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Revista Brasileira de Orientação Profissional

versão On-line ISSN 1984-7270

Rev. bras. orientac. prof v.7 n.2 São Paulo dez. 2006

 

ARTIGOS

 

 

Avaliação de um serviço de orientação profissional: a perspectiva de ex-usuários

 

Evaluation of a professional guidance service: a view by former clients

 

Evaluación de un servicio de orientación profesional: la perspectiva de ex usuarios

 

 

Fabiana Hilário de Almeida*; Lucy Leal Melo-Silva**

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto

 

 


RESUMO

Considerando a importância da avaliação de processos e resultados em intervenções psicológicas, este estudo objetivou avaliar a eficácia de um Serviço de Orientação Profissional da Clínica-escola de uma universidade pública no período de sete anos de funcionamento. Dentre os 466 ex-usuários que concluíram o processo no período analisado, 104 responderam a um questionário enviado por correio. Esse instrumento, composto de questões abertas e fechadas, avalia o serviço em três dimensões: inputs, processos e outputs, segundo modelo de French, Hiebert e Bezanzon. As questões fechadas foram tratadas por meio da estatística descritiva e as abertas foram tratadas conforme análise do conteúdo de Bardin e com base em referenciais integrados (clínico-operativo e desenvolvimentista). Constatou-se que a maioria dos ex-usuários avaliou positivamente o serviço, revelando compreensão da Orientação Profissional como uma estratégia que possibilita o autoconhecimento e o amadurecimento para a realização de escolhas vocacionais.

Palavras-chave: Avaliação de intervenção, Orientação profissional, Serviços psicológicos, Escolhas vocacionais.


ABSTRACT

Considering the importance of evaluation of the process and results of psychological interventions, this study aimed at evaluating the Vocational Guidance Service done by a public university, during seven years. Out of a total of 466 former clients, who concluded attendance, 104 answered a questionnaire sent by post. That instrument, consisting of closed and open questions, evaluates services according to three dimensions: inputs, processes and outputs, according to the French, Hiebert and Bezanzon model. The answers to the closed questions were treated by means of descriptive statistics and the answers to the open questions were analyzed according to Bardin and also as based on the integrated references (clinical-operative and developmental). Most former clients evaluated the service positively, what showed that they understood professional guidance as a strategy that favors an individual’s self-knowledge and development to accomplish their vocational choices.

Keywords: Evaluation of interventions, Professional guidance, Psychological services, Vocational choices.


RESUMEN

Considerando la importancia de la evaluación de procesos y resultados en intervenciones psicológicas, este estudio buscó evaluar la eficacia de un Servicio de Orientación Profesional de una Clínica-Escuela de una Universidad pública en el período de siete años de funcionamiento. De los 466 ex usuarios que concluyeron el proceso, en el período analizado, 104 respondieron a un cuestionario enviado por correo. Ese instrumento, compuesto por cuestiones abiertas y cerradas, evalúa el servicio en tres dimensiones: inputs, procesos y outputs, según el modelo de French, Hiebert y Bezanzon. Las cuestiones cerradas fueron tratadas por medio de la estadística descriptiva y las abiertas de acuerdo con el análisis del contenido, de Bardin y con base en los referenciales integrados (clínicooperativos y desarrollistas). Se constató que la mayoría de los ex usuarios evaluó positivamente el servicio revelando comprensión de la Orientación Profesional como una estrategia que posibilita el autoconocimiento y la maduración para la realización de las elecciones vocacionales.

Palabras clave: Evaluación de intervención, Orientación profesional, Servicios psicológicos, Elecciones vocacionales.


 

 

Com o processo de mundialização da economia, as mudanças no mercado de trabalho têm se acelerado intensamente. Neste contexto, maior importância vem sendo dada ao campo da Orientação Profissional no Brasil, sobretudo após a década de 1990. Em decorrências de tais transformações, cada vez mais se torna necessário compreender as necessidades sociais e humanas, e como elas influenciam no processo de escolha e desenvolvimento da carreira profissional.

Nos últimos anos têm-se observado aumento da demanda por serviços de orientação em diversas instituições de ensino médio e superior. Os serviços de atendimento à comunidade são, freqüentemente, desenvolvidos em clínicas-escola de cursos de Psicologia, públicos ou privados, principalmente destinados a alunos do Ensino Médio e de cursos pré-vestibulares; e também a adultos, demanda mais recente, como apontaram Melo-Silva, Lassance e Soares (2004). Desta forma, antigas e novas demandas exigem cada vez mais a realização de estudos de natureza avaliadora, tanto dos instrumentos utilizados, quanto das práticas de Orientação Profissional instituídas.

No contexto da Orientação Vocacional, Profissional ou de Carreira a avaliação desempenha um papel central. Quando ela ocorre, freqüentemente é realizada em duas dimensões de análise: (1) avaliações da pessoa, que se centra nos traços e características individuais, e (2) dos problemas, ou seja, preocupações das pessoas em relação à tomada de decisão vocacional (Savickas, 2004). Inclui-se aqui a necessidade de avaliação em uma terceira dimensão a de processos e resultados da intervenção, objeto deste estudo.

No cenário da avaliação de processos e resultados, cabe indagar como os serviços de Orientação Profissional são avaliados por seus usuários, quais os benefícios e limitações. “Necessitamos de informações mais precisas sobre o processo de aconselhamento na carreira. Precisamos determinar a eficácia das intervenções no tratamento. (...) Os pesquisadores precisam saber quais profissionais considerar efetivos, e precisam ajudar a informar aos profissionais sobre os tratamentos efetivos” (tradução dos autores) conforme Fouad (1994, p. 160).

Sobre a avaliação da efetividade em estratégias de aconselhamento de carreira no Canadá, Flynn (1994) aponta a literatura da área como escassa (Melo-Silva, 2000; Melo-Silva & Jacquemin, 2001). Considera-se relevante continuar a “expandir e aprofundar nosso conhecimento do porquê o aconselhamento de carreira para carreira é eficaz, com quem, sob que condições e com que resultados” (Flynn, 1994, p. 272). Segundo French, Hiebert e Bezanzon (1994) pouco se sabe sobre a eficácia e a adequação dos programas elaborados para ajudar as pessoas nas questões relativas a emprego e a carreira profissional. Assim, surgem questões referentes ao impacto que os programas e Serviços de Orientação Profissional ou Desenvolvimento de Carreira possuem, em longo prazo, na vida de jovens e adultos. Desse modo, analisar criticamente os serviços prestados, do ponto de vista dos ex-usuários torna-se relevante à medida que permite aferir a adequação dos recursos disponíveis para o atendimento às reais necessidades do usuário. French e colaboradores (1994) afirmam que a avaliação deve incluir tanto metodologia qualitativa quanto quantitativa. É necessário, ainda, considerar os resultados e os processos integrados, os fatores intrapessoais do cliente e os fatores contextuais. Os orientadores precisam ser convencidos de que a avaliação pode proporcionar informação útil aos conselheiros, além de constituir sólido apoio para a continuidade de sua intervenção. A avaliação de procedimentos de intervenção no domínio da Orientação Vocacional / Profissional, considerando processos e resultados como entrelaçados no próprio aconselhamento, foi apontada como relevante por Hiebert (1994).

Cumpre destacar que um modelo de avaliação foi proposto em um Simpósio sobre Problemas e Soluções para Avaliar Programas e Serviços do Desenvolvimento de Carreira realizado em Halifax, na Universidade do Monte Saint Vicent, no Canadá, em março de 1994. O modelo consiste em uma avaliação em três dimensões: inputs (restrições físicas e recursos que operam na instituição que presta o serviço), processos (os meios utilizados na prestação de serviços) e outputs (resultados diretos do processo como: habilidades para resolução de problemas, para tomada de decisões, de planejamento e auto-administração). Esse modelo de avaliação, de French e col. (1994), inspirou os autores para a realização de uma ampla pesquisa (Melo-Silva, Almeida, Loosli & Fraga, 2004). Considerando que ainda são poucos os estudos brasileiros, justificam-se os objetivos deste estudo, ou seja, avaliar os processos e os resultados de intervenção em Orientação Profissional, na perspectiva de ex-usuários.

 

MÉTODO

Participantes e universo da pesquisa

Para a realização do estudo foi delimitada a população de ex-usuários do Centro de Pesquisa e Psicologia Aplicada (CPA) da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (FFCLRP/USP), que realiza a extensão universitária em dois locais no campus: (1) prédio do CPA e (2) clínica. A clínica psicológica do CPA realiza serviços diretos e gratuitos à comunidade, seguindo critérios de seleção apropriados ao ensino. Os serviços são prestados por estagiários, em sua maioria do 4º e 5º ano de Psicologia e por psicólogos. Esses serviços compreendem: inscrição e entrevista de triagem, avaliação psicológica, psicoterapia, aconselhamento, orientação profissional e orientação de pais (Melo-Silva, Santos, & Simon, 2005).

Este estudo refere-se especificamente aos ex-usuários do Serviço de Orientação Profissional (SOP). Após a entrevista de triagem, realiza-se a indicação para o processo de Orientação Profissional (em grupo ou individual) ou o encaminhamento para outro tipo de intervenção. O processo de Orientação Profissional dura em torno de 12 sessões, uma vez por semana. O grupo funciona durante duas horas com cerca de 10 a 17 participantes. A sessão do atendimento individual é de 50 minutos. O processo de intervenção baseia-se em seis eixos temáticos: autoconhecimento, escolha, estudos, vestibular, mundo do trabalho, informação sobre as carreiras e formas de acesso aos cursos e universidades (Melo-Silva, 2005). A fundamentação teórica que embasa a análise dos atendimentos em grupo segue o referencial clínico-operativo (Melo-Silva & Jaquemin, 2001) que integra contribuições de Pichon-Rivière (1994, 1995), Bohoslavsky (1991) e Müller (1988, 1994). Os atendimentos individuais têm por base a entrevista clínica de Bohoslavsky.

A parcela de população delimitada para este estudo abrangeu os ex-usuários atendidos no período de 1994 a 2000, totalizando 786 sujeitos. Destes, 466 eram ex-usuários que concluíram o processo da Orientação Profissional. Este artigo focalizará a visão dos ex-usuários que concluíram o processo de Orientação Profissional e que responderam ao questionário (n = 104 sujeitos).

Instrumento de coleta de dados

Para a coleta dos dados, foi elaborado um instrumento misto (Anexo 1) que contempla tanto perguntas abertas quanto questões fechadas. As perguntas fechadas – tipo escala Likert de 5 pontos – visam à obtenção de dados objetivos. Sabe-se que são mais utilizadas nas Ciências Sociais, especialmente em levantamentos de atitudes e opiniões. As questões abertas visam uma manifestação mais livre, objetivando aprofundar a avaliação através de temas mais gerais como: escolha, futuro e sugestões para outros atendimentos; e uma questão final solicita a avaliação do próprio questionário. Esse instrumento de coleta foi preparado com base na proposta de French e col. (1994) para uma avaliação que contempla três dimensões de análise (inputs, processos, outputs). Os inputs, neste estudo, referem-se às condições oferecidas pelo serviço, tais como a localização da USP, o local / sala de atendimento, a inscrição no serviço, a primeira entrevista, a duração do atendimento, os recursos materiais e humanos disponíveis. A segunda dimensão de análise, relativa ao processo aborda as atividades desenvolvidas, a interação com o psicólogo-estagiário, a interação com os demais participantes do grupo, as atividades complementares, a assiduidade, o grau de importância dos temas trabalhados. A terceira, os outputs, referem-se aos resultados obtidos através da Orientação Profissional, ou seja, a maturidade para a tomada de decisão profissional, as influências percebidas durante a escolha e o quanto o processo auxiliou na resolução de problemas, assim como o desenvolvimento de habilidades para a organização de um projeto de vida profissional.

A utilização do método do questionário, enviado por correio, para a coleta de dados é apontada por Selltiz, Wrightsman e Cook (1987) como desvantajosa uma vez que o retorno na maioria das vezes é pequeno, em torno de 10% a 15%. Por outro, sua vantagem consiste na possibilidade de acessar um universo maior de respondentes. Embora considerando as desvantagens que a literatura aponta, tal procedimento foi escolhido com o objetivo de alcançar a população total inscrita no serviço. Observou-se que o método foi eficaz em garantir o retorno de 22,31% dos ex-usuários que concluíram o atendimento.

Procedimento de coleta de dados

Trata-se de um estudo longitudinal que avalia o serviço em sete anos de atendimento e, para tal, realizou-se um levantamento de todos os usuários inscritos no SOP, no período de 1994 a 2000, identificando os grupos de usuários: concluintes, abandonadores e desistentes. A fim de obter os dados foram enviados por correio: (1) carta explicativa sobre o estudo, (2) termo de Consentimento Livre e Esclarecido, (3) questionário específico para cada um dos três grupos (concluintes, desistentes, abandonadores), e (4) envelope resposta subscritado e pré-franqueado. Ao todo foram 459 correspondências de concluintes, 203 de abandonadores e 124 de desistentes. Objetivando o retorno do maior número possível de questionários, foram realizadas ligações telefônicas a todos os ex-usuários a fim de averiguar o recebimento da correspondência pelos mesmos. As ligações visaram também esclarecer melhor sobre os objetivos e motivar os ex-usuários a participarem do estudo.

Tratamento dos dados

A partir dos questionários respondidos, realizou-se uma organização dos dados por ano de atendimento, conforme mostra a Tabela 1. Foi considerado como população potencial o número de questionários postados. Uma amostra dessa população potencial foi considerada como “perdida”, ou seja, os questionários extraviaram, ou então não foi possível contatar essa pequena amostra via telefone para a atualização de endereços. Dessa maneira, foi feita uma estimativa da amostra da população que provavelmente recebera os questionários.

Tabela 1

Ex-usuários atendidos no período de 1994 a 2000: população total potencial (N=466); questionários que extraviaram (N=20), amostra que provavelmente recebeu os questionários (N=446) e participantes respondentes (N=104)

 

 

Realizou-se o tratamento por meio da estatística descritiva, ou seja, através das porcentagens de repostas aos itens do questionário, de acordo com o conjunto de informações sobre (1) as condições oferecidas pelo serviço (inputs), (2) o processo (meios pelos quais o serviço se valeu para facilitar o processo da tomada de decisão profissional); e (3) os resultados atingidos com a orientação profissional (outputs). Os dados qualitativos relativos aos comentários dos participantes e as respostas às questões abertas foram analisadas segundo a análise de conteúdo de Bardin (1977), e com base em referenciais integrados clínico-operativos (Müller, 1988; Lima, 1999; Melo-Silva, 2005) e desenvolvimentistas (Super, 1980) o que permitiu complementar as reflexões e destacar nuances, que muitas vezes os tratamentos quantitativos encobrem. Inicialmente foi realizada a pré-análise através da leitura flutuante e uma organização das informações obtidas por meio dos comentários dos ex-usuários em cada questão do questionário e das respostas às questões abertas. Os resultados serão apresentados e discutidos em duas etapas: a primeira refere-se aos dados quantitativos obtidos por meio das perguntas fechadas e a segunda aos dados qualitativos sistematizados a partir dos comentários e respostas às questões abertas.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Resultados quantitativos

As condições oferecidas pelo serviço (inputs)

A análise geral das informações obtidas por meio da avaliação das condições oferecidas pelo serviço (Tabela 2), possibilita constatar que os conceitos Bom e Excelente predominaram nas respostas dos ex-usuários.

Tabela 2

Porcentagens de respostas obtidas nos itens avaliados pelo total de ex-usuários participantes (N=104), segundo o conceito atribuído às condições oferecidas pelo serviço de Orientação Profissional

 

 

A respeito do item Localização da USP, notou-se que a freqüência de respostas que avaliam como Bom (41,34%) e Excelente (20,19%) totalizaram 61,53%, o que permite inferir que o fato do atendimento ser realizado no campus universitário não é percebido como obstáculo. A sala de atendimento foi avaliada como Boa (53,84%) e Excelente (13,46%), totalizando 67,30% de opiniões favoráveis. A maioria dos atendimentos ocorreu em grupos e em uma sala adaptada, considerada pela equipe técnica como inadequada, porém não foi percebida assim pela maioria dos usuários.

Com relação ao item inscrição que corresponde ao contato inicial com o serviço, cabe apontar que a soma Bom (65,38%) e Excelente (15,38%) foi de 80,76%. Esta elevada porcentagem é muito significativa, pois demonstra que o primeiro contato com o cliente tem sido muito bem realizado pelas secretárias. A entrevista de triagem também apresentou porcentagem significativa de Bom (63,46%) e Excelente (17,30%) totalizando também 80,76%. Este dado revela que o contato inicial entre o estagiário que realiza a triagem e o orientado também está sendo muito bem estabelecido. Segundo Ancona-Lopez (2005), com relação às entrevistas de triagem, entendidas como parte de um processo intervenção, propõe que o psicólogo esteja disponível às possíveis demandas e, ainda, que possibilite transformar este encontro em um processo que fará com que este sujeito se aproprie de seus próprios problemas. A entrevista de triagem é importante como oportunidade de conhecer os “pedidos” originais dos usuários na consulta psicológica vocacional, ou seja, atentar para os diferentes focos de intervenção (Nascimento & Coimbra, 2005a, 2005b) e, assim, proceder às aproximações diagnósticas com vistas a realizar o encaminhamento no qual o usuário obterá maior benefício.

O tempo da sessão individual de 50 minutos, também teve uma avaliação positiva: Bom (43,26%) e Excelente (19,23%) , totalizando 62,29%. É necessário ressaltar que a maior parte dos ex-usuários foi atendida em grupo e, assim, se justifica a porcentagem de respostas deixadas Em Branco (25,96%). Os dados qualitativos apontam que a maioria daqueles que realizou o atendimento individual está satisfeita com o tempo de sessão. O tempo da sessão em grupo também foi bem avaliado por 46,15% dos ex-usuários, sendo que neste item ocorreu a maior porcentagem de conceito Excelente (29,80%) que somado à porcentagem de Bom resultou em 75,95% de aprovação. No item sobre o tempo de duração do processo em número de sessões – em média 12 – novamente houve uma predominância de Bom (55,76%) e Excelente (19,23%), o que resultou em 74,99% de respostas favoráveis. Este alto índice de aprovação revela que o tempo da sessão e o número de encontros são percebidos como adequados para o atendimento às necessidades do orientado. Os achados corroboram estudo anterior, de Melo-Silva e Jacquemin (2001), no qual foi apontado que nove sessões atendem aos objetivos da Orientação Profissional, porém, entre 12 a 15 sessões os resultados são melhores em termos de aprofundamento do autoconhecimento.

A respeito dos recursos materiais disponíveis, a soma de Bom (50%) e Excelente (13,46%) totaliza 63,46% de respostas. Assim, considerando os dados qualitativos, nota-se que, salvo algumas queixas a respeito da desatualização e escassez do material, a maioria dos ex-usuários ainda avalia razoavelmente bem os recursos materiais disponíveis. A avaliação negativa ocorreu, sobretudo em anos iniciais do atendimento, período no qual havia poucos instrumentos. E ainda, utilizava-se o original do Teste de Fotos de profissões (BBT), que foi substituído em 2001 pelo BBT-Br, adaptação brasileira, com parte das fotos atualizadas.

A competência do estagiário foi bem avaliada (50,96%) e neste item também se observou o maior valor percentual de respostas Excelente (29,80%), totalizando 81,76%. Segundo Melo-Silva (2003), a competência vista como uma capacidade de saber fazer bem, envolve duas dimensões: a técnica, que se refere ao domínio dos conteúdos que o indivíduo precisa para desempenhar sua função; e a política, que envolve o questionamento de onde levará aquilo que é desejável e que está valorativamente determinado com relação à atuação do profissional. Os dados permitem inferir que os estagiários estão sendo bem treinados e preparados, além de estarem desempenhando bem suas funções de psicólogo / orientador.

Com relação ao atendimento da secretaria da Clínica, o resultado da soma Bom-Excelente foi de 73,07%. Considerando-se este alto índice, isso nos permite confirmar que realmente o atendimento da secretaria na Clínica tem sido muito bem visto pelo usuário. Sobre o atendimento da secretaria do CPA, a porcentagem acentuada de resposta Em Branco (48,07%). Ocorreu porque a maioria da clientela não pôde avaliar esse item uma vez que foi atendida na clínica e não no CPA, local onde funciona parte do atendimento direto à população, ambos no campus universitário.

Processos e meios utilizados

A análise mais ampla das Tabelas 3 e 4 permite observar que há predomínio do conceito Muito, ou seja, houve uma avaliação relativamente positiva dos ex-usuários referente aos itens que têm por finalidade contribuir para o processo de tomada da decisão. Porém, na Tabela 3 predominam as avaliações Mais ou Menos e Muito. A respeito do primeiro item: as atividades desenvolvidas facilitaram a decisão nota-se que a freqüência de respostas Mais ou Menos (39,42%) predomina, seguido de Muito (29,80%). Apesar desse item ter tido a maior porcentagem do conceito Péssimo (12,50%), neste conjunto de dados, esta ainda é uma freqüência pequena. Assim, julgou-se importante investigar se o usuário, durante o processo, tem percebido que na decisão final cabe a ele o papel ativo na tarefa da “escolha”.

Tabela 3

Porcentagens de respostas obtidas nos itens avaliados pelo total de ex-usuários (N=104), segundo os conceitos atribuídos aos meios que contribuíram para o processo da tomada de decisão

 

 

Tabela 4

Porcentagens de respostas obtidas nos itens avaliados pelo total de ex-usuários concluintes participantes (N=104), segundo o conceito atribuído à importância dos temas trabalhados no processo da tomada de decisão profissional

 

 

Sobre se o vínculo com o estagiário ajudou, as respostas Mais ou Menos e Muito também foram superiores (69,22%), com predomínio de Muito. Assim, percebe-se que alguma importância os ex-usuários atribuem à questão do vínculo com o estagiário no sentido de favorecer o processo de escolha. Pichon-Rivière (1994) define vínculo como sendo uma estrutura complexa que pressupõe um indivíduo, um objeto e a sua mútua inter-relação com processos de comunicação e aprendizagem. O vínculo orientando-orientador constitui a condição necessária para a eficácia nas intervenções de natureza psicológica. Na questão que aborda o vínculo com os integrantes do grupo, os ex-usuários fizeram uma avaliação também relativamente positiva (Mais ou Menos e Muito totalizaram 51,92%), demonstrando que este vínculo também ajudou a favorecer o amadurecimento da decisão em parte do grupo. No contexto grupal a vinculação entre os integrantes é que define o grupo. No processo de mútua representação interna estão presentes gratificações, frustrações e ansiedades básicas. Este interjogo entre o jovem e o grupo implica em uma inevitável transformação do mundo para a realização de seus desejos e propósitos. Isto reflete em uma relação sujeitomundo conflitiva e contraditória (Pichon-Rivière, 1994), que é transferida para a situação grupal e vivenciada com ansiedade. Assim, de certa forma, se explicam as avaliações Mais ou Menos nos dois itens que abordam vinculação. A respeito do item sobre a participação do ex-cliente no processo, notou-se o predomínio Muito (36,53%), seguido de Mais ou Menos (29,80%), totalizando 66,33%. Isto mostra que a grande maioria entende que sua participação durante o atendimento é imprescindível, ou seja, o cliente deve ser sujeito na “escolha” profissional consciente e autônoma (Bohoslavsky, 1991).

Sobre a realização das atividades complementares externas, notou-se uma dispersão maior entre os conceitos: Muito importante (24,03%); Totalmente importante (20,19%); Mais ou Menos (15,38%); e 24,03% deixaram o item Em Branco. Esta dispersão dos resultados pode significar que muitos dos ex-usuários aderiram à proposta de realização de atividades complementares externas. Porém, alguns podem ter uma expectativa de papel mais ativo por parte do psicólogo-estagiário. Tais atitudes podem evidenciar: imaturidade, dependência do outro, dificuldades no comprometimento com a tarefa de escolha e com o seu próprio projeto de vida (Almeida, 2003).

Sobre a assiduidade às sessões, 64,42% responderam que foram Totalmente assíduos. Esse foi o item melhor avaliado na Tabela 3. Nota-se um empenho da grande maioria dos ex-usuários em estarem presentes nos encontros o que pode sinalizar um compromisso com a orientação oferecida e alguma expectativa de benefício. A respeito do item tomada da consciência sobre o processo de escolha a avaliação foi: Muito (36,53%); Totalmente (28,84%), somando 65,37%. O que leva a inferir que o processo tenha auxiliado em decisões futuras, uma vez que a avaliação foi feita entre um e seis anos após a intervenção. Assim, pode-se inferir que os resultados foram bem sucedidos, dado que a intervenção é planejada e desenvolvida visando que o cliente desenvolva habilidades para tomar decisões ao longo da vida, como concebem as teorias desenvolvimentistas de carreira (Super, 1980). É preciso cada vez mais “aprender a aprender” e redirecionar caminhos considerando o mundo em mudança e a condição humana em processos contínuos e velozes de mutação (Almeida, 2003).

Sobre o item que avalia o uso do Teste de Fotos (BBT), houve uma dispersão maior dos resultados: o teste contribuiu Muito (29,80%); Mais ou Menos (21,15%), e Totalmente (15,3%), totalizando 66% de respostas que apontam alguma contribuição recebida com o uso do referido instrumento. Por outro lado, para alguns deles o teste ajudou pouco (11,53%) ou nada (8,6%) ou o item não foi avaliado (13,46%). Esta questão do teste de fotos é um ponto importante, principalmente pelas expectativas idealizadas, uma vez que os orientados solicitam teste vocacional quando buscam o SOP. Porém, quando o atendimento ocorre, percebem que os resultados dos testes podem auxiliar na compreensão da dinâmica da pessoa (Almeida, 2003), ocorrendo desmistificação. No caso do BBT, uma técnica projetiva de avaliação, o objetivo é a clarificação da inclinação profissional, ou seja, fornecer informações sobre interesses e motivações. Vale destacar que até no contato com material, o sujeito é ativo no processo, realizando escolhas e posicionamentos (Melo-Silva & Noce, 2004), porém não se dá resposta pronta, o que pode gerar insatisfação.

A Tabela 4, também referente aos processos, mostra os resultados relativos ao item que avalia o grau de importância dos temas trabalhados para facilitar a aprendizagem sobre o processo de escolha de carreira.

Observando os resultados, percebe-se que houve uma grande freqüência de respostas nos conceitos: Muita e Extrema importância na avaliação dos temas trabalhados. Os dados corroboram a fundamentação do processo de intervenção, que se baseia no referencial de Pichon-Rivière, focalizando os emergentes grupais na seleção dos temas. O tema escolha da carreira foi avaliado como: Muito importante (44,23%) e de Extrema importância (32,69%). Trata-se do objetivo central da intervenção e perpassa todos os outros temas.

O tema Autoconhecimento assim como o tema Informação sobre as profissões, foram os que obtiveram 36,53% de freqüência de respostas de Muito, ou seja, ocupam o segundo lugar referente aos temas mais importantes a serem refletidos durante o processo de Orientação Profissional, corroborando a relevância atribuída aos dois temas ao longo da história da Orientação Profissional em diferentes abordagens teóricas. O Autoconhecimento foi avaliado como sendo de Muita importância (36,52%) e de Extrema importância (28,84%). A maioria dos ex-usuários, portanto, tem consciência da necessidade de se trabalhar o autoconhecimento para se realizar uma escolha profissional autêntica e madura.

A Informação sobre as profissões obteve 36,53% de Muito e 25,96% de Extrema importância. Ter acesso ao mundo das profissões a fim de conhecer, esclarecer e até sanar dúvidas foi valorizado pelos respondentes. Segundo Levenfus e Soares (2002), o adolescente por medo de escolher e, conseqüentemente, crescer, muitas vezes deseja não entrar em contato com aquilo que lhe é desconhecido, preferindo, inclusive, se manter apoiado em informações mínimas, distorcidas e idealizadas. Contudo, os resultados do presente estudo permitem inferir que os ex-usuários desta amostra atribuem importância à informação.

Outros temas que obtiveram o mesmo índice de respostas de avaliação Muito (34,61%): o medo de errar, transformações no mundo do trabalho e dedicação aos estudos retratam a angústia relativa ao futuro, na realização de tarefas a serem cumpridas para a constituição da identidade pessoal: profissional, sexual, ideológica, religiosa. O próximo tema também considerado de Muita importância (33,65%) foi: amizade entre os participantes. Pode-se inferir que maioria dos ex-usuários parece ter percebido a importância da interação grupal, da cooperação do grupo frente à tarefa. Estar em grupo com seus pares é um dos argumentos favoráveis à intervenção em grupo com adolescentes, pelo convívio e a necessidade de diferenciar-se de seu grupo familiar (Soares-Lucchiari, 1993; Carvalho, 1995; Melo-Silva & Jacquemin, 2001).

O tema medo do vestibular foi conceituado como sendo de Muita importância (30,76%) e Extrema (18,26). O vestibular como uma barreira que “serve para distribuir os privilegiados, já selecionados pelas escolas de primeiro e segundo graus” (Whitaker, 1997, p. 49). A situação de vestibular freqüentemente aumenta a ansiedade, por isso aparece acompanhado da palavra medo. Existem pressões internas e externas (sociais e familiares). Assim, o adolescente que não consegue passar no vestibular, freqüentemente, se vê como um fracassado. Em muitos casos, o vestibular pode gerar: elevada ansiedade, estresse e até, em alguns casos, depressão um ano antes da prova (Soares, 2002). Há ainda o significado simbólico do vestibular como “ritual de passagem” (Teixeira, 1981) para o mundo adulto com tudo que ele representa de barreiras, desafios e responsabilidades.

O tema mercado de trabalho das profissões foi avaliado como Muito importante (29,80%), de Extrema importância (20,19%) ou Média (27,88%), ou seja, racionalmente os ex-usuários julgam como relevante. Porém, o que se observa na prática é a postergação, uma vez que as tarefas mais urgentes são: decidir e passar no vestibular. O tema tem sido tratado no SOP com vistas a antecipar problemas que os jovens poderão encontrar na adaptação ativa ao mundo do trabalho, uma vez que, “o trabalhador do futuro, seja qual for a sua especialidade ou setor, precisa estar habituado à gestão do próprio conhecimento” (Schwartz, 2000, p. 11). Lidar com um mundo do trabalho dinâmico e flexível é uma das habilidades que precisa ser desenvolvida cada vez mais.

A questão que aborda a influência da família, também teve uma porcentagem elevada de respostas relativas ao conceito Muito (28,84%), Média (22,11%) e Extrema (10,57%), totalizando 61%. Segundo Bohoslavsky (1991), o grupo familiar constitui o grupo de participação e de referência fundamental e, por isso, os valores desse grupo constituem bases significativas na orientação dos adolescentes, operando positivamente como grupo de referência ou não. Sabe-se que a influência dos pais no processo de escolha profissional dos filhos há tempos vem sendo considerada em diferentes modelos teóricos do campo da Orientação Vocacional / Profissional. No entanto, segundo Pinto e Soares (2001), não obstante as referências teóricas sobre o assunto datarem da década de 50, só mais recentemente a influência da família no desenvolvimento da carreira dos filhos vêm sendo objeto mais específico de investigação.

Houve dispersão na avaliação dos temas medo do mundo adulto e a escola pública versus escola privada. Nessa tabela, atingiram a menor freqüência de respostas Muito (25%), mas, ainda assim, foram considerados assuntos com um elevado grau de importância para serem discutidos em grupo. Muitos jovens não possuem consciência de que, muitas vezes, estão resistentes em realizar suas escolhas, justamente porque isso representa o ingresso no mundo adulto, o que significa assumir compromissos e superar obstáculos. A escolha implica necessariamente em um luto, que pode ser traduzido na perda do mundo infantil (Aberastury, 1983). A questão da escola pública versus privada é outro assunto que causa preocupação, já que, muitas vezes, o aluno da escola pública, que é quem aborda o assunto no grupo, não se sente em condições de competir em condições de igualdade, com candidatos de escolas particulares. Assim, muitas vezes, diante da impotência, pode se deixar levar por sentimentos de conformismo “escolhendo” uma carreira não condizente com suas motivações.

Resultados da intervenção em Orientação Profissional (outputs)

A Tabela 5 mostra os dados obtidos sobre os outputs em três conjuntos de informações: (1) crenças sobre a sua decisão e se a orientação pode ajudar outras pessoas; (2) influências; (3) itens nos quais a orientação teria auxiliado.

Tabela 5

Porcentagens de respostas obtidas nos itens avaliados pelo total de ex-usuários (N=104), segundo o conceito atribuídos aos resultados obtidos com o Serviço de Orientação Profissional

 

 

O primeiro subconjunto de itens é sobre as crenças relativas aos resultados da decisão na vida dos ex-usuários. O item que aborda a questão do excliente ter ficado maduro em relação a sua decisão profissional avaliou como Muito maduro (28.84%), Mais ou Menos (27.88%) e Totalmente (21.15 %). Desta maneira, este tema foi avaliado positivamente, o que sinaliza uma direção adequada na prestação do serviço que objetiva facilitar o processo de escolha autônoma e consciente.

O item que aborda se a Orientação Profissional foi fundamental para a decisão, 32.69% conceituou como Mais ou Menos e 19.23% como Muito. A divergência entre esses dois itens pode ser em função da orientação ter por objetivo contribuir para o autoconhecimento do cliente, desta maneira, propiciar que ele realize uma escolha madura com compromisso pessoal, assumindo seu projeto de vida. Quando isto ocorre – e a intervenção visa este objetivo – é natural que o cliente credite o mérito a si. Esse é o paradoxo da situação de avaliação em procedimentos psicológicos. Assim, a Orientação Profissional na modalidade clínica-operativa não visa diagnosticar uma carreira específica e sim orientar possíveis caminhos e até interfaces entre carreiras. Em algumas situações, o cliente sabe qual é a carreira de seu interesse, mas busca o serviço para confirmar sua opção, ampliando o conhecimento sobre si e o mundo do trabalho. Em outras situações não consegue colocar em prática sua decisão, por exemplo passar no vestibular. E, nesse sentido, avalia que a orientação não o ajudou a concretizar seus objetivos. Em outros casos, o adolescente pode necessitar de orientações para os estudos. Sobre os resultados desse item, cabe refletir se os usuários têm ou não compreendido a real função da Orientação Profissional e se o serviço está explicitando adequadamente os objetivos da intervenção. É sabido que informações sobre o procedimento de intervenção são fornecidas desde a entrevista de triagem. Entretanto, vale destacar que o ser humano ouve o que pode, quando pode e como pode. Além disso, os psicólogos-orientadores quando realizam a entrevista e mesmo o atendimento podem apresentar falhas de comunicação, insegurança tanto em relação ao funcionamento do serviço quanto ao papel profissional, o que é esperado da situação de estágio. Somado a isto, é necessário pensar que o estagiário encontra-se em situação de constituição da identidade profissional no campo da Psicologia e os conflitos dos usuários reatualizam seus próprios conflitos vocacionais, relativos à “escolha” da carreira e da especialidade ao término do curso universitário. Ademais, a pesquisa foi realizada entre 1994 e 2000, alguns anos depois do atendimento, e, nesse período alguns usuários não alcançaram seus objetivos relativos ao ingresso na carreira pretendida, em geral, porque não foram aprovados no vestibular. Cumpre destacar que o problema da “escolha” diferencia-se, em certa medida, dos obstáculos para o acesso à carreira, porém a implementação da decisão ainda é uma problemática do domínio da Orientação profissional.

Sobre a questão se o tipo de orientação realizada pode ajudar outras pessoas, 38,46% responderam que pode ajudar Totalmente, seguido de Muito (35,57%) e de Mais ou Menos (22,11%). Nenhum ex-usuário respondeu que a Orientação Profissional não ajuda em Nada. Estes dados evidenciam que o ex-cliente julga positivamente a intervenção realizada, na crença de que a mesma possa contribuir para a pessoa que está em dúvida acerca das decisões sobre a carreira. Desta maneira, por mais que a orientação possa não ter sido tão eficaz na visão de algum ex-cliente do serviço, ele avalia que, de alguma forma, é útil para ajudar outras pessoas que procuram o atendimento.

Sobre as questões que abordam o quanto a escolha da carreira foi influenciada, o segundo conjunto de informações, os dados são descritos a seguir. Na opinião dos participantes a família (63%), os amigos (67%), e os professores (68%) não influenciam na escolha da carreira. O que se pode inferir a partir disto é que a grande maioria dos ex-usuários julga que não foi muito influenciada pelas pessoas que fazem parte da sua vida, ou seja, esses usuários pensam que realizaram suas escolhas a partir do conhecimento de suas potencialidades e desejos. Uma hipótese é a de que não reconheçam a influência de pessoas significativas. Nesses casos, as influências foram introjetadas. Assim, julgou-se valer a pena averiguar melhor estas respostas por parte dos ex-usuários. A questão da influência, principalmente da família ainda requer mais estudos no contexto brasileiro.

Os próximos três itens analisam a influência do: mercado de trabalho, fatores socioeconômicos e fatores educacionais e sociais; foram considerados, pela maioria dos ex-usuários, como possuindo influência relativa na escolha profissional. O primeiro tema que aborda a questão da influência do mercado de trabalho na escolha da profissão, foi considerado Mais ou Menos (29,80%), seguido de Nada (27,88%). Assim, ao mesmo tempo em que consideram a importância do tema, como apontado anteriormente, a realidade do mundo do trabalho não é percebida como determinante. A influência dos fatores socioeconômicos também é considerada média (33,65%), assim como dos fatores educacionais e sociais (32,69%). Estudos confirmam que jovens, provenientes de contexto social, econômico, político e educacional desfavorável, têm uma liberdade limitada para escolher uma profissão (Bastos, 2005). Muitas vezes, eles se sentem em desvantagem em relação a outros jovens que se consideram mais preparados para enfrentar não apenas o vestibular, mas também uma faculdade. O capital cultural como apontou Whitaker (1997) tem sido um requisito quase indispensável para o sucesso no vestibular. Assim, é cada vez mais imprescindível que a Orientação Profissional não esteja restrita a apenas determinados grupos específicos, mas que se estenda a todos que necessitam de ajuda na elaboração ou reelaboração de um projeto de vida (Ribeiro, 2003).

A respeito da influência da Orientação Profissional no processo de escolha dos ex-usuários os conceitos são: Mais ou Menos (30,76%), Muita importância (21,15%), totalizando 51,91%. É, junto com fatores educacionais e sociais, um dos itens melhor avaliados no conjunto sobre influência. Cabe destacar que a Orientação Profissional visa promover o auxílio para a tomada de decisão que é pessoal e intransferível, portanto, não tem pretensão de indicar uma resposta absoluta e definitiva para o orientando. Assim, é possível que nem todos percebam os objetivos da intervenção. Por outro lado, muitos registraram nas respostas abertas informações sobre a importância da Orientação Profissional em suas vidas. Todavia, um dado relevante é que para 17,30% a orientação influenciou Pouco e para 18,26% em Nada influenciou. Para esta amostra é preciso dedicar mais atenção e algumas hipóteses são: (1) o processo de intervenção pode não ter sido realmente eficaz para parte dos usuários; (2) a vinculação entre os integrantes do grupo ou com os psicólogosestagiários pode não ter ocorrido; e/ou (3) o cliente pode ter iniciado o atendimento na situação pré-dilemática (na qual a escolha não é sua preocupação), segundo Bohoslavsky (1991), e ao término do processo passar para a dilemática (na qual sabe que tem que escolher, mas está em um nível elevado de ansiedade e acredita que tem muitas opções de carreira). Nesta última situação o orientando desliga-se do serviço com a percepção de não obteve benefícios; (4) o ex-cliente tomou sua decisão por uma carreira, e como já foi discutido anteriormente, creditou o mérito a si mesmo, julgando não ter tido qualquer influência da orientação.

Sobre os meios de comunicação, a maioria, 39,42% dos ex-usuários julgou que eles não influenciaram Nada. Isso talvez possa ser pelo fato de que este tipo de influência muitas vezes nem é percebida. As informações que os meios de comunicação veiculam geralmente acabam sendo introjetadas sem que muitos percebam a influência camuflada e velada no modo de pensar e viver. Valeria a pena trabalhar melhor esse tema para que os usuários estejam cientes da influência, ainda que indireta, destes meios de comunicação, de modo que isso se reverta em contribuição para uma escolha autônoma e consciente. Os dados, deste conjunto de itens, permitem observar o predomínio de respostas na avaliação Nada, ou seja, nenhuma influência, e em outros itens há dispersão. Cabe destacar que esta é a única parte do questionário no qual os menores conceitos apontam para melhores resultados em termos de decisão autônoma. Porém, é preciso cautela porque influências existem e o importante é reconhecê-las e administrá-las.

O terceiro conjunto de informações diz respeito às contribuições da Orientação Profissional realizada em termos de desenvolvimento de diversas habilidades. O primeiro item, se a intervenção ajudou o cliente a lidar com dificuldades socioeconômicas, as respostas foram: Mais ou Menos (29,80%) e Nada (28,84%). Desta maneira, uma parte dos ex-usuários avaliou que a orientação pode relativamente ajudar o cliente a lidar com esses entraves econômicos, contudo, outra parte dos respondentes apontou que não. Esta é outra questão paradoxal, pois a intervenção é de fato limitada. Como o orientador profissional poderia auxiliar nas soluções financeiras da família? O que freqüentemente se faz é orientar sobre a isenção da taxa de inscrição na FUVEST e outras universidades públicas, sobre bolsa moradia, bolsa alimentação, bolsa trabalho, bolsas de iniciação científica nas universidades públicas, fontes de financiamento em universidades particulares e programa de cotas. O dado mostra que talvez estas orientações não estejam sendo suficientes. Por outro lado, dificuldades socioeconômicas serão sempre fatores limitantes e deverão ser resolvidas no âmbito familiar. Sobre o quanto a orientação pode auxiliar o cliente a lidar com conflitos pessoais e familiares, as respostas foram: em Nada (29,80%) e Mais ou menos (27,88%). Tal avaliação pode sugerir que este não é o foco principal da orientação e nem a principal demanda dos ex-usuários. Por outro lado, pode sinalizar a necessidade de intervenção que aprofunde mais no autoconhecimento e, inclusive, que inclua os familiares. Assim a orientação poderá facilitar os diálogos necessários para o enfrentamento das adversidades na busca de soluções relativas ao projeto de carreira.

A respeito do auxílio do atendimento referente a lidar com dificuldades educacionais, 30,76% julgou que ajudou Mais ou Menos, porém há dispersão nas avaliações. Sobre a contribuição da Orientação Profissional no que diz respeito ao estabelecimento de objetivos realísticos, 32,69% dos ex-usuários julgaram que auxiliou Muito a pensar em potencialidades e limitações.

No item que avalia o quanto a intervenção ajudou o ex-usuário a reconhecer seus valores, 43,26% analisou como tendo auxiliado Muito, melhor nota atribuída nesse conjunto de itens. Afinal escolher uma carreira é uma forma de atualizar o conceito de si mesmo, conforme a teoria desenvolvimentista de Super. Savickas (citado por Duarte, 2004, p. 169) chama de matriz motivacional a relação entre necessidades, valores e interesses. Para ele, as necessidades incitam ao movimento, os valores conduzem esse movimento e os interesses o moldam. Nesse sentido, a clareza na identificação de valores é relevante para a definição de um projeto de carreira.

A Orientação Profissional auxiliou o ex-usuário a desenvolver habilidades de liderança: Muito (32,69%) e Mais ou Menos (29,80%). Pode-se inferir que muitos ex-usuários experimentaram no grupo situações que proporcionaram, de alguma forma, o amadurecimento de atitudes de liderança. Tais experiências podem ser muito ricas se for levado em consideração que há usuários com dificuldades de se expressarem em grupo e que, entretanto, poderão obter benefícios. Assim, a Orientação Profissional contribuiu no desenvolvimento de habilidades para trabalhar em equipe: Muito (38,46%). Este dado permite inferir que o grupo possibilita a vivência na interação entre os integrantes para o desenvolvimento de tarefas. Tal habilidade é fundamental para as relações com outras pessoas, seja na Universidade, seja no trabalho ou até no contexto familiar.

No que concerne ao auxílio da orientação no sentido de desenvolver habilidades para resolver problemas, alguns respondentes avaliaram que ajudou Mais ou Menos (27,88%) e outros Muito (26,92%). Apesar das porcentagens terem sido menores e haver muita dispersão, os resultados foram considerados favoráveis. Sobre a ajuda da orientação no sentido de desenvolver habilidades para organizar um projeto de vida, 31.73% avaliou como Mais ou Menos e 25% julgou que auxiliou Muito. Quanto ao último item que avalia se a orientação auxiliou o ex-cliente a tomar a decisão profissional, 27,88% avaliaram como tendo ajudado Mais ou Menos, 41,30% julgaram entre Muito (23%) e Totalmente (18%), totalizando 82%. Os dados sinalizam que os ex-usuários podem ter tomado consciência do papel da orientação em seu processo de autoconhecimento, o que culminaria com a opção por uma carreira profissional, a ser desenvolvida ao longo da vida.

Resultados qualitativos

Os registros nos espaços dedicados aos comentários e as respostas às questões abertas foram analisados em sua totalidade e posteriormente agrupados em duas categorias de análise e, dentro delas, em subcategorias. A primeira categoria reúne registros sobre SUGESTÕES dadas ao serviço que apontam a necessidade de ampliação e de aprimoramento da intervenção realizada. A segunda categoria é sobre CRÍTICAS FAVORÁVEIS que sinalizam os pontos fortes do serviço e, portanto, a manutenção é recomendada. Em termos estatísticos, o número de registros não é significativo. Porém, estes dados foram analisados, no presente estudo, no sentido de corroborar os dados quantitativos e mostrar nuanças que a análise quantitativa encobre.

A primeira grande categoria de análise – SUGESTÕES – aponta as necessidades de mudanças no SOP em diversas direções. A primeira subcategoria refere-se à ampliação do serviço, o que é compreendido como avaliação positiva, expresso nos seguintes registros: “realizar mais divulgação do Serviço de Orientação Profissional”; “promover mais atendimentos individuais; “aumentar o número de vagas”; e “aumentar as opções de horários”. Sugestão difícil de ser contemplada, pois há limite no número de estagiários e de carga horária para o estágio. A segunda subcategoria estratégia de atendimento agrupou as seguintes respostas: “realizar mais sessões individuais durante o processo em grupo”; “aumentar o número das técnicas de dinâmicas de grupo”; “aumentar o número de testes e materiais disponíveis”; “atualizar os recursos utilizados: ‘os materiais deveriam ser melhores e mais atualizados’”. Tais sugestões já foram ou estão sendo implementadas, principalmente em decorrência do desenvolvimento do serviço, da produção do conhecimento no âmbito institucional; e da disponibilização de uma mini biblioteca no serviço, além de materiais alternativos. A terceira subcategoria reúne registros que enfatizam a necessidade de se dedicar mais a determinados temas, como por exemplo: “abordar mais a prática e o mercado das profissões (visitas a faculdades e palestras com profissionais da área)”; “trabalhar questões ‘mais profundas’ dos usuários (características pessoais, medos, dúvidas)”; e “abordar mais o autoconhecimento”. Os temas trabalhados dependem do emergente grupal, assim sendo, é esperado que, para algum usuário, sempre haverá falta. Reuniu-se na quarta subcategoria registros sobre o desempenho dos estagiários. Nesse quesito os respondentes destacam a necessidade de: “melhor preparação dos estagiários”; “fortalecer mais o vínculo entre psicólogo-cliente”; “utilizar estratégias mais diretivas: ‘os estagiários deveriam dar mais respostas’”. Como se trata de uma Clínica-escola, a equipe será sempre e, predominantemente, de estudantes em processo de formação. Por fim, um respondente aponta a necessidade de se possibilitar um local de mais fácil acesso. O que é impossível, a priori, dado à existência de espaço no Campus. Porém relevante no sentido de que é competência do Poder Executivo, em todos os níveis, a oferta de tais atendimentos em toda a cidade.

A segunda grande categoria – CRÍTICAS FAVORÁVEIS – dos ex-usuários sobre o SOP sinalizou aprovação da estratégia de intervenção afirmando que: “a Orientação Profissional ajudou a confirmar a escolha da carreira”; “a Orientação Profissional ajudou muito em relação a lidar com sentimentos de: ansiedade, medo, angústia, aflições, confusão e até timidez”; “o teste BBT (Teste de fotos) é muito importante”; “os temas foram muito bem tratados”; “muitos estagiários são competentes”; e “o trabalho em grupo é extremamente rico pela troca que proporciona”.

Refletindo sobre estes resultados qualitativos no conjunto das respostas, constatou-se um ponto interessante que chamou a atenção: a grande maioria daqueles que fizeram críticas desfavoráveis ao serviço, ainda possuem uma visão mais diretiva da Orientação Profissional, ou seja, que ela deveria indicar uma carreira, porém essas expectativas idealizadas e mágicas foram sendo frustradas no decorrer do atendimento. Isso se evidenciou nos comentários dos exusuários à respeito de que os orientadores deveriam estar mais bem preparados a proporcionarem “respostas prontas”, solucionando dúvidas emergentes. No entanto, notou-se também que muitos passaram a entender a orientação como um processo gradual de autoconhecimento, que contribui e possibilita a tomada de decisão pelo próprio cliente, que passa a se reconhecer como mais amadurecido e consciente da realidade interna e externa, com possibilidades e limites.

À respeito destas críticas sobre os orientadores, constatou-se que existem controvérsias. Pode-se inferir também que tanto nos grupos como nos atendimentos individuais há diversificação no estilo e competência dos estagiários e nas estratégias adotadas na intervenção, particular à identidade em construção de cada um ou da dupla de psicólogoestagiário. Dessa maneira, várias hipóteses podem ser levantadas a esse respeito. Alguns psicólogosestagiários estariam talvez atuando de maneira não suficientemente comprometida com a função de coordenadores de grupo. Além disso, não se pode deixar de levar em consideração que opiniões favoráveis ou não acerca do estagiário podem variar entre os usuários, pois dependem fundamentalmente do vínculo estabelecido na relação e, também, como cada um lida com suas dificuldades relativas à “escolha” da carreira. Contudo, algo que se julga de extrema importância de ser trabalhado junto ao orientador, é que ele não tome para si a tarefa de resolução da crise que o adolescente tem urgência em superar. O orientador, mais do que ninguém, deve ter claro o quanto esta crise é parte do processo de constituição da personalidade do adolescente que o levará, ao longo da vida, a tomar decisões, que podem inclusive ser transitórias. Destituído desta onipotência, o orientador pode realmente auxiliar o orientado em seu percurso.

Cabe ainda ressaltar que, enquanto muitos acreditam ser necessário enfatizar mais os atendimentos individuais, a maioria afirma que o atendimento em grupo é mais rico em virtude da interação, da aprendizagem com o outro, da possibilidade de compartilharem medos, as ansiedades, as angústias e até conquistas. Segundo Zimerman (1997), o grupo é o habitat natural do adolescente, que freqüentemente está inserido em “turmas”. Estas funcionam como um espaço intermediário, “transacional”, entre a família e a sociedade e possibilitam o surgimento de uma nova identidade, com assunção e exercícios de papéis diferentes daqueles até então vivenciados pelo jovem.

Sobre os testes, as opiniões são contraditórias. Alguns julgaram que são importantes e que deveriam ser mais aplicados e outros acreditam que são passíveis de manipulação. Em verdade, os testes podem auxiliar e orientar para o reconhecimento de potencialidades. Cabe, assim, aos orientadores desmistificarem os testes e fornecerem melhores esclarecimentos sobre sua finalidade no processo. Em princípio, é o orientador quem deve ter clareza sobre os objetivos de todos os instrumentos utilizados. Os testes fornecem elementos de diagnóstico ao psicólogo (Bohoslavsky, 1971/1991), que objetivam corroborar, retificar ou ampliar os dados obtidos pelo orientando (Müller, 1988). Na atualidade, a avaliação psicológica tem destacado a importância do uso de testes em perspectivas que “enfatizam a interpretação, a compreensão e a atribuição de sentido dos dados decorrentes da avaliação feita pelo próprio sujeito” (Leitão, 2004, p. 10). Portanto, “a avaliação psicológica é encarada, hoje, enquanto etapa de um processo integrador da variedade dos determinantes situacionais e dos determinantes pessoais que caracterizam, sustentam e definem a singularidade individual” (Duarte, 2004, p. 155).

À respeito da crítica relacionada ao acesso ao atendimento, cabe aqui uma reflexão a ser levantada, e que foi apontada por alguns respondentes sobre a necessidade da existência de postos de serviços de Orientação Profissional públicos em diversas escolas e/ou regiões do município. A viabilização de uma estratégia como esta se encontra aquém das possibilidades de atuação da Universidade. Isto ficaria a cargo dos governos municipais, estaduais e federais definirem planos para a viabilização de formas de implantação de programas e serviços acessíveis a pessoas que deles necessitem, em diferentes contextos: educação, trabalho, social-comunitário, por exemplo, e cenários sociais e econômicos; dirigidos a diversos grupos por faixa etária: adolescentes, adultos e “envelhescentes”; e, em função da natureza dos problemas apresentados: orientação educacional, vocacional, profissional e ocupacional, educação e reorientação de carreira, colocação em emprego, geração de trabalho e renda, entre outros.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma síntese que se pode ser elaborada a partir dos dados é que os usuários que puderam se valer da contribuição da Orientação Profissional foram aqueles que passaram a entendê-la como um processo de autoconhecimento e amadurecimento do indivíduo. Aprender a escolher, a tomar decisões, a refletir sobre influências e a avaliar possibilidades, riscos e conseqüências é a maior contribuição que o serviço pode prestar aos usuários. Esta é uma questão ética na Orientação Profissional, que a pessoa seja sujeito de seu destino, de seu projeto de vida. Na perspectiva da estratégia clínica (Bohoslavsky, 1991) e operativa (Pichon-Rivière, 1994, 1995) é relevante intervir considerando a singularidade da pessoa em sua condição sócio-histórica.

Esta pesquisa procurou mostrar a importância da realização de estudos longitudinais e a necessidade de se avaliar a intervenção da Orientação Profissional não apenas ao término do atendimento, como a maioria dos profissionais brasileiros realiza e como aponta a literatura internacional, mas principalmente durante o processo e após alguns anos. Assim sendo, neste estudo, defende-se a necessidade da revisão constante das práticas clínicas, abrindo espaço para a reflexão de modo a “evitar a reprodução alienada de modelos cristalizados, que engessa o pensamento crítico” (Santos & Oliveira, 2005, p. 296).

Com base na análise dos resultados do estudo completo, incluindo a visão dos que desistiram e abandonaram o processo de Orientação Profissional, e outros estudos que realizaram a avaliação do serviço, na perspectiva dos familiares dos ex-usuários e na perspectiva dos psicólogos-estagiários, estratégias viáveis e realísticas de aperfeiçoamento do serviço vêm sendo implementadas com a finalidade de garantir tanto uma melhor formação acadêmica aos graduandos em Psicologia, como também qualidade nas intervenções que visam à promoção de saúde.

 

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Recebido: 19/07/2006
1ª Revisão: 02/10/2006
Aceite Final: 27/10/2006

 

 

1 Endereço para correspondência: Avenida Bandeirantes, 3900, 14040-901, Monte Alegre, Departamento de Psicologia e Educação, FFCLRP-USP, Ribeirão Preto, SP. E-mail: lucileal@ffclrp.usp.br.

 

Sobre os autores
* Fabiana Hilário de Almeida é Psicóloga, aluna do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia. Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRP/USP).
** Lucy Leal Melo-Silva é Psicóloga, Docente da Graduação e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Departamento de Psicologia e Educação, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP). Coordenadora do Programa Vita, do Serviço de Orientação Profissional (SOP), integrante do Centro de Pesquisas em Psicodiagnóstico (CPP). Membro da Associação Brasileira de Orientadores Profissionais (ABOP) e da International Association Educational Vocacional Guidance (IAEVG). Autora de livros na área da Orientação Profissional e Formação em Psicologia.

 

 

ANEXO A