Resumo

MORAES, Eliane Robert. A ingenuidade de um perverso: linguagem e erotismo em Nabokov. Ide (São Paulo) [online]. 2007, vol.30, n.45, pp.115-119. ISSN 0101-3106.

Embora o romance Lolita, de Vladimir Nabokov, tenha se celebrizado por colocar em evidência a figura da ninfeta, é notável a complexidade com que elabora a imagem do perverso. Humbert Humbert é um personagem construído sobre paradoxos: se, de um lado, ele se define como “pervertido”, de outro, jamais corresponde à caricatura do “tarado”, sendo que tais estereótipos são colocados em xeque ao longo de todo o livro. A começar pela identificação do perverso com a criança, que ganha sentido maior quando se recorda que o romance foi escrito na mesma época em que o autor redigia sua autobiografia, com ênfase nas memórias de infância. Com efeito, os dois livros expõem um intrincado jogo entre passado e presente, no qual adulto e criança se aproximam para intercambiar seus papéis. Aproximação que se realiza por meio de instigantes jogos de linguagem que permitem a Nabokov a criação de uma língua própria à perversão.

Palavras-chave : Erotismo literário; Lolita; Nabokov; Ninfeta; Perversão.

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