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Revista da SPAGESP

Print version ISSN 1677-2970

Rev. SPAGESP vol.7 no.2 Ribeirão Preto Dec. 2006

 

ARTIGOS

 

Grupo de reflexão: perfurando máscaras, levantando suspeitas e resgatando paixões

 

Reflection group: perforating masks, raising suspicions and rescuing passions

 

Grupo de reflexión: perfurando máscaras, levantando sospechas y rescatando pasiones

 

 

Jozelia Regina Díaz OlmosI, 1; Wilma Magaldi HenriquesII, 2

I Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
II Universidade de Mogi das Cruzes

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Apresentamos um Grupo de Reflexão realizado com educadores no Encontro das Entidades Conveniadas - Posto Grande Leste, Projeto Novos Caminhos, que atende adolescentes de 12 a 18 anos, cumprindo medida sócio-educativa de Liberdade Assistida e Prestação de Serviços à Comunidade, encaminhados pelo Poder Judiciário. Antes do Encontro enviamos 30 questionários aos participantes e 23 respostas revelaram a compreensão sobre o seu fazer. Entendem o indivíduo constituído fora da mediação social e privilegiam o enfoque clínico de análise, restringindo-se a um trabalho de pouco alcance social, frustrante e ingênuo, pois não percebem o quanto é ideológico pelo uso de formas simbólicas e veladas, que criam e reproduzem relações de dominação, desiguais e injustas. Diante desse quadro, refletimos sobre socialização e exclusão-inclusão como processos dialéticos; educação como sonho possível que exige pensar diariamente a prática para descobrir seus limites e alcances; e cuidado como atitude de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro.

Palavras-chave: Grupo de reflexão; Exclusão; Inclusão; Educação.


ABSTRACT

This paper presents the Reflection Group carried out with educators at the Entidades Conveniadas meeting &– Posto Grande Leste, New Pathways Project, which cares for adolescents from 12 to 18 years old, fulfilling a socio-educative measure of Assisted Freedom and Community Services, by the Judiciary Power. Before the Meeting, we sent 30 questionnaires to the educators’ participants and 23 answers revealed the comprehension about their actions. They understand the individual outside social relations and favor the clinical approach of analysis, restricting themselves to a work with little social reaching, frustrating and naïve, since they do not have the perception of how ideological is by the use of symbolic, concealed forms, which create and reproduce unequal and unfair relations of domination. With this scenario in mind, we reflected about socialization and exclusion-inclusion as dialectics processes; education as a possible dream which demands daily thinking about practice to discover its limits and reaches; and caring as an attitude of “responsibilization” and affective involvement with the other.

Keywords: Reflection group; Exclusion; Inclusion; Education.


RESUMEN

Presenta el Grupo de Reflexión realizado con educadores en el Encuentro de las Entidades Conveniadas - Puesto Grande Este, proyecto Nuevos Caminos que atiende a adolecentes de 12 a 18 años, cumpliendo medida socio-educatida de Libertad Asistida y Prestación de Servicios a la Comunidad, encaminados por el poder judiciario. Antes del encuentro enviamos 30 cuestionários a los participantes y 23 contestaciones revelaron la comprensión sobre su hacer. Entienden el individuo constituido fuera de la mediación social y privilegian el enfoque clínico de analisis, restringiendose a un trabajo de poco alcance social, frustrante e ingenuo, pues no notan cuanto es ideológico por el uso de formas simbólicas, veladas, que crian y reproducen relaciones de dominación desiguales e injustas. Frente a este cuadro, reflectimos sobre socialización y exclusión-inclusión como procesos dialécticos; educación como sueño posible que exige pensar diariamente la práctica para descubrir sus límites y alcances; y cuidado como actitud de responsabilización y de estar involucrado afectivamentee con el otro.

Palabras clave: Grupo de reflexión; Exclusión; Inclusión; Educación.


 

 

Nós pedimos com insistência:
Não digam nunca: isso é natural
Diante dos acontecimentos de cada dia.
Numa época em que reina a confusão.
Em que corre o sangue,
em que se ordena a desordem,
em que o arbitrário tem força de lei,
em que a humanidade se desumaniza,
não digam nunca: isso é natural!

Bertold Brecht

 

A Associação Mogicruzense para Defesa da Criança e do Adolescente (AMDEM), entidade fundada em 1983 para apoio aos jovens em situação de risco social, procurou-nos para ministrarmos uma palestra no Encontro das Entidades Conveniadas - Posto Grande Leste do qual participariam alguns profissionais do Projeto Novos Caminhos que atendem adolescentes na faixa etária de 12 a 18 anos (excepcionalmente até 21 anos), cumprindo medida sócio-educativa (M.S.E.)3de Liberdade Assistida (L.A.)4 e Prestação de Serviços à Comunidade (P.S.C.)5, encaminhados pelo Poder Judiciário de Mogi das Cruzes.

Como a AMDEM, muitos profissionais nos têm procurado para supervisões e discussões de caso com dúvidas do como entender e sobre o que fazer diante de manifestações de desconforto e sofrimento que não conseguem ser compreendidas em sua complexidade pelas inúmeras teorias tradicionais, quase todas de cunho instrumental, insuficientes porque permitem apenas fotografar a realidade, fornecendo uma visão estática e falsa de seu caráter histórico, dinâmico e conflitivo. Não visam a emancipação e o esclarecimento que tornariam os indivíduos envolvidos conscientes das coerções e contradições ocultas, deixando-os em condições de determinar onde se encontram seus verdadeiros interesses, através da contínua auto-reflexão.

Daí a necessidade de recuperar a reflexão como categoria de conhecimento e salvar o conteúdo utópico que separa os anseios, valores, necessidades e aspirações subjacentes, de seu modo ideológico de expressão, como bem salientou Geuss (1988, p. 144).

 

COMO PROCEDEMOS

Antes do encontro enviamos para os participantes, via Internet, algumas questões cujas respostas poderiam revelar-nos a compreensão que os mesmos tinham sobre o seu fazer. O Quadro 1 apresenta a compilação das informações que obtivemos de 23 participantes.

 

 

COMO ENTENDEMOS AS RESPOSTAS

Estão “politicamente corretas” do ponto de vista das ações a serem empreendidas no dia-a-dia com os jovens e de acordo com o proposto pelo ECA (BRASIL, 1990). O que nos chamou a atenção foi a “ingenuidade” dos profissionais sobre a complexidade do trabalho que realizam e o quanto ele é ideológico.

Percebemos uma compreensão de ser humano como indivíduo, alguém que é um, mas que não tem nada a ver com os outros, isto é, fora de relações.

Estão imbuídos de um valor solidário que, desvinculado da complexidade das relações sociais, pouco ou quase nada pode oferecer, restringindo-se a um trabalho de pouco alcance e, por isso, frustrante.

Embora haja um trabalho com as famílias buscando a criação de novos vínculos é inevitável o sofrimento dos profissionais6diante da impotência e pouca eficácia de seu trabalho, não devido à sua incapacidade, mas à complexidade e polissemia da questão da exclusão social e sua transversão em inclusão social.

Por tal razão achamos que algumas questões precisavam ser re-visitadas já que podem mostrar dimensões que em geral ficam veladas. Propusemos então um Grupo de Reflexão para a análise e discussão dos determinantes objetivos que não aparecem neste tipo de trabalho.

 

O PROCESSO SOCIALIZADOR

A compreensão desse processo sem a mediação do social encobre alguns aspectos da vida humana como trabalho, marginalidade, subjetividade, criminalidade infanto-juvenil, etc. Socialização é a ampla e consistente introdução de um indivíduo no mundo objetivo, que precede a existência individual, de uma sociedade ou num setor dela7. E um processo dialético, dinâmico com função controladora e reguladora a partir de vínculos significativos que o indivíduo estabelece com os outros, interiorizando os controles. Os mediadores encarregados da tarefa são os adultos, que escolhem aspectos do e filtram o mundo de acordo com sua própria localização na estrutura social e também pela sua própria biografia. Não sendo a criança uma “tábula rasa”, essa pode, de acordo com suas próprias percepções e idiossincrasias, destruí-lo, aceitá-lo, recusá-lo, mas nunca negá-lo, ou seja, a criança absorve a mediação numa perspectiva própria, mas com a coloração particular dada pelos mediadores: contentamento, resignação, amargo ressentimento ou fervente rebeldia. Por isso crianças de classes diferentes ou de uma mesma classe social podem diferir quanto à forma de ser-no-mundo.

 

A ESPECIFICIDADE DAS MEDIÇÕES EM CAMADAS EXCLUÍDAS

Exclusão é tema de extrema atualidade, mas ambíguo e impreciso, pois nomeia desde a desigualdade como resultante de deficiência e inadaptação individual, até a injustiça e exploração social (SAWAIA, 1999, p. 7). A fenomenologia da exclusão é bastante conhecida dos brasileiros: favelas, sem-tetos vivendo embaixo de viadutos, crianças abandonadas, prostituição de crianças e adolescentes, cortiços, sem-terras, índios, menores infratores. É um processo complexo e multifacetado, de dimensões materiais, políticas, relacionais e subjetivas.

Atualmente não podemos lidar com a exclusão unicamente pela ótica econômica (pobreza) ou só pela ótica social (discriminação), o que minimiza o problema. Daí falarmos em dialética exclusão-inclusão, já que todos estamos incluídos e inseridos de algum modo, nem sempre digno e decente, no circuito reprodutivo das atividades econômicas, sendo que a maioria está inserida através da insuficiência e das privações. A exclusão deve ser entendida como descompromisso político com o sofrimento do outro e a inclusão deve ficar desatrelada da noção de adaptação e normalização que geralmente conduzem à culpabilização individual pelo fracasso da inclusão. Ao buscarmos incluir um indivíduo, por mediações de diferentes ordens nos nós que o excluíram, podemos gerar o sentimento de culpa individual pela não-inclusão ou exclusão.

O processo de exclusão é sutil e só existe em relação à inclusão e como parte constitutiva dela, envolvendo o homem por inteiro e suas relações com os outros. Não tem forma única e não é falha do sistema, mas é produto do funcionamento do sistema. Devemos entendê-lo comportando as dimensões: ética (injustiça), objetiva (desigualdade social) e subjetiva (sofrimento).

No processo as relações são disfarçadas, latentes e o discurso, geralmente, revela-se como contrário da prática. Exemplificando, transcrevemos a resposta de um participante “me preocupo com atos que levem o jovem a se tornar um cidadão, completando seus estudos, tirando seus documentos e mostrando a importância do mercado de trabalho” (sic).

O que esta fala oculta? Basicamente duas coisas: (1) o desenvolvimento de tecnologias (automação) e a substituição da mão-de-obra (robôs e processadores eletrônicos) dispensam os homens de seus empregos, facilitando a integração perversa na economia criminosa: tráfico de drogas, compras de armas, contrabando, prostituição, jogos, extorsões, seqüestros, descarga de lixo atômico e (2) a competividade: competir implica exclusão! A competição entre desiguais significa ganhar de antemão, isto é, excluir os mais fracos e manter a dominação dos mais fortes.

Devemos estar atentos à ideologia embutida no trabalho de mediação. Se os psicólogos atribuírem a origem do sofrimento ao indivíduo, ele é o inadequado e deve ser submetido aos tratamentos existentes (inclusive a psicoterapia), ou então o sofrimento é tornado ontológico e o indivíduo deve conviver com ele. Nos dois casos a psicologia legitima a ideologia e impede que os conflitos sociais possam ser vistos como origem do sofrimento (CROCHIK, 1998, p. 74). A ideologia cria, sustenta e reproduz certos tipos de relações (éticas e justas ou desiguais, assimétricas e injustas) e é necessária a crítica constante aos significados, sentidos e definições que damos a certa realidade, pois sempre têm uma conotação de valor, positivo ou negativo. “Amor, ordem, testemunho, honra, disciplina” são valores que não pertencem à realidade do infrator, mas sim ao desejo do educador, sempre imbuído de expectativas positivas quanto ao seu trabalho.

 

O EDUCADOR

Os técnicos do Projeto Novos Caminhos são chamados de “educadores”. Chauí (1982) perguntou: “O que é ser educador hoje?” Ao refletirmos sobre a pergunta, lançamos mão das considerações de Alves (1982) quando afirma que educador não é profissão, mas vocação; educadores são como as velhas árvores, possuem uma face, um nome, uma “estória” a ser contada. Será que merecem sobreviver? Têm alguma função social ou econômica a desempenhar? Com quais instrumentos trabalham?

Considerando as respostas dos educadores-técnicos às nossas perguntas, ficou claro para nós que era preciso “acordá-los”, perfurando máscaras e levantando suspeitas no seu cotidiano institucional, mas também ajudando-os a renovar paixões e esperanças, lembrando que aquele que aprende algo não só obtém domínio de algo, mas também é marcado pelo apre(e)ndido no próprio coração da vida, porque, afinal, toda educação pressupõe também a transmissão de um certo saber existencial que não se reduz ao conhecimento sobre nenhum mundo possível. Lembrando os ensinamentos de Paulo Freire (1982), discutimos que a educação é um sonho possível e uma utopia, no sentido de que é uma prática que deve denunciar uma sociedade injusta, mas que também anuncia um sonho possível de uma sociedade que seja menos espoliadora.

Dentre todas as funções do educador, destacamos o incentivo à postura ativa e crítica, respeitando valores e levando em consideração as experiências, ajudando a pessoa a encontrar o seu modo de conhecer, de abrir espaços, de conquistar o mundo em que vive. Assim, ressaltamos que não se trata de neutralidade ou de distância, mas do “manejo de uma entrega”, de uma disponibilidade de estar junto e de poder cuidar.

 

O CUIDADO

O cuidado é mais que um ato: é uma atitude. Os adolescentes que freqüentam as Entidades Conveniadas necessitam de cuidado. Os profissionais dessas entidades também necessitam de cuidado. Sendo assim, cuidado por um cuidar para se cuidar, é condição fundamental para o acontecer de ambos.

Cuidar constitui-se no exercício da “pré-ocupação”8com o acontecer, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro. Portanto, estratégias assistencialistas e paternalistas não resolvem os problemas, mas os perpetuam. A libertação dos oprimidos deverá provir deles mesmos, na medida em que se conscientizem da injustiça de sua situação, se organizem entre si e comecem com práticas que visem transformar estruturalmente as relações iníquas; é a dignidade da vida que move as pessoas e os movimentos a protestar, a resistir e a mobilizar-se para mudar a história.

 

A RODA SE ABRIU PARA COMPARTILHAR

Seguindo com o trabalho propusemos abrir uma roda para compartilhar as experiências e reflexões que surgiram a partir dos tópicos discutidos. As conclusões dessa roda, que serão discutidas em outra oportunidade, permitiram-nos concluir que este grupo sensibilizou-se e conseguiu perfurar máscaras, levantar suspeitas, sem perder de vista seu projeto, sua utopia, isto é, resgatou paixões.

 

O DESFECHO

Para Pompéia (2000, p. 31) desfecho é visto como final, como encerramento, como realização de algo que vinha sendo preparado. Perguntamos, então, por que chamar aquilo que fecha de des-fecho? Ora, porque, ao mesmo tempo em que encerra, fecha, o des-fecho também indica abertura, pois, quando ocorre o des-fecho, tudo começa de novo ou começa outra vez. Começar de novo tem sempre o caráter de novidade, ao passo que começar outra vez é sempre repetição. E este grupo começará de novo!

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, R. O preparo do educador.  In: BRANDÃO, C. R. (Org.). O educador: vida e morte. Rio de Janeiro: Graal, 1998, p. 13-28.        [ Links ]

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei 8069 de 13 de julho de 1990.        [ Links ]

CARDOSO, W. L. C. D. Qualidade de vida e trabalho: uma articulação possível. In: GUIMARÃES, L. A. M.; GRUBITS, S. (Orgs.). Saúde mental e trabalho. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999. p. 89-116.        [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência
Jozelia Regina Díaz Olmos
E-mail: jozelia.regina@gmail.com

Wilma Magaldi Henriques
E-mail: magaldihenriques@ig.com.br

Recebido em 13/11/05.
1ª Revisão em 7/03/06.
Aceite Final em 19/03/06.

 

 

1 Psicóloga, doutoranda pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo - IPUSP.
2 Psicóloga. Doutora em Psicologia pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo - IPUSP-USP. Professora e supervisora do curso de Psicologia da Universidade de Mogi das Cruzes.
3 As M.S.E. estão previstas no Artigo 112 do ECA (BRASIL, 1990) e são aplicadas pelo Juiz da Infância e da Juventude quando o adolescente pratica ato infracional (roubo, tráfico de drogas, vandalismo e outros). Tem caráter pedagógico visando a ressocialização do adolescente e vão da advertência à internação.
4 A L.A. refere-se ao Artigo 118 do ECA pelo prazo de seis meses cuja finalidade é promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação encaminhamento, se necessário, a programas sociais, aproveitamento escolar, auxiliando na profissionalização do adolescente e outros.
5 A P.S.C. refere-se ao Artigo 117 do ECA, que consiste na realização de tarefas gratuitas, por no máximo seis meses, junto a entidades, hospitais, escolas e órgãos governamentais, cumpridas em jornada máxima de oito horas semanais.
6 Cf. Wilheim; Deak (citados por CARDOSO, 1999, pp. 89-116) seria necessário o equilíbrio entre as expectativas em relação à atividade profissional e a concretização das mesmas para que o profissional possa diminuir o sofrimento e alcançar certo bem-estar. Ocorre que, geralmente, a expectativa de um trabalho eficaz é muito maior do que os resultados obtidos, devido às condições objetivas e subjetivas.
7 “A cultura é meio para a individuação. Esta só pode ocorrer através de um projeto coletivo que permita a diferenciação. Por isso a função da formação cultural é a de socializar para individuar. Dito de outra maneira, a formação deve se destinar à diferenciação do indivíduo em relação ao seu meio, com o qual se vê confundido por ocasião de seu nascimento. A subjetividade assim define-se por um terreno interno que se opõe ao mundo externo, mas que só pode surgir deste. Sem a formação do indivíduo, este se confunde com o seu meio social e natural. Tal subjetividade se desenvolve pela interiorização da cultura, que permite expressar os anseios individuais e criticar a própria cultura que permitiu a sua formação” (Crochik, 1998, p. 71-72).
8 Segundo Feijoo (2000, p. 79) na preocupação podem-se destacar diferentes possibilidades: a preocupação substitutiva ou substituição dominadora, quando se substitui o cuidado com o outro e ocupa-se desse outro; a preocupação anteposição ou anteposição libertadora, na qual a pre-sença enquanto cuidado mantém-se na cura, volta-se para a existência do outro e não dela se ocupa, portanto, cuida.