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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641Xversão On-line ISSN 2175-3601

Rev. bras. psicanál vol.59 no.1 São Paulo  2025  Epub 16-Jun-2025

https://doi.org/10.69904/0486-641x.v59n1.20 

História da psicanálise

Aspectos da história da psicanálise no Brasil e aproximações a Virgínia Leone Bicudo1

Aspectos de la historia del psicoanálisis en Brasil y aproximaciones a Virgínia Leone Bicudo

Aspects of the history of psychoanalysis in Brazil and approaches to Virgínia Leone Bicudo

Aspects de l’histoire de la psychanalyse au Brésil et approches de Virgínia Leone Bicudo

Carlos Cesar Marques Frausino2 

Membro da Sociedade de Psicanálise de Brasília

1Sociedade de Psicanálise de Brasília(SPBsb)


Resumo

O autor sumariza aspectos da historiografia do desenvolvimento institucional da psicanálise no Brasil, aspectos associados a apontamentos da história contemporânea brasileira, com o objetivo de associá-los e correlacioná-los à biografia, à produção bibliográfica e às atividades de difusão de institucionalização da psicanálise de Virgínia Leone Bicudo, destacando o pioneirismo e a originalidade de algumas atividades e estudos.

Palavras-chave Virgínia Leone Bicudo; racismo; historiografia da psicanálise no Brasil; institucionalização da psicanálise; sociologia

Resumen

El autor resume aspectos de la historiografía del desarrollo institucional del psicoanálisis en Brasil, aspectos asociados a notas de historia contemporánea brasileña, con el objetivo de asociarlos y correlacionarlos con la biografía, la producción bibliográfica y las actividades de divulgación e institucionalización del psicoanálisis de Virgínia Leone Bicudo, destacando el espíritu pionero y la originalidad de algunas actividades y estudios.

Palabras clave Virgínia Leone Bicudo; racismo; historiografía del psicoanálisis en Brasil; institucionalización del psicoanálisis; sociología

Abstract

The author summarizes aspects of the historiography of the institutional development of psychoanalysis in Brazil, aspects associated with notes on contemporary Brazilian history, with the aim of associating and correlating them with the biography, bibliographical production and dissemination activities and institutionalization of psychoanalysis of Virgínia Leone Bicudo, highlighting the pioneering spirit and originality of some activities and studies.

Keywords Virgínia Leone Bicudo; racism; historiography of psychoanalysis in Brazil; institutionalization of psychoanalysis; sociology

Résumé

L’auteur résume des aspects de l’historiographie du développement institutionnel de la psychanalyse au Brésil, aspects associés à des notes sur l’histoire brésilienne contemporaine, dans le but de les associer et de les corréler avec la biographie, les activités de production et de diffusion bibliographiques et l’institutionnalisation de la psychanalyse de Virgínia Leone Bicudo, en soulignant l’esprit pionnier et l’originalité de certaines activités et études.

Mots-clés Virgínia Leone Bicudo; racisme; historiographie de la psychanalyse au Brésil; institutionnalisation de la psychanalyse; sociologie

A historiografia da psicanálise pode ser analisada sob diversas perspectivas, incluindo a evolução técnica, as bases epistemológicas, as influências filosóficas, as biografias dos psicanalistas, os processos de formação e transmissão e de institucionalização nos países, as genealogias, as rotas imigratórias e migratórias dos conceitos e analistas e das controvérsias e dissidências. No Brasil, há vasta produção sobre esses temas no que diz respeito às instituições vinculadas e às não vinculadas à Associação Psicanalítica Internacional (IPA).3

Nesse contexto, a trajetória de Virgínia Leone Bicudo, sua ampla produção – artigos e conferências – e seu papel empreendedor na divulgação, promoção e desenvolvimento institucional da psicanálise no Brasil representam um significativo capítulo da história do movimento psicanalítico no país. A correspondência entre psicanalistas é uma maneira de se aproximar da construção do edifício psicanalítico. Da mesma forma, as entrevistas concedidas por Virgínia oferecem um valioso vértice de acesso à sua biografia e obra. No entanto, sua extensa produção científica e seu pensamento teórico-clínico ainda não receberam a devida visibilidade e reconhecimento.

No campo da sociologia, seus estudos sobre as relações raciais, o racismo e o impacto do preconceito de cor na dinâmica social brasileira anteciparam, em várias décadas, a agenda de pesquisa e os debates contemporâneos sobre esses temas. Virgínia teceu uma interpretação pioneira e originária da sociedade brasileira. Apesar de sua relevância, sua obra permaneceu negligenciada por décadas pela academia, pelos psicanalistas e pelos intelectuais brasileiros.

Somente nos últimos anos se iniciou um movimento tardio de resgate da importância e do legado de Bicudo para a psicanálise e a sociologia, impulsionado por trabalhos e atividades diversas e pelo lançamento de uma biografia e de um filme sobre sua vida.4

Nas primeiras décadas do século 20, o projeto freudiano de internacionalização da psicanálise estava circunscrito à Europa e à América do Norte, apesar da correspondência entre os pioneiros latino-americanos da psicanálise e Freud (Freud, 1914/2012; Pieczanski & Pieczanski, 2014/2017). A América Latina não estava na rota de expansão do movimento psicanalítico (Roudinesco, 1994/1995). Há um ponto de inflexão nesse processo com o início do segundo conflito bélico internacional e a diáspora psicanalítica da Europa para outros países e para a América Latina (Danto, 2005/2019). Dessa forma, o método e a letra freudiana, em cada contexto e dinâmica regional e local, adaptaram-se e adquiriram características singulares, moldadas pelo diálogo com as culturas locais, com as ideologias, e pelas condições sociais, políticas e econômicas de cada região.

Diante dos objetivos deste artigo, são necessárias breves anotações acerca da constituição da Associação Psicanalítica Argentina (APA), uma das instituições protagonistas na difusão e na institucionalização da psicanálise no Brasil, por meio da formação de psicanalistas brasileiros, do significativo intercâmbio com instituições brasileiras e da sua Revista de Psicoanálisis, fundada em 1943 (Cesio, 1981).

Nas primeiras décadas do século 20, em Buenos Aires, havia crescente interesse pelo pensamento freudiano nos círculos intelectuais e científicos. Entre os médicos, Arnaldo Rascovsky e Enrique Pichon-Rivière se destacavam na difusão e aplicação do método psicanalítico. No final desse período, chegaram à cidade o psicanalista espanhol Ángel Garma, formado pelo Instituto de Berlim; Celes Ernesto Cárcamo, médico de Buenos Aires que retornou à Argentina após concluir sua formação em Paris; Marie Langer, formada pelo Instituto de Viena; e Heinrich Racker, polonês, doutor em musicologia e filosofia, que iniciou a formação no Instituto de Viena e a concluiu na Argentina (Pieczanski & Pieczanski, 2014/2017).

Em 1942, Garma, Cárcamo, Rascovsky, Pichon-Rivière, Langer e Enrique Ferrari Hardoy fundaram a APA. O processo de reconhecimento do grupo pela IPA aconteceu em 1949.

No Brasil, as primeiras décadas do século 20 foram marcadas por intensa efervescência econômica, social, cultural e política, conformada pelo fim da Primeira Guerra Mundial, pelas duas revoluções industriais e pela crise de 1929. Conflitos armados e debates ideológicos agitaram o Rio de Janeiro, então capital federal, São Paulo, berço da industrialização brasileira, e as demais região do país. Esses movimentos refletiram a ascensão política e econômica das classes médias urbanas, a rápida e intensa urbanização, a industrialização e outras transformações que culminaram na Revolução de 1930 (Fausto, 1970/1997).

Nesse momento histórico, o país vivenciava um paradoxo: o fortalecimento do nacionalismo coexistia com o crescente interesse por ideias e movimentos artísticos de fora do Brasil, com o objetivo de compreender as singularidades das mudanças no país, criando-se um ambiente fértil para a difusão das concepções freudianas como ferramenta de análise de movimentos complexos e sobrepostos. Assim, nas primeiras décadas do século 20, as teorias de Freud começaram a circular na imprensa, nas faculdades de medicina e no meio intelectual e artístico, acontecendo o encontro entre o ideário freudiano e o movimento modernista, em São Paulo.

Embora o Brasil seja um país de dimensões continentais, a institucionalização da psicanálise ocorreu inicialmente em regiões específicas, refletindo a concentração econômica e populacional nacional: nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre (Mokrejs, 1993; Perestrello, 1992). O processo paulistano foi marcado pela relação conflituosa dos médicos, principalmente na psiquiatria, em relação ao exercício profissional da psicanálise, associada ao movimento dos intelectuais modernistas (Moretzsohn, 2018; Sagawa, 1989; SBPSP, 1994). A cidade do Rio de Janeiro reunia um número significativo de médicos ligados à rede pública de hospitais psiquiátricos e universidades que aderiram às teses psicanalíticas. Um terceiro polo surgiu em Porto Alegre, especialmente a partir da atuação de médicos.

Esse movimento pode ser caracterizado em três grandes períodos (Eizirik, 2022). O primeiro, do final do século 19 até 1936, foi marcado pela recepção e difusão do ideário psicanalítico por médicos e intelectuais e pela publicação das primeiras traduções da letra freudiana. O segundo se iniciou em 1936, com a chegada da psicanalista alemã Adelheid Lucy Koch à cidade de São Paulo, a fim de iniciar a formação psicanalítica de acordo com o modelo IPA, e se prolongou até os anos 50, com o desenvolvimento de novas instituições psicanalíticas, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre.5

O terceiro é marcado pelo reconhecimento pela IPA da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), em 1951; da Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro (SPRJ), em 1955; da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro (SBPRJ), em 1959; e da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA), em 1963.

Nesse período, a cidade de São Paulo, forjada entre o mito e a realidade, tornou-se um dos principais centros urbanos do país em função da sua centralidade na dinâmica do complexo cafeeiro. Os anos da prosperidade dessa cultura, até a crise de 1929, coincidiram com a reconfiguração global do mercado de trabalho, atraindo imigrantes de diversas partes do mundo, além de migrantes, com intenso êxodo rural.

No período de 1900 a 1950, a cidade de São Paulo vivenciou um crescimento populacional exponencial, saltando de 239.820 para 2.198.096 habitantes. Esse fenômeno, impulsionado pelo fluxo populacional, resultou na rápida expansão da malha urbana e na exacerbação das desigualdades sociais, típicas de uma metrópole em um país periférico. A cidade, nesse contexto, consolidou-se como um centro dinâmico de efervescência cultural, política e econômica, e um dos principais polos do movimento modernista, com a realização da Semana de Arte Moderna, em 1922 (Gonçalves, 2012; Sevcenko, 2004).

São Paulo não era uma cidade nem de negros, nem de brancos e nem de mestiços; nem de estrangeiros e nem de brasileiros; nem americana, nem europeia, nem nativa; nem era industrial, apesar do volume crescentes das fábricas, nem entreposto agrícola, apesar da importância crucial do café; não era tropical, nem subtropical; não era moderna, mas já não tinha passado. Essa cidade que brotou súbita e inexplicavelmente, como um colossal cogumelo depois da chuva, era um enigma para seus próprios habitantes, perplexos, tentando entendê-lo como podiam, enquanto lutavam para não ser devorados. (Sevcenko, 1992, p. 31)

O interesse pela modernidade e pela vida cosmopolita dominava o cotidiano da cidade, com foco em publicidade, costumes e novos comportamentos. O arcaico era rejeitado. A sociedade, buscando o novo, valorizava explicações para o presente, desvinculando-se do passado.

As mudanças socioculturais da época promoveram transformações no papel das mulheres na sociedade urbana: elas reivindicaram o direito ao voto e à participação na vida pública, e adotaram novas posturas nas ruas – até esse momento, um espaço masculino. A nova dinâmica social permitiu que ocupassem novos espaços profissionais, para além da vida doméstica. Virgínia Bicudo é um exemplo disso (Maluf & Mott, 1998).

O início do movimento psicanalítico na cidade de São Paulo teve como protagonistas os médicos Franco da Rocha e Durval Bellegarde Marcondes. Franco da Rocha, pioneiro na divulgação das ideias freudianas, introduziu o tema na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Durval Marcondes, com seu perfil multifacetado de psiquiatra, escritor, poeta e tradutor de Freud, foi essencial para a institucionalização da psicanálise, que culminou na fundação da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.

Inicialmente, Marcondes, junto com Franco da Rocha e um grupo de médicos e intelectuais modernistas, fundou a Sociedade Brasileira de Psicanálise (sbp) em 1927, obtendo “reconhecimento” da IPA em 1929. Poucos meses depois, em 1928, foi lançada a Revista Brasileira de Psychanalyse (RBP), que teve apenas uma edição. Tanto a revista quanto a sociedade tiveram vida curta, uma vez que o foco era a divulgação do pensamento freudiano.

Na mesma época, Marcondes recebeu de Max Eitingon – então presidente da IPA e diretor do Instituto de Berlim – uma publicação detalhando os parâmetros para a formação e transmissão da psicanálise dentro da IPA, baseados no chamado tríplice modelo (análise didática, supervisão e seminários teóricos e clínicos). A partir desse fato, iniciou tratativas com a diretoria da IPA a fim de trazer à cidade de São Paulo um analista didata para estruturar essas atividades, o que resultou na chegada da psicanalista alemã Adelheid Lucy Koch, em 1936. Ao longo de anos, Koch foi analista, professora e supervisora da primeira geração de psicanalistas de São Paulo.

A biografia de Virgínia Leone Bicudo está intrinsecamente entrelaçada com as transformações da cidade de São Paulo, o início da institucionalização da psicanálise e o movimento modernista no primeiro quartil do século 20. Seu nome simboliza a convergência de diferentes origens, culturas e experiências que compõem a identidade brasileira. Essa complexidade se expressa em sua própria ancestralidade: descendente de uma mulher escravizada (Virgínia), de um senhor de terras (Bicudo) e de um imigrante (Leone), ela encarnava a figura da cidadã urbana, em um país de economia periférica, em transição entre o rural e o urbano e com um capitalismo tardio (Gomes, 2013).

Em 1936, Virgínia se matriculou na Escola Livre de Sociologia e Política (Elsp), primeira instituição acadêmica de ciências sociais criada no Brasil. Durante as aulas da educadora e psicóloga Noemy da Silveira Rudolfer, em 1937, se interessou pela psicanálise. Bicudo foi a única mulher e negra na turma de 10 alunos que finalizou o curso.

Ao ingressar no programa de mestrado da instituição, Virgínia Bicudo tornou-se docente, ao lado de Durval Marcondes, da disciplina Higiene Mental e Psicanálise na Elsp. No documento de identificação funcional da instituição, Virgínia foi identificada como branca. Bicudo, uma mulher negra ou mestiça, apresentava variações em sua tonalidade de pele nas fotografias, dependendo da técnica fotográfica empregada e dos contextos intelectuais e sociais em que era retratada.

Após oito anos do início da sua formação psicanalítica, em 1945, defendeu a dissertação de mestrado denominada Estudo de atitudes raciais de pretos e mulatos em São Paulo, na Elsp – o título do projeto de pesquisa inicial era Estudo da consciência de raça entre pretos e mulatos de São Paulo, o que revelava o interesse pelo tema das tensões e conflitos raciais (Maio, 2010). Os resultados da pesquisa questionavam e contrarrestavam mitos e visões tradicionais vigentes, que postulavam a existência de uma harmonia racial no Brasil. A ilusão de democracia e harmonia racial no país ainda é um mecanismo eficaz para evitar o sofrimento psíquico resultante da conscientização e do reconhecimento das situações traumáticas, e os impactos sociais causados pelo racismo (Frausino & Amendoeira, 2024).

Virgínia realizou uma ampla pesquisa sobre as relações sociais na cidade de São Paulo, articulando sociologia, antropologia e psicologia social. Essa metodologia é precursora da interseccionalidade como perspectiva analítica, utilizada por autores contemporâneos, pois postula e demonstra que as dinâmicas raciais estão intrinsecamente ligadas às questões de gênero e classe. O estudo destaca ainda a mobilidade social e o preconceito de cor como elementos centrais na nova dinâmica urbana da cidade de São Paulo, e evidencia que o preconceito de cor prevalece sobre os preconceitos de classe e raça no funcionamento da sociedade urbana contemporânea – conclusões que reafirmam seu caráter pioneiro e original.

Ao analisar as referências bibliográficas da dissertação, elaborada entre 1941 e 1944, observa-se a ausência de autores canónicos que investigam a questão racial, o preconceito de cor e o racismo, com exceção de Sobrados e mucambos, de 1936, de Gilberto Freyre. Não há menção a Roger Bastide, Florestan Fernandes, Frantz Fanon, Guerreiro Ramos, Neusa Santos Souza, Lélia Gonzalez, entre outros. O trabalho de Bicudo é anterior a esses autores, o que realça o pioneirismo, a abrangência e a relevância de Virgínia para a cultura brasileira e para o estudo das relações raciais. Ela teceu uma interpretação inédita para o Brasil – que se constituía em uma nova configuração económica, social e política – e para as ciências sociais no Brasil (Braga, 2021; Silva, 2010).

Até a primeira metade do século 20, a produção acadêmica em ciências sociais no Brasil era predominantemente masculina (homens brancos e negros), com pouquíssimas mulheres, entre as quais nenhuma negra, exceto Virgínia (Gomes, 2013).

Virgínia finalizou o programa de mestrado em 1945, com a defesa da dissertação, cuja primeira publicação aconteceu apenas em 2010. Esse longo intervalo de 65 anos, aliado à importância da pesquisa para a compreensão da sociedade brasileira, impõe algumas indagações: o que justificaria tamanha espera? Por que gerações de pesquisadores – cientistas sociais, historiadores, intelectuais negros e ativistas das relações raciais – desconheceram ou deixaram de citá-la? Teria sido uma escolha da própria autora ou uma dificuldade em publicar o estudo? Ou, ainda, por que seus contemporâneos não se empenharam em sua divulgação (Silva, 2010)?

Em setembro de 1949, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) aprovou uma agenda antirracista, com pesquisas em vários países. Virgínia, docente da Elsp e psicanalista, participou do Projeto Unesco e utilizou a mesma metodologia, investigando as atitudes raciais na vida escolar de uma parcela significativa de alunos e familiares do curso primário da cidade de São Paulo. Os resultados, semelhantes aos da dissertação, foram publicados em 1955 (Maio, 2010).

Em 1937, Virgínia Bicudo iniciou a formação psicanalítica e a análise com Koch, no mesmo ano em que se instaurou no Brasil o Estado Novo, um governo ditatorial, sob a presidência de Getúlio Vargas, que oscilou entre a influência do nazifascismo e a aproximação econômica com os Estados Unidos. Esse governo durou até 1946. Tal contexto histórico confere especificidades ao setting analítico de Virgínia e Adelheid: o encontro de duas pessoas que experimentaram situações sociais que subtraíam as singularidades das subjetividades e que foram traumatizantes para essas mulheres – o racismo marcou a trajetória de Bicudo, e o nazismo forçou a imigração da família de Koch para o Brasil.

Bicudo, com Marcondes, Darcy de Mendonça Uchôa, Flávio Dias, Frank Philips, Lygia Alcântara do Amaral, Koch e outros, integra o grupo que dará início à trajetória da edificação da SBPSP, reconhecida pela IPA em 1951. Virgínia ficará na instituição até falecer, em 2003.

A primeira pessoa a deitar-se no diva para iniciar a formação psicanalítica da IPA no Brasil e na América Latina foi uma mulher negra, não médica, professora primária (do Departamento de Educação do Estado de São Paulo), filha de um pai negro e uma mãe imigrante italiana. Esse fato torna-se mais significativo quando consideramos a dimensão sócio-histórica da época. A presença de pessoas negras na universidade era extremamente rara. Eram pouquíssimos os que conseguiam acessar esse espaço. Quantas gerações foram necessárias, desde a chegada dos africanos escravizados até a abolição da escravatura, para que uma mulher negra, vinda da periferia, ingressasse no ensino superior e iniciasse a formação psicanalítica (Frausino & Amendoeira, 2024)?

Ao longo dos anos, após iniciar sua análise, atuou como socióloga, professora universitária e psicanalista, até dedicar-se integralmente à psicanálise. Uma das marcas distintivas de Bicudo foi sua notável capacidade reflexiva sobre experiências pessoais, sociais e institucionais na produção do conhecimento, expressa em artigos, conferências, entrevistas e ações institucionais. Essa característica permaneceu constante ao longo de sua trajetória profissional, na qual, além de psicanalista e socióloga, exerceu os ofícios de educadora sanitária, visitadora psiquiátrica e professora universitária.

Em 1948, publicou “Contribuição para a história do desenvolvimento da psicanálise em São Paulo”, artigo que descreve as primeiras ações de difusão e institucionalização da psicanálise na cidade de São Paulo e é o marco inicial de uma série de trabalhos sobre o tema e de atividades a que Bicudo irá se dedicar ao longo dos anos.

Além da sua clínica e do trabalho em instituições psicanalíticas, Virgínia difundiu a psicanálise por meio de uma vasta produção bibliográfica, que aborda as especificidades e os limites do método psicanalítico, tece reflexões teóricas e clínicas, discute a formação e a transmissão da psicanálise, e não hesita em explorar a interação da psicanálise com a cultura.

Na década de 1950, Virgínia teve um programa veiculado por uma expressiva rádio da cidade de São Paulo, publicou uma série de artigos semanais em um jornal de grande circulação na mesma cidade, e editou o livro Nosso mundo mental, uma coletânea de parte dos artigos publicados no periódico.

Utilizando-se dos meios de comunicação de massa, divulgou o saber psicanalítico por intermédio de orientações relacionadas à educação infantil ou a questões emocionais do cotidiano. O trabalho de Bicudo não se restringia apenas à aplicação do saber psicanalítico produzido até então na Europa; era também uma leitura da psicanálise em sintonia com as demandas da população brasileira.

Em 1954, o 1º Congresso Latino-Americano de Saúde Mental, realizado na cidade de São Paulo, sediado na Clínica Psiquiátrica da FMUSP, reuniu cerca 466 inscritos de países da América Latina, Estados Unidos, Portugal e Espanha, sob a presidência dos psiquiatras Antônio Carlos Pacheco e Silva e Durval Marcondes. Entre os participantes estavam, vindos da Argentina, Ángel Garma, Celes E. Cárcamo, Arnaldo Rascovsky, Enrique Pichon-Rivière e David Liberman; do Rio de Janeiro, Werner Kemper e Danilo Perestrello; da cidade de São Paulo, da SBPSP, Adelheid Koch, Darcy Uchôa, Theon Spanudis e Isaías Melsohn, além de futuros psicanalistas, como Laertes Ferrão e Gecel Szterling.

Ao longo do encontro, foram apresentados 142 trabalhos, dos quais apenas 11 por mulheres, entre elas Nise da Silveira, Judith Andreucci, Lygia Alcântara do Amaral e Virgínia – as três últimas, analistas da SBPSP, não médicas, reconhecidas como membros da IPA. Virgínia, Lygia e Judith, ao apresentarem o trabalho “Estudo do conteúdo psicológico de histórias em quadrinhos”, foram agredidas por médicos que participavam do evento e chamadas de charlatãs. Isso revelou a tensão existente no seio da comunidade médica com os psicanalistas não médicos na disputa pelo exercício da psicanálise.6 O congresso ficou marcado pela ausência de discussões sobre saúde mental e pelas efusivas disputas acerca do exercício profissional da psicanálise, com a aprovação de uma moção que considerava exercício ilegal da medicina qualquer prática psicanalítica ou psicoterapia aplicada por não médicos.7

No caso de Bicudo, a campanha de exercício ilegal da psicanálise valeu a acusação de charlatã em grandes eventos e em pequenos folhetos distribuídos no centro da cidade de São Paulo, com os dizeres: “Se eres neurótico e queres se tornar psicótico, procura a doutora Virgínia Bicudo. Se trate com a doutora Virgínia Bicudo!”. Flamínio Fávero, o primeiro diretor do Conselho de Medicina de São Paulo, foi um dos médicos que comandaram a ofensiva campanha de desmoralização e acusação de Virgínia (Gomes, 2013).

Entre 1955 e 1960, Virgínia, analista didata, estava em Londres, onde fez análise com Frank Philips, frequentou seminários particulares e do Instituto da Sociedade Britânica de Psicanálise – de Melanie Klein, Wilfred R. Bion, D. W. Winnicott e outros – e os cursos de psicoterapia de crianças dirigidos por John Bowlby, psicoterapia em grupo com J. Sutherland e observação de crianças com Esther Bick, na Clínica Tavistock (Bicudo, 1981).

Nos anos 20, Virgínia esteve imersa na eclosão e nos ecos do movimento modernista e nas transformações da cidade de São Paulo. Viveu o Estado Novo e o regime militar iniciado em 1964. Em Londres, encontrou as repercussões das Controvérsias na Sociedade Britânica e do Grupo de Bloomsbury, o qual, no primeiro terço do século passado, reunia nomes da vanguarda das artes inglesas, alguns deles críticos à era vitoriana e com estreitos vínculos com o movimento psicanalítico. Em Londres e em São Paulo, Bicudo esteve imersa em clima cultural de transformações que apontavam para novos vértices de reflexão acerca da dinâmica societária e da psicanálise (Moretzsohn, 2013).

No seu retorno ao Brasil, auxiliou na introdução e na consolidação das postulações teóricas e clínicas de Klein e Bion na SBPSP. Ao longo de 14 anos, esteve à frente do Instituto da SBPSP – instância que formula as diretrizes da formação dos psicanalistas – e teceu um modelo de transmissão e formação pautado pela pluralidade teórica, sem dogmatismos ou pensamento psicanalítico único, e ancorado nas postulações de Freud, Klein e Bion (Bicudo, 1989; Delouya, no prelo).

Outro vértice formativo postulado por Bicudo é a necessidade de a formação dos psicanalistas ser multidisciplinar e imersa na tradição humanista. Segundo ela, é nesse contexto que o sofrimento humano deve ser abordado. Enquanto diretora do instituto, postulou, sem êxito, que algumas áreas do conhecimento deveriam estar presentes no curriculum dos cursos teóricos de formação dos psicanalistas (Bicudo, 1976).

Da experiência londrina, também resultou a inclusão, no curso do instituto, da formação de analistas de crianças, após o seu desenvolvimento a partir dos anos 70, com a colaboração de psicanalistas da SBPSP, argentinos e uruguaios (Bicudo, 1988; Perestrello, 1992).

As preocupações editoriais de Virgínia, enquanto diretora do instituto, com a divulgação da psicanálise conduziram ao lançamento do Jornal de Psicanálise, em maio de 1966, com o propósito de disseminar os trabalhos de candidatos e membros do órgão de ensino. Com o sucesso da iniciativa, ocorreu o relançamento da Revista Brasileira de Psicanálise, em 1967. Em 1971, o periódico foi doado à então Associação Brasileira de Psicanálise (ABP). Atualmente, a revista conta com um editor e um editor associado, membros da SBPSP, nomeados pela diretoria dessa sociedade. Durante a fase de consolidação desses periódicos, nos primeiros números, Bicudo destacou-se como uma das principais autoras, contribuindo frequentemente com trabalhos próprios ou em coautoria.

O Jornal de Psicanálise também divulgou os trabalhos apresentados na 1ª Jornada Brasileira de Psicanálise, realizada em São Paulo, em maio de 1967. No encontro, idealizado e dirigido por Virgínia, com a presença de membros e candidatos de sociedades brasileiras, também se realizou uma reunião administrativa com o intuito de criar uma instituição nacional que aglutinasse as sociedades brasileiras reconhecidas pela IPA, a futura ABP (Bicudo, 1967; Pessanha, 2004).

Em 6 de maio de 1967, a ABP foi criada, com a participação de quatro sociedades: SBPSP, SPRJ, SBPRJ e SPPA. A administração inicial, nos dois primeiros anos, ficou a cargo de Mário Martins e Roberto Pinto Ribeiro, da SPPA. O primeiro Conselho Diretor, de 1969 a 1971, foi composto por Durval Marcondes, Isaías Melsohn e Laertes Moura Ferrão, da SBPSP. Em 2008, a ABP tornou-se Federação Brasileira de Psicanálise (Febrapsi).

Quando Virgínia voltou de Londres, em 1960, a psicanálise no Brasil estava institucionalizada, com as especificidades constitutivas de cada sociedade vinculada à IPA, a presença de analistas didatas realizando a formação de brasileiros e um intenso intercâmbio com a apa e a Sociedade Britânica de Psicanálise. A SBPSP tinha em seu quadro membros e candidatos médicos e não médicos. As demais sociedades permitiam apenas o ingresso de médicos nos seus institutos. Atualmente, a SBPSP, a Sociedade de Psicanálise de Brasília (SPBsb) – fundada por Bicudo em 1970 – e algumas outras sociedades aceitam o ingresso de não médicos no seus institutos. No entanto, até então, predomina o ingresso nos institutos por médicos e psicólogos.

A questão racial, porém, é algo que marca nossas instituições, com a baixa presença de negros, após 80 anos do início da formação psicanalítica de Bicudo. Esse fato ganha destaque quando se observam os resultados do censo demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2022, e registra-se que 55,5% da população brasileira é constituída por pretos e pardos (Belandi & Gomes, 2023).

Apesar dos trabalhos pioneiros de Virgínia, do desenvolvimento e da consolidação da psicanálise no Brasil, e dos avanços realizados nos campos teóricos, clínicos e institucionais, as questões associadas ao imbricamento da psicanálise com as questões raciais e o racismo no Brasil, no âmbito das sociedades de membros associados à IPA, ainda estão por se construir, se solidificar e se desenvolver.

No âmbito da Febrapsi, o ano de 2020 é um marco para o início de atividades que contrarrestem o quadro indicado. A federação, na gestão da presidente Cíntia Xavier de Albuquerque, em novembro de 2020, em assembleia ordinária geral, decidiu por unanimidade criar a Comissão de Estudo Psicanalítico Antirracismo e Práticas Antirracistas, vinculada à Diretoria de Comunidade e Cultura – um grupo de trabalho composto por todas as federadas com o objetivo de refletir e tecer ações de combate ao racismo estrutural brasileiro nessas instituições psicanalíticas.

No mesmo período, a SBPRJ e a Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre (SBPdePA) adotaram projetos de ações afirmativas para a entrada de indígenas, negros e negras nos seus institutos. Atualmente, essas ações estão presentes e se desenvolvendo em outras federadas.

Em 1970, Virgínia Leone Bicudo estava em Brasília com o propósito de promover a psicanálise na capital federal, o que posteriormente levou à fundação da SPBsb, um dos vetores da interiorização da psicanálise no Brasil. Inicialmente concentrada em três grandes centros urbanos – Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro –, a psicanálise expandiu-se gradativamente para outras regiões do país.

Ao longo dos anos, Bicudo dividiu-se entre São Paulo e Brasília e, ao lado de psicanalistas da SBPSP, junto com colegas da capital federal, contribuiu para a criação da Sede Brasília do Instituto de Psicanálise da SBPSP, que mais tarde se tornaria a SPBsb, com o reconhecimento como sociedade componente da IPA em 2004.

No processo de consolidação desse núcleo psicanalítico, Bicudo inovou institucionalmente no funcionamento dos institutos. Destaca-se o deslocamento, original e pioneiro, do analista didata de sua sede de origem – no caso, São Paulo – para a cidade dos analisandos, Brasília, com o objetivo de conduzir as análises didáticas. Além disso, a implementação da análise didática condensada representou uma novidade nos modelos tradicionais de formação, ampliando o acesso à psicanálise (Bicudo, 1980; Castro, 2017).

As preocupações com a divulgação da psicanálise continuaram em Brasília. Após o êxito do Jornal de Psicanálise e da RBP, Bicudo criou a revista Alter: Jornal de Estudos Psicodinâmicos (hoje Alter: Revista de Estudos Psicanalíticos), cujo primeiro número foi publicado em outubro de 1970 e que segue ativa até os dias de hoje.

Escrever sobre Virgínia Leone Bicudo é abordar não apenas uma figura central da psicanálise no Brasil, mas também uma das principais protagonistas na história da psicanálise e da cultura brasileira.

3A problematização sobre a psicanálise no Brasil vis-à-vis uma psicanálise brasileira e do interrogante “Existe uma psicanálise brasileira?” escapa aos objetivos deste trabalho, o que não implica a subtração da sua importância para a historiografia da psicanálise no Brasil. O artigo se limita a investigar o desenvolvimento da psicanálise no Brasil sob o prisma do tempo e do espaço.

4Entre os pioneiros, nesse sentido, destacam-se a entrevista com Bicudo realizada por Maio (2010), a publicação da dissertação de mestrado de Bicudo (1945/2010) – com edição e introdução de M. C. Maio –, a tese de doutorado de Gomes (2013), a biografia de Virgínia elaborada por Abrahão (2010), além dos trabalhos de Moretzsohn et al. (2010), Teperman e Knopf (2011) e Moretzsohn (2013). Em 2024, foi lançado um filme sobre Virgínia Bicudo e Adelheid Koch, dirigido por Thayná e Furtado.

5Sobre os modelos de formação da IPA, ver Frausino (2022).

6A profissão de psicólogo foi regulamentada em 1962.

7 Oliveira (2005) e Alarcão (2021) investigam o congresso. O relato de Virgínia sobre o fato está em Bicudo (1988).

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Recebido: 06 de Março de 2025; Aceito: 17 de Março de 2025

Carlos Cesar Marques Frausino carlosfrausino@gmail.com

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Agradecimentos: a Maria Silvia R. M. Valladares, Luciana Saddi, Leopold Nosek, Luiz Meyer e Ronaldo M. O. Castro, pelos diálogos sobre Virgínia; a Dora Tognolli, Janaína Damaceno Gomes, Paola Amendoeira e Marcos Chor Maio, pelos intercâmbios e parcerias; a Flávia Alvim e Lannusa Castro, secretárias da Sociedade de Psicanálise de Brasília (SPBsb); e à coordenadora, Silvana Rea, e aos membros do Centro de Documentação e Memória Maria Ângela Moretzsohn da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), pelo eficiente e ágil apoio documental.

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