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Desidades

 ISSN 2318-9282

Desidades vol.14  Rio de Janeiro mar. 2017

 

TEMAS EM DESTAQUE

 

Produção sobre adolescência/juventude na pós-graduação da Psicologia no Brasil

 

Producción sobre adolescencia/juventud en los posgrados en psicología en Brasil

   

 

Márcia StengelI e Juarez T. DayrellII

I Programa de Pós-graduaçao de Psicología, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte/MG, Brasil.

II Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte/MG, Brasil.

 

 


RESUMO

Pela importância dos estudos sobre adolescência/juventude na Psicologia, desenvolvemos uma pesquisa cujo objetivo era analisar e sistematizar o uso das categorias adolescência e juventude na produção discente da Pós-Graduação stricto sensu em Psicologia, entre os anos de 2006-20111, e as temáticas recorrentes. Ela consistiu em um estado da arte sobre essa produção. Este tipo de estudo possibilita a sistematização de um determinado campo de conhecimento a partir de um recorte temporal fixado. Partindo de um roteiro de leitura, selecionamos 483 trabalhos que tinham adolescentes/jovens como sujeitos ou foco do estudo e os agrupamos, por frequência simples, em dezenove categorias temáticas. Os temas com maior número de trabalhos foi Violência e Família. Observamos uma repetição nas pesquisas, o que, além de um diálogo, impede, ou ao menos dificulta, um adensamento teórico relativo à temática na Psicologia.

Palavras-chave: estado da arte, adolescência, juventude, psicologia.


RESUMEN

Por la importancia de los estudios sobre adolescencia/juventud en Psicología, desarrollamos una investigación cuyo objetivo fue analizar y sistematizar el uso de las categorías adolescencia y juventud en la producción discente de los Posgrados stricto sensu en Psicología, entre los años 2006-2011, y las temáticas que se repiten. Esta consistió en un estado del arte sobre esa producción. Este tipo de estudio posibilita la sistematización de un determinado campo de conocimiento a partir de un recorte temporal fijo. Partiendo de una guía de lectura, seleccionamos 483 trabajos que tenían a los adolescentes/jóvenes como sujetos o foco de estudio, y los agrupamos por frecuencia simple en diecinueve categorías temáticas. Los temas con mayor número de trabajos fueron Violencia y Familia. Observamos una repetición en las investigaciones, lo que además del diálogo, impide o, al menos, dificulta, una mayor profundización teórica en lo relativo a esta temática en Psicología.

Palabras-clave: estado del arte, adolescencia, juventud, psicología.


 

 

Introdução

Desde os estudos de Stanley Hall (1904), o tema da adolescência ocupa lugar significativo no campo da Psicologia, o que pode ser observado na extensão da sua produção. No Brasil, a temática vem ganhando maior visibilidade social, principalmente a partir da criação, em 1990, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), quando a questão dos adolescentes/jovens passou a ocupar lugar nas agendas públicas. Tal realidade tem impactado na produção acadêmica, o que nos motivou a refletir sobre a produção existente na área da Psicologia.

Assim, desenvolvemos uma pesquisa cujo objetivo foi analisar e sistematizar o uso das categorias adolescência e juventude na produção discente da Pós-Graduação stricto sensu em Psicologia, entre os anos de 2006-2011 . Para tal, realizamos um estado da arte sobre essa produção. Entendemos por estado da arte um tipo de estudo que possibilita a sistematização de determinado campo de conhecimento a partir de um recorte temporal fixo, proporcionando a identificação de temáticas e abordagens dominantes e emergentes, assim como de lacunas na produção (SPOSITO, 2009). Uma das importâncias de um estado da arte é apontar as mudanças no campo do conhecimento e alterações no âmbito da prática social.

Sposito coordenou dois estudos a respeito do estado da arte sobre juventude, em 2002 e 2009, nos quais a Psicologia só foi contemplada no primeiro, em sua subárea Psicologia da Educação. Assim, a lacuna na Psicologia permaneceu, não havendo uma produção que a abrangesse em sua totalidade, apesar de estudos sobre diferentes eixos temáticos.

Neste estudo, intencionávamos analisar as temáticas recorrentes, examinar os referenciais teóricos, levantar as metodologias e fazer um cotejamento entre as categorias juventude e adolescência. Em função dos limites deste artigo, nos restringiremos a focar na análise das temáticas recorrentes nas teses/dissertações encontradas.

A escolha por trabalhar com as teses/dissertações deveu-se por grande parte da produção de conhecimento no Brasil se desenvolver nos Programas de Pós-Graduação stricto sensu, que têm o objetivo de formar novos pesquisadores e de inseri-los nas universidades, disseminando o conhecimento. Os alunos da pós-graduação também se inserem nos diversos campos de atuação da Psicologia em que conhecimentos adquiridos em sua formação são aí difundidos, podendo trazer, inclusive, alterações nas práticas laborais. Por isso, a intenção em trabalhar com a produção discente de Pós-graduação.

Metodologia

Para levantarmos as teses/dissertações produzidas nos Programas de Pós-Graduação stricto sensu de Psicologia, entre 2006-2011, que trabalharam com temáticas sobre adolescência/juventude, o primeiro passo foi buscar os Programas de Pós-Graduação em Psicologia na página da Associação Nacional de Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP), que é a maior associação de representação dos professores/pesquisadores da área e ofereceu facilidade na obtenção da informação. Em 2012 havia setenta Programas associados.
Devido ao grande número de Programas, decidimos investigar apenas aqueles que constavam com cursos de mestrado e doutorado. A escolha por estes Programas deveu-se ao fato de, ao contar com o curso de doutorado, o Programa já ter atingido uma maturidade, inclusive no âmbito de suas produções. Também as teses possibilitam aos discentes e docentes, em sua função de orientadores, maior aprofundamento nas temáticas trabalhadas. Assim, totalizamos 41 Programas de universidades públicas e privadas, distribuídos em todas as regiões brasileiras, com exceção da Norte, e concentrados na Sudeste.
Após a seleção dos Programas, começamos a busca pelas teses e dissertações que tratam e/ou trabalham com adolescência/juventude, defendidas entre 2006-2011. A temática esteve presente em praticamente todos os Programas selecionados. O primeiro passo foi tentar localizar o material buscando por palavras-chave nos sites dos Programas, do Banco de Teses do Portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Portal Domínio Público, o que se mostrou infrutífero, pois localizava teses/dissertações de Programas não selecionados para esta pesquisa ou deixava de fora teses/dissertações que se relacionam com a temática, mas não continham as palavras-chave buscadas. Também não era possível pesquisar por programa de pós-graduação, área do conhecimento ou orientador. Desta forma, optamos por fazer uma busca Programa a Programa, lendo todos os títulos das teses/dissertações para localizar aquelas que tratavam do tema investigado.
A partir desta lista inicial, fizemos uma busca em cada uma das teses/dissertações levantadas, com o objetivo de preencher, a partir de seu resumo, um roteiro de leitura elaborado para a pesquisa. Este roteiro pretendeu sistematizar a abordagem das categorias adolescência e/ou juventude, considerando-se a base teórica, o recorte de análise, o universo da pesquisa, a metodologia, e se os adolescentes/jovens foram sujeitos diretos da pesquisa ou não. Assim, chegamos à tabela 1, que apresenta o número total de dissertações/teses por Programas investigados e o número daquelas sobre adolescência/juventude.

Tabela 1 – Número de dissertações/teses sobre adolescência/juventude por Programas investigados

IES UF Programa Total Adol/Juv %
PUC/MG MG Psicologia 147 Número 5,4
PUC/RS RS Psicologia 220 Número 11,8
PUC/SP SP Psicologia (Psicologia Clínica) 398 Número 6,7
PUC/SP SP Psicologia (Psicologia Social) 219 Número 3,2
PUC/SP SP Psicologia Experimental: Análise do Comportamento 117 Número 0
PUCCAMP SP Psicologia 184 Número 9,2
PUC-GOIÁS GO Psicologia 149 Número 10,7
PUC-RIO RJ Psicologia (Psicologia Clínica) 113 Número 6,2
UERJ RJ Psicanálise 86 Número 3,4
UERJ RJ Psicologia Social 63 Número 38
UFBA BA Psicologia 92 Número 16,3
UFES ES Psicologia 140 Número 25
UFF RJ Psicologia 126 Número 13,5
UFMG MG Psicologia 55 Número 9,1
UFPA PA Psicologia (Teoria e Pesquisa do Comportamento) 7 Número 57
UFPB/JP PB Psicologia (Psicologia Social) 193 Número 6,2
UFPE PE Psicologia Cognitiva 75 Número 10,6
UFRGS RS Psicologia 157 Número 24,8
UFRGS RS Psicologia Social e Institucional 120 Número 5
UFRJ RJ Psicologia 408 Número 4,6
UFRJ RJ Psicossociologia de Comunidade e Ecologia Social 117 Número 11
UFRJ RJ Teoria Psicanalítica 127 Número 3,9
UFRN RN Psicobiologia 127 Número 6,2
UFRN RN Psicologia 99 Número 11
UFSC SC Psicologia 202 Número 14,8
UFSCAR SP Psicologia 22 Número 13,6
UNB DF Ciências do Comportamento 23 Número 4,3
UNB DF Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde 39 Número 43,6
UNB DF Psicologia Clínica e Cultura 39 Número 2,5
UNB DF Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações 64 Número 1,5
UNESP/ASSIS SP Psicologia 121 Número 20,1
UNICAP PE Psicologia Clínica 28 Número 46
UNIFOR CE Psicologia 102 Número 9,8
USF SP Psicologia 112 Número 6,2
USP SP Neurociências e Comportamento 119 Número 0
USP SP Psicologia (Psicologia Experimental) 121 Número 0,8
USP SP Psicologia Clínica 132 Número 8,3
USP SP Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano 164 Número 9,7
USP SP Psicologia Social 126 Número 7,9
USPRP SP Psicobiologia 50 Número 2
USPRP SP Psicologia 147 Número 23,8

Entretanto, ao termos acesso aos resumos, retiramos do estudo as teses/dissertações que não tinham adolescentes/jovens como sujeitos ou foco do estudo, mas que utilizam como sujeitos da investigação universitários ou estudantes do ensino médio, o que, em princípio, colocá-los-ia no escopo desta pesquisa devido à faixa etária, mas não tinham seu estudo como objetivo. Ao final, totalizamos 483 trabalhos.

 

Discussão dos dados

O ponto de partida para a análise dos dados foi o preenchimento do roteiro de leitura, que abarcava dados gerais (Título, Autor, Nível, Tema, Instituição, Área de concentração, Orientador, Ano da defesa e Palavras-Chave), objetivos e metodologia. Após esta etapa, realizamos leitura exaustiva dos resumos e análise das palavras-chave para agruparmos as teses/dissertações por temas. Todavia, nem todos os resumos permitiam a identificação dos itens do roteiro, o que nos levou, então, ao texto integral das teses/dissertações, para localizá-los. O somatório da leitura dos resumos, de algumas teses/dissertações, palavras-chave e a utilização da frequência simples nos nortearam para a criação das categorias, realizadas através de palavras-chave e objetos mais recorrentes.
Alguns dos trabalhos poderiam ser encaixados em mais de um tema e, por isso, tivemos que fazer uma opção, considerando aqueles que acreditamos estabelecer maior relação com o trabalho ou em que havia maior preponderância. Certos temas pensados inicialmente tiveram um número pequeno de trabalhos e, assim, decidimos reagrupá-los em outros. Esta decisão deveu-se à intenção de não termos um largo espectro de categorias. Elaboramos uma lista de categorias temáticas e, ao fazermos leitura de cada um deles, construímos subtemas, que também se compuseram a partir de frequência simples. Essa subdivisão intencionava conhecer as especificidades possíveis nos temas e traçar um panorama.
A tabela abaixo ilustra, por tema, o número de teses/dissertações que estão contemplados na discussão abaixo:

Tabela 2 - Número de teses/dissertações por temas

Tema Número Porcentagem
Violência 77 15,94
Família 54 11,18
Subjetividade 45 9,32
Políticas públicas e sociais 40 8,28
Desenvolvimento 30 6,21
Clínica 29 6,00
Psicopatologia 24 4,97
Saúde 24 4,97
Educação 22 4,55
Política 20 4,14
Drogas 18 3,73
Novas tecnologias 17 3,52
Projetos de vida e profissional 17 3,52
Avaliação psicológica 16 3,31
Sexualidade 16 3,31
Trabalho 14 2,90
Corpo 08 1,66
Esporte, cultura e lazer 08 1,66
Consumo 04 0,83

1. Violência

Pesquisas que discutem a violência em várias vertentes. O subtema preponderante foi Ato Infracional. Aqui se concentram teses/dissertações que pesquisaram adolescentes/jovens autores de ato infracional, nomeados em vários trabalhos como em conflito com a lei ou delinquentes. Buscou-se compreender a representação e o significado dos atos infracionais, os discursos produzidos pelos autores dos atos, a relação destes com a história de vida dos adolescentes/jovens, sua família e escola. Outro subtema recorrente, intimamente ligado a este, foi Medidas Socioeducativas, com teses/dissertações que se preocuparam mais especificamente com as medidas socioeducativas, seu cumprimento e a relação dos adolescentes/jovens com estas. A medida mais estudada foi privação de liberdade. Violência Doméstica, bastante presente, reuniu pesquisas sobre a violência cometida no âmbito doméstico e familiar, em sua maioria, com os adolescentes/jovens como vítimas. Também significativo foi o número de trabalhos em Violência Sexual, agrupando teses/dissertações sobre violência sexual cometida contra adolescentes/jovens, especialmente a intrafamiliar. Dois trabalhos investigaram os autores desta violência, uma delas tendo o adolescente como autor. Escola incorporou teses/dissertações sobre violência cometida no ambiente escolar, especialmente bullying. Violência Urbana concentra trabalhos que investigaram a violência no cotidiano, seja causada pelo trânsito ou pela transgressão dos adolescentes/jovens, a forma como a família lida com ela, a vulnerabilidade de adolescentes/jovens frente a ela. Exploração Sexual agrupa pesquisas sobre práticas e discursos de prostituição entre adolescentes/jovens. Em Fatores de Risco e Proteção estão teses/dissertações que pesquisaram estes fatores envolvidos na violência vivida por adolescentes/jovens e/ou suas famílias. As pesquisas que investigaram a constituição subjetiva a partir da violência e as formas como adolescentes/jovens lidam psiquicamente com situações violentas estão em Subjetividade. Representação da Violência contém teses/dissertações que discutiram como adolescentes/jovens percebem a violência. As pesquisas que focaram nos profissionais que trabalham com situações de violência foram agrupadas em Profissionais.

2. Família

São trabalhos estudando relações familiares, maternidade, paternidade, práticas educativas parentais e relações intergeracionais. Relações Familiares foi a subcategoria mais presente, com trabalhos que discutem relações familiares como um todo; entre membros; a partir de uma situação específica na família, como uma patologia, um ato infracional, uso e abuso de drogas; estilos parentais na educação e relação com os filhos. Em segundo lugar, presentes igualmente, estão os subtemas: Paternidade, que congrega teses/dissertações investigando como adolescentes/jovens vivenciam a paternidade; e Práticas Educativas, que examinaram como pais e/ou mães lidam com comportamentos de risco de seus filhos e com a imposição de limites. Em terceiro lugar, estão Políticas Públicas e Sociais (trabalhos que pesquisaram a relação da família com abrigamento e institucionalização, a rede de garantia de direitos e projetos sociais) e Maternidade (pesquisas sobre a maternidade vivida por adolescentes/jovens). Fraternidade agrupou teses/dissertações que discutiram as relações fraternais. Os trabalhos que investigaram relações intergeracionais, especialmente entre adolescentes/jovens e seus avós, foram agrupados em Geração. Temos ainda Adoção (experiência de adolescentes/jovens adotados); Recasamento (modo como adolescentes/jovens experienciam o recasamento de seus pais); Divórcio (sobre a experiência do divórcio dos pais para adolescentes/jovens), Gravidez (vivência desta por adolescentes/jovens); e, Sexualidade (forma como pais lidam com a sexualidade de seus filhos).

3. Subjetividade

Trabalhos abrangendo discussões sobre características psicológicas, identidade, relações interpessoais, sentimentos, produção de subjetividade, valores e processos psíquicos. O subtema com maior número foi Identidade, com pesquisas sobre os processos de construção, mudanças e percepções da identidade, considerando também identidade de gênero e raça/etnia. Houve um número expressivo de pesquisas em Moralidade, com teses/dissertações que trabalharam questões como honra, responsabilidade, juízo e julgamento moral. Outros subtemas foram: Tempo, onde se pesquisa a forma como adolescentes/jovens lidam com o tempo; Construção de Sentidos, que investiga como adolescentes/jovens constroem os sentidos da vida; Vulnerabilidade, trabalhos sobre adolescentes/jovens em situação de vulnerabilidade, suas condições de vida e estratégias para lidar com a situação; Contemporaneidade, teses/dissertações sobre como aspectos considerados próprios da contemporaneidade atingem os adolescentes/jovens; Ambiente, pesquisas que discutem a relação dos adolescentes/jovens com sua cidade; Conflitos, estudos que analisam resolução de conflitos por adolescentes/jovens; Habilidades sociais, com trabalhos sobre como os adolescentes/jovens lidam com elas.

4. Políticas públicas e sociais

Sob o título se encontram dissertações/teses que investigam Conselhos Tutelares, políticas de abrigamento, adolescentes/jovens em situação de rua, redes de atendimento para este público, medidas socioeducativas, políticas governamentais e organizações não governamentais. Nesta categoria, houve um grande número de teses/dissertações que tratam de questões trazidas pelo ECA. O subtema com maior número de trabalhos foi Abrigamento, que agrupou aqueles que discutem esta medida a partir da reinserção, desligamento, relação com a família, profissionais e adolescentes/jovens envolvidos. Em segundo, temos Medidas Socioeducativas, que engloba as teses/dissertações que discutem estas medidas e adolescentes/jovens, profissionais e trabalho da Psicologia incluídos. Outros subtemas relacionados com o ECA são Conselho Tutelar, com trabalhos que analisam a prática dos Conselhos; Conflito com a lei, pesquisando adolescentes/jovens em conflito com lei e práticas concernentes a eles; ECA, que estudou o Estatuto. Situação de Rua teve o terceiro maior número de teses/dissertações, que investigaram adolescentes/jovens nesta situação, assim como profissionais envolvidos no seu atendimento. Em Projetos estão as teses/dissertações que pesquisaram projetos ou programas de atendimento a adolescentes/jovens. Outros subtemas foram: Cotas raciais, com o debate sobre a representação dos adolescentes/jovens da política de cotas raciais; Redes Sociais, que pesquisaram redes de atendimento a adolescentes/jovens; Práticas de institucionalização, que buscaram refletir sobre estas práticas junto a adolescentes/jovens; e Protagonismo, que investigam o protagonismo entre os adolescentes/jovens.

5. Desenvolvimento

Aqui se reúnem pesquisas que focam na discussão sobre processos psicossociais relacionados à adolescência/juventude, funcionamento cognitivo, moralidade, transformações psíquicas e sociais consideradas como próprias desta etapa. Dois subtemas foram os mais recorrentes: Concepção de Adolescência e Desenvolvimento Moral. O primeiro agrupou teses/dissertações que tratam do entendimento sobre o processo da adolescência, especialmente em seus aspectos psíquicos, por parte de profissionais, familiares e do próprio adolescente/jovem. O segundo subtema se refere à constituição da moral. Um terceiro subtema significativo foi Identidade, em que se discutem as transformações da identidade e sua constituição nessa fase. Subjetividade reuniu trabalhos investigando características psíquicas dos adolescentes/jovens, tais como traços de personalidade, cognição e ludicidade, envolvidas no desenvolvimento. Há ainda Família, que congregou pesquisas discutindo as relações familiares no processo de adolescer.

6. Clínica

Teses/dissertações que estudam a clínica psicológica, em várias áreas e perspectivas teóricas, junto ao público adolescente/jovem, buscando entender aspectos específicos a este público ou discutindo a especificidade da clínica junto a este público. O subtema mais recorrente foi Prática Profissional, que agrega os trabalhos que debatem formas de aplicação da Psicologia na clínica, investigando especificidades da prática, propondo modelos de atuação clínica ou pesquisando conceitos para a prática. Outro subtema bastante presente foi Orientação Profissional, que investigou esta prática de trabalho na Psicologia. Um subtema afim a este é Escolha Profissional, que teve a particularidade de agrupar pesquisas que focaram nos adolescentes/jovens lidando com a escolha profissional. Práticas Clínicas englobou teses/dissertações que trataram da clínica na perspectiva de profissionais que atendem adolescentes/jovens.

7. Psicopatologia

Trabalhos que objetivam a discussão sobre saúde mental e patologias psíquicas que acometem adolescentes/jovens. O subtema com maior número de trabalhos foi Doença Mental, que agrupou pesquisas que investigaram patologias psíquicas em várias dimensões. O segundo subtema preponderante foi Transtorno Alimentar, com teses/dissertações sobre a vivência deste transtorno entre adolescentes/jovens. O terceiro subtema foi Ato, com investigações sobre atos realizados por adolescentes/jovens, como suicídio e escarificação do corpo. Depressão englobou trabalhos que discutiram especificamente esta patologia e Família incluiu pesquisas sobre a relação da família em articulação com o sofrimento psíquico.

8. Saúde

Pesquisas com temas que abarcam adolescentes/jovens acometidos por doenças, os serviços de saúde e atendimento para este público. O subtema mais recorrente foi HIV-AIDS, concentrando trabalhos que debateram conhecimento, atitudes, representações e vivência da patologia. Essas discussões perpassaram todas as categorias que focaram em alguma doença, como no segundo subtema predominante, Câncer, seguido de Obesidade, com pesquisas sobre hábitos alimentares e os discursos sobre obesidade. Outros subtemas foram: Saúde Mental (como é percebida ou vivida a saúde/doença mental entre adolescentes/jovens), Diabetes (adolescentes/jovens diabéticos), Sono (pesquisas sobre distúrbios e hábitos de sono entre adolescentes/jovens), Menarca (buscou compreender a relação entre menarca e estresse) e Hospitalização (investigou a relação dos profissionais com adolescentes/jovens hospitalizados).

9. Educação

Teses/dissertações com foco na relação de adolescentes/jovens com ensino, escola e/ou universidade; a questão da aprendizagem e do desempenho escolar; relacionados com a Psicologia Escolar, área da Psicologia que se articula com a educação. Entre os subtemas desta categoria, três apareceram em maior número: Relação Professor-Aluno, Subjetividade e Vida Escolar. O primeiro congregou teses/dissertações que visavam a essa relação no contexto escolar e universitário. O segundo concentrou pesquisas focadas nos aspectos psíquicos relacionados à aprendizagem, vida escolar ou universitária. O terceiro contemplou trabalhos que discutiam as relações com a escola, a vida na escola, a permanência e as experiências neste contexto. Também foi expressivo o subtema Vida Universitária, agrupando trabalhos similares ao subtema anterior, mas no contexto universitário. Outros subtemas foram: Habilidades, com teses/dissertações que estudaram aspectos como leitura, escrita, aprendizagem; Família, discutindo a relação e a influência da família na vida escolar ou universitária, ou na aprendizagem; e, Psicopatologia, que concentrou trabalhos das patologias no contexto educacional.

10. Política

Trabalhos que debatem adolescentes/jovens e participação social e política, movimentos sociais, direitos humanos e cidadania. O subtema mais presente foi Participação, com teses/dissertações que investigam participação de adolescentes/jovens em trabalhos sociais, movimentos sociais e estudantis. Cidadania, segundo subtema mais recorrente, reuniu pesquisas sobre conhecimento dos direitos e exercício da cidadania. Liberdade refere-se aos trabalhos sobre a experiência de liberdade ou sua representação por adolescentes/jovens. A discussão sobre direitos humanos ou direitos de adolescentes/jovens está contida em Direitos. Meio Ambiente apresenta teses/dissertações que abarcam práticas e discursos sobre meio ambiente pelos adolescentes/jovens. Outros subtemas foram Maioridade Penal, que englobou trabalhos debatendo legislações referentes à temática; e, Espaço Público, que pesquisou a relação dos adolescentes/jovens com este espaço.

11. Drogas

Teses/dissertações sobre uso e abuso de drogas lícitas e/ou ilícitas entre adolescentes/jovens. O subtema predominante foi Comportamento, que abarca teses/dissertações que discutem mudanças comportamentais no uso de drogas, interação social e sociabilidade através das drogas. O segundo maior subtema foi Fatores de Risco e Proteção, que tratava da identificação e avaliação destes fatores para a entrada ou não no universo das drogas. Em Consumo estão as teses/dissertações que pesquisam prevalência e formas de uso das drogas. Os outros subtemas são: Psicopatologia, com trabalhos sobre patologias psíquicas envolvidas com uso e abuso de drogas; Serviços de Atendimento, focando nos serviços para usuários de drogas; e, Família, com pesquisas sobre relações familiares e uso de drogas.

12. Novas tecnologias

Pesquisas sobre uso das novas tecnologias pelos adolescentes/jovens. Os dois subtemas mais recorrentes são Telefone Celular, com trabalhos que discutem o uso desta tecnologia; e, Blogs, que abarca teses/dissertações que investigaram uso de blogs produzidos por adolescentes/jovens. Internet agrupou as pesquisas sobre uso, escrita, relações e amizade através da internet. Ainda temos Redes Sociais, com trabalhos que analisam a relação dos adolescentes/jovens com as redes. Podemos imaginar que, com a maior presença dessas entre adolescentes/jovens, este será um subtema com grande concentração de trabalhos. Por último, há Jogos Digitais, pesquisas que buscam compreender a interação de adolescentes/jovens com os jogos.

13. Projetos de vida e profissional

Trabalhos que debatem processos de organização e realização de projetos de vida, projetos profissionais e escolhas profissionais. O subtema mais recorrente foi Subjetividade, com teses/dissertações que investigam aspectos psíquicos envolvidos na escolha profissional. Trabalho e Práticas Profissionais apareceram em segundo lugar. O primeiro encampou os trabalhos que discutiram o mundo do trabalho e o sentido do trabalho para a consecução de projetos. No segundo estão as teses/dissertações que investigaram modelos de orientação profissional e profissionais que atuam no processo de escolha. Outros subtemas foram Projeto de Vida, com pesquisas que examinaram projetos de vida de adolescentes/jovens; e, Relações Familiares, com trabalhos sobre a relação familiar para a elaboração dos projetos.

14. Avaliação psicológica

Teses/dissertações sobre testes psicológicos que possibilitam compreender aspectos específicos de adolescentes/jovens. O principal subtema, Validação de Teste, agrupou trabalhos que se propunham a validar testes, aplicando-os em determinada população para construção de escalas. Desenvolvimento de Teste reuniu pesquisas que intencionaram desenvolver um novo instrumento de avaliação; e Normatização de Teste, as que normatizaram instrumentos, ou seja, avaliaram a precisão na análise das respostas ao instrumento. Violência e Psicopatologia concentraram teses/dissertações que utilizaram instrumentos para avaliar essas situações específicas.

15. Sexualidade

Pesquisas sobre relações afetivo-sexuais e exercício da sexualidade de adolescentes/jovens. Dois subtemas foram preponderantes: Relações Afetivo-Sexuais, que agrupou teses/dissertações que discutiram práticas de relacionamento e escolha de parceiros; e, Religião, com trabalhos que investigaram a relação entre sexualidade e religião, e práticas da sexualidade entre adolescentes/jovens religiosos. Outros subtemas foram Gravidez, com pesquisas que analisaram repercussões e vivências da gravidez entre adolescentes/jovens; DST, que analisou a vulnerabilidade às doenças sexualmente transmissíveis; Contracepção, com trabalhos sobre práticas contraceptivas; Exploração sexual, que investigou programas sexuais realizados por adolescentes/jovens; e, Sexualidade, com trabalhos abordando a sexualidade de forma ampla na vida de adolescentes/jovens.

16. Trabalho

Dissertações/teses que discutem experiência de trabalho, inserção profissional, trabalho infanto-juvenil e aprendizagem profissional. O subtema mais presente foi Jovem Aprendiz, agrupando teses/dissertações sobre a relação com o trabalho pelo jovem aprendiz, suas expectativas e inserção futura no mercado de trabalho. Mercado de Trabalho reuniu pesquisas que investigaram adolescentes/jovens inseridos neste mercado ou possibilidades e aspirações para a entrada, considerando o mercado de trabalho formal e informal. Escola contém teses/dissertações que pesquisaram a relação entre trabalho e escola, as possibilidades e dificuldades para adolescentes/jovens. Relação com o Trabalho agregou trabalhos cujo foco foi a relação que adolescentes/jovens estabelecem com o trabalho.

17. Corpo

Pesquisas que focam na discussão da imagem corporal e intervenções no corpo. Praticamente todas as teses/dissertações desta categoria se concentraram no subtema Imagem Corporal, com trabalhos que abarcaram a discussão do corpo ideal, e da relação entre imagem corporal e atividades físicas ou estado nutricional. Podemos considerar que esta concentração se deve ao fato de que, com a puberdade, há alterações corporais significativas e a preocupação com a imagem corporal ganha importância para o adolescente/jovem. Outros subtemas foram Tatuagem, com pesquisas buscando compreender os motivos dos adolescentes/jovens se tatuarem; e, Mídia, que investigou os ideais de corpo presentes na mídia.

18. Esporte, cultura e lazer

Pesquisas sobre movimentos culturais, música, dança, arte, hábitos de lazer e práticas esportivas de e/ou com adolescentes/jovens. Por um número pouco significativo de teses/dissertações em que cada um dos temas aparece separadamente, decidimos agrupá-los em uma única categoria, por haver articulação entre eles. O subtema mais recorrente foi Práticas de Lazer, em que se pesquisaram formas e hábitos de lazer entre os adolescentes/jovens. Outro subtema foi Cultura Hip Hop, com trabalhos sobre a inserção adolescente/juvenil nesta cultura. Outros subtemas foram Atividades artísticas, reunindo teses/dissertações sobre a relação de adolescentes/jovens com a música e a arte; e, Natação, com pesquisa sobre nadadores.

19. Consumo

Os trabalhos discutem a sociedade de consumo e comportamento do consumidor. Os subtemas presentes são Publicidade, em que se procura investigar a influência da publicidade no comportamento de consumo dos adolescentes/jovens; Sociedade de Consumo, que discutiu a construção da subjetividade nesta sociedade; e, Consumo de Luxo, que investigou os significados deste tipo de produto.

Considerações finais

Esta pesquisa nos possibilitou traçar um perfil da produção sobre adolescência/juventude na pós-graduação “stricto sensu” da Psicologia. Entre 2006-2011 foram produzidas cerca de 5.300 teses/dissertações, das quais aproximadamente 10% trabalharam com a temática da adolescência/juventude, o que não é um número desprezível.

Como apontamos na metodologia, muitas teses/dissertações foram eliminadas da pesquisa pelo fato de que boa parte dos trabalhos não contemplavam os termos adolescência/adolescente nem juventude/jovem nos títulos e/ou nas palavras-chave. Muitos deles, mesmo fazendo essa referência, não focavam nos universitários ou estudantes do ensino médio enquanto sujeitos da investigação. Significa dizer que o foco do trabalho não era o adolescente/jovem propriamente dito, mas o tema investigado, e a pesquisa pouco contribuía para ampliar o conhecimento a respeito dos sujeitos pesquisados. Isso sinaliza para a necessidade de pesquisarmos adolescentes/jovens em uma relação mais igualitária, ou seja, colocando-os na posição de sujeito da pesquisa e não objeto. Essa perspectiva pode favorecer um conhecimento mais apurado sobre adolescência/juventude.

Chamou-nos a atenção o expressivo número de categorias temáticas e, dentre estas, os subtemas presentes. Foi realizado grande esforço para reduzir ao mínimo esse número para que não houvesse dispersão e para que as teses/dissertações pudessem ser agrupadas com mais propriedade, permitindo um diálogo entre elas. Entretanto, constatamos a impossibilidade de tal condensação devido à amplitude temática, que produz uma desagregação no debate sobre adolescência/juventude. Observamos teses/dissertações com focos e objetivos similares, utilizando referenciais teóricos semelhantes e mesmas metodologias. Estas foram preponderantemente as de cunho qualitativo, com pouca expressão das quantitativas. Entre as primeiras, o método mais empregado foi entrevista semiestruturada, seguido de estudo de casos. Os métodos utilizados são os que aparecem com frequência nas pesquisas na área da Psicologia.

As semelhanças se presentificam até nos títulos, que são parecidos em muitos trabalhos. Isto nos faz pensar na repetição presente nas pesquisas, o que, além de um diálogo, impede, ou ao menos dificulta, um adensamento teórico relativo à temática na Psicologia. Essa dispersão concatena-se com outro ponto observado: trabalhos muito mais descritivos que explicativos. Por exemplo, a compreensão de quem é o sujeito adolescente/jovem numa perspectiva psíquica, à primeira vista, aparece pouco, não havendo uma teoria ou reflexividade mais consistente sobre o processo adolescente. Por isso, também há certa reprodução das teorias utilizadas, sem grandes avanços.

O resultado desta pesquisa abre frentes para outros trabalhos, como melhor compreensão e distinção entre as categorias adolescência e juventude no campo da Psicologia. A incorporação mais recente da segunda categoria e, aparentemente, ainda sem reflexão aprofundada pode ter sido um dificultador para essa separação. Para tanto, faz-se necessário um trabalho mais minucioso, com a leitura cuidadosa de teses/dissertações. Todavia, a pesquisa realizada permite-nos algumas proposições. A primeira é que há uma distinção entre as categorias adolescência e juventude. Para haver uma interseção, ou quem sabe, uma terceira categoria que abarcasse as duas, ainda se fazem necessários muitos debates e aprofundamentos. Por isso, acreditamos que o uso das categorias deve ser feito com mais rigor, sem que haja superposição entre elas ou seu uso indiscriminado, como vimos em várias teses/dissertações, com os termos adolescente e jovem usados como sinônimos ou até mesmo um deles no título e outro nas palavras-chave.

A definição etária de adolescência e juventude não é suficiente para fazermos a diferença entre elas. Inclusive, se nos pautarmos nos Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) e Estatuto da Juventude (2013), vemos uma dificuldade, já que o primeiro aponta que a adolescência se situa entre os 12 e 18 anos e o segundo marca a juventude como sendo entre 15 e 29 anos. Ou seja, o intervalo etário entre 15 e 18 anos está abarcado nos dois Estatutos, o que nos traz a pergunta: esse sujeito então é adolescente ou jovem? Em qual categoria o alocamos? Se pensarmos nas políticas públicas e sociais, ele participará de qual delas, a voltada para adolescência ou a para a juventude? Nos trabalhos mais específicos da Psicologia, como a clínica, por exemplo, como compreenderemos esse sujeito?

A relação entre adolescência e juventude é possível, pois não devemos pensá-las como são excludentes, mas complementares. Como articulá-las, promovendo um avanço nesta discussão, é um desafio para os estudos da Psicologia.

Outra frente é investigarmos mais aprofundadamente as temáticas escolhidas e como elas vêm sendo trabalhadas. Para tanto, é necessária uma pesquisa que vá além da análise dos resumos das teses/dissertações, contemplando a leitura cuidadosa de uma seleção representativa delas, dada a impossibilidade da análise de seu conjunto completo.

 

 

Referências Bibliográficas

SPOSITO, M. P. (Org.). O Estado da Arte sobre juventude na pós-graduação brasileira: Educação, Ciências Sociais e Serviço Social (1999-2006). Belo Horizonte: ARGVMENTVM, 2009.         [ Links ]

SPOSITO, M. P. (Org.). Juventude e Escolarização (1980-1998). Brasília-DF, MEC/Inep/Comped, 2002.         [ Links ]


 

Data de recebimento: 27/02/2016
Data de aceite: 06/12/2016


1 Esse intervalo se deve ao início da pesquisa (2012) e pela intenção de abarcar cinco anos, tempo que avaliamos como significativo para obtenção dos dados.


I Márcia Stengel: Doutora  em Ciencias Sociais pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), com pos-doutorado em Educaçao pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mestre em Psicología Social pela mesma instituiçao. Profesora do Programa de Pos graduaçao de Psicología da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. E-mail: marciastengel@gmail.com

II Juarez T. Dayrell: Doutor em Educaçao pela Universidade de São Paulo (USP), com pos-doutorado no Instituto de Ciencias Sociais da Universidade de Lisboa (ICS). Professor associado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e pesquisador do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Fundador membro do Observatorio da Juventude da UFMG. E-mail: juareztd@gmail.com

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