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Estudos e Pesquisas em Psicologia
versão On-line ISSN 1808-4281
Estud. pesqui. psicol. vol.19 no.1 Rio de Janeiro jan./abr. 2019
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
O apego desenvolvido na infância e o relacionamento conjugal e parental: Uma revisão da literatura
The attachment developed in childhood and the conjugal and parental relationship: A review of the literature
El apego desarrollado en la infancia y la relación conyugal y parental: Una revisión de la literatura
Ana Paula Sesti Becker*; Maria Aparecida Crepaldi**
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil
RESUMO
As relações afetivas na infância repercutem no estilo de apego do indivíduo no decorrer do seu ciclo vital. Assim, o objetivo deste artigo é analisar o perfil de estudos nacionais e internacionais acerca da relação entre o apego dos membros do casal desenvolvido na infância e o relacionamento conjugal e parental. Para tanto, foi realizada uma revisão de literatura integrativa nas bases de dados PsycInfo, Scielo e CAPES, por meio de descritores preestabelecidos, em português, inglês e espanhol, entre 2013 a 2017. Foram selecionados 32 artigos completos indexados, os quais foram submetidos a análises metodológicas e semânticas, derivando-se três categorias temáticas. Identificou-se a predominância de estudos longitudinais e quantitativos, cujas publicações concentram-se, em grande parte, na América do Norte. Constatou-se também, que pessoas com características de apego inseguro apresentam maior tendência de desenvolver conflito conjugal e baixa qualidade do relacionamento amoroso. Não foi encontrada nenhuma pesquisa que integrasse em um único estudo, a relação estabelecida entre o apego dos membros do casal na infância e suas repercussões sobre os vínculos conjugal e parental. Verifica-se a lacuna de estudos que discutam a teoria do apego em uma perspectiva transgeracional e seus efeitos sobre a vida adulta.
Palavras-chave: apego, relação conjugal, parentalidade.
ABSTRACT
The affective relationships in infancy have repercussions on the attachment style of the individual during the course of the life cycle. Thus, the aim of this article is to analyze the profile of national and international studies on child attachment and the relationship between parents and children. For this purpose, an integrative literature review was carried out in PsycInfo, Scielo and CAPES databases, with the use of pre-established descriptors in Portuguese, English and Spanish between 2013 to 2017. It was selected 32 complete indexed articles, which were submitted to methodological and semantic analyzes, deriving three thematic categories. The predominance of longitudinal and quantitative studies, whose publications are largely concentrated in North America, has been identified. It was also found that people with characteristics of insecure attachment have a greater tendency to develop conjugal conflict and low quality of the love relationship. No research was found that integrated in a single study, the relationship established between the couple's attachment in childhood and its repercussions on the marital and parental bonds. There is a gap in studies that discuss attachment theory in a transgenerational perspective and its effects on adult life.
Keywords: attachment, marital relations, parenting.
RESUMEN
Las relaciones afectivas en la infancia repercuten en el estilo de apego del individuo en el transcurso de su ciclo vital. Así, el objetivo de este artículo es analizar el perfil de estudios nacionales e internacionales acerca de la relación entre el apego de los miembros del matrimonio desarrollado en la infancia y la relación conyugal y parental. Por lo tanto, una revisión integradora de la literatura se realizó en las bases de datos PsycINFO, Scielo y capas, a través de descriptores preestablecidos en portugués, Inglés y Español, entre 2013 y 2017. Se seleccionaron 32 artículos completos indexados, que fueron sometidos a análisis metodológicos y semánticos, derivando tres categorías temáticas. Se identificó el predominio de estudios longitudinales y cuantitativos, cuyas publicaciones se concentran, en gran parte en América del Norte. Se constató también, que personas con características de apego inseguro presentan mayor tendencia a desarrollar conflicto conyugal y baja calidad de la relación amorosa. No se encontró ninguna investigación que incluyera en un solo estudio, la relación establecida entre el apego de los miembros de la pareja en la infancia y sus repercusiones sobre los vínculos conyugal y parental. Se verifica la brecha de estudios que discutan la teoría del apego en una perspectiva transgeneracional y sus efectos sobre la vida adulta.
Palabras clave: apego, relación conyugal, parentalidad.
Os laços afetivos constituem-se o alicerce fundamental das relações humanas, ao longo de todo o ciclo vital. Na interação com os principais cuidadores, as crianças desenvolvem modelos internos dinâmicos – representações mentais sobre si mesmas, dos outros e o que devem esperar destas relações. É por meio de tais modelos que os esquemas precoces afetivos se refletem na personalidade dos indivíduos e exercem influência nas relações futuras, durante toda a sua vida (Dalbem & Dell'Áglio, 2005; Pereira, Ferreira, & Paredes, 2013; Montoro, 2001; Schmidt & Argimon, 2009). Esse processo de vinculação, que atenta para a necessidade humana inata para estabelecer laços afetivos íntimos com pessoas significativas, torna-se a base conceitual que embasa a Teoria do Apego desenvolvida por Bowlby (1988).
O pressuposto básico da Teoria do Apego é norteado pela qualidade da interação entre a criança e o cuidador primário. Nos anos iniciais de vida, a reciprocidade dos pais para atender às necessidades do filho deve favorecer o desenvolvimento de um senso de segurança, de uma condição de bem-estar e de confiança que servirá como base para a exploração do ambiente e do conhecimento (Gomes & Bosa, 2010; Schmidt & Argimon, 2009). Segundo Bowlby (1988), o apego é um tipo de vínculo afetivo biologicamente inato entre os seres humanos que visa à busca pela proximidade com outro indivíduo – figura ou objeto de apego, identificado como alguém disponível que oferece respostas e proporciona um sentimento de segurança, sendo considerado como preparado para lidar com o mundo.
A partir das primeiras experiências de vinculação na infância é que são internalizados os modelos de apego com os pais ou substitutos, sendo acionados na presença de eventos ameaçadores, medo ou estresse (Smidt & Argimon, 2009). Conforme Bowlby (1988), o comportamento de apego se manifesta ao longo da vida, em situações específicas, como na ausência ou na indisponibilidade da figura de apego; de modo que na vida adulta, tais modelos sejam reproduzidos na busca de carinho, conforto e proteção, sendo complementados por novos vínculos afetivos (Nascimento & Coelho, 2006; Smith & Ng, 2009).
Um dos eixos centrais postulados por Bowlby (1988) é de que as primeiras relações de apego desenvolvidas na infância repercutem no estilo de apego do indivíduo, ao decorrer do seu ciclo vital. A Teoria do Apego, aplicada aos relacionamentos adultos por Hazan e Sahver (1994), salienta que o tipo de apego e o modo de se relacionar desenvolvidos na infância servem como um indicativo nas relações afetivas futuras. Desta forma, a satisfação conjugal estaria relacionada ao tipo de apego do indivíduo, estabelecido com seus primeiros cuidadores (Semensato & Bosa, 2013).
Estudos nacionais e internacionais (Gomes & Bosa, 2008; Dessen & Braz, 2005; Koren-Karie, 2000, Murta, Rodrigues, Rosa, & Paulo, 2011; Schmidt & Argimon, 2009; Thompson, 1998; Watcher, 2002) também têm verificado que, além das relações de apego entre a infância e a conjugalidade, existem repercussões entre as relações primárias de vinculação e a parentalidade. Conforme Serbin e Karp (2003), a repetição de padrões relacionais e comportamentais de pais para filhos, ao longo das gerações, alude às pesquisas sobre transgeracionalidade familiar, cuja definição se pauta em compreender que a natureza e a qualidade da parentalidade são transgeracionalmente transmitidas, cujos pais passam a exercer sobre os filhos uma criação semelhante a que eles próprios experimentaram em sua infância.
Em vista da problemática discutida, destacam-se as relevâncias científica e social no âmbito dos vínculos afetivos familiares, no decorrer do ciclo de vida, especialmente na fase adulta, uma vez que o predomínio de estudos sobre o apego detém-se nas relações precoces entre a mãe e o bebê e nas implicações iniciais do desenvolvimento (Dalbem & Dell'Áglio, 2005; Pontes, Silva, Garotti, & Magalhães, 2007). Além disso, destaca-se a lacuna em aprofundar a relação triádica que é estabelecida entre o apego dos membros do casal na infância e suas repercussões sobre o vínculo conjugal e parental; cuja compreensão pode promover reflexões contundentes acerca do desenvolvimento psicossocial da família. Identifica-se, portanto, a demanda de conhecer como a literatura da área vem discutindo esse fenômeno e quais variáveis têm sido consideradas neste processo. Assim, o objetivo deste artigo é analisar o perfil de estudos nacionais e internacionais acerca da relação entre o apego dos membros do casal desenvolvido na infância e o relacionamento conjugal e parental.
Método
Procedimento
Realizou-se uma revisão de literatura do tipo integrativa para investigação da temática. Conforme Souza, Silva e Carvalho (2010), esse tipo de revisão caracteriza-se por uma técnica metodológica ampla perante as revisões, permitindo a inclusão de estudos experimentais e não experimentais para uma compreensão integral do fenômeno investigado. Apresentam-se, a seguir, as seguintes fases para elaboração do estudo: (1) Definição dos descritores e bases de dados para a revisão integrativa; (2) levantamento da produção científica em bancos de dados por meio de descritores preestabelecidos; (3) leitura dos títulos e dos resumos vinculados aos objetivos do estudo; (4) seleção dos artigos focados na temática, na íntegra; e, por fim, (5) categorização metodológica e de conteúdo das produções.
Coleta de dados. Para o levantamento temático, foram consultadas bases de dados nacionais SciELO e de Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES; e uma base de dados internacional - PsycINFO, de acesso restrito. Salienta-se que o acesso à base de dados SciELO ocorreu pela Biblioteca Virtual em Saúde – Psicologia Brasil (BVS-Psi); enquanto consulta à PsycINFO se deu pelo Portal de Periódicos CAPES/MEC.
A definição dos descritores foi delineada pela busca na seção de terminologia em Psicologia da BVS-Psi (DeCs); enquanto, em estudos internacionais, verificaram-se as palavras-chave utilizadas. Foram considerados os estudos nos idiomas português, inglês e espanhol, entre o período de 2013 a outubro de 2017. Delimitou-se esse intervalo de tempo por contemplar o estado da arte mais recente sobre o fenômeno do apego infantil e o relacionamento conjugal e parental.
Os critérios de inclusão adotados foram artigos empíricos entre o período de data estabelecido, com base na temática e idioma selecionados; sendo excluídos os tipos de estudo em formato de capítulo de livro, livro, teses e dissertações, estudos de revisão e meta-análise. A justificativa pela seleção de artigos se deve ao fato da maior acessibilidade na íntegra do material. Além disso, foram escolhidos artigos indexados, os quais são submetidos a produções que passam por processo de avaliação por pares, sob controle de qualidade rigoroso. Após tais delineamentos e, com base nos descritores preestabelecidos, a combinação de estratégias de busca foram as seguintes: "Apego" OR "Bowlby" AND "casal" OR "relação conjugal" AND "parentalidade" OR "relação parental"; "Attachment" OR "Bowlby" AND "couple" OR "marital relations" AND "parenting" OR "parenthood"; "apego" OR "Bowlby" AND "pareja" OR "relaciones maritales" AND "parentalidade" OR "relaciones parentales".
Após a definição dos descritores e o levantamento nas bases de dados, emergiu um total de 332 artigos (ver Figura 1), os quais foram exportados para o software organizador de referências Mendeley. Posteriormente, foram excluídos 275 estudos, dos quais 15 eram duplicados e 260 não estavam alinhados à temática do apego, restando o total de 57 trabalhos, cujos resumos foram lidos. Destes, dois foram removidos por estarem repetidos e 23 foram excluídos pelos critérios de exclusão; especialmente, por contemplarem temas transversais à Teoria do Apego, os quais não correspondiam ao objetivo desta revisão. Dentre os excluídos, as publicações tratavam de apego infantil e fatores de risco; apego e psicopatologia; estudos sobre o tipo de apego infantil e práticas parentais, artigos teóricos e de revisão, ensaios clínicos e estudos psicométricos sobre instrumentos que avaliem o apego. As etapas para obtenção e triagem dos artigos foram baseadas no modelo de revisão integrativa das autoras Schmidt, Staudt e Wagner (2016), sendo ilustradas por meio da Figura 1.
Figura 1. Fluxograma metodológico para revisão integrativa – modelo baseado no estudo de Schmidt et al. (2016).
Análise de dados. Foram retidos 32 artigos indexados, os quais foram lidos e analisados na íntegra, com base em critérios metodológicos e temáticos que estavam diretamente relacionados ao objetivo deste artigo. Salienta-se que o sistema de categorias temáticas elaborado no processo de análise foi submetido a duas juízas independentes, com experiência na temática referida. O método utilizado para a análise de concordância entre juízes adveio da metodologia observacional, a qual utiliza a concordância entre juízes para avaliação de fidedignidade (Fagundes, 1999). A concordância de cada uma das juízas com a pesquisadora foi de 95%, no que se refere a três categorias que emergiram na análise da revisão. Ou seja, após lerem o material, concordaram com as definições de conteúdo propostas e sugeriram pequenas alterações, as quais foram avaliadas e, em sua maioria, aceitas. Deste processo, emergiram três categorias centrais, denominadas: (a) Apego e conjugalidade; (b) Apego e parentalidade; e (c) Apego adulto.
Resultados
Os 32 estudos analisados tiveram maior publicação entre os anos de 2017 (n=8 artigos), 2016 (n=8) e 2013 (n=7 artigos), respectivamente. Dentre esses, 29 são internacionais, sendo escritos na língua inglesa e somente três estudos nacionais foram encontrados. Apesar de os critérios de busca também terem contemplado o idioma espanhol, nenhum estudo dessa língua foi verificado. No que se refere aos países que publicaram sobre o tema, apresentados na Tabela 1, apontam-se os que foram localizados na América do Norte, especificamente no Canadá e nos Estados Unidos; emergindo, ainda, parcerias entre pesquisadores do Vietnã e da Inglaterra (Ensink, Normandin, Plamondon, Fonagy, & Berthelot, 2016; Rempel, Khuc, Rempel, & Vui, 2017). Dentre as universidades que se destacaram na investigação sobre o tema, citam-se a University of Minnesota (EUA), com o maior número de estudos publicados; seguida das universidades canadenses – Université Laval, Université du Québec à Montréal e Université du Québec Trois-Rivières, com três estudos encontrados por universidade. Dentre as universidades nacionais, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), destaca-se entre as que mais publicaram sobre o fenômeno, nos últimos anos.
O periódico com o maior número de publicações, totalizando sete (n=7) artigos entre o período pesquisado, foi o Journal of Family Psychology. Na sequência, a revista canadense Canadian Journal of Behavioural Science e o Journal of Personality and Social Psychology obtiveram quatro (n=4) publicações cada. Os demais estudos distribuíram-se entre os periódicos Developmental Psychology, Interpersonal Relations and Group Processes e Psychological Trauma: Theory, Research, Practice, and Policy, com maiores ocorrências de publicação, conforme a Tabela 2. Destaca-se que, das revistas citadas, apenas uma não corresponde somente à área da Psicologia, pois se caracteriza pelo escopo multidisciplinar das Ciências Humanas e da Saúde. As demais integram subáreas da Psicologia, com a ênfase em temáticas gerais, tais como personalidade, eventos traumáticos, psicologia social, psicologia do desenvolvimento e da família.
Em relação à composição da amostra, predominou a escolha por casais heterossexuais (n=15), seguida de jovens adultos (n=9), adultos (n=5), díade mãe-bebê (n=2) e famílias (n=1). A maior parte da nacionalidade dos participantes era americana e canadense; com exceção de alguns estudos que integraram jovens adultos e casais chineses (Sun et al., 2017); franceses e canadenses (Godbout et al., 2017); africanos (Simons, R., Simons, L., Landor, Bryant, & Beach, 2014) e brasileiros (Scheeren, Delatorre, Neumann, & Wagner, 2015; Scheeren, Vieira, Goulart, & Wagner, 2014; Semensato & Bosa, 2014).
No que se refere aos aspectos metodológicos, o tipo de estudo longitudinal prevaleceu entre os achados, totalizando 17 artigos. Cabe salientar que tais estudos variaram entre três meses e 40 anos de pesquisa. Por outro lado, também emergiram treze (n=13) estudos transversais, e apenas um (n=1) utilizou a combinação dos dois tipos de método em um mesmo estudo. O método de pesquisa mais recorrente foi a do tipo de levantamento de dados (n=26 artigos), os quais se derivaram de técnicas de escalas, questionários e entrevistas estruturadas para a coleta de dados. Para tanto, o emprego de escalas e a combinação desses instrumentos de mensuração psicométricos com os questionários tornaram-se a técnica de coleta de dados mais utilizada (n=11).
Os instrumentos mais encontrados nos artigos analisados foram, respectivamente: Experiences in Close Relationships Scale (ECR); Dyadic Adjustment Scale (DAS); Adult Attachment Questionnaire (AAQ) e o experimento Strange Situation Procedure (Situação estranha). Identificou-se que o método de análise dos dados foi quase que integralmente de natureza quantitativa (n=31); e somente um artigo (Semensato & Bosa, 2014) caracterizou-se pelo tipo de abordagem qualitativa.
Após a análise inicial dos estudos selecionados, definiram-se três categorias temáticas, as quais agruparam o conteúdo central que mais apareceu nos artigos, sendo: (a) Apego e conjugalidade; (b) Apego e parentalidade; (c) Apego adulto. A seguir, é discutida cada uma dessas categorias.
Apego e conjugalidade
Dos 32 artigos analisados, 19 corresponderam à temática geral que contemplou a formação do apego e seus reflexos sobre a conjugalidade. Destes, 16 eram internacionais (Barry & Lawrence, 2013; Borelli et al., 2014; Fallis, Rehman, Woody, & Purdon, 2016; Farrel, Jeffry, Overall, & Shallcross, 2016; Godbout et al., 2017; Jakubiak & Feeney, 2016; Khalifian & Barry, 2016; Love, Nalbone, Hecker, Sweeney, & Dharnidharka, 2017; Monin, Zhou, & Kershaw, 2014; Nisenbaum & Lopez, 2015; Péloquin, Brassard, Delisle, & Bédard, 2013; Philippe, Koestner, & Lekes, 2013; Pollard, Riggs, & Hook, 2014; Russel, Baker, & Mcnulty, 2013; Stanton, Campbell, & Pink, 2017; Winterheld, 2017) e apenas três, nacionais (Scheeren et al., 2014; Scheeren et al., 2015; Semensato & Bosa, 2014) e apenas três, nacionais (Scheeren et al., 2015; Scheeren et al., 2014; Semensato & Bosa, 2014).
Essa categoria abarcou as especificidades dos estilos de apego dos cônjuges e os reflexos na vida amorosa (n=5); satisfação conjugal, sexual e tipo de apego (n=7), e, mais precisamente, buscou investigar temáticas transversais ao tipo de apego desenvolvido na infância e sua influência sobre a conjugalidade, tais como violência e conflito conjugal (n=4); suicídio (n=1); eventos estressores familiares e estilo de apego do casal (n=2); religiosidade e ajustamento conjugal (n=1).
Frente a tais achados, identificou-se que o estilo de apego evitativo foi considerado, em 15 estudos analisados, como um aspecto de difícil manejo para a manutenção dos vínculos amorosos. Como exemplo, citam-se alguns resultados de pesquisas desenvolvidas por Godbout et al. (2017), ao evidenciarem que cônjuges com apego evitativo geralmente sentem-se desconfortáveis com a proximidade afetiva e preferem se distanciar para manter a independência. Como resultado, eles são menos propensos a confiar em seu cônjuge para buscar apoio emocional, se envolver em uma comunicação aberta e propor a resolução de conflitos (Khalifian & Barry, 2016; Winterheld, 2017; Nisenbaum & Lopez, 2015). Além disso, Godbout et al. (2017) encontrouque o estilo de apego evitativo constituiu-se como um preditor negativo para a violência conjugal.
Por outro lado, os estilos de apego podem se modificar durante o ciclo vital. Resultados empíricos indicaram que pessoas que apresentavam apego evitativo obtiveram mudanças em seu padrão de apego, demonstrando menores comportamentos de evitação, ao se manterem em relacionamentos amorosos positivos (Farrel et al., 2016; Stanton et al., 2017).
Outros estudos salientaram aspectos do estilo de apego ansioso nos relacionamentos conjugais (Godbout et al., 2017; Pollard et al., 2014; Russel et al., 2013; Scheeren et al., 2015). Para tanto, foram citados exemplos de que, em situações de conflito, os participantes que reportaram um apego ansioso tendiam a envolver-se no conflito ou afastar-se dele, o que demonstra dificuldade em lidar com tais situações. No estudo de Russel et al. (2013) que buscou verificar a relação entre o apego inseguro e a infidelidade conjugal, os resultados mostraram que os casais recém-casados que apresentavam um tipo de apego ansioso apresentaram maiores chances para a infidelidade conjugal, obtendo maiores ocorrências desse tipo.
Demais estudos encontraram especificidades em relação ao estilo de apego e estressores no ciclo vital familiar, tais como a doença crônica de um dos cônjuges (Monin et al., 2014) e a presença de filhos com o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) – (Semensato & Bosa, 2014). Nesses estudos, verificou-se que a díade conjugal analisada obteve melhores resultados de enfrentamento, quando os cônjuges desenvolviam o tipo de apego seguro e, portanto, relataram maior capacidade de apoio mútuo, reciprocidade, confiança e segurança na relação.
Apego e parentalidade
Nove estudos internacionais corresponderam aos estilos de apego e aos reflexos no subsistema parental (Bailey, Redden, Pederson, & Moran, 2016; Ensink et al., 2016; Madigan, Vaillancourt, Plamondon, Mckibbon, & Benoit, 2016; Rempel et al., 2017; Szepsenwol, Simpson, Griskevicius, & Raby, 2015). Destes, três discutiram acerca dos fatores de risco vivenciados na infância com a família de origem e o impacto de tais eventos para a vida adulta, especialmente na transição para a parentalidade (Ensink et al., 2016; Madigan et al., 2016; Szepsenwol et al., 2015). Enquanto os outros dois estudos (Bailey et al., 2016; Rempel et al., 2017) apresentaram relatos sobre a vivência da parentalidade, a partir do tipo de apego na infância dos pais, estabelecido com suas figuras parentais.
As três pesquisas que contemplaram os fatores que influenciam a formação do apego e a parentalidade indicaram, de forma geral, que a ausência ou o suporte materno restrito estiveram presentes nas respostas dadas pelos participantes (Ensink et al., 2016; Madigan et al., 2016; Szepsenwol et al., 2015). Discutiu-se sobre os diferentes fatores de risco implicados para a parentalidade, além da dimensão afetiva nos relacionamentos. O baixo nível socioeconômico e uma rede social significativamente frágil contribuíram para o menor envolvimento paterno, cujas relações parentais foram marcadas pelo estilo de apego inseguro e evitador com os filhos. Observa-se que a privação materna na infância e relações de baixo suporte parental foram indicativos importantes para o desenvolvimento pessoal e parental dos participantes, no que se refere ao estabelecimento do apego.
Outro dado interessante consta no estudo de Bailey et al. (2016), o qual sinalizou as dificuldades relacionais entre o estabelecimento dos vínculos afetivos mãe-bebê, cuja amostra foi composta por 66 díades mãe-bebê canadenses. As hipóteses de que a sensibilidade materna estaria associada à maior proximidade e apego seguro foram confirmadas no estudo. Todavia, os resultados envolveram díades evitativas, caracterizadas pela falta de coerência entre o autorrelato materno e o comportamento observado das mães com seus filhos. Os bebês que demonstraram maior resistência e evitação, ao permanecerem com a mãe no experimento da Situação Estranha, eram filhos de mães que apresentavam menor envolvimento e menor sensibilidade materna.
Apego adulto
Tendo em vista as repercussões do apego nos subsistemas conjugal e parental, torna-se relevante conhecer como esse fenômeno é desenvolvido na vida adulta, em pessoas solteiras, ou ainda, que no momento presente não estão comprometidas em um relacionamento amoroso estável; mas que já vivenciaram a conjugalidade. Além disso, também entrou, nessa categoria, o relato de jovens que compartilharam sobre os padrões transgeracionais afetivos de seus familiares. Desse modo, oito estudos internacionais que integraram o corpus de análise buscaram investigar as dimensões do apego adulto estabelecidas com a família de origem, que pudessem estar relacionadas com projetos de vida (Chopik, Edelstein, & Grimm, 2017; Fraley, Roisman, Booth-laforce, Owen, & Holland, 2013; Lantagne e Furman, 2017; Lassri, Luyten, Cohen, & Shahar, 2016; Lopez et al., 2013; Simons et al., 2014; Sun, Wang, & Jiang, 2017; Zaman & Fivush, 2013). A fim de facilitar a compreensão das temáticas contempladas nessa categoria, foram desmembrados os seguintes subtemas que compuseram a análise: desenvolvimento do apego ao longo do ciclo vital (n=5); padrões transgeracionais do apego nas relações familiares (n=2); violência infantil e apego adulto (n=1).
Diante do exposto, as pesquisas de Lantagne e Furman (2017), Sun et al. (2017), Chopik et al. (2017), Fraley et al. (2013) e Lopez et al. (2013), buscaram investigar os estilos de apego, em diversos aspectos da vida adulta, tais como as diferenças individuais, padrões de afetividade, projeto de vida profissional, qualidades de relacionamento romântico, entre outros. Por conseguinte, identificou-se que indivíduos que receberam pouco cuidado e investimento materno na primeira infância apresentaram maior estilo de apego evitativo em relacionamentos amorosos, na vida adulta. Além disso, uma das características que apareceram no estudo de Fraley et al. (2013) foi que os jovens participantes com estilo de apego evitativo tinham, em comum, mães diagnosticadas com depressão e baixo envolvimento materno; além de que, aqueles que não residiam com seus familiares apresentaram maior tendência de apresentar comportamentos evitativos em comparação com os jovens que moravam com seus pais. Entretanto, os participantes que experimentavam de uma amizade de longa duração eram menos propensos ao estilo de apego evitativo.
Resultados semelhantes foram encontrados no estudo de Lopez et al. (2013) e Lantagne e Furman (2017), tendo em vista que os jovens, que não mencionaram receber investimento parental adequado de autoestima e práticas de cuidado na infância, apresentaram predominância do estilo de apego ansioso na vida adulta. Outro exemplo pode ser destacado na pesquisa de Simons et al. (2014), a qual verificou que a transmissão transgeracional de padrões afetivos, pautados em uma parentalidade rígida e de atribuições hostis com práticas punitivas, reverberou associações de um estilo de apego ansioso e evitativo, na relação conjugal de uma parte expressiva dos participantes da pesquisa. Tais resultados estão em consonância com os resultados de Lassri et al. (2016), que a partir de uma perspectiva mais extrema, verificaram que a negligência e a violência infantil constituíram fatores de risco para o estabelecimento do apego adulto na vivência da conjugalidade e na construção da própria identidade.
Discussão
Observa-se um número expressivo de estudos recentes acerca do fenômeno do apego. Salienta-se que muitos artigos foram encontrados em bancos de dados internacionais e nacionais em relação à Teoria de Bowlby. Todavia, nem todas as publicações compuseram o corpus de análise desta revisão, tendo em vista os critérios de inclusão propostos. Aqueles que foram selecionados para este estudo foram, em sua maioria, internacionais e publicados na língua inglesa. Na revisão sistemática de literatura, realizada por Gomes e Melchiori (2012), cujo estudo contemplou obras nacionais e internacionais do tipo artigos indexados, livros, teses e dissertações em diversos idiomas, tais como português, inglês, espanhol, italiano, francês e alemão, verificou-se que quase todos os trabalhos sobre o apego eram escritos em inglês. A justificativa de tal ocorrência, segundo as autoras, é a língua inglesa caracterizar-se como o idioma oficial de autores concentrados em instituições norte-americanas e inglesas. Além disso, pesquisadores de outras nacionalidades, tais como a Holanda e Israel, tendem a também divulgar seus artigos nesse idioma.
O periódico que mais publicou sobre a temática foi o Journal of Family Psychology. Conforme a APA (2017), os volumes dos últimos cinco anos têm contemplado estudos específicos sobre o ajustamento conjugal, satisfação conjugal, intervenções terapêuticas de casais e famílias, bem como relações parentais e instrumentos de medida. Para tanto, o fenômeno do apego tem sido associado com tais variáveis. Na sequência, as revistas que se sobressaíram na publicação acerca do tema foram o Canadian Journal of Behavioural Science e o Journal of Personality and Social Psychology. Segundo a APA (2017), o primeiro periódico apresentou, no ano de 2016, uma edição especial acerca do desenvolvimento da Teoria do Apego, o que corresponde a três publicações na revista consoante à temática.
Quanto à distribuição da amostra, nas pesquisas predominaram os arranjos de casais (n=13) e adultos de idades variadas (n=13). Salienta-se que os casais participantes compuseram díades heterossexuais, não sendo encontrado nenhum relato de casal homossexual, na revisão realizada. Ressalta-se, portanto, a necessidade da produção de pesquisas que possam contemplar diferentes arranjos familiares e díades conjugais para a compreensão mais abrangente do fenômeno de apego e suas transmissões transgeracionais familiares.
Em relação ao delineamento metodológico, o estudo longitudinal combinado com o tipo de pesquisa de levantamento de dados caracterizaram-se como os mais prevalentes. Convém salientar que o estudo de Chopik et al. (2017) foi o que apresentou maior tempo de duração de pesquisa, sendo desenvolvido ao longo de 40 anos; tal finalidade se pautou em investigar a formação do apego em pessoas adultas por um instituto de pesquisadores americanos, desde a década de 1960. Pode-se refletir que estudos psicológicos de âmbito longitudinal são escassos no cenário brasileiro, tendo em vista os incentivos governamentais restritos para a sua implementação, dados o grande porte e o custo elevado pela utilização de diversos métodos de pesquisa e implantação de equipe de pesquisadores (Araújo, 2016).
No que se refere à análise de dados, 31 estudos caracterizaram-se pelo enfoque quantitativo. Esses resultados estão em conformidade com a predominância de pesquisas quantitativas com delineamento estatístico, especialmente do tipo inferencial, verificadas na revisão de literatura de Gomes e Melchiori (2012).
Pondera-se que, apesar de a maioria dos estudos utilizar instrumentos psicométricos para avaliar as dimensões de apego e suas variáveis, alguns artigos mencionaram recorrer a roteiros de entrevistas semiestruturadas, as quais foram codificadas por análise frequencial e, posteriormente, classificadas em escalas para análises estatísticas. Assim, seria relevante o desenvolvimento de estudos qualitativos e/ou mistos, a fim de integrar diferentes recursos metodológicos para acessar o fenômeno investigado em uma perspectiva mais ampla e profunda dos dados, o que permitiria maior teorização, exploração e triangulação dos dados (Creswell, 2010; Sampieri & Collado, 2013). Nessa perspectiva, salienta-se que a abordagem qualitativa contribui de modo substancial ao aprofundar e interpretar os significados atribuídos ao desenvolvimento do apego e suas implicações na vida adulta.
De forma geral, os resultados obtidos indicaram a relação existente entre os estilos de apego dos participantes estabelecidos na infância e diversas dimensões relacionadas à conjugalidade e à parentalidade, na vida adulta. Constatou-se, portanto, que pessoas com características de apego inseguro do tipo evitativo e ansioso constituíram-se com maior tendência de desenvolver conflito conjugal e baixa qualidade do relacionamento amoroso.
De modo recorrente, os estudos identificaram que o estilo de apego evitativo estava relacionado ao distanciamento emocional do cônjuge, no intuito de manter a independência do parceiro íntimo, o que contribuiu para problemas relacionados à comunicação entre o casal e menor sentimento de confiança entre eles. Tais resultados estão em consonância com o relato de intervenções clínicas encontradas por Schachner, Shaver e Mikulincer (2012), uma vez que para o cônjuge com estilo evitativo sentir-se relativamente seguro, é necessário confiar demasiadamente em si mesmo e não procurar, abertamente, o apoio do parceiro, mesmo quando esse apoio seja fundamental em momentos adversos. Em vista disso, convém apontar a relevância do trabalho psicoterapêutico direcionado aos casais, assim como os atendimentos individuais e familiares que possam favorecer o processo de diferenciação do self e re-significar os eventos que consolidaram a formação do apego e estão presentes na vida adulta de modo disfuncional (Fiorini, Müller, & Bolze, 2018; Scheeren et al., 2015).
Demais achados mostraram que o estilo de apego inseguro do tipo ansioso pode predispor a insegurança de perder o parceiro íntimo. Nesse sentido, há uma tendência de pessoas com apego ansioso em evitar o conflito durante as desavenças, enquanto uma estratégia de resolução frente ao temor da perda. Além disso, verificou-se que o apego ansioso esteve relacionado à infidelidade conjugal, especialmente em casais recém-casados (Russel et al., 2013), tendo em vista que a falta de confiança e o ciúme excessivo tornavam-se fatores de risco para tais ocorrências. Apontamentos semelhantes também foram discutidos em estudos sobre apego e relação conjugal (Cooper, Totenhagen, Curran, Randall, & Smith, 2017; Gou & Woodin, 2017; Jayamaha, Girme, & Overall, 2017), cujo estilo de apego ansioso de um dos cônjuges prediz a baixa qualidade conjugal.
Quanto aos aspectos da parentalidade, verificou-se, na maior parte das pesquisas, que o estilo de apego seguro entre pais e filhos constitui-se como fatores de proteção ao desenvolvimento infantil e, posteriormente, aos vínculos futuros que serão estabelecidos com outras figuras de apego, ao longo da vida do indivíduo. Esses dados foram unânimes na discussão dos estudos e coadunam-se aos preceitos de Mosmann, Wagner e Féres-Carneiro (2006), ao afirmarem que pessoas que vivenciaram uma relação de segurança e afeto com seus pais ou cuidadores substitutos quando crianças seriam adultos mais propensos a repetir esse modelo com seus cônjuges e filhos, e de se sentirem mais felizes.
Entretanto, um ponto que merece destaque nesta discussão é que os resultados encontrados são fatores que podem estar associados à formação do apego e encontram-se relacionados à continuidade dos vínculos afetivos na vida adulta. Assim, a transmissão dos padrões relacionais de apego não deve ser colocada como uma perspectiva linear, determinista e rígida sem uma possibilidade de mudança e flexibilidade (Cowan & Cowan, 2016; Falcke, Wagner, & Mosmann, 2008; Semensato & Bosa, 2013).
Considerações Finais
Tendo em vista a finalidade de dirimir algumas lacunas que se fazem presentes na literatura entre o apego do casal na infância e suas repercussões sobre o vínculo conjugal e parental, este artigo apresentou como objetivo analisar o perfil de estudos nacionais e internacionais acerca da relação entre o apego dos membros do casal desenvolvido na infância e o relacionamento conjugal e parental. Para tanto, propôs-se uma análise integrativa da literatura quanto aos aspectos metodológicos e temáticos encontrados nas obras consultadas, a fim de mapear as principais características que podem servir de subsídio ao avanço do conhecimento na área.
Verificou-se que, apesar do constante interesse pela Teoria do Apego e seus estudos derivados em âmbito empírico, clínico e teórico, não foi encontrada nenhuma pesquisa entre os critérios estabelecidos que integrasse, em um único estudo, a relação triádica, estabelecida entre o apego do casal na infância e suas repercussões sobre o vínculo conjugal e parental. Tais variáveis apareceram em diversos trabalhos, todavia separadamente. Sugere-se, por conseguinte, o avanço de pesquisas que privilegiem as transmissões transgeracionais do apego, já que tais achados podem estimular novas descobertas dentro da temática que abrange a formação do apego adulto.
Recomenda-se, também, a produção de novas revisões bibliográficas referentes ao fenômeno, uma vez que alguns limites deste estudo estiveram pautados na restrição de bases de dados e descritores estabelecidos. Desse modo, é possível que sejam encontrados novos resultados, a partir do emprego de diferentes estratégias de busca e a inclusão de outras bases de dados. Além disso, sugerem-se revisões que possam ampliar os idiomas definidos e o intervalo de tempo para os últimos 10 anos, haja vista a especificidade do tema. Salienta-se que a inclusão de outros tipos de obra, como teses e dissertações, monografias, livros e capítulos de livro, também poderia agregar informações e achados importantes sobre a temática; o que não foi contemplado nesta revisão, tendo em vista o recorte específico em bases indexadas, delineado pelas autoras. Ressalta-se a importância de pesquisas que preconizem os aspectos constituintes do desenvolvimento afetivo, ao longo do ciclo vital. Para tanto, a Teoria do Apego se propõe como um marco teórico pertinente, cujas investigações devem ser expandidas para além da díade mãe-bebê, mas consideradas com base em padrões transgeracionais de diversos arranjos familiares e culturais, a fim de verificar os reflexos sobre os subsistemas conjugais e parentais, presentes no processo de apego adulto.
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Endereço para correspondência
Ana Paula Sesti Becker
Universidade Federal de Santa Catarina
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Maria Aparecida Crepaldi
Universidade Federal de Santa Catarina
Centro de Filosofia e Ciências Humanas - Departamento de Psicologia
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Endereço eletrônico: maria.crepaldi@gmail.com
Recebido em: 12/10/2018
Reformulado em: 24/03/2019
Aceito em: 28/03/2019
Notas
* Mestre e Doutoranda em Psicologia.
** Dra. e Pós-Dra. em Psicologia, Professora do Programa de Pós-graduação de Psicologia da UFSC.
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