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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.53 no.3 São Paulo jul./set. 2019

 

OUTRAS PALAVRAS
TRABALHOS PREMIADOS DO XXVII CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICANÁLISE

 

Do inefável, um instante: algumas reflexões sobre as sessões de psicanálise apoiadas nas elaborações de W. R. Bion1

 

From the ineffable, one moment some reflections on psychoanalysis sessions supported by W. R. Bion's theories

 

De lo inefable, un instante algunas reflexiones sobre las sesiones de psicoanálisis apoyadas en las elaboraciones de W. R. Bion

 

De l'ineffable, un instant quelques réflexions concernant les séances psychanalytiques fondées sur les élaborations de W. R. Bion

 

 

Sandra Luiza Nunes Caseiro

Psicanalista. Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto (SBPRP)

Correspondência

 

 


RESUMO

Este texto se baseia nas (e se articula com as) formulações teóricas de Bion. Focaliza as observações e conjecturas do analista, a mente do analista, adotando a ideia de que o germe de seus pensamentos, mesmo que equivocados, surge na relação entre analista e analisando. Apoiando-se fortemente no conceito de cesura, apresenta a conjectura imaginativa/teórica de uma intersecção dos tempos passado, presente e futuro, vivenciada na experiência em curso na sessão de análise. Essa intersecção de tempos remete quem a vivencia a sua própria história de vida e à possibilidade de "ser lançado" para um futuro, movimentos que podem ser evitados devido a incontáveis fontes de angústia, algumas apresentadas no texto. Quando o analista é capaz de tolerar essas angústias, ele encontra condições para formulações verbais favorecedoras do desenvolvimento mental da dupla. Das vivências infinitas, inefáveis, talvez o analista alcance a linguagem de achievement em sua interpretação.

Palavras-chave: inefável, infinito, linguagem de achievement, interpretação, cesura


ABSTRACT

This article is based on (and connects with) Bion's theories. It focuses on the analyst's remarks and beliefs, his mind, embracing the idea that his germs of thoughts, even when mistaken, arouse from the relationship between the analyst and the analyzed one. It is strongly supported by the censorship concept, showing imaginative/theoretical beliefs of an intersection of past, present and future times, experimented when the analysis sessions were happening. This time intersection take those who experiment it, back to his life history and to the possibility of being taken to the future, a number of actions that can be avoided due to countless anguish sources, some of them presented in the text. When the analyst is able to tolerate this anguish, he finds ways to verbal communication favoring the mental development of both. After endless experiences, ineffable ones, maybe the analyst finds the achievement language in his interpretation.

Keywords: ineffable, endless, achievement language, interpretation, censorship


RESUMEN

Este texto se basa (y se articula con las) formulaciones teóricas de Bion. Focaliza las observaciones y conjeturas del analista, la mente del analista, adoptando la idea de que el germen de sus pensamientos, aunque equivocados, surge en la relación entre analista y analizado. Apoyándose con fuerza en el concepto de cesura, presenta la conjetura imaginativa/teórica de una intersección de los tiempos pasado, presente y futuro, vivenciada en la experiencia en curso de la sesión de análisis. Esta intersección de tiempos remite a quien la vive a su propia historia de vida y a la posibilidad de "ser lanzado" para un futuro, movimientos que pueden ser evitados debido a incontables fuentes de angustia, algunas presentadas en el texto. Cuando el analista es capaz de tolerar esas angustias, encuentra condiciones para formulaciones verbales favorecedoras del desarrollo mental del dúo. De las vivencias infinitas, inefables, tal vez el analista alcance el lenguaje de achievement en su interpretación.

Palabras clave: inefable, infinito, lenguaje de achievement, interpretación, cesura


RÉSUMÉ

Ce texte se fonde sur (et s'articule aux) formulations théoriques de Bion. Il examine les remarques et conjectures de l'analyste, l'esprit de l'analyste, en adoptant l'idée que le germe de ses pensées, même si celles-ci ne sont pas correctes, apparaît dans le rapport entre l'analyste et l'analysant. En s'appuyant fortement sur le concept de césure, il présente la conjecture imaginative/théorique d'une intersection des temps passée, présent et futur, vécue dans l'expérience en cours dans la séance d'analyse. Cette intersection de temps, renvoie celui qui la vit à sa propre histoire de vie et à la possibilité "d'être lancé" vers un avenir. Ces mouvements peuvent être évités en raison de nombreuses sources d'angoisses, dont le texte présente quelques-unes. Lorsque l'analyste est capable de tolérer ces angoisses, il retrouve des conditions pour employer des formulations verbales qui favorisent le développement mental des deux. Appuyé sur des vécues infinies, ineffables, l'analyste atteint peut-être le langage d'achièvement dans son interprétation.

Mots-clés: ineffable, infini, langage d'achièvement, interprétation, césure


 

 

Meu Deus, meu Deus, a quem assisto? Quantos sou? Quem é eu? O que é este intervalo que há entre mim e mim?

FERNANDO PESSOA

 

A fotografia na parede

Estava na sala de espera olhando aquela imagem em preto e branco. É uma foto, né? Tem um copo de água vazio numa mesa na frente do que parece ser um armário.

Por que uma mesa estaria na frente da porta de um armário? E tem um monte de fitas VHS. Deve ser uma foto antiga. Tem outros objetos, muitos objetos. Não dá para ver, o quarto está escuro. Parece que tem um casaco xadrez pendurado no que seria o puxador da porta do armário. Será que é um armário? Eu ainda não peguei o sentido da foto, mas vou chegar lá... [Risos.]

Ricardo inaugura as falas da sessão de hoje com essas palavras. Ele se refere a uma fotografia, com muito pouca luz, pendurada na parede da sala de espera. Recente. Não são fitas VHS; são livros. Não é um copo; é um jarro d'água vazio. A mesa não está na frente da porta do armário; o fotógrafo é que estava numa cama atrás da mesa e ao lado do armário. É um quarto do qual a cama não aparece. A sessão segue por vários assuntos aparentemente desligados da foto, e lá pelas tantas estamos falando do quarto dos pais dele, quando era ainda uma pequena criança, no momento em que tentou abrir a porta e a encontrou trancada.

O fotógrafo da foto estava dentro do quarto. A foto está dentro da sala de espera. Ricardo estava dentro da sala de espera, mas fora do quarto dos pais. Os pais estavam dentro do quarto trancado. Agora estamos eu e Ricardo trancados no quarto-consultório. Que sentidos e sensações acontecem nos quartos e que ele quer "pegar"? Quantos quartos de quantos casais de pais ele abriga dentro de sua personalidade? Desses tantos, quantos encontraram (encontrarão) condições para tomar forma trancado comigo? Esses encontros com os casais de pais favoreceram (favorecerão) desenvolvimentos em sua personalidade (e na dupla analista/analisando)? Quando termina o tempo da sessão, Ricardo sai da sala.

É comum o analisando sair da sala ao término da sessão. O analista costuma ficar na sala - e ficar com uma impressão do encontro. Criativo? Confuso? Indiferente? Quieto demais? Turbulento demais? Essa impressão não chega a tomar corpo de uma afirmativa; é sempre acompanhada de dúvidas e de esperança; aguarda a próxima sessão... O analisando retorna. Se retorna é porque tem encontrado o que busca ou porque, apenas, ainda busca? Ao longo do tempo, alguns analisandos transparecem sentir-se mais satisfeitos em sua vida; outros, fica a dúvida. O luto é uma invariante para que haja ampliação da capacidade de pensar. Quando é possível o luto - quando é possível tolerar a experiência da ausência do objeto -, também é possível "morrer" naquilo que éramos e "renascer" com significados frescos. Temos, analista e analisando, receio de que isso não aconteça. Então, tendemos a nos manter agarrados ao já conhecido sobre nós e sobre o outro. "Renascer" acontece numa fração de segundo posterior à sensação de queda livre, sutil como um leve "atrapalhamento" ou intensa como perder o chão, e após talvez o "tornar-se" ou o "cair em si de quem se está sendo e da presença do outro" (Bion, 1977/1987b, 1965/2004b, 1970/2006).

Como avancei para o que já era? Como me conheci hoje o que me desconheci ontem? E tudo se me confunde num labirinto, onde, comigo, me extravio de mim. Devaneio com o pensamento, e estou certo que isto que escrevo, já o escrevi. Recordo. E pergunto ao que em mim presume de ser se não haverá no platonismo das sensações outra anamnese mais inclinada, outra recordação de uma vida anterior que seja apenas desta vida... Meu Deus, meu Deus, a quem assisto? Quantos sou? Quem é eu? O que é este intervalo que há entre mim e mim? (Pessoa, 2011, p. 220)

 

Conjecturas

Uma vez que para seu trabalho o analista adota a existência de algo a que chamamos de inconsciente, ele necessariamente está cônscio de que a maior parte do que ocorre em sua mente, na mente do analisando e entre os dois está além de sua possibilidade de apreensão. Freud conjectura um inconsciente a partir do recalque primário e do recalque a posteriori, e distingue a representação-coisa da representação-palavra, associando a primeira aos processos primários e ao princípio de prazer, e a segunda aos processos secundários e ao princípio de realidade. Sob a regência do princípio de realidade, o aparelho psíquico desenvolve uma consciência em relação às apreensões dos órgãos sensoriais, instaurando-se a função da atenção e um sistema de notação. Essas novas aquisições oferecem condições para postergar a descarga do acúmulo de estímulos no aparelho psíquico, enquanto se "age" na mente por ensaio, buscando a ação mais eficaz para a modificação da realidade. Está constituído o processo do pensar (Freud, 1900/1976b, 1911/2004a, 1915/2004b, 1915/2006b). Ao se deparar com fenômenos clínicos que não eram contidos em suas elaborações iniciais, conjectura a pulsão de morte, ampliando o domínio daquilo que nos perpassa e nos escapa. Quando discute como algo inconsciente pode se tornar consciente, fala da cadeia intermediária, que conecta o desconhecido do inconsciente ao conhecido consciente (Freud, 1920/2006a, 1923/2007).

Klein (1946/1991, 1928/1996a, 1930/1996b), elaborando os conceitos de identificação projetiva e das posições esquizoparanoide e depressiva, imprime grande movimentação à mente ao dar ênfase a sua conjectura de uma luta constante entre as pulsões de vida e de morte desde o início da vida e, com a formulação do conceito de phantasia (Isaacs, 1952/1986), traz ao palco fortes personagens com os quais o bebezinho tem de se haver desde seus primeiros dias.

Bion acolhe, transforma e expande essas conjecturas. Propõe que a pressão dos pensamentos força o desenvolvimento de um aparelho para pensá-los. Elabora o modelo boca-seio ou continente-conteúdo como um pensar primitivo e uma função inconsciente (ou função a) que separa e mantém um fluxo contínuo de duas mãos entre consciente e inconsciente, levando a uma constante expansão do inconsciente quando se pode utilizar a experiência emocional. Concebe a experiência emocional sempre associada à relação entre objetos e ao que se está capaz de sentir nessas relações. Propõe como emoções básicas das relações amor e ódio (vínculo L e vínculo H) e, o estado mental/emocional disponível para "sofrer" e apreender essas emoções, o denomina vínculo de conhecimento (vínculo K). "Sofrer" e apreender as emoções que emergem numa relação é aproximar-se da "verdade" sobre si mesmo, é escolher o método da modificação da frustração em vez de evadirle dela. A "verdade" sobre si é fundamental para a mente da mesma forma que o alimento material é para o corpo (Bion, 1962/1966, 1962/1994c; Rezze, 2012). Ao dar prioridade temporal aos pensamentos, diferencia-os do "ato" de pensar e desenvolver os pensamentos, e do "ato" de utilizá-los diante das exigências da realidade, associando esses "atos" ao interjogo dos mecanismos ♀♂ (continente-conteúdo) e PS↔D (desintegração↔integração). A oscilação desintegração↔integração depende do fato selecionado: uma emoção ou ideia, um elemento que integra o que estava disperso. Quando esse complexo aparelho para pensar está operante, acontece a diversificação dos vértices de apreensão do que é vivido, agregam-se mais e novos significados ao já conhecido, ocorre a expansão daquilo a que denominamos mente. Com a conjectura da preconcepção em busca de uma realização, Bion (1963/2001, 1963/2004a) insere um novo tempo no conceito de inconsciente: o tempo futuro. Ao longo de sua obra, ameniza o foco no par consciente-inconsciente e enfatiza o par finito-infinito: das vivências infinitas, buscamos representações finitas (Bion, 1967/1986, 1992/2000, 1965/2004b, 1970/2006; Braga, 2011). Diz que transladamos por realidades infrassensoriais e ultrassensoriais, algo fora do espectro da experiência sensorial e da linguagem articulada: "Eu poderia tentar colocar isso da seguinte forma: a realidade fundamental é 'infinita', o desconhecido, a situação para a qual não há nenhuma linguagem que se aproxime de descrevê-la" (Bion, 1992/2000, p. 384).

Freud e Bion elaboram dois diferentes modelos de mente: o primeiro, estrutural; o segundo, espectral. Esses modelos procuram se aproximar de "Meu Deus, meu Deus, a quem assisto? Quantos sou? Quem é eu? O que é este intervalo que há entre mim e mim?".

No livro sobre os sonhos, Freud (1900/1976b) transpõe a cesura entre o normal e o patológico e transforma a psicanálise na disciplina que estuda a mente. Bion (1957/1994a), ao diferenciar a parte psicótica da parte não psicótica da personalidade, situa analista e analisando partilhando o mesmo espectro de funcionamento mental.2 No texto "A grade" (1963/2001), ele propõe que o mesmo exame que o analista faz sobre os pensamentos do analisando também deve ser feito sobre os seus.

Além da complexidade exposta nos parágrafos anteriores, no trabalho do analista existem os intervalos entre as sessões de psicanálise, que compõem um tempo linear bem maior. Muito se transforma na mente de ambos, analista e analisando, nesses intervalos. O analista pode alcançar um pouco do que supõe ser a experiência emocional do momento da sessão. Pode observar o analisando e a si mesmo. Observa seus próprios pensamentos, seus sentimentos e emoções; faz suas formulações verbais e as observa. Algumas vezes, surpreende-se com seus pensamentos: "De onde veio isso?!". Em seu lugar de analista, é de sua função buscar ampliar o espaço mental para a dupla, pois, "se o espaço está preenchido pelo que já se sabe, não há lugar para mais nada" (Bion, 2015, p. 25). Seus instrumentos conscientes mais fortes são suas observações, suas palavras e seus silêncios. Ao observar a si mesmo e ao analisando tentando "enxergar" o "entre ambos", faz conjecturas sobre o inefável, procura aproximações em palavras. O analista tem uma fiel companheira: a incerteza.

 

A multidão que nos habita

Imaginemos um bebê dentro do útero nas últimas semanas de gestação. Ele está todo abraçado pela placenta, em contato com luz e som amenos. Conhece os ritmos, os movimentos, os ruídos e o cheiro do corpo que o abriga. Tudo lhe é familiar. Repentinamente, num parto normal, sintonizando-se com as cólicas uterinas, ele sai ao mesmo tempo que é expulso. Vive o novo, e isso o apavora. Se colocado sobre o corpo da mãe, o cheiro, o som da voz e os ruídos do corpo o acalmam. Ele reconhece aquele corpo localizando-se agora em outro lugar, em outro vértice, e resgata sua "história de vida" em parte transformada. O bebê vivencia uma forte experiência estética e busca a mente da mãe, que o auxilia "na passagem" de um mundo para o outro (Bion, 1962/1966, 1962/1994c). O bebê sentia, cheirava e ouvia. Agora, olha pela primeira vez. Mais um tempo, e ele articulará palavras, mas há tempos se relaciona com o mundo. Quantos mundos já habitou? Ou habita? Quantas vidas já viveu? Ou vive? "E pergunto ao que em mim presume de ser se não haverá no platonismo das sensações outra anamnese mais inclinada, outra recordação de uma vida anterior que seja apenas desta vida."

O modelo espectral de Bion se expande mais ainda quando introduz a ideia da psicanálise como um campo, elaborando o conceito de cesura. Apresenta o que chamamos de personalidade como algo que se compõe num espectro que abarca múltiplas dimensões, ou múltiplas, muitas vezes simultâneas, vivências de uma mesma experiência (Bion, 1977/1981, 1976/1987a, 1977/1987b; Chuster et al., 2011; Chuster, Soares & Trachtenberg, 2014; Kirschbaum, 2011; Marques, 2011; Rezze, 2009b; Trachtenberg, 2013). Referindo-se à personalidade, escreve: "É como se ela fosse alguma coisa que se desenvolve em muitas camadas diferentes, como uma cebola" (Bion, 1977/1981, p. 129). Em sua bem-humorada trilogia Uma memória do futuro, numa linguagem onírica (atravessando a cesura entre suas elaborações teóricas e a linha C da grade, retornando a essa última), empresta voz a essa multidão que nos habita (Bion, 1975/1989, 1991/1996a, 1991/1996b). Essa multidão de personagens se refere às múltiplas vivências de toda uma vida, a diversos tempos e espaços, e "se reúne" na apreensão da experiência de dado instante (Marques & Marques, 2018).

 

Uma interpretação-fotografia

O campo analítico é gerado pelo encontro de duas personalidades, a do analista e a do analisando, ambas provocando alterações nele. Durante o encontro analítico, o analista observa a si mesmo, o analisando e o "entre". A assimetria entre analista e analisando atrai para o primeiro a intenção de, com suas intervenções, provocar alterações no campo que levem ao desenvolvimento da dupla, ao crescimento da capacidade mental/emocional da dupla. Esse crescimento nunca dependerá apenas do analista, mas é função dele buscá-lo. O analista, no campo, aguarda que algo emerja e que pareça aproximar-se da experiência emocional em curso - uma conjunção de elementos num instante de sintonia entre campos. Sobre esse instante (Bion, 1977/1981, 1963/2004a), o analista precisa elaborar uma fala que abranja o domínio do sentido (as evidências que podem ser vistas, ouvidas, cheiradas etc.), o domínio do mito (a direção que as intuições do analista apontam, o "como se" do que foi apreendido) e o domínio da paixão (um "cair em si" em relação às reações primitivas que emergem, suscitadas por aquele instante de sua relação com o analisando, encontrando as palavras que utilizará em sua interpretação nesse nível profundo de vivência). "Esta afirmação do analista deve ser eficaz como um ato físico é eficaz" (Bion, 1977/1981, p. 127), intensa porém distante de qualquer qualidade de violência.

Clara, uma mulher de 56 anos, falava sobre o quanto a mãe a vigiava e cerceava, ao mesmo tempo que percebia ser incapaz de tomar qualquer decisão sem ouvir a opinião dela. Era comum a mãe aguardá-la na sala de espera, alegando aproveitar o caminho que Clara percorreria para resolver algumas coisas (Clara era de uma cidade próxima; viajava toda semana para as sessões). A mãe, atualmente uma senhora idosa, fora campeã de natação na adolescência, até o nascimento dos filhos. Ouvindo Clara, visualizei uma garotinha que queria conquistar autonomia, mas no contrassenso de necessitar da autorização da "mãe campeã" para isso. Imaginei que ela talvez se sentisse de forma muito parecida ali comigo, temerosa de nosso trabalho a levar a pensar como eu pensava. Ponderei: "Mas de que garotinha estou falando?" Então, perguntei-lhe: "Ela ainda é campeã de natação?". Minha pergunta nasceu de uma sentida intenção, quase consciente, de mostrar numa imagem que o tempo havia passado; que Clara estava casada, com filhos, tinha sua casa, uma família constituída, uma profissão, autonomia financeira - enfim, que trilhou seus próprios caminhos e não percebeu. Clara sentiu-se embaraçada com minha pergunta e questionou: "Como assim?". Alguma coisa mudou a partir dali.

Os versos a seguir, de Matsuo Bashô, são o haikai mais conhecido e comentado de que se tem notícia no Ocidente:

O velho poço

O sapo salta

Barulho d'água

A palavra haikai é composta dos vocábulos da língua japonesa hai, que significa "brincadeira", "gracejo", e kai, que significa "harmonia", "realização". Um haikai pretende ser um verso-fotografia; pretende, com três frases curtas, condensar o máximo de sensações, a essência de uma experiência ("Quando Leminski traduz Bashô", 2009). Se tomarmos a frase "O velho poço" como a história, "O sapo salta" como a experiência presente, e "Barulho d'água" como a evolução dessa experiência, poderemos dizer que um haikai também pretende condensar os tempos passado, presente e futuro.

Criando uma imagem: as palavras de um haikai, os versos que elas compõem, por sua qualidade de condensação, emitem "sondas" que se infiltram na mente do indivíduo que o lê ou ouve - que se infiltram no maior número de pontos de um espectro mental imaginado, que começa num polo sensorial/concreto e se estende até um polo simbólico/abstrato, e se estende também, na direção do polo simbólico, para um futuro segmento que ainda não existe, mas poderá existir se as emoções e os sentimentos que o haikai faz borbulhar couberem na personalidade que os experimenta (Bion, 1962/1966, 1963/2001, 1963/2004a, 1965/2004b; Rezze, 2009a; Sandler, 1997). Um "bom" haikai tem a potência de provocar uma forte experiência estética no indivíduo que se deixa penetrar por ele.

É eficaz quando a interpretação do analista se apropria dessa vocação do haikai para condensar a essência de uma experiência. Uma fotografia é um instante da luz em movimento. Uma interpretação é um instante da experiência emocional em curso na sessão.

Por esse vértice, uma interpretação deve guardar, entre outras, a qualidade de condensação no sentido que Freud (1900/1976b) elabora no livro dos sonhos: a possibilidade de uma única representação funcionar como um ponto de intersecção entre várias cadeias associativas. Uma interpretação--fotografia. A pergunta para Clara, "Ela ainda é campeã de natação?" foi uma interpretação-fotografia.

As afirmações e perguntas feitas na primeira vinheta, formuladas pelo analista para ele mesmo, sobre quem está dentro ou fora do quarto e sobre os casais de pais que o analisando Ricardo abriga em sua personalidade, apresentam um movimento em direção a uma intersecção de tempos (passado, presente, futuro).

 

Um instante de intersecção entre passado, presente e futuro

Recebemos nossos analisandos para uma sessão. Algumas perguntas precisam ser formuladas continuamente: quem somos agora? Sobre o que estamos falando? O que estamos fazendo? O que estamos sentindo? De onde vêm as vivências desse momento? Poderão nos lançar para algo novo? Enquanto vivemos na sessão, e até que essas perguntas sejam formuladas, vamos conversando, silenciando... Bion (1990/2017) considera suficiente que, numa análise de cinco ou seis anos, tenham ocorrido três momentos de iluminação. E no intervalo entre esses três momentos, o que o analista fica fazendo? Bion se sente tentado a responder que o analista está analisando. A imagem de um ritual de acasalamento bem representa o tempo em que o analista está "só" analisando: macho e fêmea se cheiram, se aproximam, se afastam, se aproximam mais uma vez, e podem se estranhar e se afastar - isolam-se. Ou pode ser que aconteça um instante de sintonia da dupla, que favoreça um intercurso mental/emocional que gesta e ou gera algo novo. Temos um "ritual" porque treinamos uma técnica:

O que se precisa procurar é uma atividade que seja simultaneamente a restauração de deus (a mãe) e a evolução de deus (aquilo que é desprovido de forma, infinito, inefável, não existente); essa atividade só pode ser encontrada em um estado em que não há NENHUMA memória, desejo, entendimento. (Bion, 1970/2006, p. 134)

O que precisa acontecer é um infinito sonho/tempo de uma fração de segundo, um instante de intersecção entre passado, presente e futuro, que resulta numa experiência estética inefável, da qual procuramos retornar: "A noção de infinidade precede qualquer ideia sobre o finito. O finito é resgatado do infinito escuro e amorfo. ... Um número infinito - o senso de infinidade - é substituído, digamos, pelo senso de trindade" (Bion, 1967/1994b, p. 184).

Resgatar-se do infinito escuro e amorfo é retornar à própria história através de imagens e palavras. Elaboramos imagens e palavras tomando como um marco a existência de um pai e uma mãe, o senso de trindade: "Postulo um mito edipiano privado numa versão elemento a que é o meio, a preconcepção, em virtude do qual a criança é capaz de estabelecer contato com os pais como estes existem no mundo da realidade" (Bion, 1963/2004a, p. 102).

Em várias versões do mito de Édipo, o momento do encontro e da luta entre o pai e o filho é interpretado como um confronto de gerações. Muito além de um confronto entre gerações, pode-se propor a conjectura imaginativa de um "cair em si" sobre tantos que nos antecederam e dos quais dependeu a possibilidade de nossa existência. Nos arredores de Tebas (nos arredores de onde se encontra o quarto do casal criativo que o gerou), numa encruzilhada de três caminhos (o passado, o presente e o futuro), o filho encontra o pai. Para trás, uma progressão geométrica: o filho, o pai e a mãe, os avós, os bisavós. até perder-se em algo que chamamos de origem, a qual desconhecemos; para a frente, o futuro, também desconhecido e que, desejando-se ou não, acontecerá; no instante presente, a vivência de descendência, interdependência e finitude. No portal de Tebas, a Esfinge não propõe a Édipo um enigma sobre ela; propõe que este desvende quem ele é:

Existe um bípede sobre a terra e quadrúpede, com uma só voz, e um trípode, e de quantos viventes que vagueiam sobre a terra, no ar e no mar, é o único que contraria a natureza; todavia, se apoia em maior número de pés, a rapidez se enfraquece em seus membros. (Brandão, 2012, p. 273)

Ele é apenas mais um indivíduo de sua espécie, um elo entre gerações que chegará a seu fim. É preciso encontrar um significado para tanta insignificância: "Significado é uma função de auto-amor, auto-ódio ou autoconhecimento. É necessário psicologicamente, mas não logicamente. Por uma questão de necessidade psicológica, é preciso que a conjunção constante, tão logo tenha sido nomeada, adquira um significado" (Bion, 1965/2004b, p. 87).

Seguindo o vértice da mesma conjectura sobre o mito de Édipo, matar o pai também pode ser rivalizar-se com a ascendência, a interdependência e a finitude - rivalizar-se com O (Bion, 1965/2004b). Pode ser ainda um ensurdecer-se para as múltiplas e concomitantes vozes de tantos que compõem o indivíduo: seus ancestrais e os "ancestrais" de si mesmo. Pode ser um negar-se a uma morte e um renascimento de sua personalidade, negar-se a um encontro com sua "verdade" daquele momento. Apreender algo sobre a transitoriedade3 muitas vezes é insuportável. O ato de Édipo de cegar-se pode ser interpretado como uma mudança de direção em sua busca de verdades, que se daria não mais nos fatos do mundo externo, mas em suas vivências internas: "Meu Deus, meu Deus, a quem assisto? Quantos sou? Quem é eu?".

 

Os passos de uma dança

Um ritual de acasalamento é uma dança. Busca-se sintonizar os passos (e/ou sintonizar-se com as cólicas uterinas, ou sintonizar-se com os campos das mentes e entre mentes) ao som do idioma oficial, o dos sonhos. É preciso encontrar as palavras e o ritmo para comunicar: "O trabalho onírico a é contínuo, noite e dia. ... Em geral, a diferença reside no fato de que, para diferentes pessoas, as mesmas palavras têm, além de seu significado comum, uma diferente penumbra de associações" (Bion, 1992/2000, p. 77).

Bruno falava numa sessão sobre uma festa temática que havia acontecido na escola da filha. O tema era reflorestamento, novas tecnologias e ambiente sustentável. Ao longo da conversa, Bruno recordou-se do filme Avatar (Cameron, 2009). Ouvindo-o falar sobre o filme, surgiu em minha mente uma cena de feiticeiros curando alguém, algo mais ou menos assim, e lembrei-me de minha impressão, ao assistir a esse filme, de que o enredo aproximava o primitivo à evolução. Esses pensamentos me levaram a comentar que, mesmo falando sobre novas tecnologias, parecia que estávamos num clima de magos e magias. Meu comentário levou-o a recordar que, há alguns anos, fizera uma consulta a uma vidente, que lhe disse que ele (Bruno) e a filha já se conheciam de muitas vidas passadas, e que numa delas tinham sido marido e mulher. "Ela disse que não temos força para mudar aquilo que é carma. Por isso que é tão difícil minha convivência com ela." Perguntei-lhe se ele acreditava que o trabalho que fazíamos tinha alguma chance diante de magias, magos, videntes e carmas. Algo mudou entre nós a partir daí.

Bion enfatiza a importância da paciência, da tolerância e da confiança do analista em relação a seus próprios pensamentos: "Estas especulações imaginativas, por mais ridículas, neuróticas ou psicóticas que sejam, podem, no entanto, ser estágios na direção daquilo que poderiamos encarar basicamente como formulações psicanalíticas de cunho científico" (Bion, 2015, p. 34). O conceito de campo psicanalítico implica que o germe de um pensamento, de qualquer qualidade, surge na relação entre a pessoa que quer ser analisada e a que quer ser o analista (Bion, 1990/2017); implica "trabalhar sem memória, sem desejo, sem necessidade de compreensão e, ao mesmo tempo, admitindo informações enganosas, falsas ideias e problemas pessoais" (Chuster, 2018, p. 48).

Bion (2015) relata como trabalha com seus pensamentos: deixa-os vir num fluxo livre, como se fossem peixes num rio, sem se preocupar se são coerentes, éticos, violentos, poéticos etc. Captura-os (ou é capturado). Utiliza o instrumento da grade de duas maneiras: uma, acomodando temporariamente em alguma de suas células o pensamento pescado; outra, "realizando" a grade durante a investigação do pensamento (Quem é você? De onde veio? Para onde você vai?). Uma vez que o já conhecido é obsoleto, importa agregar novos significados aos pensamentos já conhecidos ou encontrar novos pensamentos e, de forma amoral, pensar sobre eles.

Ana comentava sobre uma viagem que acabara de fazer. Dizia que uma das coisas que a impressionaram muito foi a geografia da cidade visitada. "Tem uma única saída rodoviária. Todas as outras vias são pluviais." Desenha no ar com as mãos essa geografia. Vendo-a e ouvindo-a descrever a geografia da cidade, seus gestos me fizeram imaginar uma esfera cercada por água, e logo essa esfera se transformou num útero com uma placenta e uma única saída pela vagina. Envolvida por essa imagem, cheguei a "ouvir" um marulho. Relacionei a imagem com o período recente e longo de sobrecarga de trabalho e responsabilidades familiares vivido por ela. Perguntei-me se Ana esteve até ali restrita a "um útero": segura porém cerceada. Digo-lhe que seus gestos me fizeram imaginar muita água e uma placenta com uma única saída. Ela acha graça. Diz que dali a uns meses pretende fazer outra viagem e que, ao escolher para onde, sentiu vontade de ir a um lugar com muita água e barulho de água. Escolheu ir para Foz do Iguaçu, pois nunca esteve lá. Em minha mente, veio a imagem da quantidade de água, o barulho da água, e lembrei que sob o lago de Itaipu repousam as Sete Quedas. Pensei que as Sete Quedas existem em potencial ao mesmo tempo que não existem mais. Pensei que pudesse estar em curso, dentro de Ana, uma busca por uma geografia que ficou submersa. Tive a sensação de algo novo emergindo. Digo-lhe que ela havia feito eu me lembrar das Sete Quedas submersas no lago de Itaipu. Ana comenta: "Não existem mais. Ou existem?"

 

O significado sangrento de cada palavra

No domínio de uma sessão de psicanálise em curso, contamos com a fidelidade do incerto. A complexidade do objeto psicanalítico (Bion, 1962/1966; Chuster et al., 2011) engloba essa incerteza. É um encontro de duas personalidades cujas instabilidades ficam exponenciadas pelo próprio encontro.

Mesmo diante de tamanha complexidade, olhando para o analista, diferenciamos ao menos duas qualidades de momentos durante uma sessão. De um lado estão aqueles que se aproximam da imagem de uma dança de acasalamento, nos quais a mente do analista fica "à deriva" - na sessão com Clara, o silêncio do analista conversando consigo mesmo, até que a visualizou como uma garotinha; na vinheta de Bruno, a conversa sobre magos e magias, até que surgiu na mente do analista uma pergunta; na vinheta de Ana, uma conversa "comum", até que se seguiu da sensação de que algo novo estava em curso. De outro lado estão aqueles momentos nos quais o analista, olhando para uma conjunção constante, formula uma fala - na sessão com Clara, ao perguntar-lhe: "Ela ainda é campeã de natação?"; na sessão com Bruno, ao perguntar-lhe se ele acreditava que o trabalho que fazíamos tinha alguma chance diante de magias, magos, videntes e carmas; a sessão com Ana não evoluiu até esse momento. Bion os descreve assim: "De modo ideal, o analista estaria no estado de mente apresentado por C3, C4, C5, e D3, D4, D5, com exceção dos momentos nos quais sua intenção é fornecer uma interpretação" (1965/2004b, p. 41). Nesses momentos, o analista faz uma escolha e realiza uma ação: formula uma fala articulada. Busca que as palavras escolhidas nomeiem e comuniquem de forma intensa a conjunção constante apreendida, a experiência emocional em curso.

Diz Ariano Suassuna: "Eu precisaria de alguém que me 'ouvisse'; mas que me ouvisse sentindo cada palavra como um tiro ou uma facada. ... Cada uma tem seu significado sangrento" (1977, p. 80). Essa é a função, a qualidade do ouvir, do analista. É o que o analisando busca do analista. O analista procura a linguagem de achievement (Bion, 1970/2006). Mas, se sangrento o campo analítico, embebe a ambos, analista e analisando. É sempre um encontro com o estranho,4 quando pensamos mais uma vez que não existe no inconsciente o desejo de ser analista, mas todos os tipos de desejo edípico, como matar, copular e retalhar (Chuster et al., 2011). Em algumas circunstâncias, os desejos edípicos podem ressurgir travestidos nas formulações verbais do analista, visando ofuscar ou distorcer a experiência em curso, resultando na morte da análise, com esta transformando-se em qualquer outra atividade, menos na iluminação do objeto psicanalítico. A análise, a reanálise e a constante autoanálise do analista são instrumentos fundamentais de nosso ofício.

É nessas enseadas que buscamos condições para trabalhar. Para as palavras do analista, podemos parafrasear: Eu precisaria de alguém que me falasse; mas que me falasse me fazendo sentir cada palavra como um tiro ou uma facada. Cada uma ressuscitando dentro de mim seu significado sangrento.

 

Referências

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Correspondência:
Sandra Luiza Nunes Caseiro
Avenida Coronel Fernando Ferreira Leite, 1520, sala 1015
14026-020 Ribeirão Preto, SP
Tel.: 16 3911-5184
sancaseiro@gmail.com

Recebido em 24/6/2019
Aceito em 12/7/2019

 

 

1 Texto vencedor do Prêmio Fábio Leite Lobo, conferido durante o XXVII Congresso Brasileiro de Psicanálise, realizado em Belo Horizonte (MG), de 19 a 22 de junho de 2019.
2 Bion nos pôs - a nós, psicanalistas - num "lugar" nada confortável, mas é o que é.
3 Referência ao texto de Freud "Sobre a transitoriedade" (1916/1976c), que trata da possibilidade de "sofrer" o luto.
4 Referência a "O estranho" (Freud, 1919/1976a), com ênfase na experiência estética que o texto descreve.

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