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Revista Brasileira de Orientação Profissional
versão On-line ISSN 1984-7270
Rev. bras. orientac. prof vol.14 no.1 São Paulo jun. 2013
EDITORIAL
Este fascículo, 14(1) de 2013, vem a lume no contexto da preparação e da divulgação do IV Congresso Latino-americano da ABOP, XI Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional & Ocupacional e II Fórum de Pesquisa em Orientação Profissional e de Carreira, eventos que serão realizados entre 02 e 05 de julho de 2013, novamente no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, São Paulo.
O leitor terá, com este fascículo, a oportunidade de conhecer contribuições de 28 autores brasileiros de sete estados da federação. Em relação à autoria nacional, oito são do Rio Grande do Sul (UFRGS e UFSM), oito do Distrito Federal (UnB, PUC, e Secretaria do Estado da Educação), seis do Estado de São Paulo (Centro Universitário FEI, FGV/SP, USP/RP e consultório), e seis de origem de outros estados brasileiros, como Bahia (Faculdade Nobre de Feira de Santana), Espírito Santo (UFES), Santa Catarina (Faculdade Avantis) e Pernambuco (Instituto Federal de Ciência e Tecnologia). Dois autores são estrangeiros, sendo um de Portugal, da Universidade do Minho, e outro da Espanha, da Universidade de Barcelona. Apesar do predomínio de autoria da UFRGS e da UnB, ainda observa-se a abrangência da revista.
Na seção especial deste número disponibilizamos os resultados do trabalho editorial do ano anterior, com o texto intitulado Revista Brasileira de Orientação Profissional: Relatório de gestão 2012, de Lucy Leal Melo-Silva e Mara de Souza Leal, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto-SP. O referido relatório objetiva compartilhar informações com os autores, leitores e assessores ad hoc sobre os dados relativos ao processo de tramitação editorial do ano anterior.
A seguir, são apresentadas as contribuições publicadas na Seção Artigos Originais, um ensaio e um relato de experiência publicados neste fascículo.
A primeira contribuição intitulada Psicologia vocacional e feminismo crítico: do passado ao futuro, de Luísa Saavedra, da Universidade do Minho, Minho, Portugal, focaliza a questão de gênero na contemporaneidade. De acordo com a autora, a intensificação da globalização e do movimento pós-moderno, com as suas críticas à ciência, provocaram consideráveis mudanças nos referidos conceitos. O artigo traz uma análise da Psicologia Vocacional a partir das perspectivas de gênero e do feminismo, considerando as assimetrias entre Portugal e Brasil. A contribuição para o conhecimento se dá em decorrência da possibilidade de se "perspectivar caminhos futuros nos níveis: teórico, de investigação e de intervenção, tendo por base a Psicologia crítica e o feminismo". Trata-se de um debate relevante para a prática da Orientação Profissional e de Carreira. Neste mesmo fascículo, posteriormente, a questão de gênero é retomada em um ensaio.
O segundo artigo que compõe este fascículo é intitulado Evasão em Cursos a Distância: Fatores influenciadores. Trata-se de uma contribuição de Onília Cristina de Souza de Almeida, da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, Brasília, de Gardênia Abbad e Pedro Paulo Murce Meneses, da Universidade de Brasília e de Thaís Zerbini, da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto. Foram investigados os fatores que influenciaram a evasão de alunos em dois cursos a distância oferecidos por uma universidade de Brasília, tendo sido identificados quatro motivos de evasão: fatores situacionais; falta de apoio acadêmico; problemas com a tecnologia; e falta de apoio administrativo. Os achados contribuem com a produção do conhecimento sobre evasão em educação a distância e "apontam para importantes aspectos a serem aprimorados em cursos nos quais a responsabilidade sobre o processo educacional é transferida dos professores para os alunos". É um tema relevante para a educação e a orientação profissional na medida em que a educação a distância tem se colocado como uma alternativa de formação para um número cada vez maior de pessoas, sendo importante conhecer os aspectos que influenciam a adesão a esta forma de qualificação profissional.
A terceira contribuição consiste no artigo intitulado Relações entre experiências de estágio e indicadores de desenvolvimento de carreira em universitários, de Cláudia Sampaio Corrêa da Silva, Paola Braga Meyer Coelho e Marco Antônio Pereira Teixeira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre - RS, Brasil. A investigação buscou investigar as "relações entre experiências de estágio e indicadores de desenvolvimento de carreira em formandos universitários, assim como suas percepções sobre o mercado de trabalho". O estudo foi desenvolvido com estudantes finalistas de um curso de Engenharia Civil. Os resultados mostram que "avaliações otimistas em relação ao mercado de trabalho estiveram relacionadas com maior lócus de controle interno para as tarefas de inserção profissional e com o comprometimento de carreira". E, "experiências de estágio mais satisfatórias estiveram associadas a maiores níveis de autoeficácia profissional, decisão de carreira e exploração, bem como à percepção de desenvolvimento de competências técnicas e transversais de trabalho a partir do estágio". O estudo destaca a importância das experiências de estágio no ensino superior para o desenvolvimento e construção da carreira de universitários e futuros trabalhadores.
A quarta contribuição, Empregabilidade e seus antecedentes para conquista da vaga de estágio por universitários, é um estudo de Tânia Modesto Veludo-de-Oliveira, Fundação Getúlio Vargas, São Paulo-SP, Brasil; María Esmeralda Ballestero-Alvarez, Mauro José de Oliveira e Paulo Roberto Vidigal, do Centro Universitário da FEI, São Paulo-SP, Brasil. O estudo objetivou "identificar os fatores de empregabilidade que facilitam a conquista de vagas de estágio por universitários", por meio de dois estudos, um quantitativo, com candidatos a vagas de estágio de uma empresa recrutadora e outro qualitativo, no qual foi realizado um grupo focal abordando o tema empregabilidade. Os resultados "mostram que a satisfação com a instituição de ensino e o curso são determinantes na conquista da vaga de estágio".
A quinta contribuição é de Clarissa Tochetto de Oliveira e Ana Cristina Garcia Dias, ambas da Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil, com o artigo Percepções parentais sobre sua participação no desenvolvimento profissional dos filhos universitários. Foram entrevistados pais de estudantes concluintes do curso de Psicologia de uma universidade do interior do Rio Grande do Sul. O estudo sugere a importância dos pais não apenas na escolha de curso superior dos filhos, mas também durante o percurso de formação universitária - um tema ainda pouco explorado na literatura sobre desenvolvimento de carreira de universitários.
O sexto artigo intitulado Adolescentes aprendizes: aspectos da inserção profissional e mudanças na percepção de si, é uma contribuição de Renata Danielle Moreira Silva e Zeidi Araujo Trindade , da Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória-ES, Brasil. O estudo objetivou "identificar fatores que levaram adolescentes a ingressarem em Programa de Aprendizagem Profissional (PAP) e as mudanças percebidas por esses após o ingresso no programa". Participaram do estudo adolescentes aprendizes com idades entre 15 e 17 anos. Os resultados apontam para modificações positivas advindas da experiência de aprendizagem, como crescimento profissional, aquisição de habilidades sociais e independência. Os autores destacam ainda a necessidade de estudos longitudinais que investiguem o impacto de tais programas sobre o desenvolvimento ao longo do tempo.
O sétimo artigo intitulado Desenvolvimento de carreira em psicólogos: tarefas evolutivas de estabelecimento é uma contribuição de Lívia Maria Bedin, Jorge Castellá Sarriera e Ângela Paradiso, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre-RS, Brasil. O estudo focaliza "as tarefas evolutivas do desenvolvimento de carreira inerentes ao estágio de Estabelecimento, de acordo com a teoria de Donald Super", em populações com três tipos de vínculo empregatício (público, privado ou autônomo). Foram entrevistados psicólogos com idades entre 30 e 38 anos, abordando as tarefas do desenvolvimento de carreira: Estabilização, Consolidação e Progresso. Os resultados apontaram seis categorias emergentes relacionadas às tarefas do estágio de Estabelecimento: Rede de relacionamento, Processo de desenvolvimento, Realização profissional, Legalização do vínculo de trabalho, Preocupação com o Desempenho e Busca por Qualificação. O artigo contribui com sugestões relacionadas à intervenção com adultos.
O oitavo artigo intitulado Intervenção Breve na Preparação para Aposentadoria é de autoria de Cristineide Leandro França, Sheila Giardini Murta, João Luís Negreiros, Marina Pedralho, da Universidade de Brasília, Brasília-DF e de Rochelly Carvalhedo, da Pontifícia Universidade Católica, Brasília-DF. O estudo objetivou avaliar o grau de satisfação com uma intervenção breve, com follow-up, realizada com um grupo de servidores públicos, com idade entre 22 e 60 anos. "Os resultados apontaram que a intervenção foi percebida como favorecedora de emoções positivas, novos conhecimentos, mudança de comportamento e interação grupal". O estudo traz uma apreciação crítica sobre a intervenção, indicando aspectos considerados satisfatórios e insatisfatórios pelos participantes. Tais resultados podem ajudar no aprimoramento e no desenvolvimento de intervenções breves voltadas à preparação para a aposentadoria.
O nono artigo intitulado Estudos sobre autoeficácia aplicada ao desenvolvimento de carreira no Brasil: Uma revisão, é de autoria de Ana Paula Kalil Prisco, Cíntia Ribeiro Martins, da Faculdade Nobre de Feira de Santana, Feira de Santana-BA, Brasil e de Maiana Farias Oliveira Nunes, da Faculdade Avantis, Balneário do Camburiú-SC, Brasil. O estudo analisa a produção científica nacional de artigos, teses e dissertações sobre a autoeficácia em contextos de desenvolvimento de carreira. Os resultados mostram o predomínio de relatos de pesquisas, realizadas com adolescentes ou adultos jovens, com amostras selecionadas por conveniência. As autoras discutem a necessidade de mais pesquisas nesse domínio e a ampliação das possibilidades de aplicação dos resultados.
A Seção Ensaio é constituída pelo artigo Diretrizes metodológicas para reduzir os estereótipos de gênero na orientaçâo profissional, décimo artigo, de autoria de Maria Luisa Rodríguez-Moreno, da Universidad de Barcelona, Barcelona, España. A autora destaca a "extensa literatura teórica sobre a importância de evitar os estereótipos de gênero e intervenções discriminatórias". Porém, aponta a escassez de trabalhos que explicitem "sugestões metodológicas e didáticas para implementar programas de prevenção da discriminação de gênero". Assim, com base no modelo britânico DOTS, a autora apresenta propostas de estratégias específicas para ajudar o planejamento de programas de orientação de aconselhamento a partir da perspectiva de gênero, úteis para a intervenção em educação e orientação para a carreira.
A seção Relato de Experiência fecha o fascículo com o artigo intitulado Orientação Vocacional/Profissional: Avaliação de um projeto piloto para estudantes de educação profissional, uma contribuição de Christiane Maria Ribeiro de Oliveira, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, Recife, Pernambuco, Brasil e de Kathia Maria Costa Neiva, consultório particular, São Paulo, Brasil. Neste artigo descreve-se uma intervenção realizada com um grupo de adolescentes, de 16 a 18 anos de idade, cursando o penúltimo período de cursos técnicos de nível médio integrados, em uma instituição pública de educação profissional. O projeto foi avaliado, antes e depois da intervenção, por meio da Escala de Maturidade para a Escolha Profissional e os resultados apontaram um aumento no nível de maturidade ao final da intervenção, como tem mostrado a literatura.
Finalizando, cumpre destacar a diversidade de temas de investigação e de práticas de intervenção no domínio da Orientação Profissional e de Carreira, presentes neste e em outros fascículos. O fascículo inicia com o amplo tema Psicologia Vocacional e feminismo crítico, em Portugal e Brasil. Na sequência, quatro estudos focalizam problemas relacionados à educação profissional, especialmente no contexto do ensino superior. Os temas centrais e específicos destes artigos são: evasão em cursos de educação a distância, experiências de estágio no desenvolvimento da carreira, antecedentes para a conquista de vaga por estágio e percepção de pais sobre o desenvolvimento da carreira de seus filhos.
Em seguida, três artigos focalizam momentos distintos da construção da carreira: aprendizagem de adolescentes, psicólogos em meio de carreira e preparação para a aposentadoria. A temática do gênero é novamente abordada no ensaio apresentado, mas com o foco dirigido à prática da orientação. Por sua vez o relato de experiência retoma o tema da adolescência, já abordado no sexto artigo do fascículo. No conjunto, os artigos se complementam no amplo domínio da Orientação Profissional e de Carreira, nos fenômenos investigados e na premência da intervenção em diferentes cenários e contextos da vida de estudo e trabalho.
Os editores desejam uma boa leitura.
Lucy Leal Melo-Silva
Marco Antonio Pereira Teixeira
Maria Célia Pacheco Lassance