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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.48 no.3 São Paulo set. 2014

 

ARTIGOS

 

Se Deus é uma ilusão, sou fruto de Sua criação: o psicanalista, sua religiosidade e a religião1

 

If God is an illusion, I am the fruit of His creation: the psychoanalyst, his religiosity and religion

 

Si Dios es una ilusión, yo soy el fruto de Su creación: el psicoanalista, su religiosidad y la religión

 

 

David Léo Levisky

Analista didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), analista de crianças e adolescentes. Psiquiatra. PhD em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Autor dos livros Entre elos perdidos, Um monge no divã e Adolescência: reflexões psicanalíticas

Correspondência

 

 


RESUMO

O autor expõe ideias e vivências sobre religião e religiosidade. Faz considerações em torno de alguns pensamentos: “Se Deus é uma ilusão, sou fruto de Sua criação”; “Deus é uma invenção do homem para explicar a invenção de Deus, o universo”; “Sou Deus, o fruto da obra Dele”. Indaga sobre as origens, a natureza e as funções do sentimento de religiosidade. Distingue esse sentimento, que acompanha o homem desde os seus primordios, do conceito de religião. Aborda as relações do sentimento de religiosidade com o sagrado e suas transformações culturais ao longo da história. Considera a religião como uma instituição social organizada em torno de crenças, princípios, normas e dogmas. Finalmente, discute sobre fé e ilusão como partes da criatividade humana com base em conceitos extraídos da psicanálise.

Palavras-chave: psicanálise; ilusão; criatividade; cultura; religiosidade.


ABSTRACT

The author puts forward ideas and experiences of religion and religiosity. He raises questions around certain thoughts, such as: “If God is an illusion, I am the fruit of His creation”; “God is an invention of man to explain God's invention, the universe”; “I am God, the fruit of His work.” He inquires about the origins, nature and functions of religious feelings, distinguishing these feelings, which have accompanied man from his beginnings, from the concept of religion. Discussing the relations between religiosity and the sacred, and their cultural transformations throughout history, he considers religion as a social institution organized around beliefs, principles, rules and dogmas. Finally, he discusses faith and illusion as parts of human creativity based on concepts drawn from psychoanalysis.

Keywords: psychoanalysis; illusion; creativity; culture; religiosity.


RESUMEN

El autor expone ideas y vivencias al respecto de la religión y de la religiosidad. Realiza consideraciones sobre algunos pensamientos: “Si Dios es una ilusión, soy fruto de Su creación”; “Dios es una invención del hombre para explicar la invención de Dios, el universo”; “Soy Dios, fruto de Su obra”. Indaga los orígenes, la naturaleza y las funciones del sentimiento de religiosidad. Distingue este sentimiento, que acompaña al hombre desde los primeros tiempos, del concepto de religión. Aborda las relaciones del sentimiento de religiosidad con lo sagrado y sus transformaciones culturales a través de la historia. Considera la religión como una institución social organizada alrededor de creencias, principios, normas y dogmas. Por último, discute al respecto de la fe y la ilusión, como partes de la creatividad humana con base en conceptos extraídos del psicoanálisis.

Palabras clave: psicoanálisis; ilusión; creatividad; cultura; religiosidad.


 

 

O tema “psicanálise, religiosidade e religião” está entre meus questionamentos existenciais. Escrever sobre este tema é uma oportunidade para dar forma e clarear minhas ideias. O vértice psicanalítico faz parte de minha identidade na formulação das ideias.

De pronto, alguns pensamentos emergem: “Se Deus é uma ilusão, sou fruto de Sua criação”; “Deus é uma invenção do homem para explicar a invenção de Deus, o universo”; “Sou Deus, fruto da obra Dele” - ideia ambígua, de aparência arrogante e presunçosa, que pode ser compreendida como: “Sou Deus, pois algo do Criador está em mim, como fruto de Sua obra”. O que é este “algo do Criador” não sei explicar. Se sou fruto de Sua obra, algo Dele está em mim, uma resultante válida para qualquer elemento cósmico, matéria ou energia, positiva ou negativa, produto da transcendência do existir.

A religiosidade, aparente atributo da espécie humana, é uma característica que vai além das religiões formais. O sentimento de religiosidade é um estado mental que acompanha o homem desde os seus primordios, criando várias deidades até alcançar o monoteísmo. A religiosidade ou espiritualidade se expressa de maneiras distintas, de sujeito para sujeito e ao longo dos tempos. Ela pode estar presente mesmo entre aqueles que não acreditam em um Deus, mas sentem a presença de uma energia que transcende o sensorial e o cognitivo, como observado nas filosofias orientais.

O sentimento religioso, ou a espiritualidade, é um estado psíquico que se modifica com a cultura, condição modernamente entendida como “singularmente humana; somente o homem é capaz de desafiar sua realidade, reivindicando para ela um significado” (Bauman, 2012, p. 28). A cultura dá forma e significado às demandas humanas a ponto de nos fazer questionar: de onde vem o sentimento religioso? Como surge? Quais são suas funções? O denominador comum dessas indagações parece vir de motivações profundamente arquivadas nas memórias.

Em minha análise pessoal, fui indagado: “Você sabia ser possuidor de intensa religiosidade?” Surpreendi-me com a colocação. Não me considerava religioso no sentido de estar ligado à religião formal, ritualizada, submetido a um sistema de crenças e preceitos dentro da imagem que faço do judeu ortodoxo e tradicionalista. Não sou seguidor do shabat, da comida kasher, não frequento a sinagoga, não peço perdão a Deus nem faço promessas na expectativa de que Ele me ouça. Também não temo o castigo divino. Temo, muito mais, o meu Id, o superego punitivo, e receio os aspectos destrutivos do meu narcisismo. Identifico-me como judeu ligado à comunidade, com um sentimento de pertença histórica e social. Tenho uma preocupação ética com a coexistência das diferenças; com a preservação da liberdade, da verdade, da autenticidade, da igualdade de oportunidades; com a valorização da dedicação; com o respeito aos direitos humanos.

Da narrativa da saída dos judeus do Egito, a Hagadá de Pessach, incorporei o pensamento: “Uma vez escravos na terra do faraó, hoje somos homens livres”. Liberdade a ser conquistada a cada movimento em relação ao mundo externo e, principalmente, ao interno, diante de amarras, preconceitos e tabus herdados ou construídos ao longo da vida.

Ao estudar Maimônides (Córdoba, 1135-1204), autor do Guía de perplejos, constatei que o pensador preconiza o respeito às diferenças, individualidades e singularidades, bem como a coexistência pacífica, ao dizer: “Viva e deixe viver”. Ele apregoa em sua filosofia a busca do “caminho do meio”, aquele que resulta da experiência, do conhecimento que emerge da vivência, do equilíbrio entre as partes. Sugere que, para se conhecer o bem, é preciso conhecer o mal, o profano, para se conectar ao sagrado, na busca do ponto de equilíbrio individual e social. São valores que consideram a ambivalência da natureza humana, como tem demonstrado a psicanálise ao revelar nossos potenciais destrutivos, construtivos, reparadores e criativos. Conjunto de características que fazem da vida um espaço-tempo cheio de surpresas, imprevistos, incógnitas e muita criatividade. Algo admirável, terrível e encantador.

Ao tomar certa distância e observar tais fenômenos em mim ou em outros, surpreendo-me, admirado pelas configurações estruturais e funcionais, macro e micro, das expressões estéticas da natureza. Não me sinto submisso a um Deus punitivo ou protetor. Mas admiro a obra da criação, sem saber definir racionalmente o que é isso nem se existe um Criador. Sinto a existência de algo distinto de mim, mas que também está em mim. Uma energia, uma natureza, algo inominável e inqualificável, transcendente ao existir humano. Questão complexa e sem resposta; um estado mental que talvez corresponda ao que Bion (19731974) chamou de “impulso religioso primordial”; força humana intrínseca, que impulsiona o homem a desvendar o misterioso, a mobilizar a criatividade e a buscar o conhecimento.

Este elemento mental propulsor sugerido por Bion pode estar presente mesmo naquelas mentes racionalistas que se deparam com sentimentos que transcendem seus modelos específicos, como físicos e matemáticos diante de um estado mental aterrador ou de encantamento. Capra (1983) sugere que a física moderna não está isenta de valores e depende da estrutura mental dos seus estudiosos, os quais, por sua vez, estão condicionados pelas estruturas de suas mentes. Esta área da ciência ultrapassou o conhecimento tecnológico e gerou uma revisão da concepção humana acerca do universo e do relacionamento entre este e o indivíduo. Capra mostra que há um paralelo entre a física moderna e as filosofias religiosas do Extremo Oriente, mormente em relação à teoria quântica e à teoria da relatividade:

a imagem oriental do divino não é a imagem de um governante que, das alturas, dirige o mundo, mas a de um princípio que tudo controla a partir de dentro [...]. As descobertas científicas podem estar em perfeita harmonia com os objetivos espirituais e as crenças religiosas. Os dois temas básicos dessa concepção correspondem à unidade e inter-relação de todos os fenômenos e à natureza intrinsecamente dinâmica do universo (Capra, 1983, p. 27).

Mitos, metáforas, utopias, símbolos, imagens poéticas, alegorias, em diferentes seitas e culturas, tentam comunicar e entender a natureza paradoxal da realidade. Cito como exemplo o pensamento de Heráclito, na Grécia Antiga. O filósofo concluiu não ser possível se banhar duas vezes no mesmo rio, sugerindo que o mundo está em perpétua mudança. Movimento e mudança são propriedades essenciais das coisas; condições intrínsecas da matéria que geram uma indagação fundamental: de onde vêm essas estruturas? Como se formaram? - deixando no ar a ideia de um fenômeno criador ou, quem sabe, algo que É, simplesmente, como diria Kant.

Ainda, utilizando-me do pensamento de Bion de “impulso religioso propulsor”, entendo que Higgs e Englert, recém-ganhadores do Nobel de Física, buscaram identificar a existência do bóson de Higgs, a partícula-chave que explica por que a matéria elementar tem massa. Esses pesquisadores sugerem, cientificamente, que o bóson de Higgs é uma partícula crucial no estudo da física quântica. Eles partem da ideia de que

todas as partículas existentes não possuíam massa e eram todas iguais logo após o Big Bang. Conforme o cosmos esfriou, um campo de força invisível, o campo de Higgs, se formou com seus respectivos bósons (um tipo de partícula subatômica). Esse campo permanece no cosmos e qualquer partícula que interaja com ele recebe uma massa através dos bósons. Quanto mais interagem, mais pesadas se tornam (Daraya, 2013, online).

São exemplos, na tentativa de demonstrar que há algo de místico, de religiosidade em cada um de nós na busca do mistério; algo que faz o dia a dia do psicanalista, que procura encontrar no inconsciente elementos indicadores de um universo desconhecido, motivado por esse impulso religioso primordial; descobertas e dúvidas, elementos maravilhosos da mente, que contém em si a transcendência.

Em uma retrospectiva pessoal do meu processo histórico-cultural, constato que preservo essa busca a partir de elementos da cultura judaica que me foram transmitidos desde as primeiras relações afetivas com meus pais, portadores de uma ética e de um contexto cujas características incorporei. São códigos de convivência e de comunicação que foram elaborados e transformados ao longo da vida para eu ser o que sou hoje. Como filho de imigrantes que fugiram da Europa central devido a pogroms, guerras, genocídios, carrego em meus arquivos inconscientes e conscientes, em parte devido à longa experiência do processo psicanalítico, fantasmas de ameaça à vida e à condição de ser judeu - condição que não era para ser escondida nem para ser declarada, embora a discrição fosse vital.

O sentimento de pertença a esse grupo sociocultural proveniente do Leste Europeu busca interagir com outros polos de pressão formados por signos e símbolos, significados e significantes de quem nasceu em São Paulo e aqui sempre viveu. Estudei em escolas laicas. Num contexto de miscigenação cultural, adquiri visões - médica, psicológica, psicanalítica, histórica, social, econômica - que me integraram. Reconheço-me numa tradição para a qual o amor ao livro, à escrita, ao conhecimento, à cultura, aos mandamentos faz parte do processo ético, histórico e de identidade de cada um, de tal forma que o Deus de Moisés sempre esteve presente como representante da lei e da ordem social, e também, quem sabe, de uma espiritualidade permeada por forças terríveis e ameaçadoras, guardadas profundamente nas cavernas da alma e da memória encriptada.

Em certa ocasião, ouvi também de uma amiga psicanalista: “Parece que você tem um Deus dentro de si”. Não entendi o que ela quis dizer e tive medo de perguntar o que aquela expressão significava. Fiquei com a frase na cabeça, pensando se era por meus arroubos narcísicos e onipotentes ou pela percepção, por parte dela, de algum tipo de energia que eu mesmo não reconhecia - questão ainda presente.

Mas de que energia ou entidade estão falando? Que Deus/Diabo é esse? Monárquico? Democrático? Externo? Interior? O Deus de Moisés? Um Deus antropomórfico?

Talvez essa energia ou Deus seja o inominável; aquilo ou aquele cujo nome não pode ser pronunciado, não por ser errado ou pecado, mas pela sua transcendência, pelo negativo que encerra em si - negativo no sentido daquilo que não é, que não pode ser nominado ou qualificado, mas que pode ser percebido por um processo que transcende o sensorial ao se desenvolver a percepção subjetiva e intuitiva; entidade que se retrata na beleza e no horror da natureza.

Aliás, há uma tendência humana, adquirida ao longo das civilizações, de discernir e de julgar o bem e o mal. Porém, os aspectos da natureza, inclusive humana, contêm construção e destruição, fenômenos que em si não são nem bons nem maus. São características que existem em si mesmas. Somos nós, com nossas capacidades de representar e de simbolizar, que necessitamos de ética e moral para conviver em sociedade. Para isso, atribuímos qualidades certas e erradas, boas e más. Os fenômenos da natureza, inclusive os humanos, em sua essência, transcendem ao nosso julgamento. Um tsunâmi é apenas um tsunâmi; nele, podemos ver beleza e horror; alcançamos a compreensão científica de sua dinâmica, das forças físicas geradoras desse fenômeno; entretanto, há nele algo que transcende a compreensão e o conhecimento pelo simples existir em si mesmo.

Essas ideias esclarecem, mas não eliminam a inquietação e a curiosidade que me levaram ao texto de Jung (1978, p. viu) em que ele relata o trecho de uma entrevista dada a uma televisão inglesa: “- O senhor acredita em Deus? - Eu não acredito, eu conheço”. A mesma pergunta foi feita ao entomologista Henri Fabre (1823-1915): “- O senhor acredita em Deus? - Não acredito em Deus: eu o vejo”. São respostas polêmicas, que geraram contestação daqueles que as compreenderam de forma concreta e sensorial, e não dentro de uma dimensão relativa a uma percepção mística, metafísica e transcendental do mundo.

Após um longo percurso, vivido entre desafios e realizações, frustrações e renúncias, carrego um sentimento inegável de saldo positivo pelas conquistas, experiências e desenvolvimentos alcançados. Em contrapartida, a percepção da finitude é maior. Há algo de inalcançável, de imprevisível que constitui o destino de cada um e que, a meu ver, se liga à religiosidade ou espiritualidade. Trata-se de uma sensibilidade ou respeito ao inalcançável, ao sagrado, considerando que sagrado é o que não pode ser alcançado.

Sinto admiração, fascínio e surpresa frente à natureza e seus movimentos: uma flor, o nascimento de uma criança, um vulcão ou um terremoto, a inteligência humana, a dos animais, a das plantas, a das células, o bóson de Higgs, enfim, o universo. Reconheço, em situações de extremo sofrimento e ignorância, uma tendência a querer encontrar uma força apaziguadora, por vezes projetada no exterior como um desejo ou esperança de localizar em algum lugar a luz que ilumine meu caminho. Não que eu acredite que esta energia virá de uma forma mágica ou milagrosa, mas das profundezas do próprio ser. A morte, encaro-a, do ponto de vista racional e científico, como parte do processo de transformações da natureza. Dela nada sei dizer.

Entretanto, há no envelhecer um fator vital diferenciado em relação às angústias do nascimento e da travessia da adolescência que é uma percepção maior do irreversível e da finitude, quando emergem sentimentos e fantasias ligados à concretude de “uma data de vencimento”, desconhecida, mas previsível. Percepção inquietante. Suspeito que o temor seja mais em relação ao “futuro de uma desilusão” diante da consciência da deterioração face ao envelhecimento.

A percepção da transitoriedade da vida, da impermanência, obra da natureza à qual pertencemos e da qual somos apenas partículas em um cosmos, quer como energia quer como matéria (E = mc2). Somos elementos dentro de uma cadeia de reações que não sabemos de onde vem nem para onde vai, mas que, no caso pessoal, tem começo, meio e fim.

Essas ideias especulativas sobre um sentimento de religiosidade se apoiam na existência de uma consciência religiosa presente na essência do humano e que independe de o sujeito ser ou não adepto de uma religião constituída. Rehfeld (1988, citado por Calderoni, 2013, pp. 19 e 25) percebeu “a ocorrência de estruturas de consciência religiosa em autores da filosofia como Descartes, Pierce, Russell, Wittgenstein e Heidegger, pensadores tidos como ateístas e arreligiosos”. Freud se dizia ateu, mas era possuidor de crenças e fé em seus achados psicanalíticos. Entretanto, alguns de seus seguidores se agarraram com fervor fanático a certas ideias e procedimentos psicanalíticos, terminando por institucionalizá-las como feudos e seitas religiosas, a exemplo dos defensores da “psicanálise verdadeira”. Outros se congregaram em igrejas psicanalíticas, em torno de escolas ou correntes de pensamento, a ponto de excluírem seus dissidentes.

Suspeito que haja uma ação complementar entre a prática psicanalítica e a religiosidade, na medida em que ambas tentam se aproximar do desconhecido, do inalcançável, ao ampliar a percepção. Trata-se de uma relação equivalente àquela presente na interface ciência/subjetividade, que considera a estrutura, o processo histórico, a criatividade, a evolução e a transformação da mente e do conhecimento. A hermenêutica é o denominador comum que une a psicanálise às ciências ao interligar o subjetivo, o objetivo e o misterioso na busca de elos associativos - correlações que ampliam e transformam a apreensão dos sentidos na compreensão do homem e do universo.

A capacidade criativa da mente humana possibilita a ilusão, elemento mental que aproxima o ser humano do inalcançável, que sempre se afasta e gera novas incógnitas e ilusões, movimentos que estão na base do desenvolvimento psíquico, como sugere Bion na teoria das transformações.

Nesse processo de busca, as metáforas ajudam a aproximar-se do inalcançável. A expressão bíblica de um homem “feito à imagem e semelhança de Deus” (Gênesis 1, 26-27) caracteriza, seja qual for a imagem - homem, animal, objeto inanimado, fenômenos da natureza terrena ou cósmica -, as obras do Criador. Os homens divergem a esse respeito, mas a divergência é um fenômeno próprio da perfeição da natureza humana, estampada na ambivalência. A metáfora de Adão e Eva no paraíso poderia ser compreendida da seguinte forma: Adão, possuidor de uma autoridade, desobedeceu a Deus, pois não se bastava nem com sua nudez nem com a de Eva - nudez que em si não era nem feia nem bonita, nem certa nem errada; a possibilidade de satisfazerem seus desejos gerou, como consequência, sofrimentos ao conhecerem o amor. Adão, ao ter provado da nudez de Eva, percebeu que não era mais o mesmo. A nudez permanecia a mesma, mas algo havia mudado em seu interior. A experiência os havia enriquecido com novos sentimentos e conhecimentos (D. L. Levisky, 2011, pp. 97-98).

Maimônides, seguidor de Aristóteles e de Averróis, sugere que o Criador não pode ser nominado nem qualificado; ele está além. Se fosse nominado e qualificado, alcançaria a dimensão do inteligível, passível de compreensão e de conhecimento. No Guía de perplejos, o autor explica que as metáforas da Torah tinham a finalidade de transmitir seus saberes às comunidades; serviam para orientar os incultos e restringir os saberes aos cultos. O povo tinha dificuldades para compreender questões sofisticadas sobre a natureza e a satisfação dos desejos, sobre a presença da dor e da culpa, dos excessos e de outros conflitos. Representá-los por metáforas foi a solução dos sábios para aquele momento histórico, algo que se preserva:

O propósito primeiro [do Criador] em relação ao homem era que ele se assemelhasse aos demais animais, carentes de inteligência e de reflexão, incapazes de distinguir entre o bem e o mal. Mas, ao rebelar-se, a desobediência granjeou ao homem esta grande prerrogativa que é o discernimento, condição, a mais nobre, de nosso ser e constitutiva de nossa substância. É admirável que o castigo proveniente da desobediência tenha se convertido em outorgar-lhe uma perfeição, uma qualidade que anteriormente o homem não possuía, isto é, o intelecto. É exatamente como ocorreu com certos indivíduos que, após terem prevaricado e cometido grandes excessos, se transformaram e se colocaram como um astro no céu (Maimônides, 2008, pp. 68-69).

Surge aqui a ideia do negativo no sentido de que há algo que não se sabe o que é, mas cuja presença se faz sentir. É o negativo que dá sentido ao positivo. O sujeito em desenvolvimento pode se identificar com o negativo do objeto presente ou ilusionado. O bebê identificado com os aspectos destrutivos dos pais busca no processo ilusório uma figura representativa idealizada, acolhedora e terna. Trata-se de um terceiro elemento que se distingue da imagem representada, cuja sombra se faz presente. Imago virtual geradora de esperança, na qual o sujeito tenta se agarrar para socorrer-se das fantasias de caos, impotência e destruição. O sujeito pode pender e cair em êxtase, dominado pela ilusão, e acreditar no milagre que tanto almeja. É uma vivência ilusória, resultante do ato criativo que contém em si o sagrado; idealiza-se o objeto do desejo - que poderia ser revelado por meio do processo psicanalítico -, fazendo emergir potências inimagináveis que habitam cada sujeito; são vivências poderosíssimas, que se revelam nas análises pessoais e nas de nossos pacientes como deuses do amor e da guerra ou figuras mitológicas presentes nos imaginários de outras culturas; são percepções construtivas e destrutivas, de fragilidade e de fortaleza, de violência e de paz, que nos surpreendem antes de retornarmos ao pó de onde viemos.

Por mais naturalista e evolucionista que se possa ser - refiro-me aos darwinianos como eu -, é preciso confessar, não em caráter penitencial, mas como compartilhamento de experiências mentais, a presença de um estado de mente que me leva a entrar em contato com sentimentos de uma dimensão estranha. Basta olhar para cima ou para baixo, para dentro ou para fora, para o céu carregado de estrelas ou para as células vistas pelo microscópio, para se realizar o “milagre da vida, o milagre do cosmos”. Sistemas complexos e inteligentes que interagem em conformidade com as configurações dinâmicas e estéticas da natureza. Há uma única certeza consagrada pelo processo histórico - tudo possui movimento gerador de contínua transformação, como foi demonstrado por Lavoisier na lei de conservação das massas: “Na vida, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, condição que contém em si algo de sagrado, cujas origens não se pode alcançar.

Eliade (1992) nos ensina que o homem se relaciona com o mundo por meio do profano e do sagrado, sendo que o sagrado é tudo aquilo que pertence ao divino, ao irracional, e que é incompreendido; que é superior ao homem, mas que com ele se relaciona. É o “numinoso”, condição que está na ordem das coisas separadas, reservadas e invioláveis, propiciadas por um objeto ou evento que provoca sentimentos vinculados ao terrível, ao infinito, ao eterno, ao encantamento, ao mistério, à escuridão. Há os que alcançam o estado emocional do sagrado, da transcendência, por meio da devoção interior presente na oração, na literatura, nas artes inerentes à mentalidade de cada cultura e época - devoção que pode ser vivida no rito litúrgico ou na maneira como cada sujeito, em sua individualidade, descobre em si seu modo de alcançá-la (Levisky, 2001). Pode-se dizer que há uma equivalência deste estado mental e espiritual na fé que o psicanalista deposita em sua interpretação durante o processo analítico - fruto de experiências vividas na relação dialética consigo mesmo e com seu paciente.

Askofaré (2009, p. 15) diz que se fosse “preciso definir a religião quanto ao real de que ela trata, pelo simbólico e pelo imaginário, eu diria que é o real da origem, o real do pai, e em última instância o real do tempo e da morte” - elementos que atribuo à religiosidade, uma característica da mente humana diante do transcendente. Ela permeia todas as culturas ao longo da história das civilizações. Os deuses dos homens primitivos diferem dos da Grécia Antiga, do de Moisés, do deus do monge Guibert de Nogent [séc. XI (D. L. Levisky, 2007)] e daqueles da atualidade, ainda que suas funções sejam equivalentes. Resquícios dos deuses de um passado remoto e do Deus supremo encontram-se em muitas mentes e religiões da atualidade.

Pesquisas recentes realizadas por Friedman (1997) sobre as narrativas do Velho Testamento revelam uma tendência progressiva de desaparecimento da figura sensorial e material de Deus. Isto é, ao longo do tempo, houve no homem um movimento de interiorização de Deus: o Deus do Gênesis se fez presente a Moisés, falou e entregou-lhe diretamente as Tábuas da Lei; porém, em outros livros do Pentateuco, Ele foi se tornando cada vez menos presente e visível, passando progressivamente para o controle humano; com o livre-arbítrio, o domínio sobre seu próprio destino está nas mãos do homem:

Deus cede (transfere? Abre mão?) cada vez mais o controle visível dos acontecimentos aos próprios seres humanos. Ou será que são os humanos que o tomam? Ou será que não é nenhuma das duas coisas, mas sim que, da mesma forma como as crianças crescem e se separam de seus pais, também o tema da história bíblica é o crescimento, o amadurecimento e a separação natural dos humanos de seu pai e criador? (Friedman, 1997, pp. 71-72).

O sentimento de religiosidade se organiza cedo na vida de cada sujeito, a partir dos vínculos afetivos precoces, como produto da relação mãe-bebê, sendo acompanhado de um cortejo de ícones e valores constituintes do entorno dessa relação.

A fé parece emergir dessa relação primária, criada pela ilusão de um poder milagroso por meio do qual a mãe real ou idealizada está lá para satisfazer suas necessidades - fé que alimenta e reinveste os objetos pais-deuses. O fortalecimento dessa relação gera confiança, esperança, uma quase certeza que se consolida em forma de crença incondicional nos poderes milagrosos desse objeto afetivo provedor, protetor e ameaçador. É uma ação, impossível de ser demonstrada pela razão, de algo que não vem nem de fora nem de dentro; vem do objeto intermediário que possibilita a criação do mundo simbólico.

É aí, nesse estado intermediário, que o bebê tem a possibilidade de ter a ilusão de que é o criador do mundo, de que o mundo se inicia com ele, embora o mundo, efetivamente, já estivesse lá, anteriormente a ele (Aubert, 2005, p. 85).

É nesse espaço transicional, gerado por uma ilusão criada desde tenra infância, que a cultura, incluindo a arte e a religiosidade, se instala, estruturando a percepção do

seu self bem como a imagem da mãe que fica sob seu controle mágico. Ilusão de que o seio faz parte dele ao colocar o seio exatamente no lugar e no momento em que ele, o bebê, está pronto para criá-lo (Aubert, 2005, p. 86).

Condição que faz com que “todo objeto [seja] um objeto descoberto” (Winnicott, 1975). A devoção da mãe ao seu bebê dá a ele um sentido de sacralidade - “matriz para a vivência do sagrado” (Safra, 1998).

É do conjunto de experiências emocionais ocorridas desde o início da relação mãe-bebê que se constitui a base da criatividade potencial, formada nem tanto pela originalidade de sua produção, mas pelo sentido individual de realidade da experiência e do objeto criado (Winnicott, 2000). Deus ou deuses emergem como criação do homem para livrá-lo de suas angústias individuais e coletivas; emergem na forma de figuras salvadoras - por exemplo, Moisés, Cristo, Maomé ou a fé bahaí -, em socorro ao homem perplexo que clama por redenção em meio às incertezas e ambivalências do existir.

Entendo que há uma religiosidade intrínseca à natureza humana, portadora de um “dinamismo ontológico de consciência religiosa” (Calderoni, 2013, p. 63) - condição mental que depende das funções simbólicas, da historicidade do sujeito, das características do seu entorno, da configuração dos espaços, objetos e fenômenos transicionais como linguagens, formas de expressão e controle das atividades pulsionais. O controle que leva à humanização é oriundo da capacidade simbólica complementar e antagônica à

inevitável bestialidade do animal humano [...] qualidade da qual surgem nossas características mais admiráveis e apreciadas [...]. Ao simbolizá-la, a experiência emocional se torna governável, seja porque a sente em sua origem como uma resposta a dolorosos estímulos externos, seja porque a experiência externa é sentida como a confirmação de uma penosa experiência psíquica interna (Bion, 1973-1974, Vol. 2, p. 63).

Da percepção da ira, do pavor e da dor, mas também do incognoscível, do eterno, do infinito, do sopro da alma, do encantamento, da beleza da flor se originam sentimentos de religiosidade e de algo sagrado - condições que Bion expressou por meio do termo inglês awe, que significa “sentimento de respeito reverencial misturado a medo e desejo”; são estados ambivalentes, compostos de sentimentos arrebatadores de admiração ou encanto (wonderment) e de medo ao se ver diante do sublime. É uma “manifestação indispensável para um crescimento mental harmônico”, cujo amadurecimento advém do impulso religioso primordial (Bion, citado por Rotenberg, 2013, pp. 5-6).

Esta experiência pode ser vivida no processo analítico, por exemplo, quando o paciente busca no analista a figura idealizada do salvador ou sente o impacto causado no momento de um insight, que ilumina a percepção consciente e vai além do conhecimento racional. Vivência simultaneamente assustadora e encantadora, cuja percepção traz o horror e o encantamento da descoberta. É um momento de revelação criativa e transcendente que o poeta poderia equiparar ao encantamento mágico despertado pela escuridão de uma noite estrelada. Algo equivalente ao vivido diante do sopro da vida e da morte, do êxtase do orgasmo, do enlevo dos pais e dos avós ao admirarem o bebê recém-nascido. Trata-se de um espaço onírico, o espaço das ilusões que se preenche com angústias, medos, fantasias e criações; fenômenos transicionais difusos que se espalham por todo o território intermediário entre a realidade psíquica interna e o mundo externo; fenômenos neuropsíquicos imbricados na cultura e no self, em sintonia com o transcendental e que podem “ser substituído[s] pelo brincar criativo com o uso de símbolos e com tudo que acaba por se somar a uma vida cultural e que se transforma na fruição da herança cultural” (Winnicott, 1975, pp. 150-151).

Caminhando para um pensamento conclusivo, mas não para uma conclusão, sugiro que as crianças têm uma capacidade de criar um Deus. Entretanto, há adultos que ignoram essa capacidade e tratam de impingir um Deus ou deuses à cabeça delas. Em um dado momento do seu desenvolvimento, as crianças ou descobrem e aceitam os deuses ou o Deus da família, ou criam o seu próprio (Aubert, 2005). A religiosidade ou espiritualidade percorre diferentes estágios da vida e pode emergir durante o processo psicanalítico, como evidenciei no início deste artigo, o que corrobora as ideias de Franco Filho:

as tendências religiosas dos analisandos devem ser abordadas não apenas à luz de suas determinações infantis, mas também como resultado de processos de ressignificação que são contínuos e evolutivos [...]. Elas retratam uma complexa rede de representações psíquicas que, independentemente de conterem ilusões [...] constituem elementos importantes para a estruturação do senso de identidade e da expansão mental [...]. A religiosidade e a experiência psicanalítica são possibilidades de reorganização e nova apresentação da imagem de Deus no universo subjetivo do analisando [...]. Cada pessoa tem com seu Deus uma relação particular conforme suas necessidades);] mesmo que a necessidade seja a de que Deus não exista [...] a matriz da ideia de Deus se encontra na estrutura do inconsciente. Existe uma dimensão religiosa própria da mente, que pode sofrer transformações no espaço da experiência transicional, mas que nunca deixará de estar presente em nosso viver (2000, pp. 149, 151 e 153).

Em meio às diferentes combinações e transformações pessoais e culturais, o “homem-Deus” pode caminhar na direção do “homem-com-Deus” (Franco Filho, 2000).

As religiões institucionalizadas e formais se distinguem da religiosidade. Frente a um poder espiritual superior ao do homem-natureza, energia-Deus, elas congregam grupos de adeptos em torno de aproximadamente as mesmas crenças, ritos e regras, no intuito de preservá-los e transmiti-los aos seus seguidores (Lalande, 1993). Em geral, cada religião se considera um sistema completo, único e verdadeiro, dirigido por homens que carregam em si os mesmos conflitos que todos os demais. Muitos nem sempre enxergam isso e os conflitos se repetem em meio aos esforços para encontrar a paz interior. As religiões tentam estimular e inculcar uma religiosidade, mas este sentimento independe das religiões, e nem todos os seguidores de uma religião conseguem alcançar o sentimento de religiosidade.

Freud (1927/1973), em “O futuro de uma ilusão”, equiparou a religião a uma neurose obsessiva. O fenômeno é observável entre fanáticos de qualquer doutrina; fundamentalistas carentes de reversão da perspectiva; pessoas que enxergam o mundo por um viés estreito, distante da dialética, da análise crítica e panorâmica da visão de mundo, das conquistas tecnológicas, conhecimentos e diferenças individuais e culturais. Eles podem se ligar ou não a uma instituição religiosa, ideológica ou política na crença incondicional e irracional em suas ideias. Ditadores, líderes populistas e religiosos frequentemente se apegam às verdades únicas na tentativa de seduzir massas populacionais que neles projetam ilusões e fantasias idealizadas, como se fossem deuses salvadores. É um estado mental distinto de um sentimento de religiosidade que se liga ao sagrado, ao inalcançável; que caracteriza o existir em meio a questões: se nós criamos Deus, quem criou a natureza? Ela sempre existiu, sem começo nem fim? Se houve começo, como foi gerada e onde termina? De onde vem a massa? De onde vem a energia? A inexistência de respostas conduz ao divino, quer como fantasia, quer como ilusão, quer como crença. Há, porém, um denominador comum: o infinito da ignorância.

 

Referências

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Correspondência:
David Léo Levisky
Rua Bruno Lobo, 218
05578-02 São Paulo, SP
Tel.: 11 3722-1654
davidlevisky@terra.com.br

Recebido em 28.10.2013
Aceito em 23.05.2014

 

 

1 Trabalho apresentado no XXIV Congresso da Federação Brasileira de Psicanálise (Febrapsi), em Campo Grande (setembro de 2013).

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