, atualizadas pela experiência transferencial, têm a característica de ser sem fundo, como uma adição. Nem por isso se situam fora do sexual e de seu infantilismo. A regra fundamental convida o pensamento ao auto-erotismo. Esta sedução, sexualização, que cria o espaço analítico, repousa sobre a convicção de que o sexual infantil é não somente determinante do conflito psíquico, mas também que ele contém, por sua polimorfia, sua plasticidade, capacidades de transformação que podem ser postas a serviço da mudança psíquica. Numa extremidade a repetição até à compulsão, na outra uma faculdade de deslocamento sem igual. O objetivo do tratamento não é, pois, introduzir uma sexualidade infantil supostamente ausente - o desmedido das “necessidades” sinaliza sua presença compulsiva - mas de restaurar-lhe e até mesmo inventar-lhe a plasticidade. Todo o playing técnico ao qual se entrega Winnicott deve ser interpretado nesse sentido. A sexualidade infantil não é somente o objeto da psicanálise, é também o caminho.
Palavras-chave : Necessidades naturais; Sexualidade infantil; Atualização transferencial; Compulsão de repetição; Plasticidade transformadora.