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Estilos da Clinica

versão impressa ISSN 1415-7128

Estilos clin. vol.15 no.2 São Paulo dez. 2010

 

DOSSIÊ

 

A produção brasileira no campo das articulações entre psicanálise e educação a partir de 1980

 

 

Maria Cristina Machado KupferI; Beethoven Hortencio Rodrigues da CostaII; Delia Maria De CésarisIII; Flávia Fló CardosoIV; Maria de Lourdes OrnellasV; Marise Bartolozzi BastosVI; Nicole CrochikVII; Odana PalharesVIII

IDocente do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). mckupfer@usp.br
IIDoutorando do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). beethoven@usp.br
IIIDoutoranda do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). dmdc@cybs.com.br
IVPsicóloga, Psicanalista, integrante do Trapézio – Grupo de apoio à escolarização. flaviaflo@hotmail.com
VDocente da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). ornellas1@terra.com.br
VIDoutoranda do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). marisebastos@uol.com.br
VIIMestranda do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). nicrochik@hotmail.com
VIIIDoutora em Educação na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). odana@uol.com.br

 

 


RESUMO

Trata-se de um levantamento bibliográfico no intuito de conhecer o que foi produzido no campo das articulações entre psicanálise e educação a partir de 1980 no Brasil. As fontes pesquisadas foram o Banco de Teses CAPES, a revista Estilos da Clínica, sites de editoras, anais dos Colóquios do LEPSI (IP/FE – USP) e o Diretório de Grupos de Pesquisa no Brasil do CNPq. Encontraram-se 277 trabalhos, entre teses de doutorado, artigos, livros e apresentações em colóquios. Foram ainda localizados 43 grupos universitários de pesquisa registrados no CNPq. A pesquisa pretende fornecer ao leitor um primeiro panorama dos rumos, interesses e principais linhas de força impressas ao campo por esses trabalhos.

Descritores: levantamento bibliográfico; psicanálise; educação.


ABSTRACTS

This is a bibliographic survey in order to know what was produced at the field joints between psychoanalysis and education from the 1980s in Brazil. The search was the CAPES theses database, the journal Estilos da Clínica, publisher sites, Proceedings of the Symposia LEPSI (IP / FE – USP) and the Directory of Research Groups in Brazil CNPq. We found 277 works, including doctoral theses, articles, books and presentations at seminars. Were also located 43 university research groups registered in CNPq. The research aims to provide the reader a first overview of the course, interests and main lines to the field printed by the works.

Index terms: bibliographic survey; psychoanalysis; education.


RESUMEN

Se trata de un levantamiento bibliográfico realizado con el objetivo de conocer lo que se produjo en Brasil desde 1980 en el campo de las articulaciones entre el psicoanálisis y educación. Las fuentes fueron el Banco de Tesis CAPES, la Revista Estilos da Clínica, sitios de editoras, publicaciones de los Coloquios del LEPSI (IP / FE – USP) y el Directorio de los Grupos de Investigación en el Brasil del CNPq. Se encontraron 277 trabajos, entre tesis de doctorado, artículos, libros y presentaciones en coloquios. Fueron también localizados 43 grupos universitarios de investigación registrados en el CNPq. La investigación tiene por objeto proporcionar al lector una primer panorama de los caminos, intereses y principales líneas de fuerza pertenecientes al campo.

Palabras clave: levantamiento bibliográfico; psicoanálisis; educación.


 

 

Apresentação

No intuito de conhecer o que foi produzido no campo das articulações entre psicanálise e educação a partir de 1980 no Brasil, o grupo de autores signatário deste artigo realizou um levantamento de teses de doutorado, de livros e de artigos nos quais figuravam as palavras-chave psicanálise e educação. As fontes pesquisadas foram o Banco de Teses CAPES, a revista Estilos da Clínica, sites de editoras, anais dos Colóquios do LEPSI (IP/FE – USP) e o Diretório de Grupos de Pesquisa no Brasil do CNPq.

Desse trabalho, resultou uma base de dados1, que reúne informações sobre os trabalhos que se podem considerar como produções brasileiras nesse campo. O banco inclui resumos dos trabalhos, bem como sua procedência, nome do autor, uma classificação temática (1 a 5) e uma anotação que aponta a direção da articulação que foi privilegiada no trabalho (A ou B).

Para a revisão crítica dos trabalhos, foram adotados os seguintes eixos temáticos:

1. A transferência no campo educativo
2. Psicanálise, discurso pedagógico e educação na contemporaneidade.
3. Alunos e professores na relação com o saber
4. Tratar e educar
5. Formação de professores e psicanálise

Na pesquisa realizada, encontraram-se 2772 trabalhos, entre teses de doutorado, artigos, livros e apresentações em colóquios. Foram ainda localizados 43 grupos universitários de pesquisa registrados no CNPq, assim distribuídos em relação aos temas:

Temas 1 e 5: 7 grupos
Tema 2: 13 grupos
Tema 3: 11 grupos
Tema 4: 8 grupos

O presente artigo buscou realizar uma apresentação crítica inicial dos trabalhos agrupados em torno dos temas indicados, feita a partir do exame dos resumos recolhidos, de modo a fornecer ao leitor um primeiro panorama dos rumos, interesses e principais linhas de força impressas ao campo por esses trabalhos.

 

A pré-história do campo e seu ressurgimento na década de 80

Desde que Freud fez ver a seus contemporâneos de 1937, em Análise terminável e interminável, os limites de uma aplicação da psicanálise à educação, o campo dessas articulações conheceu uma retração significativa de quatro décadas (Freud, 1937/1976). Aquela data, 1937, marcou também o fechamento da Revista de Pedagogia Psicanalítica, editada em Viena entre os anos de 1926 e 1937 3.

É verdade que o campo das articulações entre Psicanálise e Educação nunca deixou de produzir trabalhos. Durante esse período de retração, psicanalistas de crianças como Melanie Klein (1936/1973, 1945/ 1981), Anna Freud (1968), Winnicott (1964/1979) e mais recentemente Françoise Dolto (1998) não deixaram de dirigir-se aos pais, transmitindolhes as contribuições da psicanálise. Mas a marca dessas contribuições é ainda aquela deixada por Freud em 1937. Sua filha Anna afirma, em 1968: "Não obstante numerosos progressos parciais, a educação psicanalítica não conseguiu tornar-se a arma preventiva em que devia constituir-se.... Não existe, no conjunto, prevenção da neurose" (Freud, 1968, p. 5).

O Brasil acompanhou os inícios da construção do campo das articulações entre psicanálise e educação. Havia, já na década de 30, teóricos brasileiros entusiasmados com a perspectiva de aplicar a psicanálise à educação. Arthur Ramos (1934) fez eco a autores como Aichhorn e Pfister, que escreveram respectivamente em 1925 e 1921 (Aichhorn, 1925/1973; Pfister, 1921/1959). Ramos abordou, porém, o problema de uma perspectiva higienista, o que não fazia jus ao espírito da psicanálise freudiana (Patto, 1980).

Depois da década de 30, também no Brasil os trabalhos nesse campo perderam a aceleração e o entusiasmo inicial, inicialmente alimentado por Freud e posteriormente abandonado por ele.

Mas uma vez terminado o período de latência, ressurgiram com vigor, como um retorno do recalcado, alguns trabalhos que trouxeram de volta a discussão.

No Brasil, os inícios desse ressurgimento podem ser localizados na década de 80. Mokrej (1986) escreveu seu doutorado sobre a divulgação das primeiras ideias psicanalíticas no Brasil, dando atenção às contribuições da psicanálise para a educação, e publicou em 1993 um livro sobre a psicanálise no Brasil.

A publicação de Freud e a educação (Kupfer, 1989) chama, de forma paradoxal, a atenção dos educadores. O livro seguia de perto as considerações de Millot (1967/1987) a respeito da inaplicabilidade da psicanálise à educação, mas provocou, porém, o interesse dos educadores sobretudo pelo fenômeno da transferência. Estes passaram a apoiar-se nele para dar nome ao mal estar que reina na educação. Mais que isso: conhecer a transferência dava ao educador uma ilusão de domínio sobre ela. Passaram a demandar crescentemente o saber e os cursos sobre teoria psicanalítica. Com isso, impulsionaram por sua vez o campo das articulações entre psicanálise e educação.

Lajonquière também começou a publicar seus trabalhos na mesma época. O artigo "A clínica psicopedagógica entre o saber e o conhecimento" foi publicado em 1989 (Lajonquière, 1989), mas é em 1992 que ele publica De Piaget a Freud: para repensar as aprendizagens (Lajonquière, 1993), um livro definitivamente comprometido com a discussão do campo das conexões psicanálise e educação.

Sandra Francesca Conte de Almeida e Rinaldo Voltolini começam a apresentar suas produções pouco depois; em 1996, Voltolini apresentou um trabalho sobre psicanálise e aprendizagem, e em 2001, marcou sua entrada no campo com o artigo "Malestar na educação: do contrato pedagógico ao ato analítico" (Voltolini, 2001); Sandra Francesca Conte de Almeida escreve sobre transmissão e relação com o saber em artigos publicados em 1997 e 1998.

Eliane Marta Teixeira Lopes também pode ser apresentada como um autor que contribuiu para esse ressurgimento. No texto Da sagrada missão pedagógica, de 1991, essa autora faz a conexão psicanálise, educação e história, e aborda a constituição da "missão pedagógica", analisando-a a partir desses três campos (Lopes, 2003).

 

As notas de síntese francesas

Também na França, pode-se dizer que houve um ressurgimento do tratamento do tema na década de 1980. Em 1987, um grupo de pesquisadores da Universidade Paris 10 publicou, na Revue Française de Pédagogie, uma primeira nota de síntese, na qual Jean Claude Filloux testemunhava sobre a constituição do campo das relações entre pedagogia e psicanálise na França. Este artigo, uma espécie de balanço da produção francesa, foi traduzido e publicado no Brasil (Filloux, 1997).

Em uma outra vertente teórica, Millot publicou seu livro em 1967, e nele prosseguiu negando as possibilidades de articulação. Mas ao atacar fortemente a ideia de aplicação, o livro chamou a atenção novamente para o tema. A recusa das articulações entre os dois campos trouxe de volta o exame do problema. E o fez renascer. Provocou reações vigorosas, como a de Mireille Cifali (1982), que via em Freud, ao contrário de Millot, um autor capaz de "inflamar" o campo da educação.

Em 2005, Claudine Blanchard- Laville, Philippe Chaussecourte, Françoise Hatchuel e Bernard Pechberty realizaram na França uma segunda nota de síntese, na qual se propuseram a realizar uma revisão crítica do que foi publicado na França a partir de 1987. Nesta nota, os autores circunscreveram as pesquisas relativas à educação e à formação que receberam uma abordagem clínica de orientação psicanalítica. Esses autores buscaram, em primeiro lugar, situar esse campo de pesquisas no quadro mais amplo da evolução social e no da evolução da clínica psicanalítica. Em seguida, agruparam a produção do campo em três temas: "o infantil", "a relação com o saber" e o tríptico "grupos-organizações-instituições" (Blanchard-Laville, Chaussecourte, Hatchuel e Pechberty, 2005).

O exame dessa nota de síntese mostra que a direção tomada pelo grupo francês não é exatamente a mesma daquela tomada pelo grupo brasileiro que se formou no mesmo período. Se no início dos trabalhos do campo, lá nos idos de 1934, o Brasil adotava as direções propostas pelos grupos psicanalíticos europeus, o grupo brasileiro que começou a trabalhar no fim da década de 80 parece ter buscado um rumo próprio, ditado provavelmente pela inflexão que o campo sofreu a partir dos estudos de autores lacanianos sobre as relações entre psicanálise e cultura (Kupfer, 1999).

A nota de síntese francesa despertou no grupo brasileiro o desejo de conhecer melhor o que se fez no Brasil nesse período, e principalmente, precisar as direções escolhidas por essa produção. No presente artigo, algumas aproximações com a produção francesa serão realizadas, no intuito de seguir com o diálogo já iniciado em ocasiões anteriores com o grupo francês signatário da nota de síntese mencionada4.

 

Uma visão panorâmica atual dos trabalhos brasileiros

O que caracteriza o campo das articulações da psicanálise com a educação? De que modo os pesquisadores do campo têm apresentado essa conexão?

Na literatura levantada, encontram-se variadas maneiras de encarar essa articulação. Há os que não fazem senão uma justaposição entre os dois campos. Colocam-nos de forma paralela, e fazem considerações em torno de noções dos dois campos, sem extrair consequências ou fazer cruzamentos conceituais. Uma relação de justaposição, em paralelo. Há ainda aqueles que realizam uma leitura marcada por um viés ideológico: a psicanálise comparece, nessa leitura, como uma ditadora de normas e prescrições sobre aquilo que deve ou não dever ser realizado no campo da educação. Uma relação típica de colonizador-colonizado. A psicanálise coloniza a educação. Há também os que designam para a psicanálise a tarefa de iluminar processos subjacentes ao campo educativo; nesses casos, privilegia-se o pensar sobre, o olhar sobre o educativo. A psicanálise sobrevoa e interpreta o educativo, em uma relação de tipo total que tudo sabe: uma relação de mestria. Todas elas estão sendo consideradas relações de exterioridade de um campo em relação ao outro.

No presente trabalho, será dado destaque a um tipo de abordagem de pesquisa que apresenta uma outra forma de entender a conexão psicanálise-educação. Nessa conexão, a psicanálise não ilumina, não fala ou pensa sobre a educação, nem se coloca em posição de exterioridade. Esta abordagem entende que a conexão é fruto da colocação do psicanalítico no âmago do educativo, em seu nó, em seu caroço. Desta perspectiva, não se trata de ler o subjacente à criança, no sentido de buscar nela os determinantes inconscientes de seus comportamentos. Aqui, trata-se de supor a criança-sujeito como um só, e de ampliar o ato educativo de modo a incluir sua dimensão libidinal, constitutiva e implicada na construção do sujeito do desejo, ato que se dá ao mesmo tempo em que se dá o ato pedagógico.

Essa ampliação do ato educativo transforma o campo educativo em outra coisa. Mais que isso: propõe um campo educativo marcado pela psicanálise e o recria. O campo se transforma e recebe outro nome. A educação atravessada pela psicanálise passará a ser chamada de Educação para o sujeito.

A conexão agora não é mais apenas uma justaposição, não é uma intersecção, mas uma associação de dois campos que dá origem a um terceiro. O campo educativo que resulta dessa associação é uma educação voltada para o sujeito do desejo e ampliada de forma a conceber seu ato como sendo mais abrangente que o ato pedagógico.

As duas grandes tendências da produção brasileira podem ser resumidas com os termos utilizados por Voltolini (2002): a primeira pode ser entendida como uma relação de aplicação, e a segunda, de implicação. No banco de dados construído, os trabalhos que se encaixam na primeira tendência receberam a letra B; na tendência de implicação, a letra A.

Encontram-se 212 trabalhos que seguem uma orientação teórica próxima ou semelhante à do LEPSI. Os demais – 65 – enveredaram por uma orientação de iluminação ou de aplicação. Assim, revela-se atualmente no Brasil um crescimento significativo do campo, sendo que dentro dele registra- se uma tendência impressa pelo LEPSI, nos termos discutidos no presente artigo.

 

Tema 1: A transferência no campo educativo

A transferência é o centro das dificuldades de aplicação dos conhecimentos psicanalíticos à pedagogia, afirma Janine Filloux (2002) em seus apontamentos sobre a transferência no campo pedagógico. A abordagem dos fenômenos transferenciais na prática pedagógica permite esclarecer a natureza dessa prática, mas não operar sobre ela.

Da perspectiva freudiana, a transferência não é encontrada só no âmbito da clínica. Políticos, educadores, líderes, médicos, todo tipo de pessoas tem que enfrentar problemas transferenciais em suas vidas diárias. "Na medida em que a transferência é sempre uma questão de acreditar no saber de seu legítimo representante, seja ele político, professor, médico ou psicanalista" (Gueguen, 1997, p. 95).

No capítulo 12 de O seminário, livro 11, Lacan (1998) define a transferência como "a atualização da realidade sexual do inconsciente, referindo- se à categoria de ato, colocação em ato, na medida em que a transferência é um processo de produção do inconsciente na relação analítica" (p. 143, tradução nossa).

Pode existir transferência sem psicanálise, mas não psicanálise sem transferência (Brousse, 1997). Esta afirmação abre uma interrogação sobre o surgimento da transferência em outros campos, especialmente no da educação, em que os laços transferenciais são uma evidência, mas não fundamentam a ação educativa.

Filloux (2002) observa que nas descrições sobre a natureza dos laços entre o professor e seus alunos, o educador e a criança, o formador e os sujeitos em formação, fala-se de fenômenos transferenciais, de transferências, e não da transferência no quadro da prática analítica. Acrescenta ainda que a ruptura com a sugestão e a hipnose, existente na psicanálise, marca o ponto específico de dificuldade para uma aplicação da psicanálise à pedagogia.

Em seu texto Sobre la psicologia del colegial (1914/1981), Freud trata das transferências, de sua natureza e de sua função no campo pedagógico, e destaca: "Não sei o que nos solicitou mais fortemente e foi para nós o mais importante, o interesse pelas ciências que nos ensinaram ou o que tínhamos pelas personalidades de nossos mestres. Em todo caso, em todos nós uma corrente subterrânea jamais interrompida dirigia-se a estes últimos, e em muitos o caminho para as ciências passava unicamente pelas pessoas dos mestres; vários dentre nós ficaram retidos nesse caminho que, desse modo, foi, inclusive para alguns – por que não o confessaríamos? – barrado de forma duradoura" (p. 1892, tradução nossa). E acrescenta: "Sem referência ao quarto de crianças e à casa familiar, nosso comportamento em relação a nossos mestres não poderia ser compreendido, mas tampouco escusado" (Freud, 1914/ 1981, p. 1892, tradução nossa).

Para Janine Filloux (2002), reconhecer a existência da transferência é reconhecer a existência dos processos psíquicos inconscientes e das leis que os governam; no entanto, somente no quadro do tratamento é possível conhecer "a natureza real da transferência" que, fora dele, "permanece secreta" (p. 57), e é nesse segredo mesmo que reside uma condição essencial de socialização: a transferência, "fenômeno afetivo normal, governado pelo mecanismo inconsciente do deslocamento, é destinado a promover a adaptação social" (p. 71).

No contexto da pesquisa sobre o estado da arte do campo das relações psicanálise e educação no Brasil, não há trabalhos que apresentam o tema à luz da discussão sobre a sua aplicação. Sobre o tema da transferência, encontram-se 18 trabalhos que giram em torno dos seguintes eixos de discussão: a necessidade que o professor tem de ser amado, suas ilusões sobre a escola e o profissional da educação do passado, as dificuldades na relação escola-pais, a ambivalência do professor atual em relação aos objetos de cultura presentes na escola, as motivações que regem sua escolha e o uso das metodologias de ensino.

Os trabalhos analisados apresentam diferentes abordagens sobre o fenômeno da transferência no campo da educação, assim como diferentes fundamentos de teoria psicanalítica para proceder à sua leitura. Por exemplo, aparecem trabalhos onde está presente o conceito de contratransferência, próprio da escola inglesa e, em outros, as noções lacanianas de mudança subjetiva e sujeito suposto saber. Em todos os trabalhos analisados existe a aceitação de que o fenômeno aparece em toda relação social, tal como o manifestava Freud e o confirma Janine Filloux. Em alguns casos parece haver a aceitação de uma perspectiva segundo a qual se poderia trabalhar a transferência na relação professor-aluno, e em outros só se expressa descritivamente o fenômeno como interveniente na relação professor-aluno e produzindo efeitos nos resultados pedagógicos.

Não é possível extrair conclusões gerais devido à diversidade de abordagens do problema. Pode-se observar, porém, que os trabalhos seguem utilizando o termo "relação" quando abordam o tema professor-aluno. O campo não absorveu, então, as observações de Lajonquière (1999). Esse autor faz notar que não existe a relação professor-aluno, da mesma forma como não existe a relação sexual, a partir da reflexão de Lacan sobre a noção de ratio, proporção, impossível de alcançar quando se trata da relação entre sujeitos. Essa discussão também se encontra em Voltolini (2007a, p. 122), que precisa: é justamente porque não há relação que se cria o laço social e os laços "entre professores e alunos reais, relações essas sempre marcadas pela incompletude e pelo impossível".

 

Tema 2: A psicanálise, o discurso pedagógico e a contemporaneidade

Este tema reúne os trabalhos que buscaram discutir as relações entre o discurso pedagógico e os problemas colocados pelo mundo contemporâneo, utilizando-se para isso de instrumentos conceituais da psicanálise.

Dentro desse tema, foram encontrados 83 trabalhos, e portanto um quinto5 do total do banco de dados. Uma proporção considerável, que nos leva a pensar que o interesse maior nesse campo é o da dimensão de leitora da cultura trazida pela psicanálise.

Para examinar os trabalhos reunidos neste tema, elegeu-se o instrumento dos quatro discursos, proposto por Lacan (1992) em O seminário: livro 17, e particularmente o discurso do capitalista, do qual lançaram mão, ao refletirem sobre a educação na contemporaneidade, muitos desses trabalhos.

No intuito de transformar tudo e todas as relações em negócio – a grande ambição do capitalismo – o discurso do capitalista expõe um círculo que se fecha, tendo começado e terminado no objeto. A relação entre o indivíduo e o mais-de-gozar não passa mais pela dialética dos laços sociais (Alemán e Larriera, 1996), e pode-se notar uma escravidão do objeto, na qual o sujeito é possuído, e não o contrário como poderia se pensar. De acordo com Voltolini (2007b, p. 211), estaríamos vivendo uma "perda de rumo que se processa pelo apagamento do sujeito em prol do brilho do objeto".

Esta lógica evidenciada pelo discurso do capitalista há muito já embriaga a ciência. Podemos verificar o triunfo da dimensão técnica e a primazia da eficácia neste campo, como se nada houvesse entre o sujeito que pensa e o objeto que é pensado, além das regras da lógica a serem dominadas (Voltolini, 2007b).

O capitalismo produz, portanto, uma ciência superespecializada, que visa a dominar o objeto esgotando-o de sua investigação, bem como a alcançar "o máximo de controle sobre o mínimo problema" (Voltolini, 2007b, p. 202). Consequentemente, ficam de fora desta lógica o sujeito, a contingência e "as coisas do amor". (Askofaré, 2005). Aforisma lacaniano: "a ciência foraclui o sujeito".

E o que produziria o discurso do capitalista no âmbito das conexões da psicanálise com a educação? Quais as conseqüências de uma lógica que foraclui o sujeito em campos que trabalham essencialmente a partir da palavra e tratam do destino de sujeitos?

A lógica que norteia a ciência opõe-se radicalmente àquela norteadora da psicanálise: é o confronto entre a máxima objetalização e a máxima subjetivação, respectivamente.

Para Voltolini (2007b), "a educação é uma atividade eminentemente política, uma vez que é por meio dela que se calcula e se prepara em bom termo os indivíduos de que cada sociedade precisa para perenizar seu status-quo" (p. 198).

Vê-se, portanto, um paradoxo entre uma lógica que norteia a sociedade atual e aquilo que estaria na base do campo da educação (a ética). E a Educação não seria a base para uma sociedade?

Se o campo da educação se render à lógica capitalista, pode perder de vista sua dimensão ética. Tanto a psicanálise como a educação não podem parar de rever seus métodos em função de seus objetivos, e não rever seus objetivos em função de seus métodos.

Das 83 publicações levantadas dentro deste tema, a grande maioria (80%) foi classificada na perspectiva da implicação, tal como foi definida na introdução do presente trabalho, muito embora o termo "leitura" seja bastante frequente entre os títulos dos trabalhos. Ou seja, são 67 trabalhos que situam a conexão psicanálise-educação na perspectiva que recusa a iluminação de uma pela outra e propõe uma leitura em que a relação proposta é estrutural. São trabalhos em que a psicanálise comparece no campo da educação para operar como "um lembrete crônico daquilo que o conhecimento recalca para erigir-se como tal" (Voltolini, 2007b, p. 203).

Deste universo, podemos destacar: leitura contemporânea sobre a adolescência, leitura política do ambiente escolar, leitura da violência na escola e leitura da criança enquanto produção discursiva que torna emblemático o contemporâneo. Também é significativa a presença de trabalhos que criticam o discurso educacional que, de alguma forma, privilegia a consciência – seja por deixar de lado os aspectos inconscientes que estão em jogo na educação, ou mesmo pela ideia clássica do controle e da previsão. Encontram-se, afinal, trabalhos sobre o desgaste e a desqualificação da figura do educador, o declínio da imago social do pai na cultura e a diferenciação entre infância e o infantil.

Na perspectiva da aplicação, foram classificados 16 trabalhos (20% dentro deste tema) que se propõem a estudar aspectos diversos da educação a partir de um "instrumento" psicanalítico – como a escuta dos educadores, com ou sem intervenção, por exemplo. O que há em comum entre estes trabalhos é a intenção de lançar luz sobre a educação por meio do "instrumental" psicanalítico, ou, como se pode ler em uma das publicações, aplicação do saber psicanalítico no fazer educativo. Apenas três trabalhos foram considerados fora do campo, pela tentativa de articular conceitos psicanalíticos de maneira moralista (por exemplo, condutas sexuais desviantes).

 

Tema 3: Alunos e professores na relação com o saber

Esse eixo temático compreende 27 teses de doutorado, 16 artigos e 14 livros, totalizando 57 trabalhos dentre os 277 pesquisados. Portanto, o tema "A relação com o saber" corresponde a 20,57% do material bibliográfico levantado e figura entre onze grupos e onze linhas de pesquisa apontadas pelos quarenta e três grupos existentes no interior desse campo. É importante notar que nos Colóquios do LEPSI não foi encontrada nenhuma mesaredonda que tenha tratado desse tema. Da mesma forma, a maioria dos trabalhos levantados nesta pesquisa, que têm relação com o tema, não o fazem diretamente, ou seja, esse tema é sempre abordado em conexão com outros temas.

Na análise dos trabalhos classificados dentro do tema "relação com o saber", podem-se ainda localizar alguns subtemas: relação professoraluno (14 trabalhos); desejo de saber (7); inibição e fracasso escolar (7); transmissão de conteúdo (5); o saber (5).

Observa-se que o tema recorrente no levantamento realizado é o da relação professor-aluno, o qual é analisado de diversos pontos de vista, não havendo um eixo aglutinador para tais trabalhos. O desejo de saber é contemplado por cinco teses, um livro e um artigo. É o único tema em que há uma congruência entre os trabalhos levantados. Tema espinhoso, pois o desejo de saber é, para Lacan, inexistente.

Inibição e fracasso escolar são abordados por duas teses. Os outros trabalhos referentes a esses temas se constituem em desdobramentos das teses, em forma de livros ou artigos. O tema transmissão de conteúdo considera apenas o aprendizado de conteúdos específicos. Por último, o saber é elevado à categoria de saber como saber inconsciente ou saber como conhecimento.

Os trabalhos em torno do desejo de saber situam a psicanálise como um operador de leitura das questões educacionais. Essa posição é divergente da posição dos colegas franceses signatários da segunda nota de síntese mencionada no presente artigo, e que tratam dos mesmos temas com uma posição que converge para a escola inglesa de psicanálise.

 

Tema 4: Tratar e educar

Esse tema foi focalizado por 66 dentre os trabalhos levantados nesta pesquisa, e figura entre 8 linhas de pesquisa apontadas pelos 43 grupos de pesquisa existentes no interior do campo das conexões psicanálise e educação no Brasil.

Este tema comparece desde o início entre as preocupações freudianas em torno da aplicação da psicanálise à educação. Ao definir, por exemplo, a psicanálise como uma póseducação, Freud já buscava sinalizar o que haveria de educativo no ato psicanalítico (Gavioli, 2009). Mas a literatura psicanalítica pós-freudiana preocupou-se fundamentalmente em por o acento na radical diferença entre educar e tratar psicanaliticamente, fazendo silenciarem trabalhos nessa direção nas últimas décadas do século vinte.

O grupo francês da Universidade Paris 10 trouxe de volta a discussão das relações entre "soin et éducation" (Blanchard-Laville, 2005), tendo como tônica os trabalhos em torno do sofrimento psíquico dos professores, a ser tratado pelos grupos Balint (Pechberty, 2009). Deve-se, porém, notar que o tratamento proposto para os professores não difere daquele proposto para enfermeiros, profissionais de saúde etc. Nesse sentido, a educação é tomada como um campo de aplicação que não se distingue de qualquer outro.

O exame dos trabalhos brasileiros em torno do tema revela, porém, que a direção da discussão em torno do tratar e educar é diversa.

Alguns trabalhos focalizam os cuidados com a primeira infância dando ênfase à dimensão do cuidar no campo da clínica e da educação, investigando o papel da creche e suas implicações na constituição do sujeito.

Nota-se uma tendência expressiva em focalizar os trabalhos a partir do campo teórico-prático chamado de Educação Terapêutica. Dentre os 66 trabalhos localizados, 57 discutem-no à luz desse campo. Os demais estão dispersos entre temas variados e não constituem um campo de pesquisas propriamente dito.

A Educação Terapêutica é uma proposta de tratamento e de inclusão de crianças autistas e psicóticas, ou das ditas crianças com Distúrbios Globais de Desenvolvimento. Ela se inclui no campo das conexões da psicanálise com a educação e para o qual a noção de sujeito do inconsciente se apresenta como um dos principais fundamentos.

A Educação Terapêutica é definida como um conjunto de práticas interdisciplinares de tratamento, com especial ênfase nas práticas educacionais, que visa tanto à retomada do desenvolvimento global da criança, quanto à retomada da estruturação do sujeito do inconsciente, e à sustentação do mínimo de sujeito que uma criança possa ter construído (Kupfer, 2000).

Na base da construção da Educação Terapêutica está o pressuposto de que as práticas analíticas e educacionais com crianças psicóticas caminham na mesma direção, diferentemente do que ocorre quando se trata de crianças neuróticas. Quando estamos diante da psicose e do autismo, o tratamento e a educação podem convergir. Educar essa criança na escola seguirá os mesmos princípios de seu tratamento. Mais que isso: no campo da educação terapêutica, tratar e educar estão mais próximos do que no campo da educação regular. Colocá-la na escola fará parte de seu tratamento. Educar será tratar, e tratar será educar.

 

Tema 5: Formação de professores e psicanálise

Na pesquisa realizada sobre o estado da arte em psicanálise e educação (EAPE), encontramos 32 trabalhos que abordam questões relacionadas com a formação no campo da educação e suas possíveis interseções com a psicanálise.

Dunker (2002) lembra que o termo formação (Bildung) designa genericamente o trabalho de apropriação da cultura e o cultivo de si. Mas para esse autor, o destino desta questão na psicanálise é incerto, pois Freud não acreditava em um ideal de formação, já que o incluía entre as ilusões humanas, enfatizando os limites da educabilidade e do autodomínio. Isto seria contrário à figura cordata, erudita e enriquecida em sua experiência que se almeja do sujeito engajado na formação. Desta maneira, o ideal freudiano estaria mais próximo do despojamento e da renúncia do que da soma fecunda de experiências edificantes, fonte de enaltecimento narcísico.

Assim, caberia separar, segundo Dunker (2002), a formação, entendida como processo educativo particular do espírito, da formação entendida como lógica da alteridade, centrada na identificação, já que Freud opõe a experiência analítica e a experiência da formação no sentido de Bildung, prática cultural educativa.

Faltaria às perspectivas centradas na formação um programa crítico sobre o sujeito; mas essa vertente parece ter sido contemplada nos trabalhos encontrados na pesquisa sobre o estado da arte em Psicanálise e Educação no Brasil.

A leitura dos trabalhos dentro do tema da formação de professores permite indicar que estes seguiram quatro direções: a) a leitura psicanalítica do processo de formação do professor (13 trabalhos); b) a formação em psicanálise de profissionais da área de educação (12 trabalhos); c) a leitura psicanalítica da formação de formadores (4 trabalhos) e d) espaços de escuta psicanalítica de professores em serviço (2 trabalhos).

Nos trabalhos pesquisados, emerge com frequência a preocupação com as diferentes figuras ou manifestações do que foi chamado de "a subjetividade do professor", o que faz pensar que, em última análise, o uso da psicanálise na educação acaba não sendo senão uma "extensão do divã", de forma predominante. Nesses trabalhos, afirma-se, por exemplo, que a dimensão subjetiva do professor é condição para a realização de qualquer

projeto educacional; que a subjetividade do professor tem função facilitadora ou impeditiva da aprendizagem do aluno; que o professor deve reconciliar-se com a criança que nele habita, na esteira da afirmação de Freud (1914/1981).

Quando se trata de refletir sobre o ensino da psicanálise para educadores, aparecem outras linhas de força, sugerindo articulações que ultrapassam a simples transformação do professor em mais um analisante.

Três trabalhos se destacam nessa proposta de novas direções. O primeiro deles conclui que o ensino da psicanálise na universidade não a desfigura; ao contrário, seu embate com outros saberes a revigora.

O segundo sublinha a dimensão ética que se pode incluir na formação de professores feita à luz da psicanálise. Essa dimensão surge quando a formação em questão leva o professor a sustentar a incômoda posição daquele que exerce uma profissão impossível.

O terceiro subverte a conhecida afirmação segundo a qual o inconsciente do professor, por ser fonte de desconhecimento, é um obstáculo ao trabalho de formação. Sugere que o inconsciente também é pista preciosa em uma formação: trata-se então de ouvi-lo e não de fazê-lo silenciar.

As experiências relatadas com professores em serviço não configuram, stricto sensu, trabalhos de aplicação da psicanálise à educação, pois são de fato escutas psicanalíticas, feitas por psicanalistas, em grupos de profissionais. Ainda que se trate de grupos com queixas específicas, como é o caso do trabalho com professores inclusivos, o que está descrito nos trabalhos pesquisados é uma escuta que poderia ser feita a todo tipo de profissional trabalhando com a criança- sujeito.

Dentre os trabalhos dessa vertente, destaca-se aquele que enuncia o que pode ser, de outra perspectiva, um trabalho de psicanálise aplicada, e nesse sentido interessa ao campo das intersecções entre a psicanálise e a educação. Esse trabalho parte do seguinte princípio: o que se aplica da psicanálise é o desejo do analista. Assim, a aplicação é uma consequência possível da implicação do praticante com a causa da psicanálise em sua formação. Essa consequência estará presente quando ele estiver em posição de ouvinte nas práticas de formação, seja de professores, seja de profissionais de saúde.

Uma outra direção aparece no banco de dados: alguns trabalhos realizam uma articulação entre a psicanálise e o campo dos cuidados com bebês em creches. Trata- se de um campo em crescimento, tendo em vista a importância atribuída pela psicanálise aos primeiros meses de vida.

O levantamento sobre o estado da arte das conexões da psicanálise e da educação no Brasil, apresentado no presente artigo, é inicial; os pesquisadores nele envolvidos esperam que outros prossigam no exame do banco de dados criados para esse fim. Tal levantamento impôs-se aos pesquisadores do campo como um primeiro movimento, necessário para fazê-los olhar para trás, ver de onde vieram, e em seguida perguntar: para onde vamos?

 

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NOTAS

1 O banco de dados pode ser encontrado e consultado no site do LEPSI-IP/ FE-USP: www. lepsi.fe.usp.br

2 O levantamento realizado não cobriu a totalidade do campo; muitos trabalhos significativos talvez não figurem no banco de dados. Este banco deverá ser, porém, constantemente alimentado no decorrer dos próximos anos.

3 Trata-se da Zeitschriftfür Psychoanalytische Pädagogik (Revista para uma pedagogia psicanalítica), editada em Viena e Stuttgart, entre os anos de 1926 e 1937.

4 Claudine Blanchard-Laville e Bernard Pechberty, dois dos autores da segunda nota de síntese integram, com os membros do LEPSI, a Ruepsy – Rede Universitária de Estudos sobre Psicanálise e Educação.

5 As porcentagens e proporções aqui apresentadas são aproximativas e têm o intuito de dar ao leitor uma noção de como se configura o peso relativo das linhas de força e interesses atuais de pesquisa no campo em estudo.

 

 

Recebido em setembro/2010
Aceito em novembro/2010

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