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Revista Brasileira de Psicanálise
versão impressa ISSN 0486-641X
Rev. bras. psicanál vol.52 no.3 São Paulo jul./set. 2018
OUTRAS PALAVRAS
História de uma análise interrompida
Story of an interrupted psychoanalysis
Historia de un análisis interrumpido
Histoire d'une psychothérapie interrompue
Julio Hirschhorn Gheller
Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP)
RESUMO
A brusca interrupção de um processo analítico remete o autor a uma reflexão, em que constata indícios de hostilidade surgidos no vínculo com o paciente, ressaltando-se a importância do binômio inveja-gratidão. O analista correlaciona aspectos de inveja e ressentimento, experimentados pelo analisando, com o comprometimento da capacidade de sonhar a dois e o prejuízo para a evolução do trabalho. Aborda ainda a teorização sobre a função desobjetalizante como elemento essencial para uma compreensão atual do conceito de pulsão de morte.
Palavras-chave: conversando-como-sonhando, função desobjetalizante, inveja-gratidão, ressentimento, sonhar-acordado
ABSTRACT
The sudden interruption of a psychoanalytic process leads the author to this written reflection. He notices evidences of hostility which has arisen from his relationship with the patient. The author highlights the importance of the envy- gratitude binomial. He relates the feelings of envy and resentment the patient experiences to the hindering of their abitlity to “dream together”, and therefore, the hindering of the analytic work and its progress. The author deals with the theory of the disobjectalizing function as a vital element to today's comprehension of the concept of death drive.
Keywords: talking-as-dreaming, disobjectalizing function, envy-gratitude, resentment, daydream
RESUMEN
La interrupción brusca de un análisis remite al autor a una reflexión en la que constata indicios de hostilidad surgidos en el vínculo, señalando la importancia del binomio envidia-gratitud. El analista correlaciona aspectos de envidia y resentimiento, experimentados por el paciente, que compromete la capacidad de “soñar a dos” y el perjuicio para la evolución del trabajo. Aborda también la teorización sobre la función desobjetalizante como elemento esencial para una comprensión actual del concepto de pulsión de muerte.
Palabras clave: conversando-como-soñando, función desobjetalizante, envidia- gratitud, resentimiento, soñar-despierto
RÉSUMÉ
La brusque interruption d'un processus analytique mène l'auteur à une réflexion où il constate des indices d'hostilité surgis dans le lien établi avec le patient, en soulignant l'importance du binôme envie-gratitude. L'analyste met en corrélation des aspects d'envie et de ressentiment éprouvés par l'analysant avec l'endommagement de la capacité de « rêver à deux » et la détérioration du travail. Il aborde encore la théorisation concernant la fonction désobjectalisante en tant qu'un élément essentiel pour une compréhension actuel du concept de la pulsion de mort.
Mots-clés: en-parlant-comme-en-rêvant, fonction désobjectalisante, envie-gratitude, ressentiment, rêver-éveillé
Introdução
A pulsão de morte, via manifestações de destrutividade na relação analítica, é um tema frequente em minhas reflexões a partir da observação clínica. Entendo que tudo que acontece nas sessões pode ser examinado por esse prisma quando se vislumbram vestígios de ataques ao vínculo com o analista.
Por outro lado, sinais de vitalidade na relação aparecem se existe percepção de desenvolvimento por parte de ambos os membros do par analítico. A falta dessa percepção pode indicar situações de transferência negativa e desencontro. Relato a experiência de um atendimento, articulando-a com a teoria.
Antônio
Executivo de uma grande empresa, Antônio me procurou após romper o relacionamento com a namorada. Cláudia era uma moça com muitas das qualidades que ele sempre idealizara. Estava angustiado por ter perdido uma pessoa de tantas virtudes. Contudo, não suportou as exigências de assumir um compromisso de casamento, segundo os moldes tradicionais. Antônio tinha planos de se casar, mas não tão já. Dessa maneira, diante da cobrança por uma definição, instaurou-se um conflito de caráter ambivalente. Tinha medo de se comprometer, pois ficaria impedido de aproveitar a vida, divertir-se por mais algum tempo e conhecer outras mulheres. Perderia a oportunidade de encontrar alguém melhor do que Cláudia. Receava arrepender-se no futuro, em razão de uma decisão precipitada. Embora próximo da meia-idade, circulava com uma turma de amigos mais jovens.
Sempre impecavelmente trajado de terno e gravata, Antônio demonstrava, de início, bastante interesse nos nossos encontros. Um detalhe chamou a minha atenção, sem que eu o interpretasse de forma expressa: ele parecia bem à vontade, tratando-me logo pelo primeiro nome, com toda a naturalidade, como se fôssemos velhos conhecidos. Possivelmente, queria criar um relacionamento amistoso. Isso sugeria um traço sedutor, uma necessidade de me cativar com seu jeito extrovertido, para que formássemos uma boa dupla. O futuro diria algo mais a esse respeito. Aos poucos, fui notando que, dotado da típica mentalidade de homem de negócios, ele me contratara com a finalidade de lhe “entregar bons resultados”, conforme o jargão utilizado no mercado financeiro e no mundo corporativo. Para tanto, seria bom contar com minha simpatia, e lhe convinha o comportamento afável, mesmo que não inteiramente autêntico.
Era cortês, mas com o passar do tempo tornou-se patente seu distanciamento emocional. Eu jamais me tornaria alguém mais significativo para ele, uma vez que era tido como um simples prestador de serviços. Minha função era bem específica: propiciar esclarecimentos e orientações a respeito de suas questões. Num plano menos consciente, ele precisava que eu o ajudasse a apaziguar uma forte ansiedade, mesmo que não a admitisse com clareza. Não obstante, nem de longe estava contemplado o estabelecimento de uma ligação pessoal mais forte, ainda que os temas tratados implicassem exposição de sua intimidade. Entendo que, dessa maneira, já surgia um sério obstáculo para a análise. Sem uma boa dose de transferência positiva, o vínculo permaneceria frágil. Se o analista não chega a ser importante para o analisando, a chance de este introjetar a função psicanalítica se reduz. Utilizo como metáfora a ideia de que o paciente pode me receber na sala de visitas de sua casa mental, mas, se ele não me der acesso aos outros aposentos, pouco poderei fazer. A analisabilidade ficará prejudicada pela dificuldade de entrar em contato com sonhos, fantasias, desejos e sentimentos encobertos no comportamento cotidiano, aquele mais apropriado aos relacionamentos sociais. Antônio se fixava na relação com Cláudia e nos problemas do trabalho (ele sonhava com uma promoção ao alto escalão). Esperava por opiniões, conselhos ou, até mesmo, soluções.
Quanto à questão amorosa, não foi difícil interpretar que, entre outros elementos, continuar procurando por alguém que ainda viesse a encantá-lo no futuro - uma mulher linda, refinada, tranquila, bem-humorada e elegante - indicava sua avidez, a incontrolável ambição de fazer o melhor negócio possível. Não conseguiu conviver bem com os momentos de irritação e tristeza de Cláudia, que se tornaram mais frequentes à medida que ele não definia o compromisso. Procurava obter a relação de custo-benefício mais favorável. Isso acontecia em todas as áreas. Frequentemente pretendia dar o mínimo possível, mas esperava receber o máximo em troca.
Em termos do contrato analítico, não titubeou em concordar com meus honorários. No entanto, nunca se lembrava de acertar na data combinada. Sempre havia uma razão para o atraso, atribuído à agenda cheia, que naturalmente o inclinava para outras prioridades. Agia como se não houvesse nenhum problema em atrasar meu pagamento. O fato de estar sempre ocupado com incumbências da empresa era, no seu entender, justificativa mais do que suficiente, já que, como fazia questão de ressaltar, também esquecia de saldar outras obrigações. Portanto, eu deveria me consolar com a ideia de que não havia nada de particular contra a minha pessoa. Faltava-lhe a sensibilidade para perceber que estava me tratando com descaso. Por ocasião das conversas sobre os atrasos de pagamento, seu tom de voz revelava impaciência. Não queria perder tempo com explicações desnecessárias. Preferia passar logo para os temas que lhe importavam. De certo modo, eu era comparado a qualquer firma - uma figura impessoal - cujo boleto de cobrança ficara, inadvertidamente, esquecido num canto de sua mesa. A pretensão de ser considerado de maneira diferenciada era mera ingenuidade da minha parte. A recusa em aprofundar esse assunto impedia o fluxo de associações que lhe permitiria uma compreensão mais abrangente de um modo utilitário de se relacionar.
Aos poucos, pudemos falar sobre sua família. Acreditava que os pais viviam um longo e tedioso matrimônio, visão que alimentava seu medo de se casar. Receava entrar numa situação sem saída. Ainda no que diz respeito aos pais, queixava-se de que tinham sido sempre muito exigentes e injustos com ele. A relação com o pai, duro e crítico, era especialmente difícil. Sua competência profissional era, invariavelmente, colocada em dúvida por ele, e isso contribuía para uma insegurança ainda presente nos momentos decisivos de importantes negociações, ocasiões em que se sentia posto à prova. Achava que a irmã era a filha predileta, merecendo muito mais carinho e atenção da mãe. “Engolia” essa situação sem digeri-la devidamente, produzindo-se um ressentimento, que transportava para outras relações, nas quais se defendia mantendo uma distância protetora, a fim de não se decepcionar.
Foi me contando suas novas conquistas amorosas. Eram encontros fugazes, com pouco envolvimento de sua parte. Deixava escapar um tom de desprezo quando falava dessas mulheres - com ênfase em seus defeitos -, das quais procurava se livrar logo que possível. Nenhuma correspondia às suas expectativas. Do ponto de vista transferencial, isso já era um alerta do que viria a acontecer comigo.
Incomodado com os relacionamentos que não prosperavam e com o stress diário, foi ficando mais ansioso e desenvolveu um quadro de insônia. Aflito por resolver as questões que o angustiavam, queria uma solução rápida. Dormir mal arruinava seu desempenho no dia seguinte. Sem que eu soubesse, procurou médicos e começou a tomar remédios, que efetivamente o ajudaram. Fiquei sabendo dessas consultas a posteriori, meio que en passant. Tratava esse assunto como algo que não fosse da minha alçada e, portanto, não haveria motivos para comentá-lo. Era mais um sinal de que eu deveria aceitar um papel secundário em sua vida. Registre-se que comunicou as melhoras obtidas com as condutas médicas como que se comprazendo em salientar as limitações da psicanálise. O progressivo estreitamento de assuntos a explorar analiticamente restringia as funções para as quais eu poderia ser convocado e o levaria a constatar a minha dispensabilidade.
Por essa época, já ficava claro algum desinteresse. Reduziu a frequência de nossos encontros, supostamente por causa de sua agenda lotada. Além disso, começou a faltar bastante. Nem sempre explicava as faltas e, quando o fazia, costumava mencionar reuniões ou viagens de trabalho. Ao se dar conta, concretamente, de que eu cobrava honorários nas suas ausências, perguntou-me se poderia repor as sessões em que me informasse a falta com antecedência. Apostando na relação, concordei com reposições nessas circunstâncias. A essa altura, entretanto, o meu investimento era maior que o dele. Fui compreendendo uma dinâmica subjacente. O que de fato lhe importava era não ter que pagar quando se ausentasse. Perder a sessão não era tão relevante quanto desperdiçar o valor em dinheiro correspondente a ela. Esquivava-se de interpretações nessa direção, pois apontavam para um traço avaro e menos nobre, que não queria reconhecer. Um componente da situação era o de castigar, pelas faltas, o objeto/analista falho. Todavia, não se dispunha a fazer conjecturas e esboçar um significado para essa atitude tão evasiva.
Eu era, enfim, apenas um prestador de serviços, igual a tantos outros. Em consequência, ele negava aspectos emocionais derivados da transferência. Aquilo que a minha percepção contratransferencial captava perdia-se no vazio, sendo refutado e desconsiderado. Antônio também atrasava bastante, parecendo querer ser esperado, talvez como prova de que eu permanecia interessado e disponível, cumprindo com o meu dever, mesmo que ele não estivesse tão vinculado. A hipótese, por mim levantada, de que esse comportamento pudesse estar relacionado a uma repetição de vivências antigas, como o desejo de ser ansiosa e amorosamente aguardado pelos primeiros objetos relacionais, caiu no mesmo vazio.
Esperar que fizesse uso de imaginação criativa era pouco promissor. Ele era essencialmente objetivo e pragmático. Não se interessava por arte e cultura. Não lia ficção, não ia a concertos, ao cinema, ao teatro ou a exposições. Quando muito, apreciava seriados policiais na tv. Sua leitura restringia-se a livros técnicos, relacionados à sua atividade profissional. As metáforas que o atingiam eram as que eu construía com modelos próprios do esporte: a competitividade da Fórmula 1, a importância da tática coletiva no basquete, o decisivo fator mental no tênis, a possibilidade de “se esconder” do jogo no extenso gramado de um campo de futebol. Eram ideias utilizáveis, que podiam ser aplicadas para enfrentar obstáculos e triunfar nos negócios. Nesse caso, ele se conectava um pouco mais, possibilitando um sonhar a dois.
Outro detalhe a registrar é que, via de regra, Antônio deixava o celular ligado para verificar mensagens, mesmo durante a sessão.
No final do primeiro ano de análise, resolveu reatar com Cláudia, que não saía de sua cabeça. A tentativa não deu certo. Os velhos desentendimentos voltaram a ocorrer. Ela estava mais convicta do que nunca quanto à ideia do casamento. Reafirmou as condições de que não abria mão: queria casar logo e engravidar em seguida. Ele, por sua vez, se deu conta de que já não sentia o mesmo carinho nem a atração dos primeiros tempos, e ficava incomodado com o conjunto de demandas que ela lhe apresentava. Na experiência pregressa, era comum que os relacionamentos de Antônio perdessem a graça imediatamente após a conquista. Cláudia tinha sido uma exceção, que resistiu por um tempo prolongado. No entanto, o desencontro entre os dois crescia de maneira progressiva. Ele se via pressionado, tendo que decidir o futuro. Sua ansiedade recrudesceu, evidenciando muita inquietação durante as sessões. Acabou por terminar o namoro definitivamente. Avaliou que já observara o suficiente para se certificar das poucas chances de êxito no casamento. Com a sensação de dever cumprido, e nitidamente aliviado, decidiu virar a página.
Era um indício de que o fim da nossa parceria também se aproximava. Afinal, a questão com Cláudia o trouxera até mim, e ele, de um jeito ou de outro, havia resolvido o problema.
Suponho que, por vezes, interpretações mais contundentes o tenham perturbado. Não descarto essa hipótese, uma vez que, à medida que ele se esquivava do contato, eu buscava, com formulações mais incisivas, trazê-lo para uma conversa analítica efetiva. Como exemplo disso, relembro o dia em que, após mais um dos habituais atrasos de pagamento, indaguei se, inconscientemente, ele estaria querendo provocar um confronto que me induzisse a desistir de atendê-lo. Creio que ao analista é requerida uma precisão cirúrgica nas intervenções, algo que Bion (1970/1991) chamaria de linguagem de êxito (language of achievement). Através dessas falas, que acertam no alvo emocional, pontos essenciais, ainda mal reconhecidos pelo paciente, serão tocados. Ser incisivo, porém, implica riscos. O analista pode, às vezes, errar na dose, no timing ou no conteúdo da interpretação. Entretanto, se o vínculo for bom, o analisando terá a possibilidade de rejeitar tudo aquilo com que não concordar. Por outro lado, se a intervenção for enunciada de forma suficientemente branda e se fizer sentido para o paciente, o processo de elaboração terá a chance de se desenvolver. Falas edulcoradas não terão o necessário poder de penetração e consequente fertilização do mundo mental do analisando. Este, por sua vez, precisa alcançar a condição de saber tolerar os erros do analista e reconhecer o que de positivo vem obtendo. Isso se relaciona, fundamentalmente, à sua capacidade de sentir gratidão, que depende da elaboração do componente invejoso.
O lance final de destrutividade, como ataque ao vínculo analítico, ainda estava por vir. Antônio optou por terminar a análise, fazendo-o através de uma sintética mensagem no WhatsApp. A rigor, eu estava sumariamente “demitido”. Simples assim, uma vez que ele não estava enxergando em que mais eu poderia ajudá-lo. Respondi dizendo que acatava sua decisão, mas sugeri um último encontro. Seria esclarecedor se tivéssemos a oportunidade de conversar presencialmente. Eu o convidava para uma sessão de encerramento, uma espécie de balanço, com a avaliação de possíveis progressos e de assuntos que mereceriam ainda ser explorados num futuro ciclo analítico, quando ele estaria livre para procurar por mim ou por outro analista. Rapidamente, recusou a proposta.
Essa foi, sem dúvida, uma situação frustrante para mim. Lidar com o fim do processo, sem a possibilidade de um diálogo em contexto analítico, não foi fácil. Experimentei uma sensação de impotência diante de seu aparente desdém para comigo. Penso que sua decisão englobava ingredientes de variados matizes agressivos. Talvez ele quisesse evitar que uma manifestação violenta emergisse no contato com o analista; ou, quem sabe, julgasse desnecessário perder tempo numa nova conversa; ou ainda, tomado por ódio, desejasse demonstrar que não precisava de mim para mais nada. Eu me tornara um objeto falho, alguém a ser evitado. E ele não queria correr nem o mais leve risco de, num encontro ao vivo, questionar sua decisão. Precisava se esquecer de mim, apoiando-se na convicção de estar com toda a razão.
Correlações teórico-clínicas
O objeto é revelador das pulsões, pois, em certo sentido, é criado por elas, passando então a existir - mesmo que ele já esteja lá -, conforme a concepção de Winnicott do encontrar-criar (Green, 1988). Desde o nascimento, nos deparamos com a experiência das necessidades. O conflito entre pulsões de vida e de morte se instala precocemente. De acordo com Segal (1988), uma das possíveis atitudes do indivíduo é buscar a satisfação das necessidades: a sede de viver conduz à procura do objeto - reconhecendo que ele pode nos dar aquilo de que precisamos - e, depois, à preocupação e ao cuidado com ele. A outra atitude é atacar o objeto, negando que ele tenha o que queremos, bem como tentar destruir a parte do self que percebe as necessidades, podendo inclusive depreciar e desvalorizar as qualidades do objeto. Essa característica configura o sentimento de inveja.
Segundo Klein (1957/1991), a inveja seria a manifestação externa da pulsão de morte atacando as fontes de vida. Prosseguindo nessa linha de raciocínio, Segal observa que o objeto é admirado pelo que tem de bom, mas que é percebido como perturbador porque cria a necessidade daquilo que possui. Além disso, só ele detém o poder de anular a perturbação que desperta, apenas e tão somente se se dispuser a oferecer aquilo que o sujeito espera. No estado mental de predomínio da pulsão de morte, a dependência do objeto causa ódio e inveja. Para se livrar dessa perturbação, o self pode preferir aniquilar o objeto - mais propriamente o investimento objetal - e recusar a noção da própria incompletude e falta, que só um outro poderia preencher. Em suma, existiria a crença de poder prescindir do outro, jamais precisar de alguém e ser autossuficiente. Em alguma medida, esse fenômeno pode ser visto no comportamento de Antônio, ao me dispensar e, mesmo antes, ao ressaltar, sem disfarçar um gozo triunfante, os benefícios obtidos com a medicação, minimizando o processamento de emoções promovido pela análise.
Green (2002/2008) postula a existência de um narcisismo negativo, com aspiração ao nível zero de tensão, para entender a pulsão de morte. Em termos relacionais, representaria a expressão de uma função desobjetalizante, em que o desinvestimento desfaz o que o investimento havia construído. Em 1988, Green propôs que a meta essencial das pulsões de vida seria garantir uma função objetalizante, que cria uma relação com o objeto através de um trabalho de investimento significativo. Em contrapartida, a meta da pulsão de morte seria promover uma função desobjetalizante, por meio do desligamento. A manifestação própria da destrutividade da pulsão de morte é o desinvestimento, que tende a tornar as relações com o objeto mais distantes, esvaziadas de colorido afetivo, cumprindo apenas demandas utilitárias e pontuais.
Essas características de desligamento e desinvestimento são, em parte, observáveis na evolução do processo analítico que apresentei. Eu deveria cumprir a fUnção específica de atenuar a ansiedade e acabar com as dúvidas de Antônio. A hipótese que proponho é que, muito provavelmente, o objeto primordial não lhe propiciou o acolhimento necessário nem a sensação de que fosse especial. Dessa maneira, criou-se uma eterna descrença no outro, considerado sempre como potencialmente frustrante. Por conseguinte, ele estava fadado a repetir a vivência original de privação ou indiferença afetiva, o que acarreta carência, ressentimento e ódio. Confirmar comigo, via transferência, a insuficiência objetal era equivalente a comprovar uma espécie de profecia que precisava, continuamente, se realizar, sob a égide da compulsão à repetição. Tal qual a sigla cqd (como queríamos demonstrar), presente no final de um teorema matemático elucidado de forma adequada, Antônio também conseguiu, por fim, chegar à “desejada” conclusão de que eu era falho.
Quanto à transferência, Klein (1957/1991) enfatizava tratar-se de um fenômeno que não se restringe exclusivamente às referências diretas ao analista. Pode ser apreendida a partir da totalidade do material apresentado, uma vez que o analisando repete com o analista conflitos emocionais das primeiras relações. Relatos da vida cotidiana podem desvelar aspectos das ansiedades, defesas e fantasias suscitadas pela situação transferencial. Betty Joseph (1985/1990) desenvolveu o tema focalizando a transferência como situação total, em que alguma coisa está acontecendo o tempo todo. Portanto, a análise da transferência, por definição, incluiria tudo o que o paciente traz para a relação. Penso que mesmo acontecimentos externos às sessões podem ser abordados pelo vértice da transferência. As consultas com outros médicos - por algum tempo, nem sequer mencionadas - passavam por aí. O habitual retardo na efetivação do pagamento, os atrasos, as faltas (bem como o desinteresse em comentá-las e interpretá-las), os elogios à medicação, o celular ligado durante a sessão, os comentários depreciativos em relação às mulheres, as queixas quanto às exigências da namorada eram assuntos que sinalizavam possíveis derivados da transferência negativa.
Entendo que o persistente ressentimento de Antônio para com figuras do passado, introjetadas em seu mundo interno, se transfere para os relacionamentos do presente. A namorada que mais amou foi taxada de autoritária, sufocante e, até mesmo, interesseira. Preferiu abandoná-la, na esperança de encontrar a “mulher ideal”. O analista, provavelmente percebido como insuficiente e rude, também foi deixado para trás, sendo preterido pelas orientações médicas, pelo uso de psicofármacos e, talvez, pela busca de outro psicoterapeuta.
Uma questão importante que não pôde ser devidamente investigada se refere ao assim chamado protesto masculino, termo cunhado por Adler - citado e discutido por Freud (1937/1975a) - e que trata da luta do homem contra sua atitude passiva diante de outro homem. Freud acreditava que a melhor denominação para essa configuração relacionada ao Édipo invertido seria repúdio da feminilidade. Por esse prisma, o paciente evitaria aceitar as interpretações do analista como uma recusa a submeter-se a um substituto paterno. Considerava Freud que tal elemento de oposição, relacionado à ansiedade de castração, produz uma das mais fortes resistências transferenciais. Desse modo, dificulta sobremaneira a capacidade de analisandos homens aceitarem que uma atitude passiva com outros homens, inclusive o analista, não significa necessariamente uma prova de castração. Nessa passagem do texto, Freud cita Ferenczi (1928/1992), cuja opinião era de que uma análise bem conduzida, com conhecimento e paciência por parte do analista, poderia chegar a um final natural, propiciando, no caso das mulheres, o domínio do desejo de um pênis e, no caso dos homens, o domínio da luta contra a passividade. Hoje em dia, tanto na forma como no conteúdo, essa ideia parece algo datada e sujeita a questionamento. Em 1937, Freud já duvidava que se pudesse alcançar êxito completo em tal objetivo. Entretanto, entendia que Ferenczi, no cerne de seu artigo, apontava para a importância do aprofundamento da análise, sem que se tentasse abreviá-la e terminá-la prematuramente. Antônio pouco avançou em assuntos relativos ao seu “protesto”. Não houve condições de receptividade para interpretações transferenciais nessa direção.
Devo sublinhar outra questão embutida nesse atendimento e que o tornou mais complicado. Segundo Maria Rita Kehl (2004), o indivíduo instalado na posição de ressentimento faz da análise um verdadeiro beco sem saída. As queixas ressentidas funcionam como barreiras, que se opõem à associação livre e impedem a implicação subjetiva do analisando no processo. O menino frustrado e carente de reconhecimento - um personagem central no mundo interno do adulto Antônio - rumina queixas e espera por triunfos que funcionem como compensação pelas injustiças sofridas. Julga ser merecedor de gratificações que o indenizem pelos sofrimentos passados. Essa era uma faceta ainda pouco explorada quando da interrupção do trabalho.
A ideia de menino foi desenvolvida por Minerbo (2016), que conceitua a criança-no-adulto como uma espécie de cicatriz viva da personalidade, cujas manifestações deverão ser compreendidas e interpretadas pelo adulto/analista. Penso que esse menino se apresenta de duas maneiras distintas, dependendo de a situação traumática revivida transferencialmente ter origem numa fase pré-simbólica, em que não existe a possibilidade de representação, ou de ser proveniente de uma fase posterior, já às voltas com as vicissitudes da travessia do Édipo, sendo então passível de representação. Para Minerbo, o material trazido pelo menino da primeira fase gera transferência psicótica ou narcísica, e pelo da segunda, transferência neurótica. Considero que essa última, sendo originária do inconsciente recalcado, que engloba conteúdos já representados, poderá ser objeto de interpretação. Por outro lado, a assim chamada transferência psicótica origina-se de traços inscritos no inconsciente não recalcado e, consequentemente, não representado. Portanto, suscita um trabalho na linha de construção de sentido (Gheller, 2010). Durante a análise de um mesmo indivíduo, podemos entrar em contato com os dois tipos de transferência. Desde as formulações de Bion, sabemos que a parte psicótica e a parte não psicótica da personalidade coexistem, e que aquela está presente mesmo nas pessoas psiquicamente mais sadias (Zimerman, 2004).
Freud (1937/1975b) propôs o conceito de construções, referindo-se à busca de um quadro dos anos esquecidos do paciente. A tarefa do analista seria reconstruir o não recordado a partir de vestígios, marcas deixadas para trás sem passar por simbolização, como se ele fosse um arqueólogo da mente. Em textos anteriores, já era possível depreender que Freud trabalhara com construções, como no caso do Homem dos Ratos (1909/1975d) e, mais detalhadamente, em “História de uma neurose infantil” (1918/1975c). Esse último artigo trata do Homem dos Lobos, um dos atendimentos mais elaborados pelo fundador da psicanálise, que acompanhou Sergei Pankejeff por mais de quatro anos num primeiro ciclo analítico, de janeiro de 1910 a junho de 1914. Freud conjecturou que ele teria presenciado o coito a tergo dos pais quando tinha 1 ano e meio de idade, ocasião em que o que viu não pôde ser assimilado e significado, dando origem aos sintomas de sua enfermidade. Partindo de um sonho com lobos e de diversas informações de Sergei a respeito de sua sexualidade infantil, Freud inventou, como afirmam Roudinesco e Plon (1997/1998), uma história de cena primária que serviria para uma compreensão mais profunda do quadro clínico. Anos depois, Sergei teve uma recaída, sendo atendido por Freud num curto espaço de tempo entre 1919 e 1920. Em 1926, após uma nova recaída, foi encaminhado para Ruth Brunswick. Posteriormente, Pankejeff escreveria suas memórias e desmentiria a hipótese de haver testemunhado a relação sexual dos pais. Isso seria impossível porque, na Rússia, onde vivia, crianças jamais dormiam no quarto do casal. Trata-se de um modelo de análise interminável, que contribui para a problematização do tema por parte de Freud (1937/1975a).
Apesar do desmentido do paciente, podemos admirar a intuição precursora de Freud, conceituando um novo e potente recurso analítico. Ele reforçava a importância da função do analista na tentativa de preencher lacunas do campo representacional do analisando por meio de construções. Se fizerem sentido para quem são dirigidas, elas poderão contribuir para a compreensão de vazios causados pela Verwerfung, a rejeição de significantes fundamentais para fora do universo simbólico do indivíduo. Esse mecanismo de defesa acarreta aspectos forcluídos da mente, lacunas e ausências de sentido no psiquismo do sujeito, clamando por um interlocutor que ajude a preenchê-las (Gheller, 2014). O recurso é potente, mas comporta o grande risco de não ser aceito por indivíduos com um traço de personalidade similar ao de Antônio: desprezo pela “mera” subjetividade em favor da objetividade, que pede soluções rápidas e concretas, visando satisfazer exigências próprias de um pragmatismo imediatista.
Ao discorrer sobre sonhos não sonhados e gritos interrompidos, Ogden (2004) me proporcionou um novo insight a respeito da reverie, que seria um estado mental aberto a receber projeções. Eu já me percebia, quando em atenção flutuante, chegando a esse estado quase onírico, propício à produção de lembranças e imagens suscitadas pela escuta analítica. Num artigo posterior, Ogden (2007) descreveu uma peculiar espécie de interação analítica, que chamou de conversando-como-sonhando. É uma forma de sonhar-acordado a dois, favorecendo que sejam sonhadas experiências até então não sonhadas. O autor reconhece que tais conversas pareceriam, à primeira vista, não analíticas. Esclarece que são diálogos em que a dupla fala de coisas como livros, filmes, etimologia, determinado sabor de chocolate e assim por diante. Não são, todavia, falas comuns, pois assemelham-se a uma associação livre a dois. Permitem que o par analítico, até então incapaz de atingir o estado de sonhar junto - situação em que as associações livres do analisando fluem ao encontro da atenção flutuante e da reverie do analista, produzindo significados que se retroalimentam, numa espiral crescente de sentidos -, entre em sintonia e comece a fazê-lo. Com Antônio, houve uma notória dificuldade para criar esse tipo especial de conversa, intervenção com a qual Ogden distingue e assinala um aspecto que reputa essencial: cabe ao psicanalista inventar uma nova psicanálise para cada paciente.
Concluo então que, no tempo que me foi dado, lamentavelmente não tive condições - ou mesmo habilidade - para criar a análise que mobilizasse a capacidade de sonhar de Antônio.
Considerações finais
Elaborando este texto, recordei-me do comovente relato da psicanalista Susanne Chassay (2006). Baseava-se no atendimento de uma mulher com histórico de algumas tentativas de suicídio. Numa delas, enviou um e-mail de despedida para a analista, que teve a iniciativa de acionar o resgate policial a tempo de salvá-la. A análise pôde assim prosseguir. O destino, contudo, já estava traçado. Depois de cinco anos, a analisanda saiu de uma sessão e, dirigindo-se para a linha férrea próxima ao consultório, postou-se sobre os trilhos, à espera do trem que daria cabo de sua vida. O artigo da analista era um esforço de elaboração do trauma sofrido, ao se ver atacada pela destrutividade extrema da mensagem contida no gesto derradeiro da paciente.
Guardadas as devidas proporções, o final do trabalho com Antônio também causou a dor de um rompimento de vínculo, em que o analista é atacado como insuficiente. Este texto visa elaborar o luto pela perda inerente à situação, e representa o que foi possível fazer, de forma construtiva, como reparação de danos ao narcisismo do analista. Faz parte do infindável trabalho da posição depressiva.
A ideia que defendo, valorizando a utilidade clínica do conceito de pulsão de morte, pelo menos em seu vértice metafórico, não implica o desconhecimento de que se trata de uma teoria bastante controvertida, sendo contestada, desde o surgimento, por vários autores que merecem a nossa atenção. Para não deixar de problematizar a questão, permito-me uma digressão com o objetivo de destacar algumas contribuições recentes.
De Masi (2015), que entende ser esse conceito desnecessário para o exercício clínico, diferencia agressividade de destrutividade. Sugere que a primeira contempla a ambivalência, indicando a existência simultânea de amor e ódio ao mesmo objeto. Na segunda, haveria uma característica tendência antirrelacional, expressando uma catexia objetal não libidinal - com uma conotação de indiferença pelo outro -, derivada e desenvolvida a partir de situações traumáticas na infância.
Outro autor que desconstrói o conceito de pulsão de morte é Penot (2017), o qual discorda de Freud por englobar agressividade e desligamento no mesmo construto teórico. Aponta, inclusive, o essencial papel do desligamento no processo de subjetivação. Exemplifica com a participação dele em diversas operações fundamentais para o desenvolvimento subjetivo: a atividade subli-matória, com renúncia à descarga de prazer; o processo de luto, em oposição à fixação melancólica; e a própria análise, em cuja evolução o paciente vai se abrindo progressivamente para associações provenientes de seu inconsciente, a fim de depender menos das interpretações fornecidas pelo analista.
Numa linha convergente a Penot, acrescento o comentário de Garcia-Roza (1990) à afirmação de Lacan de que a pulsão de morte representaria a vontade de destruição, a vontade de criação a partir de nada, a vontade de recomeçar. Garcia-Roza diz que, se houvesse a ação exclusiva de Eros, unindo e mantendo as uniões, todas as diferenças se dissolveriam numa grande unidade final, o que significaria o desaparecimento do sujeito e do desejo, pois ambos só podem ser concebidos com base nas diferenças. Desse ponto de vista, o objetivo da pulsão de morte seria manter as forças disjuntivas que impedem a persistência perene dessas uniões. Ela responderia, então, pela fundamental constituição das diferenças.
Por fim, retorno ao meu tema para uma menção à análise do analista. Sujeito a receber projeções com uma considerável carga transferenciai, que pode ser plena de componentes hostis, invejosos e destrutivos, cabe ao analista suportá-la e procurar fazer bom uso desses elementos. Bion afirmava que o encontro de duas personalidades provoca uma tempestade emocional. Assim, seria desejável que as duas partes decidissem “como tornar proveitoso um mau negócio”, título de seu artigo de 1979 (Zimerman, 2004). A constatação óbvia é que o “negócio” com Antônio não teve êxito.
Calejado pelo tempo e por diversos sofrimentos, Freud (1937/1975a) questionava o poder curativo da psicanálise, mas recomendava que os analistas se reanalisassem periodicamente. Tinha a percepção de que a análise é, a rigor, interminável. De fato, não funciona como uma vacina que propicia imunização vitalícia contra todo tipo de perturbação mental, em qualquer circunstância. Seu objetivo não é erradicar, por completo e em definitivo, paixões e conflitos, em busca de uma “normalidade” estatística ou padronizada. Podemos falar em término de um ciclo analítico, mas nada impede que os analistas se beneficiem de um novo processo em distintos momentos da vida, produzindo a renovação da função alfa. Conceituada por Bion, ela se encarrega de processar os elementos beta (emoções e impressões sensoriais brutas), transformando-os em elementos alfa, utilizáveis para pensar, simbolizar e sonhar. Desse modo, seria recarregado o acervo de representações do analista, bombardeado no cotidiano de seu ofício e necessitado de arejamento. Também seria reforçada a tolerância às frustrações, bem como o desenvolvimento de um narcisismo maduro, em que os fracassos analíticos pudessem ser razoavelmente assimilados.
Referências
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Correspondência:
Julio Hirschhorn Gheller
Rua Havaí, 78
01259-000 São Paulo, SP
juliohg@uol.com.br
Recebido em 24/11/2017
Aceito em 30/5/2018