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Revista Brasileira de Orientação Profissional
versão On-line ISSN 1984-7270
Rev. bras. orientac. prof vol.22 no.2 Campinas jul./dez. 2021
https://doi.org/10.26707/1984-7270/2021v22n204
10.26707/1984-7270/2021v22n204
ARTIGO
Psicologia Positiva no contexto de carreira e trabalho: análise da produção nacional
Positive Psychology in the context of career and work: analysis of national production
Psicología Positiva en el contexto de la carrera y el trabajo: análisis de la producción nacional
Leonardo de Oliveira BarrosI; Ana Luísa Costa CardosoI; Andreza Nathielly Batista ReisI; Caio Andrade MatosI
IUniversidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia, Brasil
RESUMO
O objetivo foi realizar uma revisão integrativa da literatura científica nacional acerca das interlocuções da Psicologia Positiva (PP) com o contexto de carreira e trabalho. As buscas ocorreram em bases de dados nacionais. A partir dos critérios de inclusão (artigos empíricos publicados em periódicos nacionais no período de 2000 a 2020, com amostras brasileiras e com explícita aplicação da PP nos campos de carreira e trabalho), foram elegíveis 22 artigos. Os resultados indicaram que as aplicações da PP nos âmbitos da carreira ainda são iniciais, sem estudos de eficácia de intervenções, porém contemplando categoriais profissionais e etapas de carreira diversas. Evidenciou-se o surgimento de instrumentos de medida pautados em construtos da PP desenvolvidos para uso em carreira e trabalho.
Palavras-chave: orientação vocacional; avaliação psicológica; trabalho
ABSTRACT
The objective was to carry out an integrative review of the national scientific literature on the dialogues of Positive Psychology (PP) with the context of career and work. Searches took place in national databases. Based on the inclusion criteria (empirical articles published in national journals from 2000 to 2020, with brazilian samples and with explicit application of PP in the fields of career and work), 22 articles were eligible. The results indicated that the applications of PP in career areas are still initial, without studies on the effectiveness of interventions, but covering different professional categories and career stages. The emergence of measurement instruments based on PP constructs developed for use in careers and work was evidenced.
Keywords: vocational guidance; psuhological assessment; labour
RESUMEN
El objetivo fue realizar una revisión integradora de la literatura científica nacional sobre los diálogos de la Psicología Positiva (PP) com el contexto de la carrera y el trabajo. Las búsquedas se realizaron en bases de datos nacionales. Con base en los criterios de inclusión (artículos empíricos publicados en revistas nacionales de 2000 a 2020, con muestras brasileñas y con aplicación explícita de PP en los campos de carrera y trabajo), fueron elegibles 22 artículos. Los resultados indicaron que las aplicaciones de la PP en áreas de carrera aún son iniciales, sin estudios sobre la efectividad de las intervenciones, pero abarcando diferentes categorías profesionales y etapas de carrera. Se evidenció la aparición de instrumentos de medición basados en constructos de PP desarrollados para su uso en la carrera y el trabajo.
Palabras clave: orientación vocacional; evaluación psicológica; trabajo
Introdução
A Orientação Profissional e de Carreira (OPC) é um campo da Psicologia que se preocupa com o processo de escolha e tomada de decisão em uma das esferas centrais da vida humana: a carreira. Assim, as práticas desenvolvidas neste campo buscam preparar os sujeitos para as nuances e mudanças que a sua carreira pode ter ao longo da vida, por diferentes fatores, de modo a promover uma relação saudável com o trabalho (Duarte, 2009). Acerca do desenvolvimento da área, no cenário internacional, observa-se uma crescente de publicações referenciadas a partir do paradigma Life Design (Ginevra et al., 2016; Guichard, 2016; Savickas, 2016; Savickas et al., 2009) e da Teoria de Construção de Carreira (Bimrose et al., 2018; Reid et al., 2016; Santilli & Hartung, 2019; Savickas, 2005). A área também tem se mostrado aberta à integração de diferentes abordagens psicológicas, tais como as teorias cognitivo-comportamental e humanista (Barth & Moody, 2019).
Ainda no cenário internacional, os principais temas de investigação têm sido a adaptabilidade de carreira (Ginevra et al., 2016; Johnston, 2016; Santilli & Hartung, 2019), otimismo na carreira (Eva et al., 2020; Santilli & Hartung, 2019) e o processo de aconselhamento (Barth & Moody, 2019; Maree, 2016; Montgomery et al., 2018; Reid et al., 2016). Os públicos mais contemplados nas publicações têm sido adolescentes e estudantes universitários(as) (David et al., 2020; Ginevra et al., 2016; Nicholas, 2018; Santilli & Hartung, 2019). Os estudos pautam-se predominantemente em delineamentos quantitativos e são poucas as publicações com caráter qualitativo (McMahon & Lee, 2019).
Por sua vez, no Brasil, os primeiros estudos relacionados à área são encontrados a partir da década de 1950, sendo que uma análise de 191 artigos, entre os anos de 1950 e 2005, apontou para o crescimento expressivo de publicações a partir da década de 1990 (Noronha & Ambiel, 2006). Tal fato estaria associado ao debate sobre a qualidade dos instrumentos utilizados no país, à necessidade de maior qualificação dos orientadores e a maior conscientização social sobre a importância da OPC. No período analisado predominaram trabalhos com autorias individuais e os principais instrumentos utilizados foram o Kuder Preference Record e o Teste de Fotos das Profissões (BBT-Br). Em relação ao público dos estudos, destacaram-se os(as) jovens e os(as) próprios(as) orientadores(as) profissionais. Os construtos mais estudados foram a inteligência e personalidade.
Posteriormente, Aguiar e Conceição (2012) analisaram 108 publicações do período de 2006 a 2010 e também constataram um crescimento científico da OPC no Brasil. A maioria das publicações analisadas eram de caráter empírico, com foco nos estudos psicométricos e tendo os adolescentes como público-alvo predominante. Os principais instrumentos utilizados nesse período foram o Questionário de Busca Autodirigida (SDS), o Teste de Foto de Profissões (BBT-Br) e a Escala de Aconselhamento Profissional (EAP) e os construtos mais estudados foram os interesses profissionais, a identidade, a personalidade, a maturidade e autoeficácia. Diferentemente do destacado por Noronha e Ambiel (2006), a maior parte dos estudos publicados nesse período contou com a presença de dois autores(as).
Em relação ao período de 2011 a 2015, Ambiel et al. (2017), a partir da análise de 70 artigos, encontraram uma queda na publicação de artigos referentes à OPC. Esses trabalhos também contavam, em sua maioria, com a participação de dois autores(as), tinham como população-alvo estudantes do ensino médio e universitários(as) e foram predominantemente de caráter empírico. A maioria desses estudos foram do tipo correlacional e de avaliação da qualidade psicométrica de instrumentos psicológicos, sendo que os mais utilizados foram a EAP, a Escala de Maturidade para Escolha Profissional e o SDS. É válido ressaltar que foi relatada uma grande diversidade de instrumentos nos artigos revisados (n=36), o que foi entendido como um indício da incorporação de novos construtos para a área.
Destacando mais precisamente os instrumentos de avaliação psicológica utilizados em OPC, Barros e Ambiel (2020) analisaram 79 artigos empíricos publicados entre os anos 2000 e 2017. Os autores observaram a prevalência de estudos com dois autores(as), a concentração de publicações no sul e no sudeste do país e a concentração de pesquisas com estudantes do ensino médio e universitários(as). Assim como em revisões anteriores (Aguiar & Conceição, 2012; Ambiel et al., 2017; Noronha & Ambiel, 2006), os instrumentos mais utilizados foram a EAP, o SDS e o BBT-Br. Por sua vez, os construtos mais investigados foram os interesses profissionais, a personalidade e a autoeficácia e os menos operados foram criatividade, generatividade, habilidades sociais e perspectiva temporal.
A partir dos estudos de análise do desenvolvimento do campo (Aguiar & Conceição, 2012; Ambiel et al., 2017; Barros e Ambiel, 2020; Noronha & Ambiel, 2006) observa-se que a área tem buscado qualificar-se, com forte tendência ao desenvolvimento de pesquisas empíricas, da investigação de propriedades psicométricas dos instrumentos e da análise sobre o desenvolvimento e interações dos construtos. Apesar do predomínio de variáveis mais tradicionais de carreira, há uma tendência de integração de novos construtos e instrumentos para além dos comumente investigados. Conforme indicado por Barros e Ambiel (2020), percebe-se o surgimento de intercâmbios com outros campos de conhecimento, como a Psicologia Positiva (PP) e a Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT).
A Psicologia Positiva é um movimento que busca compreender os fatores positivos psicológicos e sociais que possibilitam a felicidade (Seligman & Csikszentmihalyi, 2000). Durante o século XX a ciência psicológica concentrou seus esforços em tentar descobrir a cura para as doenças mentais existentes, porém, o contexto social do início do novo milênio mostrou-se propício para uma nova área de investigações voltadas para o desenvolvimento das forças e virtudes humanas e preocupadas com o bem-estar (Seligman & Csikszentmihalyi, 2014). Desde o seu surgimento, o movimento da PP tem buscado desenvolver-se em diversas esferas sociais e científicas, contemplando o desenvolvimento integral do ser humano e das instituições.
No contexto internacional, a aproximação teórica entre a PP e a OPC tem sido tema de uma extensa discussão (e.g. Dik et al., 2017; Lopez et al., 2006; Magyar-Moe et al., 2015; Robitschek & Woodson, 2006). Nesse sentido, aponta-se que, historicamente, a OPC tem manifestado princípios comuns à PP, como o interesse pelo desenvolvimento, habilidades e forças dos indivíduos (Magyar-Moe et al., 2015; Robitschek & Woodson, 2006). Além disso, o trabalho e os papéis ocupacionais são componentes significativos do nível de bem-estar subjetivo (Diener & Ryan, 2009), sendo a experiência de felicidade e a satisfação de vida diretamente influenciadas pela construção da carreira (Hartung & Taber, 2008).
Magyar-Moet et al. (2015) destacam as emoções positivas, o bem-estar, o otimismo e a esperança como construtos centrais da PP aplicados em OPC. Por sua vez, Dik et al. (2017) chamam atenção para três construtos positivos da OPC, que têm sido investigados em maior volume na última década: adaptabilidade de carreira, volição de trabalho e chamado de carreira ("calling"). Em discussão teórica sobre as contribuições temáticas da PP para o desenvolvimento de carreira, Robertson (2018) enfatiza o bem-estar, a associação entre flow e interesses, "calling" e sentido no trabalho, sucesso subjetivo na carreira e forças de caráter. Quanto à aplicação da PP em intervenções de OPC, destacam-se os estudos sobre o desenvolvimento de práticas centradas nas forças de caráter (Littman-Ovadia et al., 2014; Owens et al., 2016), que utilizam instrumentos como o VIA (Values in Action) Inventory of Strengths (Peterson & Seligman, 2004) e o Strengths Finder (Clifton et al., 2006) (Dik et al., 2017; Magyar-Moel et al., 2015).
De tal modo, é possível verificar que a PP pode ser aplicada em intervenções de carreira e contribuir para o desenvolvimento profissional dos indivíduos e instituições. Essa aproximação não significa abandonar as teorias de carreira vigentes, uma vez que a PP não é uma abordagem ou uma teoria específica (Seligman & Csikszentmihalyi, 2000), mas permitiria focar ainda mais nos aspectos saudáveis como elemento propulsor da construção de carreira. No Brasil há investigações sobre a temática, porém com exceção de um estudo focado em esperança (Alves et al., 2017), não há uma revisão ampla que permita compreender detalhadamente como o movimento foi incorporado no campo da OPC nacional.
Buscando avançar na discussão da temática, o presente estudo tem por objetivo realizar uma revisão integrativa (Grant & Booth, 2009) acerca das interlocuções da PP no contexto da OPC e do trabalho no cenário nacional no período de 2000 a 2020. De modo mais específico, buscou-se analisar origem regional e quantidade de autores, revistas frequentes na publicação dos estudos, delineamento empregado, público-alvo contemplado, momento da carreira dos participantes, principais construtos, instrumentos utilizados e avaliação de propriedades psicométricas e eficácia de intervenções.
Método
Estratégia de busca
Antes da escolha de palavras-chave foi realizada uma busca no Vocabulário de Termos em Psicologia a fim de selecionar descritores mais adequados. Desse modo, para encontrar os estudos da área de OPC, optou-se pelos descritores "orientação vocacional", "orientação profissional", "orientação de carreira" e "construção de carreira". Por sua vez, a Psicologia Positiva contou com um único descritor, a saber: "psicologia positiva". Como operadores boleanos foram utilizados "or" entre os vocábulos da mesma área e "and" para associação entre os termos da área de OPC e da Psicologia Positiva. Na sequência as buscas foram realizadas nas bases Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PePSIC), Scielo, Portal de Periódicos da CAPES e com busca livre no Google Acadêmico, sendo que nesta última base foram consideradas as 20 primeiras páginas com modo de exibição de 20 resultados por página. A busca aconteceu no dia 15 de março de 2021.
Critérios de elegibilidade
Na etapa de triagem foram adotados os seguintes critérios de inclusão: (a) artigos de pesquisa empírica publicados em periódicos científicos nacionais, (b) dados coletados com amostras brasileiras, (c) com interface da Psicologia Positiva no contexto da OPC. Além disso, os critérios de exclusão foram: (a) estudos com amostras estrangeiras, (b) relatos de experiência e estudos de caso, (c) ensaios teóricos, (c) revisões de literatura, (d) publicações em livros e (d) dissertações e teses. Em relação ao ano de publicação, estabeleceu-se como período inicial o ano 2000 considerando que foi o período de surgimento oficial do movimento da Psicologia Positiva (Seligman & Csikszentmihalyi, 2000). O tempo limite de publicação foi o ano de 2020.
Extração dos dados
Os estudos que cumpriram os critérios de elegibilidade foram extraídos das bases de dados e exportados para o software Mendeley Desktop. A primeira triagem ocorreu após a organização dos achados no software e se deu por meio da leitura de títulos e resumos. Destaca-se que os artigos oriundos da base PePSIC não são compatíveis para exportação ao Mendeley e que, neste caso, realizou-se o download do arquivo com títulos dos artigos e a busca de resumo foi feita individualmente. Os artigos restantes após a primeira triagem foram lidos na íntegra, havendo exclusões dos que não estavam adequados aos objetivos desta revisão. Por fim, os artigos elegíveis tiveram as informações descritivas e metodológicas extraídas e organizadas para a exposição dos resultados.
Resultados
O Diagrama de Fluxo (Figura 1) apresenta o fluxo da revisão, sendo que na busca inicial foram localizados 472 artigos oriundos das bases consultadas. Na primeira triagem foram excluídos 53 artigos que não atendiam aos critérios de inclusão estabelecidos. Os 419 artigos restantes foram submetidos a leitura de títulos e resumos e, posteriormente, a leitura na íntegra, sendo que 14 foram excluídos por duplicatas e 383 foram excluídos por não estarem adequados aos objetivos e critérios definidos para a revisão. Assim, chegou-se ao total de 22 publicações elegíveis para este estudo. Os artigos incluídos na revisão constam na lista de referências com asteriscos (*).
Após a definição dos estudos elegíveis, buscou-se caracterizar as informações descritivas dos estudos. Em relação ao ano de publicação, o primeiro artigo foi datado de 2006 e com a ausência de publicações nos anos de 2007 e de 2009 a 2011. A distribuição dos estudos ao longo dos anos foi a seguinte: 2006 e 2008 (n = 1 em cada), 2012 (n = 2), 2013 (n = 1), 2014 e 2015 (n = 3 em cada), 2016 (n = 5), 2017 (n = 2), 2018 (n = 1) e 2019 (n = 2) e 2020 (n = 1). Assim, houve uma tendência de crescimento das publicações a partir do ano de 2014, sendo que a maior ocorrência foi no ano de 2016. Com exceção dos períodos de ausência citados, nos demais anos houve ao menos uma publicação de estudo abordando aspectos da PP no campo da OPC. A média de publicação por ano foi de 1,1 artigo.
A quantidade de autores dos artigos variou de 2 a 7 (M = 3,48; DP = 1,834), sendo que as maiores frequências foram para estudos realizados por dois autores (45,5%, n = 10), seguidos por aqueles com três (22,7%, n = 5) e quatro colaboradores (9,1% n = 2). Em relação ao estado de origem das afiliações institucionais dos autores, predominaram estudos conduzidos na região sudeste (54,5%, n = 12), seguidos da região nordeste (22,7%, n = 5), sul (13,6%, n = 3) e centro-oeste (9,1%, n = 2). Não foram encontrados estudos conduzidos por pesquisadores da região norte do país.
No que tange às amostras dos estudos, a quantidade de participantes variou entre 6 e 1042 (M = 270,77; DP = 245,82). Em relação ao momento da carreira dos participantes, o público mais comum nas pesquisas foi de trabalhadores em situação laboral ativa (54,5%, n = 12), seguidos por estudantes (36,4%, n = 8), trabalhadores em pré-aposentadoria e aposentados (4,5%, n = 1 em cada). Ao especificar as características demográficas dos participantes, predominaram as pesquisas com estudantes universitários (18,2%, n = 4) e com trabalhadores de empresas públicas e privadas (17,4%, n = 4). Na sequência ficaram os estudos com alunos do ensino médio (13,6%, n = 3), professores do ensino fundamental/médio (13,6%, n = 3) e do ensino superior (9,1%, n = 2). Com apenas uma ocorrência (4,5% em cada) estavam as pesquisas com jovens aprendizes, garis, agentes funerários, oficiais das forças armadas, aposentados e população geral sem características laborais específicas.
A maioria dos estudos teve delineamento quantitativo (86,4%, n = 19) e a minoria qualitativos (13,6%, n = 3). Dos artigos analisados cinco (22,7%) objetivaram analisar propriedades psicométricas de instrumentos de medida, sendo que o método de evidência de validade empregado foi o de análise de estrutura interna. Destaca-se que nenhum estudo buscou analisar a eficácia de intervenções. Na sequência foram analisadas as revistas nas quais os estudos foram publicados e os resultados são apresentados na Tabela 1.
Embora uma das maiores frequências tenha sido para a Revista Brasileira de Orientação Profissional, periódico nacional editado pela Associação Brasileira de Orientação Profissional e especializado na área de carreira, não houve uma predominância de publicações neste ou outro periódico. Na sequência foram analisados os construtos abordados nos estudos, tanto os específicos da área de carreira e trabalho como aqueles com referenciais teóricos oriundos da PP. Os resultados são apresentados na Tabela 2.
Em relação ao campo de carreira, os principais construtos investigados foram a decisão profissional, os interesses profissionais e o comprometimento com a carreira. Diversos construtos apareceram apenas uma vez, aspecto comum aos resultados oriundos da PP. Acerca das variáveis analisadas sob a perspectiva positiva, as maiores frequências foram para os afetos positivos e negativos, bem-estar subjetivo, resiliência e satisfação com a vida. Observa-se que os construtos da PP apareceram repetidamente em mais estudos em comparação com os da área de OPC. Por fim, foram analisados os instrumentos padronizados utilizados nos estudos e os resultados são apresentados na Tabela 3.
Nota-se que não houve um predomínio de instrumentos no campo da OPC, sendo que os instrumentos mais frequentes foram aqueles da avaliação de personalidade e de interesses profissionais. Por sua vez, os instrumentos desenvolvidos exclusivamente a partir da perspectiva da Psicologia Positiva apareceram com frequências mais elevadas, com destaque para instrumentos de afetos e satisfação de vida. Observou-se, por fim, a presença de instrumentos que avaliem construtos tradicionais da PP desenvolvidos para o contexto de carreira e trabalho. Todos os instrumentos dessa categoria apareceram apenas uma vez nos artigos, sugerindo não haver um instrumento/construto predominante nas investigações da área. Por fim, foram analisados quais instrumentos não padronizados de coleta de dados foram empregados nas pesquisas com delineamentos qualitativos. Os três estudos dessa categoria utilizaram roteiro de entrevista semiestruturado e apenas um deles contou também com o uso de uma técnica, a saber: técnica da trajetória socioprofissional.
Discussão
O objetivo do presente artigo foi analisar as interlocuções da Psicologia Positiva no contexto da carreira e do trabalho no cenário nacional no período de 2000 a 2020 por meio de uma revisão integrativa da literatura (Grant & Booth, 2009). Mais especificamente, a presente revisão buscou caracterizar o desenvolvimento da área por meio da análise demográfica e técnico-científica dos estudos encontrados. Estudos dessa natureza são importantes para sistematizar o conhecimento produzido até o momento, identificar as tendências, avanços e lacunas que possam subsidiar o desenvolvimento de novas pesquisas. Além disso, ao considerar que no cenário internacional há grande investimento para entender a aproximação entre os dois campos (Dik et al., 2017; Magyar-Moe et al., 2015), torna-se fundamental debater a temática também a nível nacional.
Em relação à quantidade de artigos recuperados e elegíveis para a revisão, foi possível observar um número pequeno de produções quando comparado com revisões mais gerais do campo da OPC (Aguiar & Conceição, 2012; Ambiel et al., 2017; Barros & Ambiel, 2020; Noronha & Ambiel, 2005). Este dado sugere que apesar da grande aderência do movimento no cenário nacional em áreas como educação e saúde (Reppold et al., 2019), o campo da OPC parece não ter incorporado a proposta de modo significativo ou que resultasse em um quantitativo expressivo de produções ao longo dos 20 anos de surgimento do movimento.
A quantidade de autores dos artigos foi congruente com o cenário que tem sido estabelecido na área, indicando uma maior ocorrência de produções em parcerias com múltiplas autorias do que produções independentes. Tal fato pode estar associado ao crescimento do número de linhas e grupos de pesquisas em Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu com foco em estudos sobre carreira. Essa expansão possibilita parcerias entre pesquisadores, aspecto que pode ser evidenciado com a criação no ano de 2016 do Grupo de Trabalho Carreiras na Associação Nacional de Pesquisas e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP) que tem dentre os seus objetivos o de gerar intercâmbio e parcerias no desenvolvimento das pesquisas e publicações. De modo também convergente com revisões anteriores (Aguiar & Conceição, 2012), foi possível verificar que houve uma concentração de trabalhos na região sudeste e uma discreta ocorrência de publicações nas regiões centro-oeste e nordeste. Resultados como esse, aliados à ausência de produções da região norte, reforçam a importância da expansão de grupos de pesquisas para regiões fora do eixo sul-sudeste, contribuindo para a democratização na produção de conhecimento e para a realização de pesquisas sensíveis para questões locais (Barros & Ambiel, 2020).
No que se refere aos participantes das investigações analisadas foi possível observar o surgimento de grupos para além dos tradicionalmente contemplados nos estudos da área (Ambiel et al., 2017). Embora as maiores ocorrências de estudos tenham sido estudantes (universitários e de ensino médio) e trabalhadores de empresas, públicos tradicionalmente abordado nos estudos da área (David et al., 2020), parece que as investigações de OPC sob a perspectiva da PP estão conseguindo expandir o foco e alcançando grupos laborais diversos como os agentes funerários, garis, entre outros. Esse resultado é promissor, uma vez que reforça a pertinência do movimento para a construção de trajetórias de carreiras com um sentido próprio, pautada no desenvolvimento de aspectos positivos, salutares e promotores do bem-estar (Littman-Ovadia et al., 2014).
Ainda em nível mais técnico constatou-se a predominância de investigações de caráter quantitativo e um número considerável de estudos focados na análise de parâmetros psicométricos dos instrumentos de medida. Este resultado é bastante frequente na literatura da OPC (Aguiar & Conceição, 2012; Barros & Ambiel, 2020) e também da PP, uma vez que o movimento se desenvolveu com grande ênfase na investigação das evidências de suas práticas, na elaboração de instrumentos padronizados e na proposição de aspectos teóricos gerais a partir da investigação de grupos grandes de pessoas em estudos com delineamentos quantitativos (Reppold et al., 2019; Seligman & Csikszentmihaly, 2014). Todavia, uma das maiores características metodológicas da PP é a busca por evidências para avaliar a eficácia das intervenções, aspecto que não foi contemplado nos estudos analisados, indicando uma lacuna na área.
Acerca das revistas nas quais os artigos foram publicados, embora a Revista Brasileira de Orientação Profissional, periódico especializado no campo da OPC e editado pela Associação Brasileira de Orientação Profissional tenha sido uma das mais frequentes, o contingente de publicações não permite afirmar que este foi o meio mais utilizado para divulgação das pesquisas realizadas. De todo modo, em geral, os artigos foram publicados em periódicos com boas avaliações, sendo que esta pode ser entendida como uma medida de qualidade inicial acerca dos procedimentos metodológicos empregados nos estudos analisados.
Os construtos que apareceram com maior frequência corroboram a importância de variáveis mais tradicionais do campo da OPC, como os interesses e tomada de decisão (Barros & Ambiel, 2020; Noronha & Ambiel, 2006). De modo semelhante, houve a predominância de construtos positivos que foram os mais investigados no início do movimento, tais como os afetos, a resiliência e a satisfação de vida (Seligman & Csikszentmihalyi, 2014). Todavia, notou-se que há uma interlocução com construtos que costumam ser mais abordados nas organizações, aspecto que pode estar relacionado ao fato de que a Psicologia Organizacional é uma das áreas de destaque para a PP no Brasil (Reppold et al., 2019) e que faz aproximações com o campo da OPC. Nesse sentido, investigações e intervenções com o foco para a construção, desenvolvimento e manutenção da carreira nas organizações podem ser facilmente elaboradas sob a perspectiva da PP e contribuir para o aumento nos níveis de felicidade no trabalho (Hartung & Taber, 2008).
Os instrumentos analisados corroboram os apontamentos realizados sobre os construtos, mas permitem constatar de fato a aplicabilidade de junção entre as perspectivas e endossam o apontamento de que os dois campos compartilham de inúmeros aspectos em comum na promoção do desenvolvimento pleno dos indivíduos (Magyar-Moe et al., 2015). De modo mais específico, foi possível observar uma quantidade razoável de instrumentos que investigam fenômenos da PP com aplicação direta no contexto de carreira e trabalho. Assim, nota-se que há a possibilidade de fomentar ações e pesquisas com o olhar focado nos aspectos positivos, bem como contar com medidas que possibilitem a avaliação dos construtos, da eficácia de intervenções e para subsidiar o processo de tomada de decisão na carreira ou no trabalho.
Apesar da aplicabilidade de instrumentos da PP no cenário da carreira e do trabalho, a perspectiva positiva tem sido pouco utilizada no contexto da OPC no Brasil (Aguiar & Conceição, 2012; Ambiel et al., 2017; Noronha & Ambiel, 2006), sendo possível observar uma prática mais voltada para teorias e modelos tradicionais de carreira (Barros et al., 2019). Contudo, há indicativos da articulação da OPC com diferentes áreas do conhecimento, dentre elas a PP, por meio de estudos sobre os afetos, a satisfação com o trabalho e a qualidade de vida (Barros & Ambiel, 2020), construtos que também se destacaram na presente revisão. Estes achados ressaltam o caráter ainda inicial de aplicação da PP no campo da carreira, e destacam as possibilidades de desenvolvimento da área. Cabe destacar que o crescente uso do modelo Life Design como referencial teórico nas intervenções feitas no Brasil (Barros et al., 2019), pode estimular a aplicação de práticas positivas na orientação de carreira, tal como o que vem ocorrendo de modo mais direto nos estudos e práticas internacionais (Eva et al., 2020; Ginevra et al., 2016; Johnston, 2016; Santilli & Hartung, 2019).
Considerações finais
A presente revisão possibilitou analisar o cenário inicial de interlocução do movimento da PP no contexto de carreira e trabalho. Nota-se que o campo tem avançado quanto à diversificação dos grupos participantes nas pesquisas, abarcando também públicos distintos aos tradicionalmente estudados pela OPC. Além disso, percebe-se a utilização, em nível significativo, de instrumentos que investigam construtos da PP especificamente em contextos de carreira e trabalho, reafirmando as possibilidades de interlocução entre essas perspectivas. Todavia, o presente estudo limitou-se a investigar apenas artigos empíricos publicados em periódicos científicos nacionais e desconsiderou publicações oriundas de livros, teses e dissertações. Assim, embora a revisão possua caráter integrativo, utilizando critérios rigorosos e bem definidos acerca da construção do trabalho, pode ser que essas outras obras consigam também retratar o cenário, devendo ser consideradas em revisões sistemáticas que venham a ser realizadas sobre o assunto.
Quanto aos futuros estudos que visem integrar o campo da OPC com o movimento da PP, sugere-se que busquem desenvolver e avaliar a eficácia das intervenções realizadas com as variáveis positivas, tendo em vista que essa é uma das principais características metodológicas da PP. Além disso, nas investigações analisadas, predominam construtos do período inicial de desenvolvimento da PP, tais como afetos positivos, bem-estar, entre outros, portanto, sugere-se que os novos trabalhos se beneficiem dos achados mais recentes da área, utilizando-os como base para a sua construção. Com relação ao público estudado, recomenda-se que se dê continuidade ao trabalho com participantes que, convencionalmente, não são contemplados pelas produções do campo da OPC e, assim, contribuindo para a democratização da área.
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Endereço para correspondência:
Rua Prof. Aristídes Novis, 197 - Federação
Salvador - BA
CEP: 40210-630
Recebido: 28/06/2021
1ª reformulação: 09/11/2021
Aceito: 30/11/2021
Nota dos autores:
Agradecimentos: Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, à Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia e UFBA/PIBIC
Sobre os autores:
Leonardo de Oliveira Barros é Doutor em Psicologia. Professor do Instituto de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade Federal da Bahia. Co-Líder do Laboratório de Psicologia Positiva e do Grupo de Estudo Carreira+
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8406-0515
E-mail: leonardobarros_lob@hotmail.com
Ana Luísa Costa Cardoso é Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia. Integrante do Laboratório de Psicologia Positiva e do Grupo de Estudo Carreira+. Bolsista CNPq
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9106-5253
E-mail: cardoso.ana@ufba.br
Andreza Nathielly Batista Reis é Bacharela Interdisciplinar em Humanidades. Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia. Integrante do Laboratório de Psicologia Positiva e do Grupo de Estudo Carreira+. Bolsista UFBA/PIBIC
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9007-2598
E-mail: desa_nathy@hotmail.com
Caio Andrade Matos é Graduando em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia. Integrante do Laboratório de Psicologia Positiva e do Grupo de Estudo Carreira+. Bolsista FAPESB
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2630-9105
E-mail: caioamatos01@gmail.com