SMAD. Revista eletrônica saúde mental álcool e drogas
ISSN 1806-6976
SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.) v.5 n.2 Ribeirão Preto ago. 2009
EDITORIAL
Antonia Regina Ferreira Furegato
Professora Titular, Departamento de Enfermagem e Ciências Humanas, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
O uso e o abuso do álcool e de outras drogas vêm aumentando significativamente.
O uso do álcool e de substâncias psicoativas acarreta conseqüências físicas, psíquicas e sociais tanto para o dependente quanto para o seu entorno.
Para a OMS, a dependência se caracteriza por um conjunto de fenômenos fisiológicos, comportamentais e cognitivos.
Reconhece-se que o fenômeno das drogas é antes de tudo um problema social que tem relação direta com a saúde da população.
Os dados do Relatório Mundial sobre drogas de 2005 da ONU já apontavam que havia cerca de 200 milhões de usuários no mundo com predomínio do consumo entre jovens.
Registra-se enorme avanço na produção do conhecimento sobre o tema o que tem oferecido subsídios para a elaboração de políticas públicas buscando enfrentar o problema.
Entretanto, as ações preventivas e a assistência ao dependente químico ainda são desarticuladas não se constituindo numa prática com redes integradas. As ações são focais, imediatistas e não têm avaliações de impacto para as políticas, na direção de melhora do quadro atual do uso e abuso de álcool e outras drogas.
Especialmente o jovem não tem sido objeto de preocupação do sistema de saúde. Há programas de puericultura, programas para mulher e, mais recentemente, para alguns tipos de doenças como hipertensão, diabetes ou grupos como os idosos.
Os serviços especializados como CAPs-AD são poucos, recentes e seu objetivo é especifico para atendimento aos pacientes com transtornos decorrentes de uso e dependência de substancias psicoativas. Isto coloca os profissionais diante de sérios desafios tanto no nível da assistência como da prevenção.
A escola, pelo seu lado, limita-se a dar ao jovem estudante o conteúdo mínimo preconizado pelo Ministério da Educação. Não se preocupa com o jovem além da sala de aula.
Na família "moderna", pai, mãe e todos os adultos envolvem-se com trabalho fora de casa; os avós não residem mais no mesmo espaço e muitos estão sozinhos.
Os estudos continuam mostrando que a idade de inicio do uso de tabaco, álcool e outras drogas está entre os jovens de 12 aos 18 anos. Estes jovens estão à mercê das relações que estabelecem com os outros jovens e à mercê dos traficantes e viciados. Estão lutando sem armas contra todos os perigos do uso e do abuso destas substâncias.
Entre seus grupos são seviciados pela ilusão dos efeitos das substancias que "aliviam" suas angústias e são valorizados por terem a coragem de usá-las como se fossem algo totalmente normal. Porém, quando começam a perceber que são vitimas e não dominam o que esta acontecendo, escondem de seus pais, professores e amigos os problemas que agregaram ao seu cotidiano. Assim, vão cada vez mais se tornando dependentes. Saem em busca do apoio e da ajuda que não encontram a não ser em algumas organizações religiosas e de auto-ajuda.
Daí a importância dos estudos dos fatores de risco para o álcool e drogas psicoativas associados à idade, ao sexo e outras condições sociais como trabalho, estudo, religião, violência, acidentes de trânsito, etc. Da mesma forma, é importante conhecer os riscos do uso e abuso destas substâncias em relação a gestação, à velhice, ao stress bem como às doenças mentais, hipertensão, às diabetes e outras.
Diante deste panorama, que ações os serviços poderão oferecer ao usuário de álcool e drogas? Os profissionais médicos, enfermeiros, psicólogos estão preparados para acolher e manejar as situações que se lhes apresentam?
Espera-se que as Informações decorrentes de estudos de pesquisa e reflexão como os apresentados neste número da SMAD e outros possam facilitar o diálogo entre educadores e os jovens, entre os profissionais e as políticas de saúde no que se refere ao uso e abuso de álcool e drogas.