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Journal of Human Growth and Development

versão impressa ISSN 0104-1282

Rev. bras. crescimento desenvolv. hum. vol.20 no.2 São Paulo ago. 2010

 

REVISÃO REVIEW

 

Elementos protetores do leite materno na prevenção de doenças gastrintestinais e respiratórias

 

 

Adriana PassanhaI; Ana Maria Cervato-MancusoII; Maria Elisabeth Machado Pinto e SilvaII

INutricionista, aprimoranda na área de Nutrição em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública - USP.
IIProfessoras Doutoras do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública - USP.

Endereço para correspondência:

 

 


RESUMO

OBJETIVOS: identificar os elementos protetores do leite materno que atuam na prevenção de doenças gastrintestinais e respiratórias.
FONTE DOS DADOS
: a busca foi realizada nas bases de dados Bireme, Lilacs, Medline e Scielo, utilizando os descritores leite materno, doenças gastrintestinais e doenças respiratórias, com limites de idiomas (português, inglês e espanhol) e de período (1996 a 2009). Foram selecionados 46 textos por atenderem aos objetivos deste trabalho.
SÍNTESE DOS DADOS
: a IgA é imunoglobulina com maior capacidade protetora contra ambos os tipos de doenças, por sobreviver às mucosas intestinal e respiratória. O leite materno também possui outras imunoglobulinas, anticorpos, oligossacarídeos, lipídeos, peptídeos bioativos, entre outros constituintes exclusivos com mecanismos específicos que, além da proteção contra essas doenças, estimulam o desenvolvimento do sistema imune do lactente. Assim, nenhum outro leite possui essas propriedades e podem até ser a causa destas doenças. Campanhas e ações em Saúde Pública que incentivam o aleitamento materno devem ser continuamente desenvolvidas e estimuladas, considerando todos os benefícios que o mesmo proporciona.

Palavras-chave: leite humano; gastroenteropatias; doenças respiratórias; aleitamento materno.


 

 

INTRODUÇÃO

O aleitamento materno representa uma das experiências nutricionais mais precoces do recém-nascido1. Nenhum outro alimento ou leite industrializado modificado é capaz de oferecer ao bebê todos os ingredientes do leite materno. Este alimento apresenta composição específica que se ajusta às necessidades nutricionais do lactente, e é compatível com suas limitações metabólicas e fisiológicas2,3. Ademais, não representa ônus para o orçamento familiar4,5.

Embora a frequência e a duração do aleitamento venha evoluindo favoravelmente durante os últimos 30 anos6, e apesar do consenso acerca das inúmeras vantagens do aleitamento materno e da mobilização mundial nas últimas décadas para recuperação da cultura da amamentação, o desmame precoce ainda é uma prática comum em todo o mundo7,8.

Os índices da frequência e duração do aleitamento materno vêm contrariando a eficácia dos esforços de inúmeros programas oficiais e não governamentais, de incentivo ao aleitamento materno em todo o país9. Apenas 35% dos lactentes menores de quatro meses são amamentados exclusivamente e o desmame precoce ainda está associado a altos índices de mortalidade infantil por desnutrição e diarreia8.

Estimativas recentes quanto a diversas formas de ação e suas consequências para a saúde da criança mostraram que a promoção do aleitamento materno exclusivo é a intervenção isolada em saúde pública com o maior potencial para a diminuição da mortalidade na infância10, já que o aleitamento materno exclusivo contribui para reduzir a morbimortalidade infantil11. De acordo com Betrán et al.12, 13,9% de todas as causas de mortalidade infantil na América Latina podem ser prevenidas através do aleitamento exclusivo em lactentes de 0 a 3 meses e em aleitamento parcial no primeiro ano de vida.

No Brasil, a maioria das mulheres inicia o aleitamento materno; entretanto, mais da metade das crianças já não se encontra em amamentação exclusiva no primeiro mês de vida, o que contraria a recomendação da OMS13 de que o aleitamento exclusivo deve durar até os seis meses de idade5.

O período entre o nascimento e os dois anos de idade é muito crítico para a promoção do crescimento, da saúde e desenvolvimento ótimos. O aleitamento materno é uma ferramenta privilegiada para assegurar às crianças os melhores resultados possíveis e transitar com êxito esse período tão vulnerável da vida, de maneira a contribuir com um melhor desempenho nas etapas seguintes14, auxiliando, também, na prevenção de doenças na infância e na idade adulta15.

A amamentação oferece inúmeros benefícios para a saúde da criança, sendo a melhor maneira capaz de promover seu desenvolvimento integral, pois o leite materno fornece os nutrientes necessários para a criança iniciar uma vida saudável16. O leite humano supre as necessidades do lactente até o sexto mês de vida17,18, e durante o primeiro ano da criança é um dos meios mais eficientes de atender seus aspectos nutricionais e imunológicos19.

Além da composição adequada de nutrientes, o leite materno possui outros componentes que atuam na defesa do organismo do lactente, como imunoglobulinas, fatores anti-inflamatórios e imunoestimuladores. Seus mecanismos incluem atividade específica contra agentes infecciosos, crescimento celular da mucosa intestinal aumentando a resistência às infecções, entre outros2,3. Há relatos de aproximadamente 250 elementos de proteção no leite humano, além de fatores de crescimento do trato gastrintestinal19.

A lactação diminui a incidência e/ou a gravidade de diarreia, botulismo, enterocolite necrotizante, alergias, doenças infecciosas e respiratórias, entre outras doenças3,5,11,12,20,21, incluindo as auto-imunes20, como também estimula o desenvolvimento adequado do sistema imunológico do bebê18.

Outros tipos de leite aumentam os riscos de desenvolvimento de doenças e alergias17, e podem ocasionar lesões no intestino imaturo do lactente22. A porta de entrada da maioria das infecções no ser humano é representada pelas superfícies mucosas, principalmente dos tratos gastrintestinal e respiratório. Através da alimentação e da respiração o organismo entra em contato com microorganismos patogênicos, assim como substâncias potencialmente alergênicas ou nocivas23. A amamentação exclusiva salva milhões de crianças a cada ano por prevenir doenças infecciosas agudas e crônicas, principalmente respiratórias e intestinais7.

Considerando todos os efeitos benéficos da amamentação e a proteção exclusiva que esta oferece contra diversas doenças, o objetivo deste estudo é identificar os elementos protetores presentes no leite materno que atuam na prevenção de doenças gastrintestinais e doenças respiratórias.

 

METODO

Trata-se de uma revisão sobre o tema, onde as informações foram obtidas por meio de rastreamento literário sistemático, empregando-se a técnica booleana utilizando a palavra and e os seguintes descritores: leite materno and doenças gastrintestinais; e leite materno and doenças respiratórias. Para tanto, utilizaram-se fontes de pesquisa como publicações específicas e os provedores de pesquisa Bireme, Lilacs, Medline e Scielo. Como critérios de busca foram utilizados limites de idiomas (português, espanhol e inglês), e de período (1996 a 2009).

Com estes limites de pesquisa, foram rastreados 302 materiais. Destes, foram selecionados 46 por atenderem aos objetivos do presente trabalho.

 

ELEMENTOS DE PROTEÇÃO DO LEITE MATERNO

Recém-nascidos e lactentes, sobretudo nos primeiros seis meses de vida, são mais vulneráveis a infecções, devido à imaturidade do sistema imunológico e à maior permeabilidade intestinal. Assim, durante um período crítico de relativa incompetência imunológica, o leite humano apresenta atributos de qualidade frente às suas necessidades imunobiológicas, protegendo-os de diversas doenças2,23,24.

Tanto a idade cronológica quanto o estado nutricional das mães não influenciam de forma significante as concentrações de proteínas totais, albuminas, IgG e IgA presentes no colostro25. A glândula mamária parece ter mecanismos específicos para regular a concentração de oligoelementos no leite, mesmo em condições específicas de variação de dieta materna26.

No entanto, a composição do leite de mãe de prematuro apresenta algumas diferenças, pois promove efeitos anti-inflamatórios mais exuberantes do que o leite de mãe de recém-nascido a termo27. Essa composição diferenciada pode prover imunoproteção via maturação do intestino do prematuro27, já que pré-termos têm maior risco de desenvolver complicações no trato gastrintestinal e respiratório28. As propriedades nutricionais e anti-infecciosas do leite da mãe de pré-termos são adequadas às necessidades fisiológicas e imunológicas do imaturo tubo digestivo do recém-nascido, com maior quantidade de IgA, lisozima e lactoferrina2.

As propriedades antiinfecciosas do leite humano são representadas através dos componentes solúveis e celulares. Os solúveis incluem imunoglobulinas, IgA, IgM, IgD, IgE, IgG, com predominância da IgA, lisozima, lactoferrina, componentes do sistema do complemento (C3, C4), peptídeos bioativos, oligossacarídeos e lipídios (fator antiestafilococos e inativação de vírus). Os componentes celulares imunologicamente ativos são constituídos por fagócitos polimorfonucleares, linfócitos, macrófagos, nucleotídeos, plasmócitos e células epiteliais2,18,27,29-32.

O leite humano possui também lactoperoxidase, que oxida bactérias com ação antimicrobiana18,29. Os macrófagos e linfócitos são responsáveis pela fagocitose e pela produção de fatores do complemento27.

Os anticorpos presentes no leite materno são dirigidos a inúmeros microorganismos com os quais a mãe entrou em contato durante toda sua vida, representando um tipo de "repertório" imunológico. A maior parte desses microorganismos já entrou em contato com as superfícies mucosas do aparelho gastrintestinal ou respiratório maternos20.

Além dos anticorpos, o colostro humano contém inúmeros fatores bioquímicos e células imunocompetentes, que interagem entre si e com a mucosa dos tratos digestivo e respiratório do lactente, conferindo não apenas imunidade passiva, como também estímulo ao desenvolvimento e maturação do próprio sistema imune de mucosas do neonato11.

Os glicoconjugados e oligossacarídeos possuem atividade antiaderente para inúmeros microorganismos causadores de doenças gastrintestinais e respiratórias23. O leite de vaca não possui nenhum elemento imunológico que seja favorável ao lactente27, e a administração de alimentos ou suplementos pré-lácteos aumenta o risco de infecções no lactente4.

 

DOENÇAS GASTRINTESTINAIS

Já no ano de 1989, quando foi publicado o estudo de Brown et al.33, sabia-se que o uso de chupetas e a administração de chás e outros fluidos não-nutritivos a lactentes, além de favorecerem o desmame precoce, predispõem o aparecimento de diarreia, pelo risco de contaminação a que ficam expostos.

O prolongamento do aleitamento materno traz benefício adicional no final do primeiro e segundo anos de vida, quando a incidência de diarreia alcança seu valor máximo17. A presença de leite no lúmen intestinal estimula o desenvolvimento de sua mucosa17,28 e a atividade da enzima lactase34. De acordo com a revisão de Toma & Rea10, bebês amamentados exclusivamente apresentaram menor morbidade por diarreia em comparação com aqueles que receberam aleitamento materno junto com alimentos complementares aos três/quatro meses.

Desde as primeiras horas de vida diversas linhagens de Escherichia coli colonizam o intestino humano, passando a fazer parte da sua flora normal. No entanto, algumas destas podem causar doença intestinal grave23. No recém-nascido, a imaturidade do epitélio intestinal, a baixa acidez gástrica e a menor atividade de enzimas digestivas não constituem uma barreira muito eficiente contra a entrada de micro-organismos35.

A partir da década de 1970, com a descoberta do fator bifidus, torna-se cada vez mais conhecido o mecanismo pelo qual ocorre a proteção da mucosa intestinal contra os agentes patogênicos. Vários tipos de oligossacarídeos e glicoconjugados presentes no leite materno (conhecidos como agentes prebióticos) estimulam a colonização do intestino por microorganismos benéficos. Esses agentes atuam na primeira etapa essencial da patogênese, ao impedir que um microorganismo se fixe na parede celular36.

Crianças amamentadas exclusivamente apresentam uma flora intestinal benéfica, com maior quantidade de bifidobactérias e menos Clostridium dificile e Escherichia coli, de acordo com Penders et al.37. Segundo o estudo desses autores, que examinaram as fezes de 1.032 bebês holandeses de até um mês de idade, dentre os principais fatores determinantes da microflora intestinal no início da vida está a alimentação infantil. Já em 1905, havia registros de diferenças na composição da microflora intestinal de crianças amamentadas em comparação a crianças desmamadas.

Os carboidratos presentes no leite humano são os oligossacarídeos e a lactose. Os oligossacarídeos, na presença de peptídeos, formam um fator bífido (carboidrato com nitrogênio dialisável). No meio rico em lactose, produzirá ácido láctico e succínico, o que diminui o pH intestinal, tornando o local desfavorável ao crescimento de bactérias patogênicas, fungos e parasitas. Sendo assim, a lactose também exerce fator protetor ao desenvolvimento de afecções gastrintestinais, promovendo essa colonização benéfica2,38.

Esses oligossacarídeos nitrogenados possibilitam a instalação da flora bífida que impede, por ação seletiva, que novas bactérias recém-chegadas à luz do intestino e os potenciais agentes patogênicos da diarreia, como a E. coli, dentre outras enterobactérias, colonizem o trato intestinal18,29,31.

A mucina é uma proteína presente no colostro ligada aos glóbulos de gordura. Sua principal função é inibir a adesão bacteriana ao epitélio intestinal39.

Algumas gorduras poliinsaturadas, como os ácidos araquidônico e linoleico, têm importância na síntese de prostaglandinas envolvidas em funções biológicas que atuam sobre a digestão e sobre a maturação de células intestinais, propiciando a queda da prevalência de alergia intestinal e contribuindo para a defesa do lactente2,40. Os lipídeos presentes no leite humano são hidrolisados em ácidos graxos e monoglicerídeos que têm atividade sobre alguns tipos de vírus, de bactérias e de protozoários39.

Nucleotídeos, glutamina e lactoferrina presentes no leite materno influenciam o desenvolvimento gastrintestinal e as defesas do organismo3,21,35,41. A glutamina age como principal combustível para o crescimento do epitélio intestinal em períodos de estresse28.

Uma das funções da lactoferrina é quelar íons ferro, que são essenciais para a multiplicação de microorganismos patogênicos, diminuindo assim sua biodisponibilidade no microambiente intestinal, processo que é favorecido pela presença de bicarbonato no leite humano39,42. A lactoferrina é encontrada intacta tanto nas fezes quanto na urina de crianças amamentadas, podendo assim exercer um papel protetor sistêmico23.

A lisozima é uma enzima com ação bactericida, interagindo sinergicamente com lactoferrina e IgA39,42. A proteção contra gastrenterites se traduz numa menor incidência de diarreias, pela presença de anticorpos IgA presentes no leite materno, reativos com patógenos ou toxinas20.

A IgA é a principal imunoglobulina do colostro23,28,43. Ela está presente no intestino de bebês alimentados com leite humano, impedindo a invasão e a aderência de vírus e bactérias na mucosa intestinal, e neutralizando toxinas e fatores de virulência28.

A principal ação da IgA é se ligar a microorganismos e macromoléculas, inibindo a interação entre bactérias e células epiteliais, impedindo sua aderência às superfícies mucosas, prevenindo o contato de patógenos com o epitélio44. Dessa forma, a IgA protege a mucosa contra diarréias, pois forma um revestimento protetor nas superfícies mucosas do lactente23.

Os anticorpos IgA do colostro resistem ao trato gastrintestinal do recém-nascido e podem ser encontrados intactos nas fezes, preservando a mesma reatividade contra antígenos que apresentavam quando no colostro da mãe, conservando sua atividade anti-infecciosa ao longo de todo o trato gastrintestinal do recém-nascido23,39,42,45. Sua estrutura peculiar promove a essa classe de anticorpos maior resistência à ação de enzimas proteolíticas, abundantes nas secreções mucosas44.

As outras imunoglobulinas são encontradas no colostro e no leite humano em concentrações bem mais baixas que a IgA. Dentre elas, destaca-se a IgM como a segunda mais abundante. Quando não há IgA suficiente no leite materno a IgM atua como mecanismo compensatório. Sendo assim, anticorpos IgM podem ter um importante papel na defesa das superfícies mucosas do lactente23.

No decorrer da lactação, mesmo com o declínio da secreção de IgA no leite materno, a atividade biológica de inibição da adesão bacteriana permanece inalterada. Esse dado é compatível com o fato de que as crianças permanecem protegidas contra gastrenterites durante todo o período de aleitamento. Diarreias são mais frequentes após o desmame, independente da idade em que ocorram. Por sua vez, esses dados reforçam a importância do leite materno para recém-nascidos prematuros e pequenos para a idade gestacional23.

A caseína do leite humano é também um de seus vários constituintes que ajudam a proteger a criança de infecções gastrintestinais, impedindo a aderência de bactérias às células da mucosa intestinal2.

Anticorpos secretores reativos com os fatores de virulência de algumas bactérias são capazes de inibir a adesão bacteriana à mucosa intestinal e com isso impedir a colonização do hospedeiro, impedindo a sequência de eventos que culminaria em infecção e diarreia. Esse é um importante mecanismo de proteção conferido pelo leite materno, que deve ocorrer em casos de diversas infecções iniciadas pela adesão de microorganismos às superfícies mucosas45.

 

DOENÇAS RESPIRATÓRIAS

A amamentação exclusiva protege as crianças pequenas de evoluírem para quadros mais graves de infecção respiratória10,46. Quando predominante por pelo menos seis meses e até um ano de idade também pode reduzir a prevalência de infecções respiratórias na infância47,48. O leite materno é capaz de reduzir a exposição e a absorção intestinal de alergênicos responsáveis por doenças respiratórias49,50.

Os efeitos protetores da amamentação contra infecções do ouvido e pulmão têm-se tornado mais evidentes nos últimos anos. Nesse particular, cumpre importante papel a IgA secretora, um anticorpo resultante da resposta da mãe à exposição prévia a agentes infecciosos. Ela tem como característica sobreviver nas membranas da mucosa respiratória e ser resistente à digestão proteolítica. Além de impedir que agentes patogênicos se fixem nas células da criança amamentada, ela limita os efeitos danosos do processo inflamatório32,49,51.

As concentrações de citocinas têm um papel fundamental na imunogenicidade do leite materno. As citocinas IL-4, IL-5 e IL-13, mais envolvidas com a produção de IgE e indução de resposta de eosinófilos, podem proteger o lactente contra doenças respiratórias52. O fator de crescimento transformador beta, uma das citocinas predominantes no leite humano, aumenta a capacidade do lactente de produzir IgA53.

Os oligossacarídeos bloqueiam pneumococos pelas células receptoras da faringe28. Diversos tipos de anticorpos protegem contra vírus causadores de bronquite. Os lípideos e algumas macroglobulinas possuem ação antiviral, protegendo o lactente contra o vírus influenza. Essas macroglobulinas também protegem o recém-nascido de agentes causadores de infecção respiratória alta aguda54.

O CD14 solúvel está presente em altas concentrações no leite materno e tem importante papel na indução da resposta de linfócitos T auxiliares a bactérias, podendo também proteger contra o desenvolvimento de alergias55. O alto nível de proteína eosinofílica catiônica também proporciona essa proteção.56 Os linfócitos protegem o lactente contra doenças respiratórias, principalmente contra a asma57-59.

O aleitamento materno também diminui a involução da glândula do timo durante a infância60, o que consequentemente estimula os efeitos das células T, protegendo o lactente de doenças respiratórias48.

Assim, o leite materno é o único alimento capaz de proteger o lactente de diversas doenças nos primeiros meses de vida, pois é rico em compostos nutricionais e imunológicos que conferem essa proteção. Outros tipos de leites, fórmulas ou alimentos, além de não conter estes componentes protetores, podem causar doenças no recém-nascido.

Campanhas e ações em Saúde Pública que incentivam o aleitamento materno devem ser continuamente desenvolvidas e estimuladas, tendo em vista todos os efeitos benéficos que o mesmo proporciona.

 

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Endereço para correspondência:
Adriana Passanha
Faculdade de Saúde Pública - USP - Departamento de Nutrição.
Av. Dr. Arnaldo, 715. Cerqueira César
São Paulo - SP. CEP: 01246-904
E-mail: adriana.passanha@gmail.com

Recebido em 14 de março de 2009
Modificado em 26 de novembro de 2009
Aceito em 14 de janeiro de 2010

 

 

Conflito de interesse: nada a declarar.

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