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Avaliação Psicológica

versão impressa ISSN 1677-0471

Aval. psicol. vol.10 no.2 Itatiba ago. 2011

 

EDITORIAL

 

 

O segundo número da revista Avaliação Psicológica é lançado em um momento importante para a psicologia brasileira, especialmente no que se refere ao emprego da avaliação psicológica em diversos contextos profissionais. O Sistema Conselhos de Psicologia comemora o Ano da Avaliação Psicológica e eventos específicos para a discussão dos avanços e desafios da área têm ocorrido em todas as regiões do Brasil. O IBAP tem sido frequentemente acionado pelos Conselhos Regionais para participar dessas atividades que reúnem os psicólogos interessados, oferecendo-lhes espaços de discussão sobre as questões mais prementes abordadas nos textos geradores. Acreditamos que os assuntos tratados nos artigos da revista também poderão ser usados com o objetivo de qualificar os debates atuais sobre a temática, acrescentando-lhes mais subsídios.

Com o estudo intitulado Visualização espacial e desempenho em matemática no ensino médio e profissional, Maria Cristina Rodrigues Azevedo Joly, Luana Comito Muner, Diego Vinícius da Silva e Gerardo Prieto avaliaram o desempenho em habilidades espaciais e sua relação com matemática. Foi utilizado o Teste Informatizado de Visualização Espacial-TVZ2006A e o desempenho escolar foi avaliado pela média anual na disciplina de matemática. A correlação entre as médias e o TVZ2006A foi significativa, a qual atribuiu evidência de validade de critério para o teste.

Juliane Callegaro Borsa e Denise Ruschel Bandeira, no texto Uso de instrumentos psicológicos de avaliação do comportamento agressivo infantil: análise da produção científica brasileira, analisaram 25 artigos publicados nas duas últimas décadas, disponíveis na Biblioteca Virtual de Psicologia (BVS-Psi). Os resultados apontaram para a escassez de estudos sobre avaliação de comportamentos agressivos na literatura nacional. Ainda, indicaram que poucos utilizaram instrumentos que discriminam o comportamento agressivo quanto a sua etiologia e manifestação.

No artigo Avaliação do suporte familiar em idosos residentes em domicílio, Luciana Araújo dos Reis, Gilson de Vasconcelos Torres, Luana Araújo dos Reis, Marcos Henrique Fernandes e Thaiza Teixeira Xavier Nobre avaliaram a percepção do suporte familiar em idosos residentes em domicílio. O instrumento utilizado foi constituído de: dados sociodemográficos e de saúde; Mini-exame do Estado Mental e Inventário de Percepção do Suporte Familiar (IPSF). Ficou evidenciado que boa parte dos idosos entrevistados apresentou comprometimento dos domínios Afetividade- Consistência e Autonomia do Inventário de Percepção do Suporte Familiar, o que demonstrou que há um espaço de intervenção cabível na preparação das famílias para a prestação de cuidados aos idosos.

Sob o título Inteligência Emocional e qualidade de vida em gestores brasileiros, o trabalho de Alessandra Rodrigues Gonzaga e Janine Kieling Monteiro buscou relações entre a Inteligência Emocional e a Qualidade de Vida em um grupo de gestores brasileiros em cargos de liderança. Como instrumentos, foram utilizados o Mayer, Salovey e Caruso Emotional Intelligent Test (MSCEIT), o Questionário de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde Simplificado e um questionário socio-demográfico. Os resultados indicaram que há correlação entre a percepção emocional dos gestores e sua Qualidade de Vida.

Ana Flávia de Oliveira Santos e Lucy Leal Melo-Silva investigaram os motivos da procura de adultos por orientação profissional e de carreira em um serviço de uma universidade pública. O título do estudo é Motivos da procura por orientação de carreira em adultos: um estudo preliminar, no qual os dados foram obtidos por meio de um questionário do tipo autorrelato. A análise do conteúdo foi feita com base nas respostas às questões selecionadas, referentes às preocupações com a carreira, às expectativas e ao grau de importância dos temas a serem abordados na intervenção. As autoras verificaram que os participantes apresentaram preocupações predominantemente relativas ao ingresso no ensino superior e às transições de carreira, seguidas de questões referentes à necessidade de mais informação profissional. A sistematização dos dados possibilitou a avaliação das necessidades de atendimento e melhor delineamento das estratégias de intervenção com adultos.

A pesquisa de Hudson W. de Carvalho, Sérgio Baxter Andreoli e Miguel Roberto Jorge, com o título de Saúde Geral: Evidências de Diferenças Relacionadas ao Sexo objetivou verificar a existência de diferenças relacionadas ao sexo com base nos indicadores de saúde mental providos pelo Questionário de Saúde Geral e avaliar a pertinência de normas diferenciadas por sexo. Os resultados apontaram que as mulheres tiveram médias superiores às dos homens em todos os escores do instrumento, entretanto diferenças significantes com magnitude de efeito moderado foram encontradas nas escalas de Estresse Psíquico, Autoeficácia, Distúrbios Psicossomáticos e Gravidade de Doença Mental. Os achados foram congruentes com os do estudo de adaptação e validação do QSG para o Brasil, indicando a presença de diferenças moderadas relacionadas ao sexo em saúde geral e a pertinência de normas diferenciadas para homens e mulheres. No entanto, os autores consideram que ajustes normativos mostram-se necessários.

Avaliação psicossocial: desafios para a prática profissional nos contextos educativos é um artigo de Raquel Souza Lobo Guzzo, Ana Paula Gomes Moreira e Adinete Sousa da Costa Mezzalira que corresponde a um estudo teórico que apresenta elementos que caracterizam o processo de avaliação psicossocial destacando-o na discussão sobre a área da avaliação psicológica como ferramenta construída, especialmente, para subsidiar e orientar a atuação profissional em contextos educativos e comunitários. Foram apresentadas as dimensões de uma perspectiva crítica que, ao agregar elementos históricos e sociais, fomenta a discussão sobre a avaliação psicossocial, diferenciando-a da avaliação psicológica tradicional.

O estudo documental de Rosanna M. Martins-D'Angel, Mª Concepción Menéndez Montañés, Juana Gómez-Benito e Yamila Fernanda Silva Peralta, Codependencia e seus instrumentos de evaluación: un estudio documental, descreve uma breve história da Codependência, faz uma revisão dos instrumentos psicométricos criados até hoje para avaliá-la e descreve os mais citados na literatura. Essa investigação faz parte de um estudo mais abrangente, que tem como objetivo geral descrever o estado da arte existente sobre Codependência, por meio de levantamento realizado na Base de dados PsycINFO. Os instrumentos mais citados foram: Spann-Fischer Codependency Scale (SF CDS), Co-dependency Assessment Questionnaire (CAQ) e Friel Adult Child/Co-dependency Assessment Inventory (CAI).

Com o objetivo de verificar as correlações entre frustração e raiva para buscar evidências de validade baseadas na relação com outras variáveis entre o Inventário de Raiva como traço-estado (STAXI) e o Teste de Frustração de Rosenzweig (PFT), Liane di Stefano da Silva e Cláudio Garcia Capitão apresentaram o trabalho intitulado Evidências de validade entre o Staxi e o PFT. As respostas com direção extrapunitiva mostraram magnitude moderada para correlação significativa com estado de raiva e magnitude baixa com traço e temperamento de raiva. Os autores concluíram que existem evidências de validade baseadas na relação com outras variáveis entre os dois instrumentos, porém consideraram importante que novos estudos, com amostras maiores, sejam realizados e que sejam utilizados outros instrumentos para ampliar as evidências de validade.

A nota técnica, A quarta edição do WISC americano, de Francisco Antônio Soto Vidal, Vera Lúcia Marques de Figueiredo e Elizabeth do Nascimento apresenta a Escala Wechsler que avalia a inteligência de crianças e adolescentes – Wechsler Intelligence Scale for Children (WISC) – que já se encontra em sua quarta edição nos Estados Unidos e em breve estará disponível no Brasil. Os autores apresentaram esse novo instrumento e o compararam em conteúdo e forma com a adaptação brasileira do WISC-III. Eles concluíram que as inovações feitas no WISC-IV foram significativas, tanto no que se refere à redefinição dos construtos avaliados quanto à estrutura geral do instrumento. Sinalizaram que, com tantas mudanças, seja provável haver resistências iniciais dos psicólogos ao utilizarem o novo teste.

 

Acácia Aparecida Angeli dos Santos, editora.


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